PLANTAS MEDICINAIS COMO RECURSO MOTIVADOR PARA O ENSINO DE QUÍMICA

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1 PLANTAS MEDICINAIS COMO RECURSO MOTIVADOR PARA O ENSINO DE QUÍMICA Verônica de Melo Sacramento * 1 (PQ), Francine Souza Alves da Fonseca 2 (PQ), Gliciane Ramos Azevedo Oliveira 1 (PQ), Ernane Ronnie Martins (PQ) 2, Júlio César Rodrigues Lopes Silva (IC) 2, Isabella Barbosa Marques (IC) 2, Amanda Maia e Silva (IC) 2, Afrânio Adailton Araújo (IC) 2, Aline Martins Ferreira Barroso (IC) 2, Amanda Maia e Silva (IC) 2. 1 Faculdades Prisma; 2 Universidade Federal De Minas Gerais * verônica.sacramento.2014@gmail.com Linha Temática: Ensino e apredizagem. Resumo: A Química é vista, na maioria dos casos, como uma disciplina complicada, comumente gera preconceito e receio em tentar aprendê-la. O objetivo do trabalho foi despertar o interesse dos jovens da Escola Estadual Benjamin Versiani dos Anjos (Montes Claros -MG) pelo ensino de Química utilizando as plantas medicinais como fator motivador. Este trabalho exibe os resultados de um projeto que permitiu a aplicação de um questionário diagnóstico com perguntas sobre a visão do aluno em relação à química e sobre as plantas medicinais, incluindo uma visita ao horto medicinal e aos laboratórios de pesquisas com plantas medicinais do Instituto de Ciências Agrárias da Universidade Federal de Minas Gerais. Após a visita, os alunos participantes visualizaram uso da química na prática e se interessaram pela química das plantas medicinais, por ser uma área atraente e promissora. Palavras- Chave: Ensino de química, Plantas medicinais, Contextualização, Interdisciplinaridade. Introdução O ensino de química, conforme é apontado pelos Parâmetros Curriculares Nacionais, deve propiciar ao educando a compreensão de processos químicos e, além disso, permitir a construção de um conhecimento científico relacionado a aplicações tecnológicas e suas implicações ambientais, sociais, políticas e econômicas (BRASIL,2000). Dessa forma, a contextualização no ensino é uma alternativa de não somente aproximar os conteúdos químicos da realidade, como também motivar o estudante pelo estudo da química, além de permitir o desenvolvimento de um pensamento crítico.

2 O uso de plantas medicinais para fins terapêuticos é uma prática comum adotada pelas primeiras civilizações e ocorre até os tempos atuais. É uma ferramenta de cura muito utilizada devido à grande acessibilidade, fácil aquisição de plantas presentes na natureza, grande diversidade, rápida produtividade, além de apresentar baixo custo em relação aos medicamentos alopáticos (CAVAGLIER, MESSEDER, 2014). No ensino de química associado ao estudo de plantas medicinais é possível relacionar a estrutura química dos princípios ativos com ação terapêutica esperada, conhecer a química das plantas para que as espécies sejam corretamente utilizadas cultivadas e preservadas, bem como conhecer técnicas de isolamento, purificação e caracterização de princípios ativos. Nesse sentido, o objetivo do estudo foi despertar o interesse pelo estudo da química por meio da valorização dos saberes escolares e populares, no que se refere às plantas medicinais, mediado pelo conhecimento científico e prático compreendidos como facilitadores da aprendizagem. Metodologia O projeto foi realizado em seis estágios, e teve como participantes os estudantes do ensino médio, dos turnos matutino e noturno da Escola Estadual Benjamin Versiani dos Anjos- Montes Claros- MG. O trabalho teve caráter investigativo, qualitativo e quantitativo. Na aula inaugural foi apresentada a proposta do projeto que fez parte do estágio de uma das pesquisadoras. Fez-se uma coleta de dados a partir de um questionário que envolvia conhecimentos gerais a respeito de plantas medicinais, análise e tabulação dos resultados para intervenção. Posteriormente os estudantes realizaram uma pesquisa em que foram privilegiados os conhecimentos. Foi realizada uma visita ao Instituto de Ciências Agrárias da Universidade Federal e Minas Gerais, no Horto Medicinal e nos laboratórios de plantas medicinais, botânica e fisiologia vegetal e também no Horto. Como encerramento, fez-se uma nova avaliação com os estudantes possibilitando a verificação do êxito do projeto que culminou com a importância de relacionar o ensino de Química às atividades cotidianas. Resultados e Discussão

3 O questionário foi aplicado inicialmente a 109 estudantes, permitiu constatar que a busca pela motivação no ensino deve ser uma prática constante, tendo em vista que, 55,77% consideram que a química apresenta nível médio de compreensão e 28,85% apontam que é difícil compreender a disciplina. Por outro lado, quase totalidade dos alunos (97,2%) acredita que o processo ensino aprendizagem pode ser favorecido fazendo relação do conteúdo com o cotidiano. Esse dado é confirmado por Oliveira (2005), pois afirma que a contextualização é um recurso para promover inter-relações entre conhecimentos escolares e situações presentes no dia-a-dia dos alunos, e constitui uma maneira de dar significado aos conteúdos escolares, fazendo com que os alunos aprendam de forma expressiva. Pode-se inferir a partir deste dado diagnóstico que os alunos tinham conhecimento da relação entre plantas medicinais e a química. Para Silva, Aguiar, Medeiros (2000) muitos conceitos químicos podem ser abordados usando o tema plantas medicinais e seus processos extrativos, como por exemplo a difusão, diluição, fatores cinéticos de reação (temperatura, tempo de aquecimento, superfície de contato, natureza do reagente), pressão de vapor, pressão osmótica, entre outros. Durante o debate abordou-se o consumo responsável de plantas medicinais e dos medicamentos que são produzidos a partir delas, e as conseqüências de usos incorretos. Em diversas intervenções dos professores foi possível esclarecer a importância do conhecimento tradicional compartilhado ao longo dos anos pelas famílias o uso é de fato, especialmente sob a forma de chás. A necessidade manter a motivação e mobilização no ensino aprendizagem envolvem questões de co participação de toda a comunidade escolar. Para a realização dessa fase do projeto houve sobretudo a cooperação dos profissionais na Escola Estadual Benjamin Versiani, professores e estudantes da UFMG, alunos e suas famílias. Durante a visitação, 35 estudantes foram recebidos no auditório do Instituto de Ciencias Agrárias da UFMG (Campus Montes Claros), onde foram repassadas as primeiras informações sobre o que aconteceria durante a manhã de aprendizagens práticas foram repassadas e os mesmos foram divididos em dois grupos sendo um deles para o Horto Medicinal e o outro para os Laboratórios de pesquisas sobre plantas medicinais.

4 Ao longo da visitação (Figura 1), no Horto medicinal, fez-se uma abordagem científica. Os estudantes puderam aprender sobre: cerrado, a biodiversidade, metabólitos secundários, nomes oficiais de espécies de plantas medicinais comuns, fórmulas e estruturas químicas de compostos presentes nas plantas apresentadas, importância do conhecimento químico e também biológico. Figura 1: Estudantes no Horto Medicinal - Campus ICA - UFMG Após a visita ao Horto, os estudantes foram direcionados ao laboratório de pesquisa, onde observaram as estruturas secretoras de óleo essencial, métodos de extração de óleos essenciais, e os equipamentos utilizados no cotidiano de um laboratório de plantas medicinais. As plantas medicinais demonstradas durante a visita foram coletadas e lavadas, sendo repassadas aos alunos a importância no cuidado da coleta, limpeza do material e conservação das plantas. Na ocasião, também foram abordados alguns compostos produzidos pelas plantas, além dos óleos essenciais, tais como flavonóides, taninos e cumarinas, relacionando-os a sua importância para a indústria farmacêutica, de alimentos, cosméticos e afins. Por fim, verificou-se alguns relatos da experiência vivenciada que reforçam a necessidade de demonstrar a teoria associada à prática, de forma contextualizada, tornando-se relevante por aproximar a química da realidade, promovendo maior aprendizagem não limitada apenas aos livros ou as aulas expositivas do professor. Na avaliação do projeto também foi relatado o interesse de alguns por estudarem e trabalharem com plantas medicinais no futuro.

5 Conclusão A diversidade de opções metodológicas desenvolvidas nas salas de aula e no ambiente extra-classe a partir deste projeto forneceram suporte para que os estudantes pudessem explorar melhor o conteúdo. Intervenções como este projeto, auxiliam a apropriação de conteúdos a partir de situações concretas, tornando a Química mais significativa e atraente. O tratamento de temas como plantas medicinais possibilita a integração com conteúdos de outras disciplinas. Na oportunidade, a Química foi entendida de forma contextualizada e interdisciplinar envolvendo conhecimentos do senso comum e científico facilitando a aprendizagem sobre plantas medicinais e proporcionando melhor aproveitamento do conteúdo em Química Orgânica. Referências BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs). Ensino Médio. Brasília: MEC/SEF,2000. CAVAGLIER, M.C.S.; MESSEDER, J.C. Plantas Medicinais no Ensino de Química e Biologia: Propostas Interdisciplinares na Educação de Jovens e Adultos. Revista Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências. v 14, n. 1, p.55-71, OLIVEIRA, A.M.C. A química no ensino médio e a contextualização: A fabricação do sabão como tema gerador do ensino aprendizagem. (120f). Dissertação. Unoversidade Federal d Rio Grande do Norte. Natal, SILVA, P.B.; AGUIAR, L.H.; Medeiros, C.F. O Papel do Professor na Produção de Medicamentos Fitoterápicos. Revista Química Nova na Escola, n.11, p.19-23, 2000.