Falso Amor. De Débora Costa

Transcrição

1 Falso Amor De Débora Costa

2 Capítulo 9 Cena 1 Rio de Janeiro Favela Cativeiro de Flávio FLÁVIO: (olhando Henrique) Eu não tenho irmão e muito menos gêmeo. HENRIQUE: (vai até o banheiro, pega um espelho, se abaixa perto de Flávio, puxa o cabelo dele, coloca o espelho em frente ao rosto de Flávio) Olha bem! Agora olha pra mim e vê como somos idênticos! FLÁVIO: (se olhando no espelho) Minha mãe nunca falou de irmão nenhum... HENRIQUE: (olha Flávio nos olhos, está com raiva) Sabe por que ela nunca falou nada? Porque ela se desfez de mim... Ela só precisava de um filho para segurar o tal Régis Werneck, ela mentiu para ele que eu estava morto e me deu para o Gilberto que é ex-namorado dela... FLÁVIO: (olhando Henrique, as lagrimas escorrem) A minha mãe jamais faria isso. HENRIQUE: (grita) Mas fez! (solta Flávio se afasta, o olha) Agora ela vai pagar caro... Porque quem vai voltar para a sua casa, serei eu... Eu vou entrar naquela família e me vingar pelo que a sua mãe me fez, e vou ter tudo o que tenho direito, as coisas que ela deu para você e me negou. FLÁVIO: Eu acho melhor nós dois conversamos com ela e ver o que a mamãe tem a dizer sobre isso. HENRIQUE: (sorri) Não. (fica sério) Aqui quem dá as ordens sou eu, e você playboy, obedece. FLÁVIO: Como você se chama?... HENRIQUE: (olha Flávio) Henrique. FLÁVIO: Henrique me solta, e vamos juntos para a casa e falar com a mamãe. HENRIQUE: Eu não vou te soltar, então para de pedir e isso aqui não é uma reunião familiar, aqui é o seu cativeiro Flávio, e é melhor você se acostumar com esse muquifo porque você vai passar muitos dias aqui.

3 São Paulo Mansão Werneck Sala Cena 2 Janete, Cristina, Régis e Roberta estão sentados. ROBERTA: (se levanta aflita) Até quando nós vamos ficar aqui de braços cruzados? (fica com vontade de chorar) Flávio pode estar em perigo! JANETE: (está segurando a mão de Cristina, olha Roberta) Todos temos que manter a calma Roberta, ainda não podemos avisar a policia por não saber o tipo de gente que está com Flávio. CRISTINA: (deita a cabeça no ombro de Janete, chora) Eu quero meu filho de volta. RÉGIS: (segura a mão de Cristina) Nós vamos ter o Flávio de novo aqui Cris. O celular de Cristina toca. JANETE: (observa). CRISTINA: (atende rapidamente o telefone) Alô! PARCEIRO: Você é Cristina? CRISTINA: (aflita) Sou eu mesma, quem fala? RÉGIS: (olha para Cristina, fala baixo) Coloca no viva voz. CRISTINA: (liga o viva voz, olha Régis). PARCEIRO: Eu sou a pessoa que está com seu filho, se quer ver ele de novo vai ter que seguir as minhas ordens. CRISTINA: Eu vou fazer tudo que você mandar, mas me deixa falar com Flávio. PARCEIRO: Não, por enquanto não, a primeira ordem é não envolver a polícia. CRISTINA: (chora, desesperada) Tudo bem, mas me fala se Flávio está bem, por favor. PARCEIRO: Depois falo com a madame. (desliga).

4 CRISTINA: (desesperada, abraça Régis) Eu não vou aguentar. (chora). RÉGIS: (consolando Cristina, se controla para não chorar) Vai ficar tudo bem, ele vai pedir dinheiro e nós vamos ter nosso filho de volta. ROBERTA: (caminha pela sala, está triste, segura o pingente que ganhou de Flávio, chora). JANETE: (observa, sorri discretamente). Grupo Werneck Sala de Edgar Cena 3 GLAUCO: (entra) Edgar o que está acontecendo com Régis? Ele ainda não chegou e temos muito o que fazer aqui. EDGAR: Não sei muito bem, mas ele está tendo um problema pessoal, o Frederico está vindo para cá. GLAUCO: (olha Edgar) O que?... Esse velho aqui? EDGAR: Não sei qual é o espanto, esse velho como você diz, é o dono do grupo Werneck. GLAUCO: Não gosto desse cara, a antipatia que tenho por Régis não é nada comparada ao que sinto pelo Frederico. EDGAR: Por quê? GLAUCO: Ele deu um jeito para que o Régis ficasse á frente do grupo, enquanto eu que sou muito mais capacitado fiquei sendo o diretor. EDGAR: Glauco esse grupo pertence a família Werneck e não á nós. GLAUCO: Somos sócios, temos direitos, se Régis afundar isso aqui, todos iremos perder. EDGAR: Mas isso não vai acontecer, e é melhor começar a trabalhar, temos muitos pedidos da nova coleção de roupas femininas e também temos que lançar o novo produto. GLAUCO: Sim temos, mas quem vê isso do produto novo é a Janete, e ela veio? Não.

5 EDGAR: É... Isso é estranho, deve estar acontecendo uma coisa muito grave. Casa de Janete Quarto de Ágata Cena 4 ÁGATA: (está apenas de toalha, abre o closet, começa a procurar uma roupa, pega um vestido preto, curto com decote, sorri, se veste, se maquia, passa perfume, arruma o cabelo, se olha no espelho, sorri) Vou fazer uma visita para a tia Cris e o tio Régis... (dá risada, sai). Sala BRUNO: (está de saída). Cena 5 ÁGATA: (se aproxima) Bruno você vai onde? BRUNO: Visitar a Sueli. ÁGATA: Me dá uma carona até a casa da tia Cris? BRUNO: O que aconteceu com o seu carro? ÁGATA: Vendi, vou comprar outro, cansei dele. BRUNO: Tudo bem, te levo. (sai com Ágata). Cena 6 Rio de Janeiro Favela Cativeiro de Flávio FLÁVIO: (está sentado no chão, segurando o pingente com o símbolo do infinito que tem os nomes Roberta e Flávio gravados, fecha os olhos). HENRIQUE: (entra, olha Flávio, se senta em uma cadeira) Vamos conversar... Quero saber tudo sobre você, o que faz o que deixa de fazer, por exemplo, você fuma? FLÁVIO: Não. HENRIQUE: Bebe? FLÁVIO: Não.

6 HENRIQUE: Pratica alguma luta? FLÁVIO: Não. HENRIQUE: (olhando Flávio) Que tipo de babaca você é? Não faz nada? FLÁVIO: Eu quero sair daqui... HENRIQUE: Mas não vai e me fala o que quero saber. FLÁVIO: (olha Henrique) Não vou falar nada, você não vai enganar a minha família, seja lá o que você pretende não vai conseguir, não vou te ajudar em nada. HENRIQUE: (olha Flávio, está com raiva, pega o celular de Flávio, mostra uma foto de Roberta) Linda a sua noivinha, sabia que eu fui até o evento que a sua mamãe fez e essa coisa gostosa me confundiu com você? (sorri) É... Ela até me beijou. FLÁVIO: (com raiva, se levanta, tenta alcançar Henrique, mas não consegue porque a corrente que está presa em sua perna é curta, fica com vontade de chorar) Se você chegar perto da Roberta eu vou acabar com você! HENRIQUE: (se levanta, dá um soco em Flávio). FLÁVIO: (cai no chão). HENRIQUE: (se abaixa perto de Flávio, o encara) Você ainda não entendeu Flávio... Se você não fazer exatamente tudo que eu mandar eu posso machucar as pessoas que você ama. FLÁVIO: (as lagrimas escorrem, abaixa a cabeça, fecha os olhos) Você quer enganar á todos... Todos que eu amo por uma coisa que você não sabe se minha mãe fez ou não... Eu nem sabia que tinha um irmão gêmeo. HENRIQUE: Agora já sabe, e para de chorar porque não vou me comover e sim me irritar, agora me fala tudo o que quero saber! FLÁVIO: (se senta, olha Henrique) Eu falo...

7 Cena 7 Mais Tarde São Paulo Mansão Werneck Suíte de Cristina e Régis CRISTINA: (está sentada na cama, olhando uma foto de Flávio, chora). RÉGIS: (entra, se senta ao lado de Cristina, a olha muito) Vem comer alguma coisa Cris. CRISTINA: Não quero Régis... Eu estou com medo de perder o Flávio. (chora, abraça Régis). RÉGIS: (abraça Cristina) Não pensa assim Cris, quem pegou o Flávio quer dinheiro e sabem que se alguma coisa acontecer com ele não vai ter dinheiro nenhum. CRISTINA: (olha Régis) Não quero perder outro filho. (chora). RÉGIS: Meu amor não fica assim... (abraça Cristina). O celular de Régis toca RÉGIS: (atende) Alô. PARCEIRO: Cinco milhões e você tem seu filho de volta. RÉGIS: Eu vou pagar, mas me deixa falar com Flávio, eu só pago se tiver certeza que ele está vivo. PARCEIRO: Se liga, eu to garantindo que o playboy está vivo, depois te ligo para falar como você tem que fazer com o dinheiro. CRISTINA: (pega o telefone da mão de Régis, está desesperada) Fala pra mim como está meu filho? PARCEIRO: (desliga). CRISTINA: (chora muito). RÉGIS: Cris olha pra mim meu amor, eles já pediram o dinheiro eu vou dar, fica tranquila. CRISTINA: (abraça Régis) Eu preciso ouvir o Flávio.

8 Cena 8 Rio de Janeiro Favela Barraco de Gilberto GILBERTO: (olha Parceiro) E ai? O que ele falou? PARCEIRO: Ele disse que vai pagar o cara nem negociou agora a tal Cristina está me dando pena já, ela está desesperada por causa do playboy. GILBERTO: Isso é pouco pra ela. PARCEIRO: Régis quer falar com o Flávio, ele quer ter certeza que ele está vivo. GILBERTO: Na próxima ligação você faz perto dele e só deixa ele falar com o Régis, com a Cristina não entendeu? PARCEIRO: Por que você odeia tanto ela? GILBERTO: Não é da sua conta, faz o seu trabalho e cala a boca. HENRIQUE: (entra) Esse babaca não tem nada haver comigo, é um idiota, com tanta grana não aproveita. DANIELA: (entra, olha Gilberto) O Tico me disse que você queria falar comigo, o que é? GILBERTO: (pega uma jarra com água) Leva isso aqui onde você já sabe, e não fica de conversa com ele. DANIELA: Por que você mesmo não faz isso? GILBERTO: Porque eu sou o cara mau. HENRIQUE: Por mim não dava nem água pra ele. GILBERTO: Morto ele não serve de nada. DANIELA: (pega a jarra com água) Daqui isso. (sai). Cativeiro de Flávio Cena 9 FLÁVIO: (está sentado no chão, com frio, tem um corte na cabeça, o olho roxo).

9 DANIELA: (entra, olha Flávio). FLÁVIO: (olha Daniela) Quem é você? DANIELA: (coloca a jarra em cima da mesa, enche um copo com água, entrega á Flávio). FLÁVIO: (toma a água de uma vez). DANIELA: Quer mais? FLÁVIO: Por favor... DANIELA: (enche o copo de Flávio com água). FLÁVIO: (toma a água, entrega o copo á Daniela) Obrigado. DANIELA: (sorri) É... Já vi uma diferença entre você e o traste do Henrique, você tem educação. FLÁVIO: Eu estou com dor de cabeça... Você pode me trazer um remédio? DANIELA: Por mim eu traria, mas não depende de mim, vou tentar conseguir e também uns curativos... Não prometo. (sai). São Paulo Casa de Sueli Sala Bruno e Sueli estão sentados Cena 10 SUELI: Eu estou bem Bruno de verdade. BRUNO: (olhando Sueli) Mas se você precisar de qualquer coisa pode me pedir. SUELI: (sorri) Não preciso de nada, obrigada. LUCIANO: (entra, olha Bruno) Oi, ainda bem que te encontrei aqui, preciso de uma ajuda na fundação, Roberta e Cristina não foram e tem muita coisa pra fazer. SUELI: Aconteceu alguma coisa para elas não terem ido? LUCIANO: Não sei tia, mas preciso de ajuda. BRUNO: Eu vou com você.

10 SUELI: Eu também. LUCIANO: Não você fica aqui quietinha. SUELI: Que bobagem eu estou me sentindo ótima e vocês não vão saber resolver tudo sozinhos. BRUNO: (segura a mão de Sueli) Eu te ajudo então. SUELI: (solta a mão de Bruno) Não precisa Bruno. (sai). LUCIANO: (olha Bruno, sorri) Melhor você desistir. BRUNO: (sorri) Não tão fácil. (sai com Luciano). Mansão Werneck Sala Silvia e Ágata estão sentadas Cena 11 SILVIA: Essa falta de notícia do meu neto está acabando com meu filho. ÁGATA: A tia Cris está bem abalada também, e minha mãe então, nunca vi ela desse jeito. SILVIA: (se levanta) Claro, se Flávio não tivesse ido com ela ao teatro nada disso teria acontecido. RÉGIS: (desce as escadas). ÁGATA: Como está minha tia? RÉGIS: Não para de chorar, eu vou levar um pouco de água para ela e ver se ela come alguma coisa. (vai para a cozinha). SILVIA: (olha Ágata) Até agora meu filho não foi consolado, Cristina está tendo todas as atenções... Vá perguntar como ele está. ÁGATA: (se levanta, se aproxima de Silvia, a olha) Você é a mãe dele. SILVIA: Meu filho está chateado comigo.

11 Cena 12 Cozinha RÉGIS: (está colocando algumas frutas em uma bandeja, se apoia na mesa, chora). ÁGATA: (entra, se aproxima, acaricia as costas de Régis) Flávio vai estar de volta logo você vai ver... RÉGIS: (olha Ágata, está com o rosto molhado por causa das lágrimas) Não suporto essa situação, meu filho nas mãos sabe se lá de quem e minha mulher sofrendo e eu não posso fazer nada para o sofrimento dela acabar. (chora). ÁGATA: (abraça Régis) Desabafa é melhor, assim você volta forte para a tia Cris. RÉGIS: (abraçado com Ágata, chora). ÁGATA: (acariciando as costas de Régis). RÉGIS: (olha muito Ágata, se afasta) Obrigado... (enxuga as lágrimas). ÁGATA: (se aproxima de Régis, o olha nos olhos) Você pode contar comigo para o que precisar. RÉGIS: (pega a bandeja, olha Ágata) Preciso que você vá até o grupo Werneck e veja como estão as coisas. ÁGATA: Eu vou sim. RÉGIS: Edgar me disse que você é publicitária... ÁGATA: (sorri) Fiz faculdade, mas ainda não tive chance de trabalhar com publicidade. RÉGIS: Quando esse pesadelo acabar vamos falar disso. (sai). ÁGATA: (sorri) Pode apostar que vamos.

12 Cena 13 Quarto de Flávio ROBERTA: (está em pé, olhando as coisas de Flávio, chora) Eu te amo tanto Flávio... Meu amor preciso de você. Cena 14 Rio de Janeiro Favela Cativeiro de Flávio Entram Henrique, Parceiro e Gilberto. GILBERTO: (olha Flávio) Você vai falar com o seu pai, ele quer ter certeza que você está vivo, mas se você falar qualquer coisa sobre Henrique ele vai ouvir você morrendo com um tiro que vou te dar. FLÁVIO: (olha Gilberto) O que vou falar para ele? HENRIQUE: Qualquer coisa menos sobre mim. GILBERTO: (olha Parceiro) Tira uma foto dele, essa vai para Cristina. (sorri). FLÁVIO: Você conhece a minha mãe? GILBERTO: Claro que sim, ela foi minha antes de ser do seu papai, ela me traiu com ele por causa de grana, e quando engravidou de gêmeos me deu um menino, disse que só um bastava, ela não aguentaria duas crianças. FLÁVIO: (as lagrimas escorrem) Isso é mentira! Minha mãe não é assim. PARCEIRO: (tira uma foto de Flávio). GILBERTO: Liga para o Régis, mas só ele fala com o playboy, se Cristina pegar o telefone desliga. PARCEIRO: (pega o celular, disca uns números) Régis você vai falar com o seu filho, mas só você a madame não pode, se ela pegar o telefone o playboy vai sofrer. (passa o telefone para Flávio). FLÁVIO: (pega o telefone) Papai... RÉGIS: (sorri aliviado) Flavio como você está? CRISTINA: (olhando Régis) Eu quero falar com ele.

13 FLÁVIO: Eu estou bem... Só quero sair daqui... RÉGIS: Eu vou pagar quanto for Flávio. PARCEIRO: (tira o telefone da mão de Flávio, fala com Régis) Viu ele está vivo, agora pega os cinco milhões e aguarda a próxima ligação. (desliga). GILBERTO: (sorri) Perfeito. FLÁVIO: Eu estou com dor de cabeça... Por favor, preciso de um remédio. HENRIQUE: (olha Flávio, dá um tapa no rosto dele) Isso não é um hotel. GILBERTO: (sai com Parceiro). HENRIQUE: (se senta, olha Flávio, olha a corrente no pescoço dele, puxa) O que é isso? FLÁVIO: Me devolve... HENRIQUE: (sorri enquanto lê) Flávio e Roberta... Que coisa mais romântica... (dá risada) Uma mulher tão linda e você ainda não a levou para a cama, babaca... (coloca a corrente, olha Flávio) Mas eu vou fazer esse favor para a Roberta. FLÁVIO: (vai pra cima de Henrique, mas a corrente presa á perna dele não alcança). HENRIQUE: (dá um soco em Flávio, se levanta) Fica na sua ou você vai ficar irreconhecível. (sai). FLÁVIO: (caído no chão, coloca a mão na cabeça, se senta, encosta na parede, fica com vontade de chorar). Cena 15 Mansão Werneck Suíte de Régis e Cristina RÉGIS: Eu falei com ele Cris, ele está bem, eu vou pegar os cinco milhões e logo vamos ter nosso filho aqui. Chega uma mensagem para Cristina no celular

14 CRISTINA: (abre a mensagem, vê uma foto de Flávio, ele está com ferimentos no rosto, a perna acorrentada, começa a chorar olhando a foto) Eles estão maltratando Flávio. RÉGIS: (olha a foto, se contem para não chorar, abraça Cristina) Nós vamos cuidar dele Cris... Cena 16 Noite Rio de Janeiro Favela Cativeiro de Flávio FLÁVIO: (está deitado no chão, tremendo, encolhido). DANIELA: (entra, se aproxima de Flávio, o olha) Flávio... FLÁVIO: (tremendo) Está muito frio aqui. DANIELA: (coloca a mão na testa de Flávio) Você está ardendo em febre! Eu vou trazer alguma coisa pra você. FLÁVIO: (segura a mão de Daniela a olha muito) Me ajuda... Me deixa sair daqui... Por favor... DANIELA: Eu não posso... FLÁVIO: (fecha os olhos). DANIELA: (vai até o banheiro, molha uma toalha, se aproxima de Flávio, coloca a toalha molhada na testa dele) Eu já venho. FLÁVIO: (segura a mão de Daniela) Não me deixa aqui sozinho meu amor... Fica comigo Roberta. DANIELA: (fica com pena de Flávio) Já está até delirando... Flávio, eu me chamo Daniela, eu vou buscar um remédio para você. HENRIQUE: (entra) O que está acontecendo aqui? DANIELA: Ele está com febre Henrique, eu vou buscar um remédio pra ele e uns curativos. HENRIQUE: Você não vai fazer nada... Deixa ele ai. DANIELA: (olhando Henrique) Não posso vocês me chamaram para ficar cuidando dele não foi? Não vou deixar ele morrer por ruindade sua.

15 HENRIQUE: (olha Daniela) Ninguém teve piedade de mim... Agora eu não tenho piedade, por mim ele morre ai. DANIELA: Só o remédio para abaixar a febre Henrique... Por favor. FLÁVIO: (encolhido, tremendo). HENRIQUE: Tá... Mas só porque preciso desse babaca ainda, vai buscar o remédio. DANIELA: (sai). HENRIQUE: (se abaixa perto de Flávio, o olha muito) Você é fraco... Típico riquinho mimado... Já eu não, sou forte, a rua foi minha escola... (pega o celular, olha Flávio) Vamos mandar um vídeo para Cristina. (começa a filmar Flávio). Cena 17 São Paulo - Mansão Werneck Jardim CRISTINA: (está sentada, triste, pensativa). JANETE: (se aproxima, dá uma xícara de chá para Cristina) Para você Cris. CRISTINA: (pega a xícara) Obrigada... JANETE: Entra minha irmã, aqui fora está frio. Chega uma mensagem no celular de Cristina. JANETE: (observa). CRISTINA: (abre a mensagem, vê um vídeo com Flávio que está encolhido num canto, tremendo, com um corte na cabeça, o rosto inchado). JANETE: (sorri, disfarça). CRISTINA: (começa a chorar, se levanta) Flávio meu amor... JANETE: (pega o celular da mão de Cristina, a abraça) Eu não vou mais deixar isso com você Cris, vou dar o seu celular para o Regis, eles querem mexer com a sua cabeça.

16 CRISTINA: (chorando) Meu filho precisa de mim! Bateram nele... (cai de joelhos, sem força, chorando) Eu quero meu filho de volta. JANETE: (observa, está gostando de ver Cristina desesperada). RÉGIS: (se aproxima, preocupado) O que aconteceu? (levanta Cristina). JANETE: Mandaram um vídeo do Flávio no cativeiro e ela ficou assim... RÉGIS: Vamos entrar meu amor, calma... (entra com Cristina). JANETE: (começa a dar risada) Isso está ficando cada vez melhor! Não vejo a hora do Henrique chegar, ai vai ser muito mais interessante. (dá risada). Fim do Capítulo