Nota Informativa Nº02_02/2016 GABINETE DE ECONOMIA
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- Nicolas Dreer Peres
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1 Nota Informativa Nº02_02/2016 GABINETE DE ECONOMIA DE IRS ELIMINAÇÃO GRADUAL DA DE IRS 1. INTRODUÇÃO A sobretaxa extraordinária em sede de IRS, que surgiu pela primeira vez em 2011, era de 3,5% para todos os níveis de rendimento, sobre a parte da remuneração que excedesse o salário mínimo. A partir de 2016, esta sobretaxa passa a ser aplicada progressivamente e também para a parte que supera a remuneração mínima. A diferença é que em vez de ser aplicado um valor único de 3,5% a todos os contribuintes sujeitos a este imposto extraordinário, passam a existir taxas diferenciadas e progressivas em função do nível de rendimento coletável. Ou seja, a percentagem é tanto mais elevada quanto maior for o rendimento, variando entre 1% e 3,5%. Com esta medida, o Governo transforma a sobretaxa de IRS num imposto progressivo, uma vez que será aplicada em função do escalão do rendimento coletável, sendo totalmente eliminada em Desta forma, os trabalhadores por conta de outrem e pensionistas com rendimentos mais baixos pagam menos de sobretaxa em 2016, o que significa uma poupança para muitos portugueses. Segundo o novo modelo de cobrança da sobretaxa de IRS, os contribuintes pagam em função do seu do seu escalão de rendimento coletável. Nota Informativa Nº02_02/
2 2. RENDIMENTO COLECTÁVEL O rendimento colectável corresponde ao rendimento ilíquido subtraído da dedução específica de euros ou dos descontos para sistemas de proteção social (aplicando-se o valor mais elevado), no caso dos trabalhadores por conta de outrem e pensionistas. RENDIMENTO COLECTÁVEL Até * 3,5% 0,00% De até ,5% 1,00% De até ,5% 1,75% De até ,5% 3,00% Superior a ,5% 3,50% *1º escalão em 2015 era de Fonte: Ministério das Finanças Os contribuintes do primeiro escalão de rendimento coletável até euros (era de euros em 2015) continuam a não pagar este imposto em Já quem está no segundo escalão entre e euros, fica sujeito a uma taxa de 1%, enquanto os portugueses que se encontram no terceiro escalão, entre e euros, pagam uma taxa de 1,75%. Para os contribuintes inseridos no quarto escalão, com rendimentos entre e euros, a taxa aplicável é de 3%. Finalmente, no quinto escalão, acima de euros, mantém-se tudo como estava (taxa de 3,5%). 2. RETENÇÃO NA FONTE Sempre houve retenção na fonte da sobretaxa, para pensionistas e trabalhadores dependentes (70% do universo que paga IRS). Contudo, como a taxa era única, a fórmula aplicada era directa. A partir do momento em que a sobretaxa varia com o escalão de rendimento colectável, o cálculo da retenção altera-se um pouco, daí as taxas de retenção. Nota Informativa Nº02_02/
3 Mensalmente, de acordo com as novas regras de cobrança da sobretaxa de IRS, as taxas a aplicar sobre salários e pensões organizam-se da seguinte maneira: Contribuintes solteiros ou casados (dois titulares) REMUNERAÇÃO MENSAL BRUTA REMUNERAÇÃO MENSAL BRUTA Até 801 euros 3,5% 0,00% Até 1.205euros 3,5% 0,00% Até euros 3,5% 1,00% Até euros 3,5% 1,00% Até euros 3,5% 1,75% Até euros 3,5% 1,75% Até euros 3,5% 3,00% Até euros 3,5% 3,00% Superior a euros 3,5% 3,50% Superior a euros 3,5% 3,50% Fonte: Ministério das Finanças Contribuintes casados (único titular) Note-se que existem duas tabelas de retenção na fonte: 1. Uma para solteiros e para casados em que os dois elementos do agregado tenham rendimentos; 2. E uma para casados em que só um dos cônjuges tem rendimentos. As tabelas não diferenciam em função do tipo de rendimento: quer sejam pensionistas, quer sejam trabalhadores dependentes, as taxas de retenção são iguais. O que conta é a situação familiar do casal. Também não diferenciam em função do número de filhos: tal como acontecia até aqui, o acerto relativo aos filhos (que valem um desconto de 2,5% do valor do salário mínimo) é feito na liquidação final. Assim, por exemplo quem tem um rendimento bruto até 801 euros (que corresponde a um rendimento colectável até 505 euros mensais), nada reterá, uma vez que está também dispensado da sobretaxa. Rendimentos brutos até euros/mês reterão 1%, uma percentagem que sobe para 1,75%, 3% e 3,5%, respectivamente para rendimentos brutos mensais acima de euros, euros e deste patamar em diante. Nota Informativa Nº02_02/
4 3. CÁLCULO DA Verificam-se assim duas situações: 1. As taxas de retenção mensal que se aplicam sobre o rendimento bruto, 2. E os valores finais da sobretaxa a pagar, que se apuram a partir do rendimento colectável (o rendimento bruto subtraído da dedução específica), aquando da entrega do modelo de IRS. Uma coisa é a retenção na fonte, outra a sobretaxa a pagar. A retenção na fonte é uma aproximação daquilo que os contribuintes terão a pagar no conjunto do ano, mediante um conjunto de hipóteses. Mas a sua fórmula é distinta da que dita o apuramento da sobretaxa, havendo sempre lugar a acertos. Além disso, esta taxa de retenção apenas se aplica aos rendimentos do trabalho dependente e pensões, pelo que, se o contribuinte tiver outros rendimentos, no final, terá de pagar uma sobretaxa superior. Ou seja, é possível que a retenção na fonte seja calculada a partir de um escalão, mas no fim o contribuinte pague uma sobretaxa de um escalão acima. Um terceiro factor a influir nas contas, aquando do apuramento final da sobretaxa, é o do regime de tributação. Agora, a retenção é calculada como se de um solteiro se tratasse (excepto quando o contribuinte é o único titular); contudo, quando entregar a declaração de IRS de 2016 (em 2017) o contribuinte poderá optar pela tributação conjunta, o que pode fazer variar a sobretaxa a pagar. As novas taxas de retenção da sobretaxa traduzem um duplo alívio previsto para 2016: uma por via da sobretaxa, que baixa para todos os escalões de rendimento, à excepção do último, outra pela subida do salário mínimo, que serve de base ao seu cálculo. Nota Informativa Nº02_02/
5 4. CLÁUSULA DE SALVAGUARDA Foi, ainda, introduzida uma nova cláusula de salvaguarda para quem tenha rendimentos de valores próximos dos limites dos escalões. Esta cláusula impede que os contribuintes que sobem de escalão de rendimento coletável, por via da redução da sobretaxa, fiquem prejudicados. Segundo a Lei 159-D/2015, de 30 de dezembro, da aplicação das taxas não pode resultar, em caso algum, a obtenção pelo sujeito passivo de um resultado líquido de imposto inferior ao que obteria se o seu rendimento coletável correspondesse ao limite superior do escalão imediatamente inferior. Ou seja, a aplicação da sobretaxa fica ligada ao valor líquido do escalão anterior. Por exemplo, um rendimento coletável de euros não paga a sobretaxa de 3%, mas a do escalão anterior, isto é, 1,75%. 5. EXEMPLOS PRÁTICOS Tal como se pode verificar no quadro seguinte, a poupança máxima em euros é alcançada nos rendimentos intermédios. Porém, em termos percentuais, o maior efeito ocorre nos rendimentos mais baixos, onde a sobretaxa pode ser mesmo totalmente eliminada. 1. Um trabalhador que aufira um salário bruto de euros conseguirá poupar no final do mês 15 euros, ou seja, 1% da remuneração antes de impostos. 2. Para um salário de euros, a nova sobretaxa irá permitir uma poupança de 10 euros/mês, o que representa 0,25% do rendimento bruto 3. Para rendimentos mensais mais elevados, de euros, a poupança é mais residual (1 euro/mês), o equivalente a 0,014% do rendimento bruto. Será preciso ter em atenção que estas taxas de retenção não correspondem ao valor final da sobretaxa que cada um irá pagar. Estes são valores indicativos, que incidem apenas sobre pensões e salários. Nota Informativa Nº02_02/
6 CASADO, DOIS TITULARES E UM DEPENDENTE REMUNERAÇÃO MENSAL BRUTA VALOR MENSAL DA VARIAÇÃO % Até 801 euros 3,50% 0,00% % 5 Até euros 3,50% 1,00% % 17 Exemplo: euros 3,50% 1,00% % 15 Até euros 3,50% 1,75% % 24 Exemplo: euros 3,50% 1,75% % 15 Até euros 3,50% 3,00% % 14 Exemplo: euros 3,50% 3,00% % 10 Superior a euros 3,50% 3,50% Exemplos: euros 3,50% 3,50% 95 94,0-1% euros 3,50% 3,50% ,0-1% euros 3,50% 3,50% ,0-1% 1 REMUNERAÇÃO MENSAL BRUTA NÃO CASADO, SEM DEPENDENTES VALOR MENSAL DA VARIAÇÃO % Até 801 euros 3,50% 0,00% % 4 Até euros 3,50% 1,00% % 16 Exemplo: euros 3,50% 1,00% % 14 Até euros 3,50% 1,75% % 24 Exemplo: euros 3,50% 1,75% % 15 Até euros 3,50% 3,00% % 14 Exemplo: euros 3,50% 3,00% % 10 Superior a euros 3,50% 3,50% Exemplos: euros 3,5% 3,50% % euros 3,5% 3,50% % euros 3,5% 3,50% % 1 As taxas, consoante o escalão de rendimento, aplicam-se sobre a diferença entre o rendimento bruto, os descontos para a Segurança Social, a retenção na fonte de IRS e o salário mínimo nacional (505 ou 530 ). Considera-se: o aumento do salário mínimo para 530 euros e a manutenção das taxas de retenção na fonte para 2016 (são iguais às taxas aplicáveis para o ano 2015). Legislação relevante: Nota Informativa Nº02_02/
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