A IDENTIDADE DO(A) PROFESSOR DE MATEMÁTICA: Uma construção na formação. A construção da identidade profissional do(a) licenciado em Matemática
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- Bruna Camilo Caiado
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1 A IDENTIDADE DO(A) PROFESSOR DE MATEMÁTICA: Uma construção na formação Objeto de pesquisa A construção da identidade profissional do(a) licenciado em Matemática Problemática Muitos são os estudos sobre os saberes profissionais do professor de matemática, tendo em vista ser esta área do saber um campo em que cada vez mais se torna escasso o número de candidatos ao ofício de lecionar matemática. Talvez pela desvalorização da profissão professor ou pelo processo histórico de resistência a encarar a tarefa de ensinar matemática devido à insatisfação diante de resultados negativos obtidos com muita frequência em relação à aprendizagem da matemática. Essa insatisfação revela que há problemas a serem enfrentados, tais como, a necessidade de rever um ensino centrado em procedimentos mecânicos, desprovidos de significado para o aluno e principalmente a nosso ver na questão da prática pedagógica do professor que tem gênese na formação e na construção de sua identidade como docente e pessoa social altamente envolvida na veiculação, construção e reelaboração do conhecimento. Identificar como se dá essa construção da identidade do professor licenciado não é tarefa fácil e perceber os aspectos que estão subjacentes a essa tarefa pressupões e necessita um tratamento científico de dados a serem coletados desde o ingresso na universidade até a atuação docente em sala de aula. Problema Reconhecendo que são muitos os fatores que corroboram para a escolha da profissão, mas também que, muitos são os sustos que acontecem no período que antecede a atuação profissional na busca de reconhecer-se professor(a) e mais ainda como parte integrante do processo educativo na instituição escola, como essa identidade se constitui ou não se constitui ao longo dos anos de formação do licenciando diante do currículo proposto com relação aos subsídios didáticopedagógicos e o domínio dos conhecimentos específicos que se pretende ensinar? 1
2 Justificativa Diante da complexidade do processo de desenvolvimento pessoal e profissional pelo qual todo professor passa, destaca-se o processo inicial de formação, a entrada na Universidade, a escolha do curso, que é a fase da construção da consciência de si, do seu papel social e sua identidade profissional, mas que não necessariamente acontece na suposta fase inicial. Essa construção muitas vezes se dá na prática da experiência docente ou na ausência dela a partir de um processo de reflexão e/ou de maturidade profissional pautada nos saberes docentes constituídos desde a formação inicial, sejam eles, desde os saberes da ciência da educação e da ideologia pedagógica, os saberes disciplinares, os saberes curriculares até os saberes experienciais, que são os saberes específicos baseados em seu trabalho cotidiano e no conhecimento de seu meio. (TARDIF, 2002). Uma investigação a cerca de como acontece esse processo de construção de saberes e da identidade profissional apresenta-se como um campo fecundo e que dará subsídios para uma intervenção posterior na intenção de facilitar meios para que essa construção seja facilitada diante da revisão do currículo, dos meios e dos fins no que diz respeito ao processo de formação e desenvolvimento. Nesse processo há que se dá especial atenção a questões como a diversidade, o histórico de formação escolar, os anseios e expectativas no futuro, bem como ao ideário de educação e de profissão constituídos até então e as possibilidades inclusive de construir mudanças na identidade adequando-a ao meio de atuação pessoal profissional. Por que na licenciatura em matemática? Diante da problemática acima descrita, consideramos também que há como nas demais áreas, isso é verdade, certa resistência ao que vulgarmente nomeiam de um pedagogismo. Entende-se que especialistas das diversas áreas de conhecimento desvalorizam a parte do currículo que diz respeito aos conhecimentos didáticos pedagógicos exigidos na atuação do professor, na tarefa de ensinar e mais ainda de ensinar a aprender. A própria proposta pedagógica curricular dos cursos precisa - concordamos - ser revista tendo em vista a inviabilidade de alguns programas com relação aos requisitos metodológicos ou de fundamentos. Acreditamos, porém, que a solução não está em extingui-los em detrimento de mais conteúdos específicos, mas repensá-los a luz de uma proposta também ideológica concatenada com o ideal de sociedade e educação que queremos. A Matemática é um desses campos em que frequentemente se percebe essa resistência. Como componente importante na construção da cidadania, precisa estar ao alcance de todos e a democratização do seu ensino deve ser meta prioritária do trabalho docente. (BRASIL, PCNs, 1996). 2
3 A efetiva aprendizagem em Matemática só se dá através de um processo de apreensão de significados de um objeto, relacionando com outros objetos e acontecimentos fazendo conexões entre os conteúdos e as demais disciplinas, bem como entre os diferentes temas matemáticos. (BRASSIL, PCNs, 1996) e para tanto pressupõe que o professor agregue da sua formação elementos didáticos a serem utilizados, bem como o conhecimento sobre os recursos didáticos, o processo de avaliação das aprendizagens e de planejamento e mais recentemente apreenda conhecimentos sobre cognição, como se aprende, ou seja, como a mente processa as informações e as transforma em conhecimento válido. Por outro lado, sabemos que é grande o número de evasão na licenciatura em matemática e queremos saber por quê? Na Universidade de Pernambuco, local onde a pesquisa está sendo realizada, no semestre apenas 17 alunos concluíram o curso de uma turma com entrada registrada em matrícula após aprovação no vestibular de 63 (sessenta e três alunos). Isso indica mais de 70% de evasão. O que este dado quantitativo estaria indicando também? Uma insatisfação pelo curso? Uma dificuldade em progredir nas disciplinas? A falta de uma identificação no currículo proposto ou ainda uma crise de identidade, afinal, parece que, e essa é a nossa hipótese que essa identidade docente não se constrói, pois trata-se de um curso de licenciatura e à uma desistência desse curso. Seria pela dificuldade com as disciplinas didáticas, com a imersão no campo da profissionalidade a partir do contato do aluno graduando em formação com alunos da educação básica no campo de estágio? Seria pela desmotivação da carreira e pela perca gradativa de status pela qual profissão de ser professor passa? São essas e outras questões que a pesquisa pretende investigar. Sim, investigar, porque responde-las é desafio para outros tantos esforços investigativos mais pontuais. Objetivo Investigar o processo de formação inicial de licenciados de Matemática observando como se constitui ou não sua identidade docente ao longo do curso e das experiências curriculares proporcionadas pelo curso e pela instituição formadora. Objetivos específicos Acompanhar o processo de formação de uma turma do curso de Licenciatura em Matemática conhecendo suas expectativas, anseios, frustações e construção identitária; Traçar o perfil de egressos no curso de licenciatura em matemática; Compreender o processo de apropriação de temáticas não específicas da área de conhecimentos, mas que se fazem necessárias na prática docente. 3
4 Metodologia Não se pretende aqui utilizar mais um modelo convencional fazendo meras descrições explanativas ou mesmo mensurativas ou analíticas do objeto em questão, mas fazer de modo exploratório uma incursão aprofundada no sentido de compreender melhor a problemática existente, responder ao problema de pesquisa e em segunda instância procurar soluções para os problemas encontrados. Assim, este projeto de pesquisa apresenta-se em duas etapas, a saber: A primeira etapa que estamos nomeando de exploratória se constituirá nos moldes da etnografia que como método nos ajudará a conhecer melhor o grupo de sujeitos, suas concepções, práticas, motivações, comportamentos e procedimentos, e os significados que atribuem a essas práticas (CHIZZOTTI, 2006). Compondo um amplo campo de estudos e questões teórico-metodológicas, a etnografia se define também e se revela neste projeto de pesquisa a partir de uma de suas características básicas: a observação e a pesquisa participante. A segunda etapa metodologicamente se apresenta nos moldes da pesquisa ação, mas a constituição do problema nesta etapa dependerá basicamente do que for encontrado na fase exploratória, bem como o caminho para intervenção na realidade para propor soluções dependerá dos dados obtidos na primeira etapa a partir de seu caráter etnográfico. Recursos Para ser exequível e cumprir o tempo previsto na fase de coleta de dados para posterior análise, este projeto exige necessariamente de recurso humano na atividade de monitoria para o acompanhamento do grupo a ser investigado e descrito etnograficamente para numa segunda fase também colaborar na análise e na identificação de um problema a ser solucionado através da metodologia da pesquisaação como alternativa de superação à pesquisa convencional na busca de soluções e de uma efetiva contribuição sócio educativa. Estando a pesquisadora autora deste projeto como docente no curso de Licenciatura em matemática com a disciplina Prática Pedagógica I, conta com a monitoria de um estudante do curso de pedagogia para acompanhá-la com o trabalho da turma, bem como na observação e coleta de dados necessários à análise para o alcance dos objetivos propostos que serão base para uma futura intervenção com projeto específico diante dos achados desta pesquisa. 4
5 Resultados Parciais Na intenção de traçar o perfil de entrada dos egressos ao curso de licenciatura em matemática verificamos que 48 (quarenta e oito) alunos se matricularam na disciplina de Prática Pedagógica I que está, segundo a proposta do curso no 1º (primeiro) período do curso. Durante o decorrer do curso os alunos irão cursa 8 (oito) Práticas tendo como foco diferentes temática. Neste primeiro semestre a proposta é discutir o papel social da escola e suas interfaces com a educação. É a partir do olhar destas disciplinas de pratica e dos momentos de estágio supervisionado que iremos perceber os processos de construção dessa identidade docente ao longo do curso. Foram verificadas 4 (quatro) desistências ao longo do período da disciplina de um semestre e apenas 1(uma) reprovação. Foram aplicados num momento inicial 3 (três) questionários, sendo dois aos alunos (um deles na 1ª semana de aula e o outro na última semana de aula do 1º semestre do curso), com questões abertas e 1 (um) questionário aplicado aos pais dos alunos menores de 21 anos com questões fechadas a partir Alguns dados sobre o 1º questionário aplicado aos alunos: 69% da turma afirma que a disciplina que tinham melhor desempenho durante a educação básica era matemática; 31% citaram entre outras áreas, a física e curiosamente, Língua Portuguesa. 23% afirmam que a opção pelo vestibular em matemática se deve ao fato da identificação com a disciplina e da docência; 77% indicaram desde não saber até aos motivos mais variados, tais como: proximidade com a área de engenharia, por falta de opção, por aconselhamento dos pais, por gostar da disciplina de matemática sem citar a docência; 80% expuseram a expectativa de terminar o curso para obtenção de um diploma de curso superior; Atrelada a expectativa de obtenção de certificação de curso superior, 68% acrescentam a esse objetivo também o de prestar um concurso público em outra área (seja pública ou estatal); 12% esboçaram o interesse de atuar em sala de aula e contribuir na formação de outras pessoas. 5
6 BIBLIOGRAFIA BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: matemática Brasília: MEC?SEF, CHIZZOTTI, Antônio. Pesquisa qualitativa em ciências humanas e sociais Petrópolis, RJ: Vozes, CUNHA, Maria Isabel da. O bom professor e sua prática Campinas, SP: Papirus, Novas diretrizes para a licenciatura em matemática. Rio Claro: IGCE/UNESP, PINTO, Renata A. Erros e Dificuldades no Ensino da Álgebra: o tratamento dados por professores de 7ª série em sala de aula. Dissertação de Mestrado. Campinas m FE/UNICAMP, SOARES, Magda. Matememória-Memórias: travessia de uma educadora.são Paulo: Corterz Editora, TARDIF, Maurice. Saberes docentes e formação profissional Petrópolis, RJ: Vozes,
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