PROCESSO CONSULTA Nº 03/2013 PARECER CONSULTA Nº 03/2013
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- Benedicta Lobo Schmidt
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1 PROCESSO CONSULTA Nº 03/2013 PARECER CONSULTA Nº 03/2013 Solicitante: M. C. S. CRM/GO XXXX Conselheiro Parecerista: DR. RÔMULO SALES DE ANDRADE Assunto: ATUAÇÃO EM RAMO/ESPECIALIDADE MÉDICA. Ementa: O profissional pode ser cadastrado no CBO em determinada especialidade, sendo da responsabilidade a instituição que fizer o registro, no entanto não significa que possa anunciar especialidade não devidamente registrada no Conselho Regional de Medicina onde atua. Sr. Presidente, Srs(as). Conselheiros(as), Designado que fui para emitir relatório do presente Processo Consulta, o faço da forma que se segue: PARTE EXPOSITIVA O presente processo consulta teve inicio a partir da solicitação do Dr. M. C. S., da forma que segue: Considerando a legalidade de um profissional médico graduado em curso de medicina reconhecido pelo MEC e devidamente inscrito em conselho de classe do estado da federação em que atua, poder atender nos termos de diagnóstico e
2 tratamento pacientes em qualquer ramo/especialidade médica, desde que não se defina ESPECIALISTA, caso não tenha Título de Especialista reconhecido pelo CFM, solicito o seguinte parecer: Um profissional médico para se cadastrar pelo SUS com objetivo de prestar atendimento e ser remunerado de acordo com os procedimentos médicos realizados deve ser inserido no sistema DATASUS em determinado Código Brasileiro de Ocupação (ramo de Atuação). De acordo com o artigo 5 da Portaria n 134 de abril de 2011 do Ministério da Saúde, item 3 (em anexo a Portaria): Só devem ser cadastrados com Código Brasileiro de Ocupação (CBO) de especialidade os médicos quê atendem exclusivamente a determinado grupo de pacientes com patologias e agravos definidos para a especialidade médica, cuja comprovação de habilitação do profissional é de responsabilidade do estabelecimento. Portanto, caso um profissional médico que detenha os preceitos solicitados de atendimento exclusivo de pacientes, em determinada área e que seja considerado habilitado para tal pela unidade que o contrata, seja através de curso de pós-graduação na área de atuação, seja por tempo e conhecimento na atuação dessa área, não necessariamente por Título de Especialista apesentado, caso este profissional se cadastre no DATASUS em CBO em determinado ramo de atuação médica, o mesmo estaria cometendo algum ilícito do ponto de vista ético, considerando que o DATASUS, de acordo com a Portaria n 134 (em anexo) não exige necessariamente Título de Especialidade na área para cadastramento, bem como, considerando que este profissional nem por isso vincularia em nenhum material de divulgação (carimbos, cartões e outros) ser especialista nesta área de atuação médica?. DO PARECER: Ministério da Saúde Secretaria de Atenção à Saúde
3 PORTARIA Nº 134, DE 4 DE ABRIL DE 2011, do Ministério da Saúde Secretaria de Atenção à Saúde: Art. 9º- O Art. 5º- da Portaria SAS/MS nº- 51, de 26 de fevereiro de 2004, passará a ter a seguinte redação: Art. 5º- Determinar que os gestores observem as orientações constantes do Manual do CNES e dos diversos informes divulgados pelo Ministério da Saúde e também repassados durante os treinamentos, cujo conteúdo principal contempla: - A carga horária semanal/chs deve ser a efetivamente disponível para o estabelecimento no CBO correspondente, ambulatorial ou outros, independente do que consta do contrato de trabalho. - Só devem ser cadastrados com CBO de especialidade médicos que atendem exclusivamente a determinado grupo de pacientes com patologia e agravos definidos para a especialidade médica, cuja comprovação de habilitação do profissional é de responsabilidade do estabelecimento. - Quando o gerente do estabelecimento de saúde optar pela cessão de crédito e o gestor local admitir esta forma de repasse, o profissional médico deverá ser cadastrado como autônomo. (NR). Existe ampla bibliografia sobre o fato suscitado pelo consulente: PROCESSO-CONSULTA CFM nº 8.599/08 - PARECER CFM nº 40/10: Primeiramente, a Resolução CFM n 1.634/02, que dispõe sobre convênio de reconhecimento de especialidades médicas firmado entre o Conselho Federal de Medicina - CFM, a Associação Médica Brasileira - AMB e a Comissão Nacional de Residência Médica - CNRM faz algumas definições: Especialidade: núcleo de organização do trabalho medica que aprofunda verticalmente a abordagem teórica e prática de seguimentos da dimensão biopsicossocial do indivíduo e da coletividade. Área de atuação: modalidade de organização do trabalho médico praticada por profissionais capacitados para exercer ações médicas específicas, sendo derivada e relacionada com uma ou mais especialidades.
4 Já a Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), de responsabilidade do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), é o documento normalizador do reconhecimento, da nomeação e da codificação dos títulos e conteúdos das ocupações do mercado de trabalho brasileiro. É ao mesmo tempo uma classificação enumerativa e descritiva. Inventaria detalhadamente as atividades realizadas no trabalho, os requisitos de formação e experiência profissionais e as condições de trabalho. A função descritiva é utilizada nos serviços de recolocação de trabalhadores, como o realizado no Sistema. Nacional de Empregos - Sine, na elaboração de currículos e avaliação de formação profissional, nas atividades educativas das empresas e sindicatos, nas escolas e serviços de imigração, enfim, nas atividades em que informações do conteúdo do trabalho sejam requeridas. (...) Os Conselhos Regionais de Medicina não exigem que um médico seja especialista para trabalharem qualquer ramo da Medicina, podendo exercê-la em sua plenitude nas mais diversas áreas, se responsabilizando por seus atos e, segundo a Resolução CFM n 1.701/03, não as propagando ou anunciando sem realmente estar nelas registrado como especialista. (...) O registro na CB0 não significa título de especialista e os registros de ocupações feitas pelos médicos não poderão ser anunciados como especialidades. Como anteriormente dito, o médico poderá desempenhar suas atividades em qualquer ramo da medicina sem ser portador de título de especialista naquela área, não podendo, entretanto, anunciá-la como especialidade. É Ético e legal o médico se inscrever no CNES com as ocupações previstas na CBO, bem como receber o que lhe é devido pelo SUS com pertinência aos serviços prestados. O que não pode, ressaltamos, é divulgá-las como especialidades.. PROCESSO-CONSULTA CFM nº 2.670/08 - PARECER CFM nº 39/10: LEGISLAÇÃO
5 Constituição Federal, art.. 5, inciso XIII - "é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer". Lei nº 3.268/57, art. 17 permite ao médico o direito de exercer a medicina em qualquer de seus ramos ou especialidades, independente de titulação especializada. Destarte, ao cumprir esta exigência, pode o médico praticar todos os atos próprios da profissão. A sua competência é genérica não pode ser restringida, exceto por força de outra lei que venha a revogar o dispositivo legal em epígrafe.. PARTE CONCLUSIVA Enfim respondendo ao consulente que a resposta é SIM: 1. Este tem o direito de receber pelos serviços prestados; 2. A instituição em que trabalha pode fazer o registro no CBO se achar que o profissional está qualificado para tal, sendo de sua responsabilidade o feito; 3. Este profissional jamais pode anunciar especialidade sem o registro no Conselho Regional de Medicina em que atua; e, 4. Portanto não configura delito ético, em se obedecendo aos conceitos e os preceitos definidos neste parecer. Este é o parecer, salvo melhor juízo. Goiânia, 5 de abril de DR. RÔMULO SALES DE ANDRADE Conselheiro Parecerista
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