Extensão Rural Aplicada A Pecuária Leiteira

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1 Extensão Rural Aplicada A Pecuária Leiteira Pedro Paulo Bueno*, 6º módulo de Medicina Veterinária da UFLA (pedropaulovet@gmail.com); Rodrigo de Andrade Ferrazza (rodrigoferrazza@yahoo.com.br), 5º módulo de Medicina Veterinária da UFLA; Tiago Antonio Del Valle (tadelvalle_muz@hotmail.com), 6º módulo de Medicina Veterinária da UFLA; Tiago da Silva Teófilo (tiagoteo@hotmail.com), mestrando em Ciências Veterinárias; João Chrysostomo de Resende Júnior (joaocrj@ufla.br), Orientador, DMV, UFLA. *Bolsista PROEC/UFLA. Objetivos O UFLALEITE busca contribuir para o desenvolvimento sócio-econômico de pequenos produtores de leite, através da aplicação integrada de um conjunto de tecnologias de processo e gestão que possibilitem a ampliação do potencial de produção de cada sistema, promover o aumento da competitividade da agricultura familiar no mercado através da profissionalização, e ainda, proporcionar treinamento aos alunos participantes, em atividades relacionadas à pecuária leiteira. Referencial Teórico O leite está entre os seis primeiros produtos mais importantes da agropecuária brasileira, ficando à frente de produtos tradicionais como café beneficiado e arroz. O Agronegócio do Leite e seus derivados desempenham um papel relevante no suprimento de alimentos e na geração de emprego e renda para a população. Se acrescentarmos a importância nutricional do leite como alimento, estaremos diante de um dos produtos mais importantes da agropecuária brasileira (Lopes, 2004). 1

2 A produção de leite está distribuída por todo o país e a heterogeneidade do processo produtivo é marcante. Tais diferenças são bastante significativas em relação à produção, área onde é desenvolvida a atividade, padrão racial dos rebanhos, nível de instrução dos produtores, entre outras (SEBRAE, 2006). Fellet & Gallan (2000) salientaram que o que se percebe no Brasil é que existe na atividade leiteira dois tipos de exploração, de um lado estão os sistemas completamente especializados, com elevados pacotes tecnológicos modernos para a produção de leite. Do outro, encontram-se sistemas nitidamente extrativistas, com baixos investimentos e índices de produção. Essa dualidade tecnológica se reflete nas quantidades produzidas de leite, em que há pequeno número de produtores de mais de litros de leite/dia e grande número de produtores até 50 litros de leite/dia. Por um lado, os produtores de mais de litros de leite/dia, embora em pequeno número, têm elevada participação na produção total, enquanto que, os de até 50 litros de leite/dia são em grande número, mas participam pouco da produção total (Tabela 1). Tabela 1 - Distribuição do número de produtores entrevistados e de suas produções de leite, em 2005, segundo estratos de produção de leite. Fonte: SEBRAE, Segundo o IBGE (2009), ao se observar o comportamento da aquisição de leite nos últimos cinco anos verifica-se crescimento ao longo do tempo em torno de uma média de 7,2% ao ano. Em 2008, a aquisição foi maior em todo o 1º semestre do ano. O Sudeste é a 2

3 principal região em aquisição de leite, com 42,4% da captação feita pelas indústrias de laticínios, seguido pelo Sul, com 30,3%. Minas Gerais lidera a aquisição com 27,5% do total. Entre os estados da região Sudeste, Minas Gerais teve a maior taxa de crescimento, 2,67% ao ano, no período de 1996 a Segundo o ANUALPEC (2006) o número de vacas ordenhadas em Minas Gerais foi de 3,25 milhões em 2005, sendo 21,56% do total do Brasil. O estado de Minas Gerais foi o que mais produziu leite: 7 bilhões de litros, o que representa 28,4% do total produzido no país. A produção primária de leite no Brasil é de grande importância na renda da agricultura familiar, sendo que 13,3% dos agricultores familiares têm na atividade leiteira sua principal fonte de renda. Predominam nesta atividade os pequenos produtores ou os produtores pouco especializados, 56,88% dos produtores fornecem até 200 litros de leite aos laticínios (SEBRAE, 2006). A pecuária leiteira desempenha também um relevante papel social, empregando cerca de 3,6 milhões de pessoas em mais de um milhão e cem mil propriedades (ANUALPEC 2006). De acordo com o CONSEA (2009), torna-se necessário o investimento na profissionalização do agricultor com vistas ao desenvolvimento de sua capacidade empreendedora e de gestão dos negócios, além dos aspectos tecnológicos que são fundamentais para se obter os atributos de qualidade desejados pelos consumidores. Diante da importância ocupada pela atividade leiteira na renda dos pequenos produtores, há a necessidade de aprimoramento e desenvolvimento da atividade, como forma de aumentar a renda destes, promover a inclusão social e até mesmo como forma de manter estes produtores na atividade. Neste contexto surge a Extensão Universitária, como via de mão-dupla, estabelecendo a troca de saberes acadêmico e popular, permitindo não apenas o desenvolvimento da atividade leiteira, mas também proporcionando o aprendizado aos estudantes envolvidos, o que é indispensável à formação dos mesmos. Esse tipo de extensão que vai além de sua compreensão tradicional de disseminação de conhecimentos, prestação de serviços e difusão cultural já apontava para uma concepção de universidade em que a relação com a população passava a ser encarada como a oxigenação necessária à vida acadêmica (Plano Nacional de Extensão Universitária, 2009). 3

4 Metodologia Atualmente, o UFLALEITE presta assistência gratuita a quatro propriedades leiteiras nos municípios de Lavras, Perdões e Cana Verde. Os critérios para o ingresso dos produtores no projeto são: estar produzindo, na data de ingresso, menos de 200 litros de leite diários e ter a atividade leiteira como a principal fonte de renda. Esta orientação contribui para uma ação institucional capaz de implantar e consolidar estratégias de desenvolvimento rural sustentável, centrado na expansão e fortalecimento da agricultura familiar, por meio de metodologias educativas e participativas, integradas às dinâmicas locais, buscando viabilizar as condições para o exercício da cidadania e a melhoria da qualidade de vida da sociedade. O grupo estimula a produção de alimentos sadios e de melhor qualidade biológica, a partir do apoio e assessoramento aos agricultores familiares para a construção e adaptação de tecnologias de produção ambientalmente sustentáveis, além da otimização do uso e manejo sustentável dos recursos naturais. Simultaneamente, ocorre o treinamento dos participantes do grupo, complementando a formação acadêmica, através da promoção de abordagens metodológicas que sejam participativas e utilizem técnicas vivenciais ligadas à bovinocultura leiteira, estabelecendo estreita relação entre teoria e prática. Semanalmente são realizadas reuniões onde são abordadas as situações das propriedades assistidas, bem como seminários e palestras sobre temas relacionados à pecuária leiteira. O grupo possui ainda um espaço semanal denominado Coluna do Produtor em um jornal local (Lavras-MG), no qual publica artigos, escrito pelos estudantes, com temas relacionados à cadeia produtiva do leite. Resultados Este programa tem tido uma repercussão extremamente satisfatória nas quatro propriedades atualmente atendidas. Os graus variados de sucesso devem-se principalmente às diferenças e características individuais de cada propriedade e principalmente de cada proprietário. Por meio de mudanças muitas vezes simples, foi possível aumentar a 4

5 produtividade e a qualidade do leite, refletindo conseqüentemente em aumento da lucratividade dos mesmos. Dentre as principais mudanças ocorridas nas propriedades após a assistência do grupo, citam-se: à adoção da escrituração zootécnica da propriedade, reunindo informações referentes aos aspectos produtivos, reprodutivos e sanitários, importante para as tomadas de decisão, tanto no manejo diário quanto na definição de estratégias a longo prazo; melhoria nos padrões de higiene e sanidade das criações, como práticas de higiene na ordenha, vacinação do rebanho, tratamento de parasitoses, entre outras; implementação de práticas relacionadas com a manutenção da qualidade e segurança dos produtos oriundos da atividade; monitoramento e ajustes das técnicas introduzidas nos projetos anteriores; adoção de práticas adequadas para a cria e recria das bezerras, havendo queda da mortalidade, aumento do peso ao desmame e adequação da idade à primeira cobertura; ajustes no manejo alimentar e reprodutivo dos animais, possibilitando um aumento da produtividade, redução de custos, diminuição do intervalo de partos e aumento da taxa de natalidade; e adoção de técnicas agronômicas, como o manejo intensivo das pastagens, resultando em aumento da taxa de lotação e planejamento alimentar durante o ano todo. Além disso, o projeto proporcionou atividades práticas aos estudantes, relacionadas à atividade leiteira, bem como a integração entre a Universidade e os produtores de leite. Referências bibliográficas ANUALPEC. Anuário da Pecuária Brasileira. São Paulo: Instituto FNP, CONSEA. Princípios e diretrizes de uma política de segurança alimentar e nutricional. Textos de referência. Brasília: CONSEA, Disponível em:< consea >Acesso em: 25 de março de FELLET, V. K.; GALAN, V. B. Diagnóstico e acompanhamento financeiro da atividade leiteira. Preços Agrícolas, mercados e negócios agropecuários, Piracicaba, v. 14, n. 160, p , fev

6 FÓRUM DE PRÓ-REITORES DE EXTENSÃO DAS UNIVERSIDADES PÚBLICAS BRASILEIRAS E SESU/MEC. Plano Nacional de Extensão Universitária. 2000/2001. Disponível em: < Acesso em: 10 de jan de Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE. Comunicação Social 26 de março de Pesquisas Trimestrais do Abate de Animais, do Leite, do Couro e da Produção de Ovos de Galinha. Disponível em: < noticia impressao.php?id_noticia=1340> Acesso: 27 de março de LOPES, M. A.; VIEIRA, P. F. Criação de bezerros leiteiros MINAS LÁCTOES ASSESSORIA-UFV. Importância da melhoria da qualidade do leite. Disponível em: < Acesso em: 02 set SEBRAE/FAEMG. Diagnóstico da pecuária leiteira do estado de Minas Gerais em 2005: relatório de pesquisa. Belo Horizonte: FAEMG, p. 6