CONCEPÇÕES DE LÍNGUA PORTUGUESA PARA ALUNOS DO CURSO O PORTUGUÊS QUE EU FALO, O PORTUGUÊS QUE EU ESCREVO

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1 CONCEPÇÕES DE LÍNGUA PORTUGUESA PARA ALUNOS DO CURSO O PORTUGUÊS QUE EU FALO, O PORTUGUÊS QUE EU ESCREVO Lara Roberta Silva Assis, Joscemar Teixeira de Morais Junior Universidade Estadual de Goiás RESUMO: O objetivo deste trabalho é identificar e analisar as crenças e concepções de alunos do curso de Língua Portuguesa (doravante LP), o português que eu falo, o português que eu escrevo, em relação ao ensino e à aprendizagem da LP experimentados por eles ao longo da formação educacional. É um estudo qualitativo, baseado no estudo de caso, com 16 alunos participantes, aos quais foi aplicado um questionário aberto, durante as atividades extensionistas, com o propósito de que esses alunos apontassem algumas imagens e perspectivas que eles sustentam em relação à língua materna, tais como motivação e dificuldades encontradas ao estudar português, tendo em vista que, com certeza, esses alunos sustentam crenças e concepções relacionadas à LP, muitas vezes atribuídas a um ensino metodologicamente tradicional e reproduzido, ao longo dos anos, nas salas de aulas sem se questionar quais são, de fato, os objetivos de se ensinar LP para seus próprios falantes. Palavras-chave: Língua Portuguesa. Crenças. Ensino-Aprendizagem. Introdução Esse artigo iniciou-se a partir do desejo de identificar e analisar as crenças de alunos do curso de LP quanto ao processo de ensino e aprendizagem da língua materna ao longo do ensino básico e superior. O referido curso está vinculado à atividade extensionista da Universidade Estadual de Goiás, Câmpus Itapuranga, desenvolvida, especificamente, a partir do projeto de extensão O português que eu falo, o português que eu escrevo, com um público-alvo composto por aproximadamente vinte alunos de instituições de ensino superior e público da cidade de Itapuranga-GO. Ainda em desenvolvimento, a pesquisa tem projetado dados ainda semelhantes aos constatados na primeira edição, tomando como referência acadêmicos dos cursos de licenciatura e da sociedade do entorno. O objetivo proposto para as atividades do curso foi o de refletir sobre a LP na sua totalidade, considerando-a como mediadora das relações sóciodiscursivas

2 da contemporaneidade e sobre conceitos importantes para o acionamento prático da mesma. Para se chegar às análises, foi aplicado um questionário aberto aos alunos participantes. Para a análise geral à que se destina a pesquisa, duas questões serviram de base: quais são as crenças a respeito do ensino/aprendizagem da LP e quais as implicações delas para o ensino/aprendizagem, de modo a refletir e demonstrar, com esse breve estudo, se algumas dificuldades e índices insatisfatórios do ensino são ou podem ser associados, de fato, às crenças construídas no imaginário dos estudantes da nossa língua materna. Material e Métodos A pesquisa, ainda em realização, parte de dados referentes a edições anteriores, notando que grande parte dos alunos gostam de estudar português, pensando que o estudo da LP tende a melhorar as habilidades de fala e escrita, reconhecendo assim a sua importância. Essa pesquisa de cunho qualitativo, pautada na descrição do estudo de caso, com foco na pesquisa de uma situação singular e particular em um contexto específico (LÜDKE e ANDRÉ, 1986), é realizada por meio de duas fases distintas, uma bibliográfica, embasada em pressupostos teóricos dos PCN (1998) e autores como Faraco (2006), Bagno (2007), Motta (2010), Cunha (2011) e Barcelos (2001), os quais debatem o ensino-aprendizagem da LP e algumas implicações de crenças que contornam o modo de pensar e de agir dos alunos em relação à língua materna. Por meio da pesquisa de campo, configurada em um questionário aberto, composto por nove questões, conforme descrevem Marconi e Lakatos (2010), os dados foram coletados na Universidade Estadual de Goiás, Câmpus Itapuranga, com dezesseis alunos-participantes do curso de LP referente à atividade extensionista, especificada por um curso de LP. Resultados e Discussão A análise de dados envolve as questões consideradas mais relevantes, a começar pela primeira: você gosta de estudar português? Sim ou não? Justifique.

3 De maneira geral, todos os alunos responderam positivamente, afirmando gostar de estudar português. Majoritariamente, percebemos que os discentes reconhecem a importância e necessidade de estudar a LP, mesmo atribuindo a isso algumas dificuldades. A segunda pergunta foi sua opinião sobre gostar ou não da língua já foi contrária ao que hoje você respondeu (pergunta anterior). Por quê?. Alguns afirmaram sempre pensar da mesma forma, defendem que sempre gostaram da LP e outros afirmaram que já pensaram diferente. Os alunos que afirmaram mudanças reconheceram que essas, se deram em função de que hoje eles sabem e percebem que é importante estudar português. A participante Paula relatou que: [08] Já sim, por falta de conhecimento, pensava que seria algo sem importância, e também pela falta de explicação dos professores de ensino fundamental, médio, só hoje descobri sua extrema ajuda em todas as áreas do conhecimento. A partir da pergunta 3, para quê você estuda português?, obtivemos perspectivas diferentes. Alguns defenderam a ideia de ser uma realização pessoal, adquirindo melhor aptidão nas habilidades de fala e escrita, conforme mencionam Luz 10 e Paula: [14] Para melhorar a minha fala e a minha escrita. (Luz 10) [15] Para que eu possa produzir melhor rendimento, compreensão das leituras que faço e textos que produzo, de modo geral, pela importância depositada na língua portuguesa. (Paula) Nos excertos apresentados, os estudantes defendem aspectos mais pessoais em relação ao estudo da língua. Eles deixam claro que estão preocupados como o modo pelo qual eles se comunicam, pensando ser relevante uma melhoria nas práticas de leitura, escrita e compreensão de textos. Em outra categoria de discussão, voltamos para uma questão mais específica, propondo aos alunos uma possível ênfase sobre qual a necessidade de se estudar a LP na escola e se é ou não importante estudá-la. Todos os alunos

4 enfatizaram que o estudo da LP é de suma importância, além disso, reconhecem que a escola é o lugar em que esse aprimoramento deve ser construído. Fato aceito pelos próprios PCN (1998) quando enfatizam a necessidade de a escola habilitar-se para preparar o aluno para apoderamento diversificado da língua. O último questionamento está motivado pelas dificuldades que os alunos têm em relação à LP e o porquê dessas dificuldades. Além da questão subjetiva, havia também cinco opções específicas para serem escolhidas, dentre elas: não tenho dificuldades, ler, interpretar, produzir e gramática. Os resultados apontaram que os alunos possuem mais dificuldades com produção e interpretação, acrescidas à opção gramática. Considerações Finais À guisa das reflexões finais, percebemos uma necessidade de aprofundamento no que se refere à pesquisa, reconhecendo a fragilidade que a sustenta, atribuída, até então, a apenas um método de pesquisa utilizado (questionário). Ainda assim, cremos ter demonstrado algumas necessidades e deficiências articuladas ao ensino de LP levantadas por sujeitos centralizados nesse processo: os alunos. Dessa forma, pudemos perceber que dentre as necessidades mais emergenciais estão, de fato, as que devem priorizar por uma reinvenção dos objetivos do ensino materno, a começar por questionamentos referentes a para que se deve ensinar português para seus próprios falantes, necessidade essa percebida por alguns dos participantes da investigação. Com isso, muitas outras questões precisam ser revistas ao passo que os próprios discentes apontam a carência de mudanças nesse sistema tão necessário para que usufruamos de uma emancipação social e política mais plena. Agradecimentos Agradecemos a todos os estudantes participantes da pesquisa. Referências

5 BAGNO, M. Preconceito linguístico: o que é, como se faz. 49 ed. São Paulo: Edições Loyola, Não põe corda no meu bloco: da gramática tradicional da antiguidade à ciência linguística moderna. In:. Português ou brasileiro?: um convite à pesquisa. 4 ed. São Paulo: Parábola Editorial, p BARCELOS, A. M. F. Metodologia de pesquisa das crenças sobre aprendizagem de línguas: estado da arte. Revista Brasileira de Lingüística Aplicada, v.1, n.1, p , BRASIL. Parâmetros curriculares nacionais: terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental: introdução aos parâmetros curriculares nacionais / Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, Disponível em: < 8&q=Parâmetros+curriculares+nacionais:+terceiro+e+quarto+ciclos+do+ensino+fund amental:+introdução+aos+parâmetros+curriculares+nacionais+pdf> Acesso em: 15 abr BRASIL, Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: língua portuguesa. Brasília, CUNHA, M. S. O ensino de língua portuguesa na atualidade. V Colóquio Internacional: educação e contemporaneidade. São Cristovão: Sergipe, Disponível em: < t%20word%20- %20O%20ENSINO%20DE%20LiNGUA%20PORTUGUESA%20NA%20ATUALIDAD E.pdf> Acesso em: 21 mar FARACO, C. A. Ensinar e não ensinar gramática: ainda cabe essa questão? Vol. 4, n. 1, p , jan/abr Disponível em: < revistas.unisinos.br/index.php/calidoscopio/article/view/...> Acesso em: 07 jan LÜDKE, M; ANDRÉ, M. E. D. A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, MARCONI, M. A.; LAKATOS, E. M. Fundamentos de metodologia científica. 7 ed. São Paulo: Atlas, MOTTA, Í. L. O. M. Dificuldades na escrita dos alunos de ensino superior: uma análise das narrativas escritas dos alunos da Faculdade Eduvale. REVISTA CIENTÍFICA ELETRÔNICA DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DA EDUVALE. Publicação científica da Faculdade de Ciências Sociais aplicadas do Vale de São Lourenço- Jaciara/MT. Ano III, Número 05, outubro de Periodicidade Semestral- ISSN Disponível em: < > Acesso em: 21 mar