UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS PROJETO A VEZ DO MESTRE
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- Rosângela Lacerda Castelo
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1 1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS PROJETO A VEZ DO MESTRE A IMPORTÂNCIA DO DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR NOS INDIVÍDUOS SURDOS MARIA PAULA DE ALMEIDA CUNHA Orientador: Prof. MARCO ANTÔNIO CHAVES Rio de Janeiro, RJ, fevereiro/2002
2 2 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS PROJETO A VEZ DO MESTRE A IMPORTÂNCIA DO DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR NOS INDIVÍDUOS SURDOS MARIA PAULA DE ALMEIDA CUNHA Trabalho Monográfico apresentado como requisito parcial para obtenção do Grau de Especialista em Psicomotricidade Rio de Janeiro, RJ, fevereiro/2002.
3 3 Aos colegas de classe e aos professores. Fica proibido o uso da palavra liberdade, a qual será suprimida dos dicionários e do pântano enganoso das bocas. A partir deste instante, a liberdade será algo vivo e transparente como um fogo ou um rio, e a sua morada será sempre o coração do homem. ( Tiago de Melo) Santiago do Chile, 1964.
4 4 A todos que me deram a oportunidade de entender um pouco sobre o mundo dos surdos.
5 5 A visão do futuro: O jovem rapaz e a estrela do mar Um homem sábio fazia um passeio pela praia ao alvorecer. Ao longe avistou um jovem rapaz que parecia dançar ao longo das ondas. Ao se aproximar, percebeu que o jovem pegava as estrelas do mar da areia e as atirava suavemente envolta a água. E então o homem sábio se perguntou: - O que você está fazendo? - 0 sol está subindo e a maré esta baixando se eu não as devolver ao mar irão morrer. - Mas meu caro jovem a quilômetros e quilômetros de praias cobertas de estrelas do mar...você não vai conseguir fazer qualquer diferença. O jovem se curvou, pegou mais uma estrela do mar e atirou-a carinhosamente de volta ao oceano, além da arrebentação das ondas. E retrucou: - Fiz diferença para essa aí. A atitude daquele jovem representa alguma coisa de especial que existe entre nós. Todos fomos dotados da capacidade de fazer a diferença. Joel Arthur Bark
6 6 SUMÁRIO INTRODUÇÃO...7 Cap.1 O desenvolvimento normal da função auditiva...9 Cap.2 O que é a surdez?...11 Cap.3 O que é a psicomotricidade?...14 Cap. 4 A relação do desenvolvimento psicomotor na surdez...17 CONCLUSÃO...20 BIBLIOGRAFIA...21
7 7 INTRODUÇÃO A surdez caracteriza-se por uma privação sensorial; suas conseqüências, no entanto, não se limitam às dificuldades auditivas, refletindo em aspectos lingüísticos, emocionais, sociais e culturais. A surdez pode ser definida a partir de seus aspectos orgânicos, de acordo com a localização, e, também com o grau da lesão. Será abordada nesta pesquisa, principalmente a surdez neurossensorial severa e profunda, utilizando o termo surdez ou surdo para definir o indivíduo portador deste grau e tipo de perda auditiva. Será dado um enfoque da importância da psicomotricidade nos indivíduos surdos no seu processo de comunicação A criança que nasce surda ou se torna surda no período prélingüístico (até 2/3 anos) sofre grande dificuldade em relação à aquisição da linguagem, sendo esta dificuldade a principal característica da pessoa surda que poderá desencadear conseqüências em outras áreas como na sua sociabilidade. O trabalho com o surdo requer a colaboração de vários profissionais de diversas áreas com diferentes conhecimentos científicos. No entanto o fonoaudiólogo é o profissional mais envolvido no processo de reeducação. Além das técnicas e abordagens direcionadas ao desenvolvimento da linguagem o reeducador deverá está atento as habilidades psicomotoras, traçando um paralelo entre a aquisição da linguagem e o desenvolvimento psicomotor. A audição é o canal preferencial para a aquisição e desenvolvimento da linguagem, na deficiência deste canal, o terapeuta deverá além de estimular a percepção auditiva, aguçar ou aprimorar as outras percepções como, a visão, o tato, o paladar e o olfato. Utilizando
8 8 todos os canais de entrada do corpo, assim como o deslocamento deste corpo dando as noções de tempo e espaço. Neste enfoque pretende-se abordar a psicomotricidade no seu aspecto relacional, de que forma este estudo pode ajudar no desenvolvimento do indivíduo surdo.
9 9 Cap.1 - O desenvolvimento normal da função auditiva Moore (1984) refere que a orelha interna começa a ser formada no início da quarta semana gestacional numa placa espessada no ectoderma, o placótico ótico. As orelhas média e externa serão formadas basicamente por estruturas do aparelho branquial, que surgem na quarta semana e que serão responsáveis pela formação da face. O desenvolvimento embriológico dessas estruturas processa-se até trigésima segunda semana de vida intra-uterina, quando o pavilhão auricular atinge sua posição correta. O órgão de Corti estará formado na décima segunda semana. Assim as infecções congênitas com rubéola, sífilis e toxoplasmose ou outras intercorrências com uso de raios X e de medicamentos, principalmente até o terceiro mês de vida intra-uterina, podem provocar a perda auditiva entre outras manifestações (microcefalia, cardiopatia, deficiência mental ou visual). Na vigésima semana de vida intra-uterina, já são observadas modificações nos batimentos cardíacos de um bebê frente a um estímulo sonoro. Nesta época que o bebê já escuta a voz da mãe e os sons do corpo dela. Pereira (1993) em seus estudos relata que os componentes condutivo e sensorial do sistema auditivo estão prontos ao nascimento, no entanto, o componente neural irá se desenvolver a partir das experiências da criança, principalmente nos dois primeiros anos de vida. Dessa maneira, podese dizer que a criança vai aprendendo a ouvir, e, assim, vai desenvolvendo as capacidades e funções auditivas envolvidas no processamento auditivo. são: De acordo com Boothroyd (1986) as etapas do processamento Atenção Seletiva: é a capacidade de selecionar um estímulo sonoro, ou seja, de deter a atenção sobre ele mesmo diante de outros
10 10 estímulos, sejam eles auditivos ou não. Por exemplo, prestar atenção à voz de quem fala mesmo que haja outros ruídos no ambiente. Detecção do som: é a habilidade de perceber a presença de um som, que já pode ser verificada no quinto mês de vida intra-uterina. Discriminação: é a capacidade de detectar diferenças entre os estímulos sonoros. Menyuk (1975) refere que bebês de poucos meses são capazes de detectar diferenças entre os fonemas. Localização: é a capacidade de saber a origem do estímulo sonoro. Aos três meses, os bebês manifestam o início da localização. Reconhecimento: é a habilidade de reconhecer a fonte produtora do som. Com um mês de idade, os bebês já são capazes de reconhecer a voz da mãe. Compreensão: é interpretar depreender o significado da informação auditiva. Trata-se de um comportamento aprendido no dia-a-dia, no contexto comunicativo e que envolve os aspectos cognitivos e lingüísticos. Com aproximadamente um ano, a criança compreende ordens como: dá tchau, joga beijo, etc. Memória: capacidade de estocar, armazenar informações auditivas. Pode ser observada desde cedo, quando o bebê pára de reagir para os estímulos que não são do seu interesse. Essas habilidade vão sendo desenvolvidas com o passar do tempo, mas os dois primeiros anos são os mais marcantes e as respostas variam bastante de um trimestre para o outro.
11 11 Cap.2 - O que é a surdez? A audição é o principal meio pelo qual a linguagem é adquirida. Para que o indivíduo organize as sensações experienciadas em um sistema de linguagem, é importante que haja integridade de seu sistema auditivo. O sistema auditivo é constituído por três componentes: Componente condutivo: formado pela orelha externa e orelha média, tem como função receber e encaminhar as ondas sonoras até a orelha interna. Componente sensorial: representado pela cóclea na orelha interna, transformar a energia sonora em elétrica, para que essa informação seja transmitida ao cérebro por meio do nervo e vias auditivas. Componente neural: tem como função receber, analisar e programar a resposta frente ao estimulo sonoro. Este componente não está totalmente pronto ao nascimento. Somente a partir da experienciação sonora é que se completa a mielinização e novas conexões neurais se estabelecem para transmitir a informação sonora (Pereira,1993). A deficiência auditiva consiste em um impedimento da capacidade de detectar a energia sonora, podendo ser classificada de acordo com a localização da lesão no sistema auditivo, grau e momento em que ocorre a perda da audição. De acordo com o local onde está situada a lesão pode-se denominar as perdas da seguinte forma: Perda auditiva condutiva: causada por alterações que ocorrem na orelha externa e/ou orelha média, sendo que essas alterações podem variar
12 12 desde a presença de um corpo estranho no conduto auditivo externo, otite (presença de líquido na orelha média), até a completa malformação de todo o sistema de transmissão: pavilhão auricular, conduto auditivo externo e cadeia ossicular. Normalmente, o grau da perda condutiva varia de leve a moderada e é reversível em alguns casos. O tratamento pode ser cirúrgico ou medicamentoso. Perda auditiva neurossensorial: quando a lesão está localizada na cóclea (componente sensorial) e/ ou no nervo auditivo. O grau de uma perda neurossensorial pode variar de leve a profundo, sendo irreversível. Perda auditiva mista: quando há comprometimento em ambos os componentes: condutivo e sensorial. A avaliação audiológica pode ser constituída por vários exames, sendo a audiometria convencional o principal deles. Realizada em uma cabina tratada acusticamente, consiste em um exame subjetivo, isto é, depende da colaboração do indivíduo, que deverá indicar ao audiologista se escutou ou não o som emitido por meio de um par de fones. Crianças a partir de quatro ou cinco anos de idade colaboram para a realização de uma audiometria convencional. No caso de crianças menores ou pacientes que apresentam comprometimento neurológico ou psicológico, pode-se observar seu comportamento frente a estímulos sonoros, realizar audiometria lúdica ou utilizar procedimentos objetivos de avaliação da audição, como a audiometria de tronco cerebral (ABR ou BERA) e emissões otoacústicas, que não dependem da colaboração do paciente. Os exames objetivos não substituem, complementam as informações obtidas na avaliação subjetiva.
13 13 Por meio de audiometria, observa-se qual o tipo de perda (condutiva, neurossensorial ou mista) e qual o nível mínimo de intensidade para que um som seja detectado. Esta intensidade é medida em decibel (db), sendo que um indivíduo com a audição normal é capaz de escutar sons a partir de 0 a 25 db (equivalente a fala sussurrada) em todas as freqüências sonoras avaliadas. Segundo Davis & Silverman (1970), de acordo com a média entre os limiares obtidos para freqüências médias (500,1000 e 2000 Hz), o grau das perdas auditivas pode ser classificado da seguinte maneira: Leve: de 26 a 40 db Moderada: de 41 a 55 db Moderadamente severo: de 56 a 70 db Severo: de 71 a 90 db Profundo: a partir de 91 db.
14 14 Cap. 3 - O que é a psicomotricidade? O estudo da psicomotricidade surgiu na França, por volta de Sua evolução veio da psiquiatria. A psicomotricidade é uma técnica que aglutina várias ciências visando entender melhor o indivíduo. É contemplada pela biologia, psicanálise, lingüística, psicologia e sociologia. Juntas, têm como premissa garantir o entendimento do homem enquanto sujeito, protagonista de sua própria história. Ou seja, alguém dotado de singularidade e subjetividade que recorre a um canal facilitador entre mente e corpo. A psicomotricidade é o controle mental sobre a expressão motora. Objetiva obter uma organização que pode atender de forma consciente e constante as necessidades do corpo. Preocupa-se com o desenvolvimento neuromuscular, que mais tarde a inteligência e a motricidade se tornam independentes rompendo sua simbiose, que só reaparecerá nos casos de retardo mental. Todas as áreas psicomotoras estão vinculadas agindo de forma conjunta, no entanto serão descritas separadamente para fins didáticos: Comunicação e Expressão: a linguagem é uma função de expressão e comunicação do pensamento e uma função de socialização. Permite ao indivíduo trocar experiências e atuar verbal e gestualmente no mundo. Percepção: é a capacidade de reconhecer e compreender estímulos recebidos. A percepção está ligada à atenção, à consciência e a memória. Os estímulos que chegam no indivíduo provocam uma sensação que possibilita a percepção e a discriminação.
15 15 Primeiramente sente-se, através dos sentidos: tato, visão, audição, olfato e gustação. Em seguida, percebe-se, e realiza-se uma mediação entre o sentir e o pensar. E, por fim, discrimina-se onde se reconhece às diferenças e semelhanças entre os estímulos e percepções. É através da discriminação que se percebe, por exemplo, o que é verde e o que é o azul, e a diferença entre o 1 e o 7. Coordenação: é mais ou menos instintiva e ligada ao desenvolvimento físico. Entendida como a união harmoniosa de movimentos, a coordenação supõe integridade e maturação do sistema nervoso. A coordenação dinâmica global envolve movimentos amplos com todo o corpo (cabeça, ombros, braços, pernas, pés, tornozelos, quadris etc.) e desse modo coloca grupos musculares diferentes em ação simultânea, com vista à execução de movimentos voluntários mais ou menos complexos. A coordenação visomanual engloba movimentos dos pequenos músculos em harmonia, na execução de atividades utilizando dedos, mãos e pulsos. A coordenação visual refere-se a movimentos específicos com os olhos nas mais variadas direções. Orientação: ou estruturação espacial/temporal é importante no processo de adaptação do indivíduo ao ambiente, já que todo corpo, animado ou inanimado, ocupa necessariamente um espaço em um dado momento. A orientação espacial e temporal corresponde à organização intelectual no meio e está ligada à consciência, à memória e às experiências vivenciadas pelo indivíduo. Conhecimento corporal: por meio dos sentidos se percebe o corpo, este corpo ocupa um espaço no ambiente e se tem um referencial. A
16 16 noção do corpo está no centro do sentimento de mais ou menos disponibilidade e adaptação que se tem deste no centro da relação entre o vivido e o universo. O conceito corporal, que é o conhecimento intelectual sobre as partes e funções do corpo; e o esquema corporal é inconsciente e se modifica com o tempo. Este esquema corporal é um elemento básico indispensável para a formação da personalidade do indivíduo. É a representação relativamente global, científica e diferenciada que se tem do seu próprio corpo. Lateralidade: durante o crescimento, naturalmente se define uma dominância lateral: será mais forte, mais ágil, do lado direito ou do lado esquerdo. A lateralidade corresponde a dados neurológicos, mas também é influenciada por certos hábitos sociais. Perceber que o corpo possui dois lados e que um é mais utilizado do que o outro é o inicio da discriminação entre a esquerda e direita, onde vai sendo estruturado através das vivencias corporais. Alguns estudiosos preferem tratar a lateralidade como parte da orientação espacial e não como parte do conhecimento corporal.
17 17 Cap. 4 - A relação do desenvolvimento psicomotor na surdez As funções motoras e perceptivas são inseparáveis, e o enriquecimento das experiências motoras, em geral, desenvolve a capacidade do indivíduo para estruturar e perceber o modo mais eficiente os diversos acontecimentos aos quais está exposta. O funcionamento eficiente das capacidades perceptivas é essencial ao desenvolvimento do ser humano nos domínios afetivo, cognitivo e psicomotor. É através das experiências vividas do movimento global que se delimita o próprio corpo do mundo e dos objetos, estabelecendo o primeiro esboço do esquema corporal. A comunicação se dá com o outro, principalmente, por intermédio do corpo. As reações gestuais e mímicas são feitas por meio de uma imitação inconsciente, motivada pelo afeto. Neste sentido o surdo será o que mais se beneficiará deste recurso, pois já existe uma predisposição natural para a comunicação gestual, onde o corpo é o meio de sua expressividade. Conhecer a funcionalidade e as possibilidades deste corpo faz com que o indivíduo surdo consiga se expressar com confiança e assim traduzir estes movimentos em pensamento. A psicomotricidade é a ferramenta chave para o trabalho de intervenção com surdos, seja no aspecto educativo e/ou reeducativo. A propriedade desta ciência é estreitar a comunicação corpo e mente, possibilitando a essas pessoas com déficit na audição uma maior integração com o mundo. Sabe-se que a psicomotricidade pretende desenvolver o aspecto comunicativo do corpo, isto é, permitir a criança ao adolescente ou adulto a possibilidade de expressão através do seu próprio corpo da forma mais
18 18 harmoniosa possível, dominando sua gestualidade, economizando sua energia, aumentando sua eficácia e aperfeiçoando seu equilíbrio. Em relação a comunicação e expressão do surdo, está é a área que será mais prejudicada, pois a audição é o canal preferencial para a aquisição e desenvolvimento da fala e da linguagem. A oralização do surdo é um fato discutível, de acordo com a abordagem ou teoria educativa abordada. Mas independente desta oralização este indivíduo deve ter sua linguagem desenvolvida e bem trabalhada. Pois é através da sua linguagem, seja ela oral ou gestual, que ele deverá se comunicar e interagir com os outros. Goldfeld (1998) em seus estudos diz que o ritmo corporal tem como objetivo trabalhar o nível fonológico; caracteriza-se pela utilização de movimentos corporais baseados nas características dos fonemas que o fonoaudiólogo deseja trabalhar. O ritmo corporal utiliza, no princípio, macromovimentos associados à emissão de fonemas ou grupos de fonemas. De acordo com o desenvolvimento da criança, estes macromovimentos são substituídos por micromovimentos que, por sua vez, são extintos quando a criança não necessita mais de seu apoio. (ARPEF) Técnicas que utilizam o movimento corporal associado ao desenvolvimento da linguagem e sua expressividade, visam a melhor compreensão do indivíduo em assimilar os traços dos fonemas, sua sonoridade com a movimentação do próprio corpo. Sendo assim este indivíduo deve ter um bom conhecimento dos aspectos corporais, ou seja, uma boa consciência corporal, assim como os aspectos ligados ao esquema corporal. Assim, se este indivíduo já tem uma boa consciência corporal, deverá ser trabalhado todo o aspecto relacionado às percepções, sempre de forma associada. Apesar do surdo ter uma privação sensorial da audição, esta não deixará de ser estimulada, pois através dos resíduos auditivos ele tomará consciência do mundo sonoro, isto é, se for estimulado neste aspecto. De
19 19 acordo com as possibilidades poderá até estimular outras áreas da audição, como localização da fonte sonora, intensidade, freqüência, entre outras. O trabalho com os outros canais servirão para compensar o déficit auditivo, onde todas as informações sensoriais estarão melhorando todo o aspecto cognitivo. Ao trabalhar as percepções com o surdo é importante inserir o trabalho corporal, onde a coordenação motora será importante para toda sua dissociação de movimentos ao se comunicar. Além da orientação que será importante para o seu senso de direção, por exemplo, de onde vem o som? De que lado está o objeto? De onde vem este cheiro? São importantes para o senso e orientação. Ou, por exemplo, quando isto aconteceu? Foi antes ou depois? Onde será trabalhado o senso de temporalidade. Neste mesmo enfoque a noção de lateralidade, de um lado de outro lado (esquerdo e direito). Qualquer indivíduo se beneficia com trabalho psicomotor, no entanto quando se tem uma privação sensorial, ou motora, o trabalho consiste em estimular aquelas funções que estão integras, ao mesmo tempo desenvolvendo um pouco mais aquelas de estão deficientes.
20 20 CONCLUSÃO Independente da filosofia ou técnica abordadas no trabalho com o indivíduo surdo, o importante é estas dêem a possibilidade da comunicação do sujeito. Como foi visto nesta pesquisa, a audição é fundamental para o desenvolvimento da linguagem e de sua expressividade, no entanto a deficiência desta não impede que o surdo adquira sua expressividade. O trabalho com o surdo é demorado é requer do profissional muitas habilidades, pois as dificuldades serão inúmeras, a psicomotricidade fará parte deste processo, principalmente no início da reeducação. O gesto já é uma forma natural de comunicação da criança, sendo visto no início do desenvolvimento da fala de crianças normais, todas fazem gestos para expor suas idéias, no surdo este aspecto será mais aproveitado por ele mesmo. Assim este trabalho mostra o quanto é importante o trabalho da psicomotricidade, não somente no seu aspecto motriz, mas também na sua relação com a expressividade do indivíduo com os outros e o meio. Neste sentido o aspecto afetivo e social ajudará o surdo através da psicomotricidade na sua integração com o mundo.
21 21 BIBLIOGRAFIA DE MEUR, A. STAES, L. Psicomotricidade: Educação e Reeducação. São Paulo. Manole, GOLDFELD, Márcia. Fundamentos em Fonoaudiologia: Linguagem. Rio de Janeiro. Guanabara Koogan S.A, MYSAK. Patologia dos Sistemas da Fala 2 ed. Rio de Janeiro. Atheneu,1998. PEREIRA, L.D. & SCHOCHAT, E. Processamento auditivo central: manual de avaliação. São Paulo. Lovise SACALOSKI, Marisa, ALAVARSI, Edna, GUERRA, Gleidis. Fonoaudiologia na Escola. São Paulo. Lovise, 2000.
22 22
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