O MODELO DA TELEVISÃO BRASILEIRA NA CONCEPÇÃO DE VIDEOAULAS: UMA EXPERIÊNCIA INOVADORA DO IFSC NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA.
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1 O MODELO DA TELEVISÃO BRASILEIRA NA CONCEPÇÃO DE VIDEOAULAS: UMA EXPERIÊNCIA INOVADORA DO IFSC NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA. Autor: Paulo Vitor Tavares, Ms. Palavras-chave: EAD, Televisão, Videoaula, IFSC. INTRODUÇÃO A Escola tem se debruçado em pesquisas, lançado novos conceitos e filosofias de ensino e educação, contudo isso não tem mudado os paradigmas relacionados á metodologia e aos recursos pedagógicos aplicáveis na educação sob a ótica da adoção das novas tecnologias da informação e comunicação. Práticas pedagógicas antigas com pouca tecnologia tem sido a realidade da Escola brasileira, enquanto que o aluno, em seu cotidiano, está imerso em tecnologia, das mais complexas as mais simples, como é o caso da Televisão incorporada aos hábitos diários das pessoas. A Televisão assumiu com muita propriedade o papel de difusor em massa da Informação, tendo além desse propósito, o de oferecer entretenimento e cultura à população, e nesses papéis ganhou credibilidade por parte das pessoas. Com relação ao conteúdo propagado, pode-se dizer que a Televisão não tem forma exclusiva de construção do seu conteúdo. Ela recebeu influência de outros veículos anteriores, para propagar mensagens com formas atrativas, e a Escola precisa compreender esse processo em toda a sua amplitude para que possa ser efetiva e competitiva na difusão da informação neste mundo permeado pelas Tecnologias da Informação e Comunicação. No escopo de apresentar proposta pedagógica para educação a distância, discutiremos a videoaula como recurso pedagógico na EAD tendo como referência a experiência de produção de videoaula no IFSC. Assim, o presente trabalho tem como objetivo geral definir o gênero videoaula, e os objetivos Específicos caracterizar o modelo da Televisão brasileira e apresentar a experiência do IFSC na produção de videoaulas no ensino presencial e no ensino a distância. FUNDAMENTAÇÃO E MÉTODOS Características do Vídeo Didático Mesmo contrariando alguns educadores, as videoaulas precisam ter características de informação visual e de superficialidade, e devem atender dois requisitos: envolver o receptor com a mensagem e, formular essa mensagem com base nas necessidades e desejos da audiência que é quem elabora indiretamente a programação de TV, de alta qualidade ou de baixa qualidade. Quanto a gênero podemos dizer que os enunciados televisuais são apresentados aos telespectadores numa variabilidade praticamente infinita.
2 Dentre os gêneros de programas de televisão, a videoaula não é comtemplada pela classificação, por ainda não ter sido incorporada pela programação das emissoras de televisão comerciais. Para situar a videoaula como gênero foi necessário buscar referências em gêneros similares relacionados à capacitação. Uma videoaula pode ser considerada um vídeo didático, contudo nem todo vídeo didático é uma videoaula. Já o gênero de Televisão denominado vídeo educativo tem sentido mais amplo. No gênero vídeo educativo pode estar incluído o sub-gênero vídeo didático que por sua vez pode ser uma videoaula. Objetivos e características da videoaula Nos cursos da modalidade de Educação a Distância do Instituto Federal de Santa Catarina IFSC a videoaula é considerada como recurso pedagógico, assim como é o Livro Impresso, o Ambiente Virtual de Aprendizagem, a Videoconferência e a Interação Presencial do Professor no Pólo Presencial. A instituição já começa a incluir no seu cotidiano presencial os instrumentos tecnológicos e metodológicos adotados na educação a distância, inclusive as videoaulas. No IFSC, a videoaula é produzida de forma estruturada e sistemática, especificamente para ilustrar um tema que professor deseja explorar. A videoaula pode ser concebida em seu formato, para atender diferentes objetivos do professor dentro de suas diversas dinâmicas de trabalho, podendo ser de divergência, convergência ou de processamento. Segundo Carvalho e Carvalho Júnior (1988), criatégia é a fusão do raciocínio e mapeamento estratégico com a metodologia do processo criativo. Dentro desse modelo são apontadas as fases de divergência, convergência e processamento, sendo que divergência é a fase onde se busca expandir, proliferar, gerar muitas opções, convergência é a fase onde se busca escolher, selecionar e avaliar o que foi gerado anteriormente e, processamento é a conclusão do processo com explicitação definitiva. A videoaula do IFSC é um programa de Televisão gravado, que se constitui em um novo gênero, com características distintas. Assim, definimos Videoaula como um vídeo didático que compõe os recursos pedagógicos de um curso, produzida de forma estruturada e sistemática, especificamente para ilustrar um dado tema pré-estabelecido, ou parte dele, que esteja inserido no conteúdo programático ou base tecnológica, de uma disciplina ou unidade curricular. A Televisão em sua mensagem assume as características de oralidade, velocidade, tempo reduzido, combinação da informação visual com informação auditiva, capacidade de entreter e ritmo, e em seu texto características de brevidade, frases curtas, pequena quantidade de informações novas, texto definitivo, superficialidade, instantaneidade e fugacidade.
3 Não está sendo proposto que a Escola assuma integralmente as características da mensagem da Televisão, mas elas são premissa para concepção de um Vídeo Didático ou mais especificamente a Videoaula. Videoaulas, com essas características, inseridas nas aulas presenciais enriquecem o processamento do conhecimento e reduzem seu tempo de processamento, possibilitando mais tempo livre para outras formas de interação entre professor - aluno e aluno - aluno, que proporciona mais efetividade na aquisição de competências. Case: Videoaulas de Radiobiologia do IFSC Situação inicial e proposta - Na Unidade Curricular Radiobiologia, do Curso Superior de Tecnologia em Radiologia do Campus Florianópolis do IFSC, havia sido produzido por alunos de turmas anteriores do curso, um manual com cinco capítulos versando sobre o tema. O professor da Unidade Curricular propôs um desafio aos alunos da turma em andamento, que seria transformar os cinco capítulos do manual em cinco videoaulas. Metodologia - Foi solicitado o apoio da TV IFSC para dar o suporte técnico e metodológico ao projeto, enquanto que os alunos da referida Unidade Curricular ficariam com a responsabilidade de transformar as 25 páginas de cada capítulo do manual em 5 páginas de conteúdo para videoaula, para posteriormente ser roteirizado pela equipe técnica da TV. O professor dividiu a turma em 5 equipes, cada qual responsável por trabalhar um capítulo do manual. O Coordenador da TV IFSC orientou, por meio de palestra, sobre a forma de transformar o texto de mídia impressa em texto de mídia eletrônica, nesse caso a TV. Na referida palestra foram abordados temas como resumo, compactação e reorganização do texto original; estrutura de roteiro de videoaula adotado pela TV IFSC; formato de videoaula adotado pela TV IFSC; possibilidades de cenas trabalhadas pela TV IFSC na produção de videoaula; desempenho de professores e apresentadores defronte as câmeras de TV; orientações sobre figurino para uso em TV; e noções de maquiagem para TV. Após realizado, pelos alunos, o trabalho de transformação do texto do manual em texto de videoaula, cada equipe apresentou o resultado ao coordenador da TV IFSC, que deu a orientação de como os alunos deveriam indicar nesse texto, possíveis cenas para o roteiro, que foi desenvolvido posteriormente pelo roteirista da TV. Os alunos também estiveram com os designer da TV para elucidar dúvidas quanto aos grafismos animados e desenhos animados propostos no texto entregue. Roteirizados os textos, as equipes de alunos se apresentaram no estúdio da TV IFSC onde realizaram auto-maquiagem, orientada pela equipe da TV, e participaram no papel de professores e apresentadores na gravação das videoaulas. Em seguida foi realizada a edição e finalização pela equipe técnica da TV IFSC e, posteriormente, o material postado no site da TV para acesso livre pelos alunos do curso e público em geral. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4 O resultado obtido foi cinco videoaulas de aproximadamente 15 minutos cada uma, em média, que passaram a substituir a aula expositiva do professor, com duração de aproximadamente duas horas que anteriormente dava conta de um capítulo do manual. Assim, a informação que era disponibilizada aos alunos por meio de aula expositiva do professor usando duas horas, passou a ser disponibilizado de forma mais dinâmica e atrativa por meio de videoaula, usando apenas 12% do tempo disponível, ficando os outros 88% do tempo destinados a outras interações entre aluno e professor. O Vídeo em sala de aula vai agilizar o processamento da informação disponível e proporcionar mais tempo livre para interações mais relevantes entre professor - aluno e aluno aluno na construção das competências. CONCLUSÕES A videoaula produzida e adotada nos cursos do Instituto Federal de Santa Catarina se constitui em um gênero próprio, incorporando vários outros gêneros de Televisão, usando como base o modelo da televisão brasileira, e por isso adota suas características: A videoaula é informativa assim como a Televisão, que não tem proposta de transmitir conteúdo como faz a Escola. A videoaula apresenta informação para que o aluno a processe e transforme em conhecimento. A videoaula deve atender, em seu formato, os objetivos do professor de divergência, convergência e processamento. A videoaula se baseia na oralidade, velocidade, tempo reduzido, combinação da informação visual com informação auditiva, capacidade de entreter e ritmo. A videoaula traz em seu texto características de brevidade, frases curtas, pequena quantidade de informações novas, texto definitivo, superficialidade, instantaneidade e fugacidade. A videoaula deve ter mensagem com conteúdo respeitando o formato específico desse gênero, e com narrativa adequada - em som, imagem e ritmo. A videoaula deve ter texto superficial e objetivo, com curto tempo de duração total e formulado em linguagem coloquial. A videoaula deve fazer uso da imagem em substituição aos longos textos, pois, quando existe uma imagem forte de um acontecimento, ela leva vantagens sobre as palavras. A videoaula deve conjugar a força da informação visual ao texto, pois é isso que irá prender a atenção das pessoas. Na videoaula o tratamento dado a luz é significativo nos resultados de comunicação, pois imagem é luz e, luz é cor, que traz em si forte significado para a cognição do telespectador. Na videoaula o som tem função estética e por isso ela deve ter um áudio com qualidade técnica e de produção, pois ele não apenas transmite informações precisas, mas também contribui significativamente para proporcionar a adequada atmosfera de uma cena.
5 A videoaula precisa proporcionar envolvimento e para isso deve contar com repórteres e apresentadores, pois eles dão a forma pessoal de contar a informação gerando familiaridade e o envolvimento com o telespectador que a Televisão necessita para atingir seus objetivos. A videoaula deve contar com a presença do professor, no vídeo, que dará credibilidade a informação e imprimirá o caráter personalista necessário. A videoaula deve atender o princípio da penetração, ou seja, atingir ampla audiência, devendo ser acessível desde os analfabetos um público que não tem possibilidade de acesso a livros ou jornais que recebe bem a informação pela TV, até as pessoas de mais alta graduação formal. Cabe ressaltar, que estamos nos referindo ao gênero videoaula, e que cada produto específico deve ter seu formato próprio, segmentado para cada perfil de público. A videoaula deve entreter e Informar, já que entretenimento é alguma coisa que as pessoas querem ver, e todas as produções devem entreter a audiência de alguma forma, ou simplesmente não haverá audiência. A videoaula tem compromisso com o interesse da audiência e por isso em sua mensagem conteúdo e narrativa(som, imagem e ritmo), deve trazer simplicidade, clareza e repetição para manter a atenção - e mesmo assim irá reter na memória dessa audiência apenas uma pequena fração das mensagens. A videoaula não tem limitação mínima ou máxima de tempo total, embora Comparato (2009, p ) recomende a observância da razão áurea, descoberta na idade média pelo matemático Leonardo Fibonacci, que estabelece tempos ótimos de 1,2,3,5,8,13,21,34,55 e 89 minutos. Comparato (2009) enquadra nesses tempos vídeos de diversos gêneros. Os três formatos diferentes de videoaulas produzidas no IFSC, tem os tempos de 13, 8 e 5 minutos. A videoaula não está sujeita a regras que determinem a relação entre a divisão de um conteúdo existente com o número de videoaulas a serem produzidas. Uma determinada Disciplina, ou Unidade Curricular, deve ter o número de videoaulas compatível com suas necessidades em relação a base de tempo adotada na exibição ( uma videoaula por semana, por exemplo) ou aos temas a serem abordados (um tema por videoaula, por exemplo). Os cursos de Educação a Distância do IFSC compatibilizam o número de temas com o número de semanas de trabalho (cinco videoaulas no curso de graduação em gestão pública, quatro videoaulas no curso de pós-graduação em mídias na educação e duas videoaulas nos demais cursos de pós-graduação. A videoaula é considerada um gênero de Televisão, contudo não existem regras com relação a seu formato. Fica a critério do produtor em consonância com a equipe pedagógica estabelecer o formato mais efetivo para a difusão da informação. No IFSC, por exemplo, são adotados três formatos específicos de videoaulas, para o curso de graduação, cursos de pós-graduação, exceto o pós em mídias na educação que tem o terceiro formato. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA TAVARES, Paulo Vitor TV e Vídeo na Educação. Florianópolis:Publicações do IFSC,2012.
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