AS POLÍTICAS E OS PLANOS NACIONAL, ESTADUAL E MUNICIPAIS DE SANEAMENTO BÁSICO: A REGULAÇÃO E FISCALIZAÇÃO DOS SERVIÇOS PÚBLICOS DE SANEAMENTO BÁSICO
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1 I Congresso Baiano de Engenharia Sanitária e Ambiental AS POLÍTICAS E OS PLANOS NACIONAL, ESTADUAL E MUNICIPAIS DE SANEAMENTO BÁSICO: A REGULAÇÃO E FISCALIZAÇÃO DOS SERVIÇOS PÚBLICOS DE SANEAMENTO BÁSICO Luiz Roberto Santos Moraes, PhD Professor Titular em Saneamento da Universidade Federal da Bahia Salvador, 13 de julho de 2010
2 POLÍTICAS PÚBLICAS constituem a aplicação do conjunto de procedimentos formais e informais que expressam relações de poder e que se destinam à resolução pacífica dos conflitos quanto a bens públicos (RUA, 1998).
3 POLÍTICA DE SANEAMENTO é o conjunto de princípios que conformam as aspirações sociais e/ou governamentais no que concerne a regulamentação do planejamento, da execução, da operação, da administração e da avaliação das obras e serviços públicos de saneamento.
4 Uma política de saneamento básico deve considerar em sua formulação: o conceito de saneamento; seus princípios e diretrizes; suas interfaces com as políticas de saúde, meio ambiente, recursos hídricos e desenvolvimento urbano e rural, dentre outras; seu arranjo institucional, as formas de alocação de recursos e de participação e controle social.
5 Um dos passos fundamentais para a formulação de uma política pública de saneamento básico é definir sob que princípios e diretrizes esta política deve se pautar para que a mesma atinja seu objetivo maior que é promover a justiça social e a justiça ambiental. São princípios fundamentais de uma política de saneamento básico: a universalidade, a equidade, a integralidade das ações e a participação e controle social (BRASIL, 1999; MORAES; BORJA, 2001; SNSA, 2003; FNSA, 2003).
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7 Saneamento Básico como Direito Social Saneamento básico Medida de promoção à saúde Medida de proteção ambiental Medida de infraestrutura urbana Medida de cidadania As ações de saneamento básico se constituem em meta social diante da essencialidade à vida e à proteção ambiental (BORJA, 2005).
8 Aparato Legal do Brasil
9 Lei n , de 05/01/2007 (Lei Nacional de Saneamento Básico) Estabelece as diretrizes nacionais para o saneamento básico e para a Política Federal de Saneamento Básico. Amplia o conceito de saneamento básico. Estabelece princípios fundamentais universalização; integralidade; articulação com outras políticas; transparência das ações; utilização de tecnologias apropriadas; eficiência e sustentabilidade econômica; controle social; segurança, qualidade e regularidade.
10 Lei n , de 05/01/2007 (Lei Nacional de Saneamento Básico) Estabelece a formulação de política pública de saneamento básico pelo titular do serviço. Resgata o planejamento elaboração e implementação do Plano Nacional de Saneamento Básico e de Planos Municipais e Regionais de Saneamento Básico. Institui a regulação dos serviços e a sua fiscalização.
11 Lei n , de 05/01/2007 (Lei Nacional de Saneamento Básico) Estabelece a forma de participação e controle social. Preserva direitos dos usuários (cidadãos) e garante acesso às informações sobre os serviços prestados. Define regras para a cobrança de tarifas e taxas e critérios para reajuste e revisão tarifária. Consolida e amplia o Sistema Nacional de Informações em Saneamento Básico.
12 Gestão dos Serviços Públicos de Saneamento Básico Lei n /2007 Planejamento Fiscalização Gestão do saneamento básico Regulação Prestação dos Serviços
13 O planejamento, realizado pelo titular dos serviços e não delegável a outro ente. Envolve a elaboração de um Plano de Saneamento Básico que deverá conter um diagnóstico da situação e avaliação de seus impactos nas condições de vida; a definição de objetivos e metas para a universalização; o estabelecimento de programas, projetos; a definição de ações para emergências e contingências; e o desenvolvimento de mecanismos e procedimentos para a avaliação sistemática da eficiência e eficácia das ações programadas, devendo contar com a participação e o controle social (art.19 da Lei n /07).
14 A regulação todo e qualquer ato, normativo ou não, que discipline ou organize um determinado serviço público, incluindo suas características, padrões de qualidade, impacto socioambiental, direitos e obrigações dos usuários e dos responsáveis por sua oferta ou prestação e fixação e revisão do valor de tarifas e outros preços públicos (art. 2º., XI, do Decreto n.6.017/07). O ente regulador deve ter independência decisória, autonomia administrativa, orçamentária e financeira, devendo ser assegurada a transparência, tecnicidade, celeridade e objetividade das decisões (art. 21 da Lei n /07).
15 A fiscalização atividades de acompanhamento, monitoramento, controle ou avaliação, no sentido de garantir a utilização, efetiva ou potencial, do serviço público (art. 2º., XII, do Decreto n.6.017/07). A prestação dos serviços - execução de toda e qualquer atividade ou obra com o objetivo de permitir o acesso ao serviço público de saneamento básico em estrita conformidade com o estabelecido no planejamento e na regulação.
16 O controle social - é o conjunto de mecanismos e procedimentos que garantem à sociedade informações, representações técnicas e participações nos processos de formulação de políticas, de planejamento e de avaliação relacionados aos serviços públicos de saneamento básico (art. 3 o., IV, da Lei n /07).
17 Lei n , de 05/01/2007 (Lei Nacional de Saneamento Básico) Art. 3º. Para os efeitos desta Lei, considerase: I saneamento básico: conjunto de serviços, infraestruturas e instalações operacionais de: a) abastecimento de água potável: constituído pelas atividades, infraestruturas e instalações necessárias ao abastecimento público de água potável, desde a captação até as ligações prediais e respectivos instrumentos de medição;
18 Lei n , de 05/01/2007 (Lei Nacional de Saneamento Básico) b) esgotamento sanitário: constituído pelas atividades, infra-estruturas e instalações operacionais de coleta, transporte, tratamento e disposição final adequados dos esgotos sanitários, desde as ligações prediais até o seu lançamento final no meio ambiente; c) limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos: conjunto de atividades, infraestruturas e instalações operacionais de coleta, transporte, transbordo, tratamento e destino final do lixo doméstico e do lixo originário da varrição e limpeza de logradouros e vias públicas; d) drenagem e manejo das águas pluviais urbanas: conjunto de atividades, infraestruturas e instalações operacionais de drenagem urbana de águas pluviais, de transporte, detenção ou retenção para o amortecimento de vazões de cheias, tratamento e disposição final de águas pluviais drenadas nas áreas urbanas.
19 Lei n , de 05/01/2007 (Lei Nacional de Saneamento Básico) Art. 9º. O titular dos serviços formulará a respectiva política pública de saneamento básico, devendo, para tanto: I elaborar os planos de saneamento básico, nos termos desta Lei; III adotar parâmetros para a garantia do atendimento essencial à saúde pública, inclusive quanto ao volume mínimo per capita de água para abastecimento público, observadas as normas nacionais relativas à potabilidade da água. V estabelecer mecanismos de controle social, nos termos do inciso IV do caput do art. 3º. desta Lei.
20 Lei n , de 05/01/2007 (Lei Nacional de Saneamento Básico) Art. 19. A prestação de serviços públicos de saneamento básico observará plano, que poderá ser específico para cada serviço, o qual abrangerá, no mínimo: I diagnóstico da situação e de seus impactos nas condições de vida, utilizando sistema de indicadores sanitários, epidemiológicos, ambientais e socioeconômicos e apontando as causas das deficiências detectadas; II objetivos e metas de curto, médio e longo prazos para a universalização, admitidas soluções graduais e progressivas, observando a compatibilidade com os demais planos setoriais;
21 Lei n , de 05/01/2007 (Lei Nacional de Saneamento Básico) III programas, projetos e ações necessárias para atingir os objetivos e metas, de modo compatível com os respectivos planos plurianuais e com outros planos governamentais correlatos, identificando possíveis fontes de financiamento; IV ações para emergências e contingências; V - mecanismos e procedimentos para a avaliação sistemática da eficiência e eficácia das ações programadas;
22 Lei n , de 05/01/2007 (Lei Nacional de Saneamento Básico) # 1º. Os planos de saneamento básico serão editados pelos titulares, podendo ser elaborados com base em estudos fornecidos pelos prestadores de cada serviço. # 2º. A consolidação e compatibilização dos planos específicos de cada serviço serão efetuadas pelos respectivos titulares. # 3º. Os planos de saneamento básico deverão ser compatíveis com os planos das bacias hidrográficas em que estiverem inseridos. # 4º. Os planos de saneamento básico serão revistos periodicamente, em prazo não superior a 4 (quatro) anos, anteriormente à elaboração do Plano Plurianual.
23 Lei n , de 05/01/2007 (Lei Nacional de Saneamento Básico) # 5º. Será assegurada ampla divulgação das propostas dos planos de saneamento básico e dos estudos que as fundamentem, inclusive com a realização de audiências ou consultas públicas. # 6º. A delegação de serviço de saneamento básico não dispensa o cumprimento pelo prestador de serviço do respectivo plano de saneamento básico em vigor à época da delegação. # 7º. Quando envolverem serviços regionalizados, os planos de saneamento básico devem ser editados em conformidade com o estabelecido no art. 14 desta Lei. # 8º. Exceto quando regional, o plano de saneamento básico deverá englobar integralmente o território do ente da Federação que o elaborou.
24 Conselho Nacional das Cidades-ConCidades Resolução Recomendada n. 33/2007: Estabelece prazos para elaboração do PLANSAB: 31/12/2008; de planos estaduais: 31/12/2009; e de planos municipais: 31/12/2010. Resolução Recomendada n. 75/2009: Estabelece orientações relativas à Política de Saneamento Básico e os conteúdos mínimos dos Planos de Saneamento Básico.
25 Decreto n /2010 Art. 26. A elaboração e a revisão dos planos de saneamento básico deverão efetivar-se de forma a garantir a ampla participação das comunidades, dos movimentos e das entidades da sociedade civil, por meio de procedimento que, no mínimo, deverá prever fases de: #2º.A partir do exercício financeiro de 2014, a existência de planos de saneamento básico, elaborado pelo titular dos serviços, será condição para o acesso a recursos orçamentários da União ou recursos de financiamentos geridos ou administrados por órgão ou entidade do governo federal, quando destinados a serviços de saneamento básico.
26 Lei n , de 05/01/2007 (Lei Nacional de Saneamento Básico) Art. 20. (VETADO) # único. Incumbe à entidade reguladora e fiscalizadora dos serviços a verificação do cumprimento dos planos de saneamento por parte dos prestadores de serviços, na forma das disposições legais, regulamentares e contratuais.
27 Lei n , de 05/01/2007 (Lei Nacional de Saneamento Básico) Art. 22. São objetivos da regulação: I - estabelecer padrões e normas par a adequada prestação dos serviços e para a satisfação dos usuários; II garantir o cumprimento das condições e metas estabelecidas; III prevenir e reprimir o abuso do poder econômico, ressalvada a competência dos órgãos integrantes do sistema nacional de defesa da concorrência; IV definir tarifas que assegurem tanto o equilíbrio econômico e financeiro dos contratos como a modicidade tarifária, mediante mecanismos que induzam a eficiência e eficácia dos serviços e que permitam a apropriação social dos ganhos de produtividade.
28 Lei n , de 05/01/2007 (Lei Nacional de Saneamento Básico) Art. 27. É assegurado aos usuários de serviços públicos de saneamento básico, na forma das normas legais, regulamentares e contratuais: I amplo acesso a informações sobre os serviços prestados; II prévio conhecimento dos seus direitos e deveres e das penalidades a que podem estar sujeitos; III acesso a manual de prestação do serviço e de atendimento ao usuário, elaborado pelo prestador e aprovado pela respectiva entidade de regulação; IV acesso a relatório periódico sobre a qualidade da prestação dos serviços.
29 Lei n , de 05/01/2007 (Lei Nacional de Saneamento Básico) Art. 47. O controle social dos serviços públicos de saneamento básico poderá incluir a participação de órgãos colegiados de caráter consultivo, estaduais, do Distrito Federal e municipais, assegurada a representação: I dos titulares dos serviços; II de órgãos governamentais relacionados ao setor saneamento básico; III dos prestadores de serviços públicos de saneamento básico; IV dos usuários dos serviços de saneamento básico; V de entidades técnicas, organizações da sociedade civil e de defesa do consumidor relacionadas ao setor de saneamento básico.
30 Lei n , de 05/01/2007 (Lei Nacional de Saneamento Básico) Art. 52. A União elaborará, sob a coordenação do Ministério das Cidades: I o Plano Nacional de Saneamento Básico PLANSAB que conterá: Parágrafo primeiro. O PLANSAB deve: I abranger o abastecimento de água, o esgotamento sanitário, o manejo de resíduos sólidos e o manejo de águas pluviais e outras ações de saneamento básico de interesse para a melhoria da salubridade ambiental, incluindo o provimento de banheiros e unidades hidrossanitárias para populações de baixa renda.
31 Art. 52 da Lei n /07 O PLANSAB conterá: Objetivos e metas para a universalização. Diretrizes para o equacionamento de condicionantes político-institucional, legal e jurídica, econômico-financeira, administrativa, cultural e tecnológica. Definição de programas, projetos e ações e as respectivas fontes de financiamento. Procedimentos para a avaliação sistemática da eficiência e eficácia das ações executadas.
32 Plano Nacional de Saneamento Básico Decreto n , de 19/08/2009 (Institui o Biênio Brasileiro do Saneamento Básico e o GTI para coordenar a elaboração do PLANSAB)
33 São premissas PLANSAB do PLANSAB (art. 5º, Dec. n /2009): I - universalização do saneamento básico; II - integração de políticas; III - cooperação federativa; IV - melhoria da gestão dos serviços de saneamento; e V - controle social.
34 Lei n , de 05/01/2007 (Lei Nacional de Saneamento Básico) Art. 53. Fica instituído o Sistema Nacional de Informações em Saneamento Básico-SINISA, com os objetivos de: I coletar e disponibilizar dados relativos às condições da prestação dos serviços públicos de saneamento básico; II disponibilizar estatísticas, indicadores e outras informações relevantes para a caracterização da demanda e da oferta de serviços públicos de saneamento básico; III permitir e facilitar o monitoramento e avaliação da eficiência da prestação dos serviços de saneamento básico. # 1º. As informações do SINISA são públicas e acessíveis a todos, devendo ser publicadas por meio da internet. # 2º. A União apoiará os titulares dos serviços a organizar sistemas de informação em saneamento básico, em atendimento ao disposto no inciso VI do caput do art.9º. desta Lei.
35 ALGUNS DESAFIOS Universalizar o acesso aos serviços públicos de saneamento básico. Divulgar e implementar a Lei n /07 e o Decreto n / fazer a Lei pegar. Qualificar o gasto público. Implementar o controle social, a regulação e a fiscalização.
36 Elaborar e implementação planos de saneamento básico. Necessidade de maior cooperação entre os entes federados (inclusive implementando a Lei n /2005 e o Decreto n /2007). Desenvolvimento e implementação de matriz tecnológica que considere novos paradigmas: uso eficiente de água e energia, eco-saneamento, reuso de águas, manejo de águas pluviais, não geração ou minimização da geração de resíduos sólidos.
37 PERSPECTIVAS Ampliação do negócio da água e do saneamento básico (PPPs e outras formas de privatização ). Maior controle social nos serviços públicos de saneamento básico (???). Elaboração e implementação de planos municipais de saneamento básico.
38 Conclusão da elaboração e aprovação do PLANSAB. Implementação dos programas e projetos a serem propostos pelo PLANSAB??? (ou pelo PAC 2???). Implementação do SINISA (aperfeiçoamento e ampliação do SNIS)???. Revisão da Portaria n. 518/2004. Sanção pelo Presidente da República do PL da PNRS, recentemente aprovado pelo Congresso Nacional e sua regulamentação.
39 Muito Obrigado!
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