Ouvir os alunos, partilhar práticas, aprender com a diversidade: Estratégias para o desenvolvimento dos professores
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- Sérgio Caldeira Costa
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1 Escola Superior de Educação - IPS 18 de julho de 2013 Ouvir os alunos, partilhar práticas, aprender com a diversidade: Estratégias para o desenvolvimento dos professores
2 Enquadramento do Projeto
3 Responder à diversidade através do envolvimento com as vozes dos alunos: uma estratégia para o desenvolvimento dos professores Projeto Comenius Multilateral Duração de três anos: países: Portugal, Espanha e Reino Unido 12 parceiros: 4 universidades e 8 escolas do ensino básico e secundário
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5 3 áreas de foco: diversidade Objetivos do projeto vozes dos alunos (aprendizagem e ensino) desenvolvimento dos professores Desenvolver estratégias e materiais que demonstraram ser eficazes no desenvolvimento dos professores, e apresentar recomendações (guidelines) quanto à sua implementação.
6 Metodologia Dois ciclos de investigação ação colaborativa desenvolvidos por equipas de professores e de investigadores em 8 escolas do 2º ciclo EB ao ensino secundário, em cidades de três países (Lisboa, Madrid, Hull e Manchester). 1º ciclo de investigação ação fase piloto: janeiro-maio º ciclo de investigação ação: novembro 2012-maio As vozes dos alunos: recolha e envolvimento com as vozes dos alunos, a fim de favorecer o desenvolvimento de práticas de sala de aula mais inclusivas.
7 Metodologia (continuação) - Plano de ação inicial: uma estrutura (framework) flexível, de sete passos - As lesson study (aulas de pesquisa) como estratégias para o desenvolvimento do professor - Investigadores das universidades dão formação e apoio às equipas de professores das escolas parceiras; e, acompanham as escolas, identificando, em colaboração com os professores, processos de introdução de práticas mais inclusivas
8 Primeiro encontro, em Hull, Reino Unido - dezembro 2011 Visitas às escolas
9 1º ciclo de investigação ação fase piloto: janeiro-maio 2012 Plano de ação inicial 1º passo: Formar um grupo de trabalho: trios de professores 2º passo: Analisar a diversidade na escola 3º passo: Recolher as opiniões dos alunos 4º passo: Planificar as lesson study (aulas de pesquisa) 5º passo: Lecionar as lições de estudo (lesson study), tendo em conta as respostas dos alunos 6º passo: Entrevistar os alunos 7º passo: Identificar as implicações para a prática
10 Segundo encontro, em Madrid, Espanha - junho 2012 Partilha de resultados da fase piloto e planificação para o próximo ciclo Visitas às escolas
11 As lesson study (aulas de pesquisa): uma estratégia para o desenvolvimento dos professores
12 Racional Ter a oportunidade de ver colegas no contexto de trabalho é fundamental para o desenvolvimento da prática pedagógica Ocorrem mudanças na prática como resultado do desenvolvimento de uma linguagem comum com a qual os colegas podem falar uns com os outros sobre aspetos detalhados da sua prática
13 Plano de ação inicial 1º passo: Formar um grupo de trabalho: trios de professores 2º passo: Analisar a diversidade na escola 3º passo: Recolher as opiniões dos alunos 4º passo: Planificar as lesson study 5º passo: Lecionar três aulas de pesquisa: observar as respostas dos alunos 6º passo: Entrevistar os alunos 7º passo: Identificar as implicações para a prática Lesson study
14 Objetivo: melhorar a qualidade das experiências de aprendizagem que os professores proporcionam a todos os seus alunos. São realizadas do seguinte modo: Trios de professores chegam a um acordo sobre um foco para as suas aulas, tendo em consideração as opiniões dos alunos Cada trio planifica colaborativamente uma aula (conhecida com research lesson), de modo a assegurar a participação de todos os alunos O professor informa a turma sobre a observação dos professores
15 Enquanto um/a professor/a leciona a aula, os seus dois colegas observam o processo, focando especificamente no modo com os alunos respondem. A aula é registada em vídeo, para ser analisada pelo trio depois da aula Um grupo de alunos é entrevistado para determinar as suas opiniões sobre as aulas A aula é registada em vídeo, para ser analisada pelo trio depois da aula Podem ser feitas algumas reformulações ao plano inicial da aula Procede-se à avaliação do que já foi atingido
16 Impactos nos professores Para mim o mais importante foi ter sido observada por outros colegas. Foi muito enriquecedor e ajudou-me a melhorar em alguns aspetos. Foi muito bom planificar em conjunto e também estar nas aulas umas das outras. Criou um espaço de intimidade entre nós Somos completamente diferentes e por isso temos um impacto totalmente diferente nos nossos alunos. Mas agora quando nos encontramos, muito mais naturalmente falamos da prática, dos seus detalhes, do que vamos fazer, e partilhamos mais documentos.
17 Impactos nos professores Vou ter de estar mais atenta a alguns dos alunos porque às vezes penso que estão todos a participar mas afinal não estavam. Com respeito às formas como trabalhámos a diversidade, a colega da turma do 6ª ano teve um papel fundamental no trio. A sua turma é extremamente difícil no comportamento, desmotivação e participação; e ela abriu as reflexões do trio e ajudou-nos a refletir sobre como lidar com essa situação preparando melhores aulas que pudessem promover mais participação e aprendizagem para todos os alunos.
18 Impactos nos professores Todos sentimos que a grande mais valia foi termos trabalhado em conjunto. Duas de nós, de Ciências, já trabalhávamos em conjunto e o professor de Educação Visual inseriu-se no grupo em perfeição. O ano passado gostámos da experiência e resolvemos continuá-la. O 1º ano foi um ano de partir pedra com um novo modelo. O facto de o termos feito deixou-nos mais à vontade para arriscar uma parceria com os. O nosso foco foi a participação dos estudantes na planificação das aulas. Reunimos com um grupo de alunos de cada turma para trabalhar a planificação da aula a partir de um tema que sugerimos. Eles participaram em todo o processo.
19 Ouvir as vozes dos alunos para fazer sentido da diversidade e interrogar as práticas
20 Plano de ação inicial 1º passo: Formar um grupo de trabalho 2º passo: Analisar a diversidade na escola 3º passo: Recolher as opiniões dos alunos 4º passo: Planificar as lições de estudo (lesson study) 5º passo: Lecionar as lições de estudo (lesson study), tendo em conta as respostas dos alunos 6º passo: Entrevistar os alunos 7º passo: Identificar as implicações para a prática
21 Envolvimento de uma diversidade de contextos e de alunos Revelou-se essencial: Ouvir e reconhecer a realidade única de cada contexto e pessoa. Desenvolver formas de trabalhar em conjunto e de responder aos alunos, adaptadas a cada contexto. Envolver sistematicamente os alunos ao nível do feedback; e, em alguns contextos, do planeamento, ensino e reflexão.
22 Diversos modos de recolha das vozes dos alunos Entrevistas e entrevistas a grupos focais (diferentes estratégias) Alunos como investigadores Questionários Mini-questionários no final das aulas Alunos apresentam à sua turma estratégias que os poderiam ajudar a aprender melhor Alunos participam na planificação das aulas.
23 Questionários: frases para completar 1. Sinto-me bem na aula quando Acho as aulas divertidas quando Percebo melhor as aulas quando A pior coisa na minha turma é Sinto-me inseguro na turma quando Percebo melhor o que o/a professor/a diz quando ele/a A pior coisa nesta escola é 8. Gostaria que os meus professores É injusto quando o/a professor/a
24 Se eu fosse professor/a
25 Da reflexão individual ao debate em grupo-turma Discussão em pirâmide Pensa em três conselhos que poderias dar aos teus professores de modo a que, ao darem as aulas, todos os alunos pudessem aprender e sentir-se bem na sua turma.
26 Pósteres
27 Planeamento conjunto com os alunos
28 Alunos investigadores Seminários e outras iniciativas para apresentar aos alunos a ideia de formar um grupo de investigaçãoação na escola: alunos voluntários. Ao longo do processo os alunos investigadores foram envolvendo outros colegas nesse grupo. Numa das escolas, no 2º ciclo do projeto, o grupo assumiu a liderança das entrevistas. A opiniões dos alunos investigadores foram recolhidas: a sua experiência e como veem a escola - diversidade, exclusão/inclusão.
29 ALUNOS entrevistam ALUNOS Preparação para a recolha das vozes dos alunos Cinco workshops com os alunos para desenvolver competências de pesquisa O que te faz sentir incluído/não incluído na turma/escola?
30 Entrevistas a grupos focais (+) O que nos faz sentir que estamos a participar e aprender numa aula Debate com base em Post it anónimos
31 (+) O que nos faz sentir não participantes/à parte numa aula
32 As vozes dos alunos (+) Gostei de ser um dos que ajudaram a planear a aula porque se alguém no meu grupo não soubesse alguma coisa eu ajudava. Houve uma inversão de papéis nesta aula. Senti que estava a participar porque nós, os alunos, estávamos a dar a aula. A aula foi construída a partir do que já tínhamos pesquisado e preparado. Assim participamos mais porque já sabemos qualquer coisa sobre o tema. Gostei mesmo do trabalho de grupo. Senti que fazia parte dele e que tinha um papel a desempenhar.
33 As vozes dos alunos ( ) No caso do meu grupo foi totalmente diferente dos outros. Éramos só eu e a minha colega e ela não tinha vontade de trabalhar. Eu tinha e por isso fiz o trabalho sozinha. Reparei que alguns colegas se sentiam à parte devido às dificuldades que têm (nas línguas). Alguns dos alunos nos pequenos grupos estavam a brincar; não estavam a participar.
34 Impactos da experiência nos alunos Aprendemos a preparar e dar uma aula aos nossos colega. Senti que fazia mesmo parte daquela aula. Quando uma aula é mais prática e dinâmica como esta e o professor é capaz de responsabilizar os alunos nas tarefas, eles ficam motivados. Desta maneira, os alunos conseguem mesmo aprender.
35 Impactos da experiência nos alunos Como turma nós já dissemos ao professor que queremos mais aulas como esta. Ele concordou. ( ) Aprendemos mais sobre a circulação sistémica. Gostaríamos de aplicar este método de trabalho com outras disciplinas.
36 Impactos nos alunos investigadores Este projeto para mim foi Encontrei muitas pessoas diferentes e versões e perspetivas de vida partilhadas por alguns colegas que eu antes nem podia imaginar! Eu aprendi muito! Não gosto muito de estudar, e aprendi a ouvir o que os alunos pensam sobre as aulas. (O projeto)correu muito bem. Chegámos à conclusão que ajudou muitos alunos a envolverem-se na aprendizagem.
37 O que aprendemos As opiniões dos alunos são um caminho incontornável que nos torna capazes de reconhecer e trabalhar com a diversidade Os professores precisam de aprender a comprometer-se com essas vozes Isso pode estimular o desenvolvimento de práticas mais inclusivas A colaboração é necessária de modo a apoiar a introdução de novas formas de trabalho na escola Este processo é suscetível de desafiar o status quo Os elementos dos órgãos diretivos têm de estar preparados para apoiar processos de experimentação.
38 Desafios a ter em conta Escolha dos mecanismos adequados para um verdadeiro empenhamento em relação às vozes dos alunos Articulação entre o feedback dos alunos e o desenvolvimento das aulas Encontrar um equilíbrio entre as vozes individuais e coletivas Resistências à mudança das práticas Pressões externas: currículo, processos de avaliação, contextos organizacionais...
39 Questões para reflexão
40 Referências Ainscow, Mel; Dyson, Alan; Goldrick, Sue; West, Mel (2012). Developing Equitable Education Systems. Nova Iorque: Routledge. Ainscow, M. (coord.), Caldeira, E., Paes, I., Micaelo, M. and Vitorino, T. (2011). Aprender com a Diversidade? Um Guia para o Desenvolvimento da Escola (2ª ed., revista e atualizada). Lisboa: Alto Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural Messiou, Kiki (2010). Inclusion: developing an effective whole school approach. European Journal of Special Needs Education, 25, 3. Miles, Susie; Ainscow, Mel (Ed.s) (2011). Responding to Diversity in Schools: An Inquiry-Based Approach. Nova Iorque: Routledge. Paes, Isabel; Vitorino, Teresa; et al. (2010). Learning in collaboration in school. The Green School. In: Ferreira, M. M. and Valadares, J. (2011) (Eds.) Project Compractice. Communities of Practice for Improving the Quality of Schools for All, Lisboa: Universidade Aberta. Riehl Carolyn J. (2000). The Principal's Role in Creating Inclusive Schools for Diverse Students. Review of Educational Research, 70, 1, 55-81
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