ACÓRDÃO. Vistos, relatados e discutidos estes autos de. APELAÇÃO CÍVEL COM REVISÃO n /0-00, da Comarca de

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1 ACÓRDÃO ACÓRDÃO/DECISÃO MONOCRATICA REG,ST^.?^.!!I I1.. 1 Vistos, relatados e discutidos estes autos de APELAÇÃO CÍVEL COM REVISÃO n /0-00, da Comarca de SÃO JOSÉ DO RIO PRETO, em que são apelantes APARECIDA DE ANCÂNTARA (representada por seu curador JOSÉ CARLOS ALCÂNTARA) sendo apelados PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO E OUTRA: ACORDAM, em Oitava Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "NEGARAM PROVIMENTO AO RECURSO, V.U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão. O julgamento teve a participação dos Desembargadores PAULO DIMAS MASCARETTI (Presidente, sem voto), CELSO BONILHA e JOSÉ SANTANA. São Paulo, 12 de novembro de RUBENS RIHL Relator

2 ^ Apelação n : Apelante: Apelado: Comarca: /0-00 APARECIDA DE ALCÂNTARA (Repres por seu curador) PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO e outro SÃO JOSÉ DO RIO PRETO Voto n : 3548 PRESTAÇÃO DE SERVIÇO PUBLICO - Obrigação de Fazer - Ação visando compelir a Municipalidade de São José do Rio Preto a providenciar internação no "Hospital Adolfo Bezerra de Menezes", nosocômio subsidiado pela Prefeitura local, à pessoa portadora de doença mental crônica - Inicial que sugere em suas razões internação permanente, apesar de pleitear internação pelo tempo necessário ao tratamento - Improcedência da ação reconhecida em primeiro grau - Decisório que merece subsistir, independentemente da espécie de internação que se solicita - Internação permanente - Inadmissibilidade ao caso, a teor do artigo 4 o da Lei Federal n /01, que apregoa que a internação, em qualquer de suas modalidades, só será indicada quando os recursos extra-hospitalares se mostrarem insuficientes - Ausência de demonstração nos autos nesse sentido - Pedido de internação temporária da paciente, no mais, que se mostra despido de qualquer interesse, haja vista a comprovação nos autos de internações não negadas pela Administração Pública quando realmente necessitadas - Negado provimento ao recurso. Trata-se de ação de rito ordinário, com pedido de tutela antecipa movida por APARECIDA DE ALCÂNTARA, pessoa inca representada por seu curador, Sr. José Carlos Alcântara, portac Apelação Cível - Recurso n / Comarca de São José do Rio Preto

3 3 de "Doença Mental Crônica", em face da PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO - SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE, visando compelir a ré a aceitar e permanecer com a requerente no Hospital Dr. Adolfo Bezerra de Menezes, pelo tempo necessário para o seu devido tratamento. A r. sentença de fls. 152/160, cujo relatório ora se adota, julgou improcedente a ação, extinguindo-a com base no artigo 269, I, do CPC. Condenou a autora ao pagamento das custas, honorários advocatícios, fixados em R$ 600,00, e honorários periciais, arbitrados em R$ 300,00, ambos atualizados até a data do pagamento. Inconformada, apela a vencida, buscando a inversão do julgado. Refere que é portadora de doença mental crônica, necessitando de internação permanente, pelo fato de apresentar crises convulsivas, agitação psicomotora súbita impulsiva e insônia de difícil controle; que, com base no laudo de fls. 130 restou comprovado que a requerente é portadora de retardo mental profundo e que necessita de cuidados contínuos; que não há perspectiva de cura; que não apresenta qualquer capacidade de vida autônoma. Traz a baila os artigos I o, 4 o, 196, 200, todos da CF, os artigos 2 o, 5 o, 6 o e 7 o da lei 8080/90, os artigos 2 o, 3 o e 4 o da Lei /01. Pede o provimento do recurso, obrigando-se a requerida a aceitar e permanecer com a requerente no hospital Dr. Adolfo Bezerra de Menezes, pelo tempo necessário para o seu devido tratamento. Recurso processado e respondido a fls. 179/182. Apelação Cível - Recurso n / Comarca de São José do Rio Preto 2

4 A douta 3 Procuradoria Geral de Justiça manifestou-se às fls. 191/196, pugnando o improvimento do recurso. É, em síntese, o relatório. Examinada a questão posta em juízo, vê-se que a r. sentença deve prevalecer. Apesar de frisar em seu recurso de apelação que o pedido se encerra na permanência no "Hospital Adolfo Bezerra de Menezes" somente pelo tempo necessário ao tratamento da paciente, convém apontar que a inicial dá conta da necessidade de internação permanente (fls. 3, 3 o parágrafo). Porém, independentemente da espécie da internação que se pleiteia, o reclamo não merece prosperar. Nem sob o argumento de internação permanente, nem sob o argumento de internação temporária, a despeito dos laudos periciais resultantes dos exames realizados na apelante, que revelam que a autora é portadora de graves transtornos mentais. A primeira internação, ou seja, a de caráter permanente, não se justifica na hipótese, a teor da Lei Federal n /01, que dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental. Apregoa o seu artigo 4 o que: "A internação, em qualquer de suas modalidades só será indicada quando os recursos extrahospitalares se mostrarem insuficientes" III Apelação Cível - Recurso n / Comarca de São José do Rio Preto, 3 / l

5 i Destarte, correta a improcedência do pedido reconhecida em primeiro grau, sobretudo diante da ausência de comprovação nos autos de que os recursos mencionados no dispositivo legal supramencionado se mostraram insuficientes. Forçoso reconhecer que in casu inexistem informações de risco à apelante ou a seus familiares nos períodos de alta médica, ou até mesmo notícia de eventual impossibilidade na prestação dos devidos cuidados por seus responsáveis à recorrente enquanto fora das instituições psiquiátricas, situações que explicariam uma internação permanente. Conforme já decidiu o E. Superior Tribunal de Justiça: "Colhe-se da norma legal a existência de três modalidades de internação, ou seja, a voluntária, proveniente do consentimento do usuário; involuntária, quando provém de pedido de terceiro e se dá sem o consentimento do usuário; e, por último, compulsória, quando determinada pela Justiça (cf. art. 6 o, parágrafo único, incisos I a III). No caso dos autos, como é de fácil inferência, se trata de internação compulsória, somente será indicada quando os recursos, fora do ambiente hospitalar, se mostrarem insuficientes (cf. art. 4 o )" (Recurso em x Habeas Corpus' n AP 2006/ ; Rei. Ministro Hélio Quaglia Barbosa) Quanto ao segundo tipo de internação (pelo prazo necessário ao tratamento), de se ressaltar que, consoante se pode notar da documentação trazida pela própria recorrente, a apelada vem suportando os gastos de inúmeras internações, ao que tudo indica, nunca negadas pela Administração, numa clara demonstração ajjé da falta de interesse de agir por parte da recorrente. I J A I Apelação Cível - Recurso n / Comarca de São José do Rio Preto / \\ M

6 Assim, por qualquer ângulo que se analise, não comporta acolhida o recurso da autora. Pertinentes, outrossim, os fundamentos contidos na manifestação da douta Procuradora de Justiça, os quais, desde logo, passam a integrar este voto como razões de decidir: "De fato, comprovou-se que a interditada é portadora de graves transtornos mentais; contudo, comprovou-se, também, que a requerida vem suportando os gastos de inúmeras internações, nunca negadas. O fato é que, de tempos em tempos, a interditada recebe 'alta' e durante um tempo permanece no seio da família, até que seja necessária outra internação. Foi realizada perícia médica, e, respondidos inúmeros quesitos formulados pelas partes e pelo Ministério Público, sendo conclusão do perito que a interditada necessita de cuidados permanentes, sob regime de internação'. Ao responder quesitos a fls. 130, reafirma que: 'necessita de cuidados contínuos para com sua pessoa, em particular de assistência permanente e de uso de medicamentos'. Portanto, não há laudo médico circunstanciado que caracterize motivos para a internação psiquiátrica, conforme prevê o artigo 6 o da Lei /01. Ao contrário do argumentado no recurso não se comprovou que exista necessidade de internação permanente da requerente. Não se noticiou qualquer fato que tivesse posto em risco a requerente ou seus 'cuidadores' nos períodos em que esta permaneceu fora cjjas instituições psiquiátricas. A sentença bem analisou a questão, e, era meàkio caso de improcedência do pedido, por faltai]de razão médica embasadora de tão severa rnedh V Apelação Cível - Recurso n / Comarca de São José do Rio Preto 5

7 Diante desse contexto, emerge evidente que a r. decisão de primeiro grau, não infirmadas pelas razões recursais, deve prevalecer. Ressalto, por oportuno, que o presente acórdão enfocou as matérias necessárias à motivação do julgamento, tornando claras as razões pelas quais chegou ao improvimento do recurso. A leitura do acórdão permite ver cristalinamente o porquê do decisum. É o que basta para o respeito às normas de garantia do Estado de Direito, entre elas a do dever de motivação (CF, art. 93, IX). De qualquer modo, considero prequestionada toda matéria infraconstitucional e constitucional, observando o pacífico entendimento do Superior Tribunal de Justiça no sentido de que, tratando-se de prequestionamento, é desnecessária a citação numérica dos dispositivos legais, bastando que a questão posta tenha sido decidida (EDROMS / SP, Ministro FELIX FISCHER, DJ p. 240). Daí porque, em tais termos, negafstí provimento ao recurso. RUBI RIHL Re ator Apelação Cível - Recurso n / Comarca de São José do Rio Preto 6