PARECER JURÍDICO. É o relatório. Opino.

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Maria do Pilar Fagundes Raminhos
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1 PARECER JURÍDICO PROJETO DE LEI Nº 48/2014 EMENTA: OBRIGA CLINICAS GERIATRICAS, CASAS DE REPOUSO E DEMAIS INSTITUIÇÕES PRIVADAS DESTINADAS AO ATENDIMENTO DE IDOSOS A INSTALAREM, EM SUAS DEPENDÊNCIAS INTERNAS, SISTEMA DE MONITORAMENTO COM CAMERA DE VIDEO QUE POSSIBILITEM O ACOMPANHAMENTO DE IDOSOS EM TEMPO REAL PELA INTERNET, E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS". Visa o presente projeto de lei, de autoria do vereador Dr. Marco Aurélio Hortêncio Bastos, dispor sobre a obrigatoriedade de instalação de câmeras de monitoramento para acompanhamento de idosos em tempo real pela internet, nas clinicas de repouso e demais instituições privadas no âmbito do município de Itu. É o relatório. Opino. A proposição legislativa em pauta se trata de Projeto de Lei consoante o disposto no artigo 142, inciso I do Regimento Interno, estando em conformidade com o artigo 8º, inciso I, da Lei Orgânica do Município da Estância Turística de Itu. A iniciativa do referido projeto foi de Vereador desta Edilidade, sendo a propositura de iniciativa comum dos membros do Poder Legislativo e ao Chefe do Poder Executivo. O presente projeto de lei trata de matéria ínsita ao poder de polícia administrativa. Não há aqui, portanto, vício algum de iniciativa. Nesse sentido, a matéria objeto de regulação (posturas municipais) também não viola qualquer dispositivo (regra ou princípio) constitucional ou encontra-se em contrariedade com qualquer outra normativa hierarquicamente superior. Nos termos do artigo 30, inciso I, da Constituição Federal, compete ao Município legislar sobre assuntos de interesse local. 1

2 Nesse mesmo diapasão, prescreve a Constituição do Estado de São Paulo, em seu artigo 111: Art A administração pública direta ou fundacional, de qualquer dos Poderes do Estado, obedecerá aos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade, razoabilidade, finalidade, motivação e interesse público. Para delimitar um campo de ação necessariamente máximo ao agente público, para estabelecer parâmetros socialmente exigíveis na sua gestão dos negócios públicos, e para cercear excessos, para coibir abusos e desmandos, é que a Constituição de 1988, por vez primeira na história fez constar do seu texto exatamente os princípios de administração, no que foi imitada e até mesmo complementada pelas Constituições dos Estados. Nas administrações locais atender ao princípio da legalidade significa emprestar atenção à organização e ao disciplinamento que a lei deu aos serviços públicos, à estruturação do pessoal, ao uso dos bens públicos, às posturas ou normas edilícias locais, às ordenações de todos os assuntos de interesse peculiar daquela esfera respectiva. ensina: O magistério de Celso Ribeiro Bastos "Este princípio entronca-se com a própria noção de Estado de Direito. Estado de Direito é aquele que se submete ao próprio direito que criou, razão pela qual não deve ser motivo surpresa constituir-se o princípio da legalidade um dos sustentáculos fundamentais do estado de Direito (...). De tudo ressalta que a Administração não tem fins próprios, mas há de buscá-los na lei, assim como, em regra, não desfruta de liberdade, escrava que é da ordem jurídica." (In Curso de Direito Administrativo, Ed. Saraiva, SP, l.994, pp. 24/5) 2

3 Analisando-se o projeto de lei, verifica-se uma preocupação do nobre vereador de oferecer maior segurança a clientela atendida pelas clinicas geriátricas, casas de repouso e instituições privadas que abriguem idosos, no Município de Itu, tornando, assim, obrigatória a instalação de câmeras de vídeo nesses estabelecimentos para acompanhamento de idosos em tempo real pela internet. A respeito do projeto de lei, este se mostra oportuno e necessário, ao impor uma melhor infraestrutura que ofereça segurança ao usuário dos serviços oferecidos por essas instituições particulares, cujo ramo de atividade se reveste de caráter essencial no atendimento à saúde de parcela da população. Além de oferecer maior conforto aos familiares que poderão acompanhar os seus familiares durante o período em que estiverem sob os cuidados da instituição. Noutro passo, sobre o cerne do projeto e a esse respeito cabe uma reflexão quando a possibilidade do município legislar sobre o assunto, nesse sentido, o STF já se manifestou através do Ministro Celso de Mello, em caso análogo que asseverou a jurisprudência assegura autonomia para elaboração de leis de abrangência local destinadas ao melhor atendimento e conforto aos usuários de serviços bancários. Como exemplo, o ministro citou a instalação de portas e câmeras filmadoras. Assim, o projeto de lei busca trazer segurança na prestação de serviços dessas instituições particulares. A matéria está encartada na competência municipal para tratar de assuntos de interesse local (CF, art. 30, I) e não é reservada ao Executivo, pelo que não há vício de iniciativa no Projeto de Lei, conforme já decidiram os Tribunais Superiores: EMENTAS: 1. RECURSO. Agravo de instrumento. Inadmissibilidade. Peça obrigatória. Procuração outorgada ao advogado da parte agravada. Ausência. Não configuração. Conhecimento do agravo. Deve conhecido agravo, quando lhe não falte peça à instrução, sem que isso implique consistência do recurso extraordinário. 2. RECURSO. Extraordinário. Inadmissibilidade. Competência legislativa. Município. Edificações. Bancos. Equipamentos de segurança. Portas eletrônicas. Agravo 3

4 desprovido. Inteligência do art. 30, I, e 192, I, da CF. Precedentes. Os Municípios são competentes para legislar sobre questões que respeite a edificações ou construções realizadas no seu território, assim como sobre assuntos relacionados à exigência de equipamentos de segurança, em imóveis destinados a atendimento ao público. (STF: AGR /SP. Re. Min. Cezar Peluso. J: 21/02/2006. DJ: Primeira Turma. Publicação: DJ 24/03/2006) EMENTA: ESTABELECIMENTOS BANCÁRIOS COMPETÊNCIA DO MUNICÍPIO PARA, MEDIANTE LEI, OBRIGAR AS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS A INSTALAR, EM SUAS AGÊNCIAS, DISPOSITIVOS DE SEGURANÇA -- INOCORRÊNCIA DE USURPAÇÃO DA COMPETÊNCIA LEGISLATIVA FEDERAL RECURSO IMPROVIDO. O Município dispõe de competência, para, com apoio no poder autônomo que lhe confere a Constituição da República, exigir, mediante lei formal, a instalação, em estabelecimentos bancários, dos pertinentes equipamentos de segurança, tais como portas eletrônicas ou câmeras filmadoras, sem que o exercício dessa atribuição institucional, fundada em título constitucional específico (CF, art. 30, I), importe em conflito com as prerrogativas fiscalizadoras do Banco Central do Brasil. Precedentes. (STF: RE-AGR Celso de Mello. J: 05/04/2005. DJ: Segunda Turma. Publicação: DJ 06/05/2005) Diante do exposto, essa Diretoria Jurídica e Legislativa opina FAVORAVELMENTE a tramitação do referido projeto de lei. A propositura consoante dispõe o artigo 38, da Consolidação do Regimento Interno, deverá tramitar pelas seguintes comissões permanentes: I Justiça e Redação; IV Educação, Saúde e Assistência Social. Por fim, cabe ressaltar que a emissão do parecer por essa Diretoria Jurídica e Legislativa tem fundamento no artigo 39, 4º e 4

5 5º do Regimento Interno, e se trata de um parecer opinativo, ou seja, tem caráter técnico-opinativo, não vinculando os vereadores à sua motivação ou conclusões. É o parecer. S.M.J. Itu, 14 de maio de

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