Projecto Descentralizado de Segurança Alimentar
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- Aníbal Gomes Aranha
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1 IMVF Rua de São Nicolau, , Lisboa, Portugal Rita Caetano/Gabinete de Comunicação Projecto Descentralizado de Segurança Alimentar São Tomé e Príncipe (2009/2011) Documento Explicativo do Projecto Descentralizado de Segurança Alimentar (PDSA-STP). Uma parceria entre o IMVF, a FONG Federação das ONG de São Tomé e Príncipe, Comissão Europeia e Cooperação Portuguesa.
2 Contexto Toda pessoa tem direito a um nível de vida adequado que lhe assegure, assim como à sua família, saúde e bem-estar, especialmente alimentação, vestuário, habitação, assistência médica e aos serviços sociais necessários ( ). Declaração Universal dos Direitos Humanos Artigo 25.º A alimentação é um requisito essencial à vida humana. Já em 1948 a Declaração Universal dos Direitos Humanos consagrava internacionalmente a alimentação como um direito humano fundamental. Uma alimentação adequada é consensualmente entendida como o factor mais importante para melhorar as condições de vida da população, e para alcançar níveis de desenvolvimento adequados. Ainda assim, em África a pobreza e a insegurança alimentar prevalecem como desafios sérios para o Continente. Apesar de rico em recursos naturais e humanos e alguns avanços em termos de desenvolvimento agrícola, uma média de 15 países africanos enfrentou crises de alimentos todos os anos no período entre 1993 e 2000, tendo esse número subido para aproximadamente 25 países desde São necessários recursos adicionais e politicas mais eficazes para aumentar o investimento e desenvolver políticas e programas mais eficazes. A preocupação com os problemas da fome e da pobreza tem mobilizado a comunidade internacional para a urgência da tomada de decisões que resolvam a situação actual. Há amplo consenso de que a agricultura africana possui um enorme potencial de crescimento devido à abundância de recursos naturais. O desafio consiste em encontrar formas de se conseguir desenhar e implementar modelos de produção sustentáveis que permitam ganhos de produtividade satisfatórios na agricultura. Entre outras condições para que tal aconteça, é importante mencionar o acesso e controlo estável dos recursos naturais pelos grupos mais desfavorecidos, em particular as mulheres e os jovens, a prioridade a investimentos em tecnologia e em infraestruturas que beneficiem os pequenos produtores, politicas de preços e de mercados
3 compatíveis com estes objectivos, bem como o fortalecimento das instituições de coordenação. Mais recentemente, vários actores tendem a voltar-se para o renascimento da agricultura africana, favorecendo e encorajando novos investimentos no sector. Estas iniciativas procuram focar a sua intervenção num pacote tecnológico contudo África é caracterizada por relações sociais complexas. Alguns autores argumentam, por isso, que o desenvolvimento de novas tecnologias para os pequenos agricultores africanos deve compreender o comportamento dos agregados familiares, o que muito raramente é feito. Além disso, a produção do pequeno agricultor africano é praticada na maior parte com a auto-exploração do seu trabalho e da sua família alargada, sendo assim uma fonte de emprego chave para mais de 60% da população rural. Nesse sentido, a intensificação da agricultura em África pode também ter impactos negativos na redução da pobreza, dadas as oportunidades de trabalho limitadas em sectores rurais e urbanos não agrícolas, incluindo o aparelho de Estado. A participação social nas políticas públicas tem sido incentivada. Argumenta-se que a sociedade civil tem um papel fundamental na gestão e controlo das políticas. Participar significa intervir a todos os níveis, desde a formulação da política, à implementação, monitorização e avaliação. A principal razão apontada para aumentar os níveis de participação social nas políticas públicas é a melhoria dos mecanismos democráticos, o que contribui de forma significativa para uma maior e melhor distribuição dos recursos públicos favorecendo os grupos mais pobres e mais vulneráveis. Para que exista uma participação social mais efectiva nas políticas é necessário garantir, pelo menos, dois aspectos fundamentais: uma sociedade civil fortalecida e com capacidade e qualidade para intervir nas políticas e mecanismos e espaços de participação. As redes da sociedade civil podem, por isso, desempenhar um papel relevante nestas matérias, articulando as reivindicações da maioria dos grupos vulneráveis e expondo, nos fóruns nacionais, regionais e internacionais, as preocupações daqueles que não têm voz.
4 São Tomé e Príncipe Apesar do potencial produtivo de São Tomé e Príncipe (fertilidade do solo, disponibilidade hídrica, clima favorável), o país tem vivido uma situação constante de decréscimo da produção interna e de insegurança alimentar. Neste momento integra o grupo dos países menos avançados e ocupa o 123º lugar na lista estabelecida segundo o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Antes da independência, a estrutura económica de São Tomé e Príncipe caracterizavase por uma agricultura orientada para a monocultura de exportação (sobretudo de cana de açúcar, café, cacau), baseada sobretudo na produção em grandes empresas, onde a produção de culturas alimentares e hortícolas eram muito pouco significativas. Actualmente assiste-se a uma nova realidade; ainda que o cacau continue a ser o principal produto de exportação, representando cerca de 95% do total das exportações, regista-se um ritmo crescente de introdução de novas culturas. Nas últimas décadas, as flutuações de preço do cacau no mercado mundial tiveram fortes impactos nas receitas e na economia do país, com reflexos nas condições de vida da população. O agravamento da crise alimentar mundial e o consequente agravamento da insegurança alimentar no país, motivaram a organização de um Seminário sobre Segurança Alimentar e Nutricional, Direito Humano à Alimentação Adequada e Soberania Alimentar em São Tomé e Príncipe em Outubro de 2008, com o objectivo de analisar a situação e propor uma estratégia de intervenção. A 16 de Outubro de 2008 foi constituída no seio da FONG a Rede da Sociedade Civil para Segurança Alimentar e Nutricional (RESCSAN), com o objectivo de promover, proporcionar, e advogar junto ao Governo, e parceiros de desenvolvimento, as questões ligadas a segurança alimentar e nutricional da população e o desenvolvimento do país.
5 Projecto PDSA-STP Numa altura em que a Estratégia Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional ainda não está finalizada, mas está já constituída a Rede Nacional da Sociedade Civil para a Segurança Alimentar, o Projecto Descentralizado de Segurança Alimentar em São Tomé e Príncipe pretende reforçar a capacidade de intervenção desta Rede através da constituição de uma unidade técnica de apoio à produção e transformação de produtos agrícolas, assistência técnica e formação. Pretende-se assim estimular o sector agrícola a nível nacional, apoiando decisivamente o país na resposta à dependência dos bens importados e às consequências resultantes da variação dos preços alimentares, promovendo a segurança alimentar e nutricional da população. De acordo com o observatório da pobreza este projecto vem de encontro a estratégia para a redução da pobreza em São Tomé e Príncipe inserindo assim em 3 eixos nomeadamente: Eixo I Enquadramento e reforço as ONGs; Eixo II- Desenvolvimento Agrícola Eixo III Oportunidade de rendimento para os pobres; Objectivos Os objectivos globais do projecto são: - Contribuir para a redução da pobreza e desenvolvimento socioeconómico em São Tomé e Príncipe; - Contribuir para o reforço das capacidades de intervenção da sociedade civil Santomense na área da segurança alimentar. O objectivo específico é: - Promover a Segurança Alimentar no país através do reforço das capacidades de produção, transformação e valorização de produtos agrícolas.
6 Grupos-Alvo Deste Projecto beneficiam directamente Agricultores em todo o país agrupados em Associações Camponesas e Pequenas Unidades de Transformação. Os beneficiários finais são ONG com intervenção na área da segurança alimentar e habitantes das regiões abrangidas pelo projecto. Resultados Esperados e Actividades Resultado Esperado: Unidade de Gestão do Programa /Assistência Técnica criada - Constituição da Unidade de Gestão do Programa / Assistência Técnica, em articulação com a Rede da Sociedade Civil para a Segurança Alimentar e com o MAPDR; - Diagnóstico de necessidades e prioridades de intervenção a nível Distrital; - Aquisição de materiais e equipamentos para as actividades de extensão rural, transformação e conservação. Resultado Esperado: Capacidade Produtiva Aumentada e Diversificada - Apoio a iniciativas das ONG da RSCSA nas áreas de apoio à produção de culturas alimentares (milho, feijão seco, mandioca, matabala e banana pão), apoio à produção de culturas hortícolas e frutícolas, reabilitação de infra-estruturas de apoio à produção e desenvolvimento de técnicas agrícolas melhoradas. Resultado Esperado: Capacidades locais de transformação e valorização de produtos locais reforçadas - Apoio à criação e fortalecimento de pequenas unidades de transformação (mandioca, matabala, banana-pão, óleo de palma e milho); - Disseminação de tecnologias inovadoras; - Apoio à conservação de produtos hortícolas e frutícolas.
7 Resultado Esperado: Organizações locais de produtores fortalecidas - Acompanhamento técnico permanente às acções a desenvolver a nível distrital; - Acções de formação técnicas e métodos de produção agrícola, transformação e conservação; - Realização de Seminários sobre Segurança Alimentar. Perfil de intervenção do IMVF O IMVF - Instituto Marquês de Valle Flôr é uma Organização Não Governamental para o Desenvolvimento que tem por missão a promoção do desenvolvimento socioeconómico e cultural nos países de língua portuguesa. Membro honorário da ordem de mérito, intervém em Cooperação e Educação para o Desenvolvimento contando hoje com quase 60 anos de actividade e cerca de 40 projectos em curso em todos os PALOP. Actua em parceria com entidades governamentais, ONG e outras organizações da sociedade civil e agências de desenvolvimento nacionais e internacionais trabalhando em estreita colaboração com os seus parceiros e com os próprios beneficiários dos Projectos, partilhando recursos e responsabilidades. O IMVF está presente em São Tomé e Príncipe desde 1989, com projectos na área da Saúde e do Abastecimento de Água e Saneamento. Mais recentemente intervém também nas áreas da Educação e da Segurança Alimentar através dos Projectos Escola+ e PDSA-STP. Lisboa, 20 de Setembro de 2010 Este documento contém informação disponibilizada pelo IMVF para uso exclusivo dos profissionais da Comunicação Social como matéria informativa referente ao projecto PDSA-STP (2009/2011). Pela sua natureza contém apenas informação descritiva sintética do projecto em curso podendo qualquer informação adicional ser obtida junto da Sede do IMVF em Lisboa. Contactos para esclarecimentos e questões adicionais: Rita Caetano/ Gabinete de Comunicação Tel.: / comunicacao@imvf.org / comunicacao@imvf.org
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