1º a 15 de agosto de 2011
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- Isadora Alves Chagas
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1 1º a 15 de agosto de 2011 As principais informações da economia mundial, brasileira e baiana Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia Diretoria de Indicadores e Estatísticas Coordenação de Acompanhamento Conjuntural Introdução A primeira quinzena de agosto foi marcada por um ambiente externo turbulento. O acordo do teto da dívida dos EUA trouxe desdobramentos que abalaram toda a economia mundial. O rebaixamento da nota da dívida dos EUA pela Standart & Poor s agravou a crise americana. As bolsas de todo o mundo se comportaram de maneira desordenadas, oscilando bastante nesse período de agitação internacional. O cenário externo é de grande incerteza. Internamente, o governo brasileiro, diante da desaceleração da produção industrial causada pela apreciação cambial e também em razão das medidas macroprudenciais adotadas pelo governo, com intuito de combater a inflação, lançou, neste mês de agosto, o novo plano industrial. Esse plano, denominado Programa Brasil Maior, consiste em adotar medidas para estimular a produção industrial e o emprego mais qualificado, diante da guerra cambial, e desta forma tornar a indústria brasileira mais competitiva. Inflação foi a maior desde junho de 2005 O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou inflação de 0,16% em julho, ante 0,15% de junho, e 0,01% em julho de O índice acumulado em 2011 chegou a 4,04% e, nos 12 meses, a 6,87%. Os dados foram divulgados no dia 5 de agosto pelo IBGE. O índice de inflação acumulado em 12 meses (6,87%) foi o maior desde junho de 2005, quando o índice chegou a 7,27%. O preço da gasolina, graças à pressão do etanol, tem sido um dos principais fatores para esta alta no resultado. A alta acumulada da gasolina neste ano, um dos preços
2 com maior influência no IPCA, foi de 6,30%; em 2010, a alta acumulada por todo o ano foi de 1,67%. Nos alimentos, a queda de 0,26% no IPCA de junho passou para 0,34% no mês passado. Dentre os estados brasileiros, Brasília foi a capital com a maior alta de preços em julho de acordo com o IBGE, atingindo um patamar de 0,60%. Salvador vem logo em seguida com alta de 0,35% em julho. O menor índice, entre as capitais pesquisadas pelo instituto, foi em Recife, com deflação de 0,15%. Atividade econômica: crescimento da indústria, comércio e serviços na Bahia O empresário do setor de serviços está mais confiante na situação atual da economia assim como no cenário para os próximos meses, aponta sondagem da Fundação Getúlio Vargas (FGV). O Índice de Confiança de Serviços (ICS) avançou 0,8% entre junho e julho de 2011, ao passar de 131,6 para 132,6 pontos. A alta aconteceu após duas quedas consecutivas. O aumento do Índice de Confiança foi influenciado pelas expectativas mais favoráveis em relação aos meses seguintes. O indicador que mede a perspectiva futura subiu 1,4%, para 149,5 pontos, o maior nível desde março de 2010 (153,7). No acumulado dos últimos 12 meses, a produção industrial no país cresceu 3,7%. No segundo trimestre deste ano, o avanço foi de 0,7% sobre o trimestre anterior. Segundo o instituto, este é o sétimo crescimento consecutivo entre trimestres. A produção industrial caiu em nove dos 14 locais avaliados pela Pesquisa Industrial Mensal (PIM), apurada pelo IBGE, entre os meses de maio e junho. No total das regiões consideradas, a queda foi de 1,6% em junho. Descontados os efeitos sazonais, os recuos mais acentuados ocorreram no Rio de Janeiro (-4,5%), no Amazonas (-3,7%), seguidos por Ceará (-2,9%), Espírito Santo (-2,4%), Pará (-1,8%) e Rio Grande do Sul (-1,6%). As regiões com quedas abaixo da observada no total nacional foram São Paulo (-1,5%), Minas Gerais (-1,3%), e Santa Catarina (-0,1%). Já na direção oposta, houve crescimento da produção industrial na Bahia (5,6)%, Pernambuco (4,8%), Paraná (3,1%) e Goiás (2,3%). Na comparação com o mesmo mês do ano passado, quando a produção industrial de todo o país avançou 0,9%, nove dos 14 locais pesquisados apresentaram avanço na produção. No primeiro semestre deste ano a produção industrial avançou 1,7%, com destaque para o crescimento do Espírito Santo, de 12,4%, no período, e para o Ceará, onde a queda acumulada no primeiro semestre soma 10,4%. Com taxas de crescimento acima da média do país figuraram Goiás (3,6%), São Paulo (2,5%), Minas Gerais (2,3%), Rio de Janeiro (2,2%) e Rio Grande do Sul (2,1%). No desempenho positivo destes locais, segundo o IBGE, observa-se a maior presença de segmentos articulados à produção de bens de capital e de bens de consumo duráveis, além dos avanços nos setores extrativo, farmacêutico e de metalurgia básica.
3 O comércio varejista apresentou crescimento de 0,2% em junho no volume de vendas na comparação com maio, segundo a pesquisa do IBGE divulgada no dia 11 de agosto. Já no confronto com o mesmo mês no ano passado, houve alta de 7,1%. Nos acumulados dos seis primeiros meses deste ano e dos últimos 12 meses, as variações registradas foram de 7,3% e 8,9%, respectivamente. Todas as vinte e sete Unidades da Federação apresentaram resultados positivos na comparação com junho de A referida pesquisa aponta que cinco das oito atividades do varejo apresentaram taxas de variação positiva em confronto com o maio, com destaque para equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (9,1%) e tecidos, vestuário e calçados (3,0%). O comércio varejista ampliado que inclui também veículos, motos, partes e peças e de material de construção registrou acréscimo de 0,5% em relação ao mês anterior. Comparada com o mesmo mês do ano passado, a alta chegou a 9,5%. Já no acumulado do ano e dos últimos 12 meses, houve crescimento de 9,2% e 11,0%, respectivamente. Taxa acumulada de emprego em alta, mas com queda em junho A taxa de emprego industrial acumulada nos últimos 12 meses continua em alta, com taxa de 3,1%, mas teve queda de 0,2% em junho na comparação com maio, depois de ter ficado praticamente estável nos últimos três meses, segundo dados divulgados no dia 11 de agosto pelo IBGE. O emprego industrial não variou no segundo trimestre de 2011, na comparação com o primeiro trimestre, depois de sete trimestres seguidos de taxas positivas. Em relação a junho de 2010, o emprego industrial, no entanto, aumentou 0,7%, apresentando a 17ª taxa positiva consecutiva nesta base de comparação. No segundo trimestre, também em comparação com o mesmo período em 2010, houve um crescimento de 1,2%. No primeiro semestre de 2011, houve aumento de 1,9% do emprego industrial em relação ao mesmo período no ano anterior. Dentre os 14 locais em que o IBGE faz a pesquisa os resultados mais positivos foram do Paraná (6,4%), Rio Grande do Sul (2,5%), Minas Gerais (2,1%), Nordeste (1,7%) e Centro-Oeste (2,2%). Crédito ao consumidor em baixa A demanda do consumidor por crédito caiu pelo segundo mês consecutivo, segundo pesquisa da Serasa Experian, mas no acumulado do ano, o indicador registra alta de 13%, superior ao verificado no mesmo período do ano passado. Depois de ter recuado 3%, em junho, a
4 procura caiu 1,2%, em julho, quando relacionado ao mês anterior. Os números mostram, no entanto, que a demanda dos consumidores de baixa renda aquelesque ganham até R$ 500 por mês foi a única que cresceu (0,5%) no mês analisado, depois de ter caído 4,1% em junho, enquanto todas as demais camadas de renda reduziram a procura por crédito. A maior queda, de acordo com o levantamento foi registrada entre os que ganham de R$ 1 mil a R$ 2 mil (-1,5%). Na comparação com julho do ano passado, a demanda aumentou 9,3%, a segunda menor taxa de crescimento em treze meses, de acordo com a consultoria. Balança comercial: saldo positivo em julho, porém 29,2% menor que junho De acordo com divulgação feita pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, no dia primeiro de agosto, a balança comercial brasileira registrou saldo positivo de US$ 3,135 bilhões em julho. Esse valor é 29,2% menor do que o registrado em junho, quando o superávit foi de US$ 4,430 bilhões. O saldo de julho ficou 133,0% acima do registrado no mesmo mês de 2010 (US$ 1,34 bilhão). No período, as exportações somaram US$ 22,252 bilhões, com média diária de US$ 1,059 bilhão. Já as importações totalizaram US$ 19,117 bilhões e diariamente foram comprados US$ 910 milhões. De janeiro a julho, o Brasil já acumula um resultado positivo de US$ 16,101 bilhões, saldo 74,4% maior que o verificado no mesmo período de No ano, o país vendeu para o exterior US$ 140,555 bilhões e importou US$ 124,454 bilhões. Política industrial: programa Brasil Maior O governo federal anunciou, no dia 2 de agosto, os principais pontos da nova política industrial no Programa Brasil Maior. O objetivo do Programa, idealizado para o período , é aumentar a competitividade da indústria nacional, a partir do incentivo à inovação tecnológica e à agregação de valor. O Plano prevê um conjunto de medidas de estímulo ao investimento e à inovação, apoio ao comércio exterior e defesa da indústria e do mercado interno. Segundo o MDIC ( essas são medidas que contribuirão para o país dar o salto tecnológico, continuar crescendo e estimular a criação de empregos mais qualificados: desonerações tributárias; financiamento à inovação; aplicação de recursos em setores de alta e média-alta tecnologia; fortalecimento das micro, pequenas e médias empresas inovadoras; criação de programa para qualificação de mão de obra; desoneração,
5 financiamento e garantias para as exportações; preferência para produtos manufaturados e serviços nacionais nas compras governamentais; e financiamento de projetos que reduzam as emissões de gases de efeito estufa. Bolsas de valores: turbulências e incertezas A bolsa de valores de São Paulo se mostrou bastante instável nesse mês de agosto, apresentando grandes variações tanto no aspecto positivo quanto no negativo, segundo pesquisa da Ativa Corretora. Os números oscilaram muito e apresentaram um recuo em alguns setores. Os números são de forte baixa em setores como o siderúrgico (-43%); papel e celulose (-35,3%); petróleo e gás (-31,7%). Apenas o setor de telecomunicação obteve alta (6,8%), enquanto o de energia apresentou-se zerado. Projeções para o futuro imediato O Itaú Unibanco ainda não considera que a crise será prolongada e de grandes proporções, mas prevê desaceleração na maior parte da economia global em razão das dificuldades enfrentadas pela Europa e EUA. Já a China deve fazer uma desaceleração suave. Por conta disso, revisou para baixo suas previsões para o crescimento dessas economias este ano, mas não mexeu na projeção para o Brasil. Em relatório assinado por seu economista-chefe, Ilan Goldfajn, o banco projetou crescimento de 1,8% para os EUA, em 2011 bem abaixo dos 2,6% estimados anteriormente e de 2,2%, em 2012 (a previsão anterior também era de 2,6%). No caso da Zona do Euro, as previsões foram revisadas de 1,8% para 1,7%, em 2011; e de 1,2% para 0,6% no ano que vem. No que tange o cenário interno, o Itaú Unibancoprevê que o Brasil crescerá 3,6% este ano e 3,7% em 2012 um pouco menos, neste caso, do que a aposta feita anteriormente (3,8%). Crise no mundo: zona do Euro e eua De acordo com depoimentos da Comissão Européia, divulgados no dia 2 de agosto do corrente, todos os países da Zona do Euro estão comprometidos a contribuir com a próxima
6 parcela do empréstimo à Grécia, em setembro. Assim, a Grécia receberá 5,8 bilhões de euros em empréstimos bilaterais de outras nações da Zona do Euro e 2,2 bilhões do Fundo Monetário Internacional (FMI). De acordo com Chantal Hughes, porta voz da Comissão Europeia, não há indícios de que a Espanha e a Itália deixem de pagar a próxima parcela de ajuda, mesmo considerando a disparada recente no custo de financiamento dos governos destes países, devido ao encarecimento dos juros. Neste caso, os juros para que esses dois países tomem emprestado do mercado serão maiores do que os juros que os recebidos em troca do empréstimo grego. O senado dos Estados Unidos aprovou, no dia 2 de agosto, o projeto de lei que corta US$ 917 bilhões em gastos e eleva o teto da dívida para US$ 15,2 trilhões, evitando assim um calote da dívida pública americana. O projeto já tinha sido aprovado, no dia 1 de agosto, pela Câmara dos Deputados americana e logo após a aprovação no senado, o projeto seguiu para a Casa Branca, onde o presidente Barack Obama assinou imediatamente. A votação ocorreu nas últimas horas antes do prazo final dado pelo Tesouro americano, meia-noite do dia 2 de agosto. A partir desta data, o governo já não poderia garantir o pagamento aos investidores dos juros sobre seus títulos. O governo também poderia deixar de pagar gastos correntes, como os beneficiários da Seguridade Social, além dos benefícios dos veteranos de guerra e empresas que trabalham para o governo. O projeto consistiu em elevar o teto da dívida em US$ 900 bilhões, ou seja, passar dos atuais US$ 14,3 trilhões para US$ 15,2 trilhões. Porém, foi uma exigência dos republicanos, maioria na Câmara dos Deputados, que cada dólar da elevação do teto fosse compensado com cortes de gastos. Não obstante, a resposta positiva do senado a respeito do aumento do teto da divida americana não foi suficiente para conter a queda das bolsas de todo o mundo e de várias commodites que vinham cedendo fortemente. A justificativa ficou por conta, considerado por muitos, do mal acordo realizado pelo governo Obama, que se mostrou ainda refém do congresso, e todos os aspectos políticos que superam os interesses econômicos do país. Aliado a isso, os problemas de captação da Espanha e da Itália, ambos com taxas altas que derrubaram o segmento bancário no mundo, foram uns dos fortes aspectos a influenciar o desânimo dos investidores. Contudo, apesar do complexo debate sobre o tema, a elevação do teto da dívida é algo corriqueiro nos Estados Unidos. Entretanto, essa última decisão foi contaminada pela campanha das eleições gerais de 2012, nas quais Obama tentará a reeleição. Boletim focus: expectativas de mercado O mercado financeiro reduziu a projeção para a inflação em 2011, segundo o boletim Focus, divulgado, no dia 15 de agosto, pelo Banco Central (BC). De acordo com a pesquisa, a expectativa para a inflação oficial neste ano caiu para 6,26%, em um patamar distante do centro da meta de inflação, que é de 4,50%. A meta tem margem de tolerância de dois pontos
7 porcentuais para cima ou para baixo. A projeção para a inflação em 2012 ficou em 5,23%. Para o mercado financeiro, a crise poderá ter reflexo no crescimento do País. O mercado reduziu a projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), em 2011, de 3,94% para 3,93%, segundo o citado boletim. Para o ano que vem, a projeção para o crescimento da economia foi mantida em 4%. A estimativa para o crescimento da produção industrial em 2011 caiu para 3%. Para 2012, a projeção para a expansão da indústria ficou estabelecida em 4,30%. Expectativas do Mercado Mediana Agregada 15 junho 12 agosto Comportamento 15 junho 12 agosto Comportamento IPCA (%) 6,31 6,26 5,20 5,23 IGP-M (%) 5,81 5,50 5,01 5,01 = Taxa de Câmbio - média do período (R$/US$) 1,60 1,60 = 1,65 1,63 Meta Taxa Selic - fim do período (%a.a.) 12,75 12,50 12,63 12,50 PIB (% do crescimento) 3,94 3,93 4,00 4,00 = Produção Industrial (% do crescimento) 3,25 3,00 4,40 4,30 Conta Corrente (US$ bilhões) -59,45-57,97-70,00-68,25 Balança Comercial (US$ bilhões) 21,00 22,00 10,07 10,85 Invest. Estrangeiro Direto (US$ bilhões) 55,00 55,00 = 49,40 50,00 Fonte: Boletim Focus Banco Central 12/08/2011.
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