Intervenção de abertura do Diretor do Departamento de Estatística João Cadete de Matos na 2ª Sessão da 6ª Conferência da Central de Balanços

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1 Intervenção de abertura do Diretor do Departamento de Estatística João Cadete de Matos na 2ª Sessão da 6ª Conferência da Central de Balanços Évora, Auditório da Fundação Eugénio de Almeida, 29 de março de 2017 Modernização do Tecido Empresarial Português Painel sobre o setor do vinho e o enoturismo A Central de Balanços do Banco de Portugal A Central de Balanços do Banco de Portugal é uma base de dados com informação económica e financeira, anual e trimestral, sobre as sociedades não financeiras em Portugal. Esta base de dados existe no Banco de Portugal desde 1983 e serve várias funções do Banco de Portugal, nomeadamente as associadas à supervisão e estabilidade do sistema financeiro, à análise da situação económica nacional e à compilação de estatísticas. A Central de Balanços do Banco de Portugal tem, desde 2007, como principal fonte de informação anual a IES Informação Empresarial Simplificada, cobrindo assim praticamente todo o universo das sociedades não financeiras existentes em Portugal, ou seja cerca de 400 mil. As principais séries estatísticas obtidas a partir desta base de dados (Estatísticas das Empresas Não Financeiras e Quadros do Setor) podem ser consultadas no BPStat Estatísticas online, o portal de disseminação estatística do Banco de Portugal. Um dos produtos da Central de Balanços que é disponibilizado, todos os anos, pelo Banco de Portugal às empresas corresponde ao Quadro da Empresa e do Setor, o qual permite a cada empresa comparar a respetiva situação económica e financeira com a 1

2 das restantes empresas do mesmo setor de atividade, constituindo assim um instrumento muito útil à gestão empresarial. A informação da Central de Balanços está, igualmente, disponível para o público em geral, nomeadamente para os investigadores, que podem aceder a um vasto conjunto de indicadores sobre as empresas portuguesas, com um elevado grau de detalhe por setor de atividade. Participação no Comité Europeu de Centrais de Balanços O Banco de Portugal integra, desde a respetiva fundação em 1987, o Comité Europeu de Centrais de Balanços (ECCBSO - European Committee of Central Balance-Sheet Data Offices), cujo objetivo é o desenvolvimento das centrais de balanços como fonte privilegiada de informação sobre as sociedades não financeiras nos diversos países, assim como a promoção da sua utilização no âmbito das funções dos bancos centrais, não só na divulgação de estatísticas ou de estudos, mas também ao nível das funções macroprudencial e de estabilidade financeira, tendo o Banco de Portugal assumido a presidência desse Comité durante os últimos três anos. O Banco de Portugal contribui regularmente com informação para a BACH (Bank for the Accounts of Companies Harmonized), base de dados europeia de informação económica e financeira das empresas não financeiras de diversos países. Os Estudos da Central de Balanços Com o objetivo de promover uma maior e melhor utilização da informação divulgada por parte das diversa categorias de utilizadores, o Banco de Portugal iniciou em 2010 a publicação dos Estudos da Central de Balanços, tendo sido até ao momento publicados 27 estudos. Os Estudos da Central de Balanços constituem uma importante ferramenta para a leitura da informação estatística da Central de Balanços. Estes estudos podem assumir uma natureza metodológica, funcionando como manuais explicativos da informação da Central de Balanços, ou podem ter uma natureza mais genérica, sendo dedicados a uma análise geral da situação das empresas não financeiras em Portugal. Estes estudos 2

3 de âmbito geral têm sido atualizados anualmente, desde 2010, apresentando uma análise aprofundada do tecido empresarial português com base num vasto conjunto de indicadores económicos e financeiros. Por outro lado, os Estudos da Central de Balanços contemplam a divulgação de análises setoriais, dedicadas a setores de atividade específicos. Entre os setores já estudados constam, para além da indústria das bebidas (alvo do estudo publicado mais recentemente), setores tão variados como os têxteis e vestuário, o calçado, as indústrias alimentares ou o alojamento e restauração, abrangendo ainda setores como a construção, as atividades de informação e comunicação, o setor agrícola, o turismo, a indústria metalomecânica ou o setor farmacêutico, para citar apenas alguns casos. O Banco de Portugal tem procurado acompanhar a evolução dos setores mais dinâmicos, refletindo igualmente sobre a sua importância regional e o seu contributo para as exportações, tendo a este propósito efetuado uma análise específica do setor das empresas exportadoras. Os estudos setoriais da Central de Balanços efetuados até ao momento permitiram cobrir cerca de metade das empresas não financeiras em atividade em Portugal, retratando setores que geram dois terços do volume de negócios e empregam cerca de 60 por cento das pessoas ao serviço. As Conferências da Central de Balanços As Conferências da Central de Balanços, que tiveram também o seu início em 2010, acompanharam a publicação dos atrás referidos estudos setoriais, constituindo uma iniciativa do Banco de Portugal que tem como objetivo, não só a divulgação dos dados estatísticos disponibilizados, como também uma caracterização aprofundada do tecido empresarial português. Estas Conferências têm versado um conjunto diversificado de temas específicos, como sejam o papel da informação estatística e económica na tomada de decisão dos agentes económicos ou a internacionalização da economia portuguesa, contando com a colaboração de vários especialistas nas diversas temáticas abordadas. O Banco de Portugal tem, simultaneamente, procurado promover uma interação mais próxima com as associações empresariais, com as Universidades e com as entidades públicas de âmbito nacional e regional, promovendo reuniões para debater os 3

4 indicadores económicos e financeiros publicados e para preparação das Conferências da Central de Balanços. O Banco de Portugal tem igualmente privilegiado a organização destas Conferências em todo o território nacional, procurando que a divulgação dos estudos setoriais ocorra nos distritos onde as respetivas atividades assumem maior relevância. Foi com esse intuito que as Conferências, que abordaram setores como o alojamento e restauração, os têxteis e o vestuário e o calçado, tiveram lugar em Loulé, Braga e Aveiro, respetivamente. Ou que a discussão sobre o setor agrícola teve lugar em Santarém, ou sobre o setor do turismo no Funchal, ou ainda sobre os setores da madeira, da cortiça e do papel em Coimbra. A 6ª Conferência da Central de Balanços contou já com uma primeira sessão em Vila Real, ocorrida no passado dia 27 de janeiro, onde se abordou o contributo da indústria das bebidas para a modernização do tecido empresarial português, e prossegue hoje, aqui em Évora, com uma segunda sessão dedicada ao contributo específico do setor do vinho e do enoturismo. A relevância da temática desta 6ª Conferência da Central de Balanços A definição da temática subjacente a esta sessão decorre do reconhecimento do papel fundamental que a modernização dos setores mais tradicionais da economia portuguesa, que assumem um peso muito significativo no nosso tecido empresarial, tem tido no desenvolvimento da economia portuguesa e no contributo para a correção de desequilíbrios macroeconómicos, nomeadamente através da criação de valor acrescentado e de uma maior internacionalização. Nas anteriores edições das Conferências da Central de Balanços focámos já a nossa atenção em diversos casos de sucesso, justificando-se plenamente que desta vez centremos a nossa análise no estudo do setor do vinho e do enoturismo, bem como no respetivo contributo para o desenvolvimento da região do Alentejo. E não haveria melhor opção para o efeito do que realizar esta conferência em Évora, um dos mais reconhecidos locais de Portugal de importância mundial na preservação do património histórico, como o comprova ter sido classificado há 31 anos atrás como Património Mundial da UNESCO. 4

5 Como teremos oportunidade de comprovar nas apresentações seguintes e no painel principal desta Conferência, o setor do vinho tem demonstrado, ao longo dos últimos anos, um desempenho muito positivo, visível tanto ao nível da evolução da sua faturação, como ao nível das suas rendibilidades, sendo de destacar igualmente o contributo importante do mercado externo para estes níveis de desempenho. O desenvolvimento deste setor tem beneficiado do crescimento do turismo em Portugal, mas também tem contribuído para esse crescimento. De facto, o turismo tem constituído um importante canal de divulgação do vinho português no Mundo, mas simultaneamente os turistas estrangeiros são atraídos a Portugal pela oportunidade de visitar e conhecer as regiões em que se produz o vinho português. Por isso mesmo, o enoturismo tem revelado um importante efeito dinamizador sobre as comunidades locais, com destaque para algumas regiões no interior do país. Estas dinâmicas tem-se revelado muito importantes para o desenvolvimento da economia portuguesa e serão, por esse motivo, a matéria objeto de aprofundamento e debate nesta 6ª Conferência da Central de Balanços. 5