Ética e Valores Morais na Formação de Profissionais da Educação

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1 Ética e Valores Morais na Formação de Profissionais da Educação XI Salão de Iniciação Científica PUCRS Bolsista Felipe Bragagnolo, Orientador Dr. Evaldo Antônio Kuiava Universidade de Caxias do Sul, UCS Resumo Levando em consideração os pressupostos ético-filosóficos e as teorias pedagógicas da tradição filosófica ocidental, especificamente os modelos relacionados aos fins e aos princípios da ação moral, buscar-se-á examinar o modo como a ética vem sendo conduzida nos processos de ensino e aprendizagem nos cursos de licenciatura da Universidade de Caxias do Sul. Utilizando questionários com cinco perguntas descritivas enviadas por correio eletrônico, tentamos diagnosticar qual é a visão e compreensão da ética pelos formandos. Refletimos sobre quais seriam as premissas universais de nossa sociedade moderna, e se essas nos influenciam diretamente. Temos permanecido na mediocridade do senso comum, ou temos partido para uma consciência criadora de valores? Com que posicionamento crítico/filosófico nossos futuros professores estão indo para as salas de aulas? Um aprofundamento ético, na estrada da educação, é necessário se queremos sonhar com a emancipação do homem e de nossa sociedade Palavras-chave: Educação, ética, formação de professores, licenciatura, ação moral. Introdução A ética e os valores morais estão ligados diretamente a uma cultura, independentes de como sejam seus costumes ou tradições, a ética começa a existir a partir de um pilar central, o ser humano e suas relações entre o meio em que vive. Para avançarmos na busca de esclarecimentos sobre o tema aqui sugerido, a ética e valores morais na formação de profissionais da educação, teríamos que iniciar analisando o período em que vivemos dentro 1395

2 da história de nossa cidade, quais são suas características, quais foram os rompimentos com as estruturas passadas e o que tem influenciado a formação humana de nossa sociedade. Sendo o objetivo desta pesquisa, identificar como a ética está sendo trabalhada nos cursos de formação de professores, que metodologias são utilizadas pelos docentes ao abordar este conteúdo em suas disciplinas e apresentar um diagnóstico do estado atual da questão no que se concerne na prática pedagógica quando o tema é reflexão e formação ética e de valores morais no processo de ensino aprendizagem, não exemplificaremos detalhadamente tais dados históricos e culturais. Mas reforçamos que seriam de grande auxílio e nos dariam mais subsídios para concluirmos com clareza e profundidade o que verdadeiramente nos faz sermos o que somos em nosso contexto. Entender a forma de raciocínio desta sociedade se torna uma tarefa difícil, pois muitas vezes não parece ter lógica alguma. Como o ilustre Albert Einstein diz: Os problemas que existem no mundo não podem ser resolvidos a partir dos modos de raciocínio que deram origem aos mesmos, e se queremos, de alguma forma avançar em nosso processo de maioridade, devemos analisar os erros que nos antecederam para projetar uma idéia de futuro, com uma nova forma de pensamento. Para qualquer escritor torna-se tarefa árdua opinar sobre temas como sociedade, educação, moral e ética, tendo por consciência que este, o autor, faz parte da cultura existente, e esta, foi criada com sua participação. Para o autor, torna-se uma obrigação libertar-se da doxa que o envolve, a visão viciada do universo e suas características, dando origem a um movimento considerado raro em nossa vida, mas que possibilita alcançarmos um patamar crítico reflexivo do mundo, necessário para posicionarmos perante tais assuntos. Sabendo que a sociedade do século XXI, tem características pluralistas, relativistas e capitalistas, entre outras, descrever sobre tais temas acaba sendo um desafio, que instiga os sentidos humanos, na busca de respostas que parecem inatingíveis, como: A educação ainda consegue estimular o processo de humanização na criatura humana? Como a ética pode vencer a mídia e suas super produções? Como estimular a formação intelectual numa sociedade que tem priorizado os prazeres sexuais e afetivos? Buscaremos neste momento, encontrar premissas consideradas universais, que quase todos praticamos ou vivenciamos em nosso contexto, auxiliando-nos a compreender de forma coerente as respostas encontradas em nossos questionários, respondidos pelos alunos concluintes dos cursos de licenciatura da UCS. 1396

3 Metodologia Utilizamos a prática de análise de conteúdo proposta pela Laurence Bardin (professora-assistente de psicologia na Universidade de Paris V), optando pela análise de conteúdo temática ou categorial, que consiste em operações de desmembramentos das narrativas e das mensagens agrupadas em unidades, segundo reagrupamentos analógicos. Quanto à definição das categorias analíticas, agrupamos os elementos de conteúdo por parentesco de sentido. Foram encaminhamos via , duzentos e cinqüenta e nove formulários com cinco perguntas descritivas, para os alunos concluintes dos cursos de licenciaturas. Foram respondidos dezoito (7%), destes, assim ficaram divididas as respostas por curso: 6% alunos de Pedagogia, 6% de Matemática, 11% de Biologia, 11% de Letras, 11% de História, 11% de Artes Plásticas, 17% de Química e 28% de Educação Física, totalizando 100%. Resultados (ou Resultados e Discussão) Na primeira questão tentamos descobrir como estava sendo ministrada a temática referente à ética nas diversas disciplinas dos cursos, e percebemos que normalmente este tema é abordado em disciplinas que possuem em sua ementa este assunto. O tema ética acabava sendo levado a sala de aula de uma forma mais geral, sendo as posturas dos professores os grandes exemplos a serem seguidos. Na segunda pergunta foi solicitado para os alunos descreverem situações de aula em que foram provocados/convidados a estudar, analisar, debater, discutir fatos da realidade relacionados à ética. A maioria dos entrevistados recordaram suas vivências diárias, dentre as citadas: os momentos problemáticos ocorridos nas disciplinas de estágios, os posicionamentos e comportamentos dos educadores perante seus alunos. A terceira questão solicitava a realização de uma avaliação sobre a formação ética recebida nos cursos de licenciaturas, se foram adequadas/suficientes para uma prática profissional ética. Em torno de 39% dos entrevistados consideram que Sim, a formação recebida foi satisfatória, mas que somente ela não basta, pois tem que haver uma decisão do acadêmico em praticá-la, e que muitas vezes, o exemplo da família é decisivo para optar por esta postura. Os outros 61%, relataram, que a formação ética recebida foi insuficiente, inadequada, precária, muito básica, pois não manteve um ensino continuado. A quarta questão destinava-se a interrogar quais textos e autores foram lidos ou estudados na esfera da ética pelos formandos. As respostas encontradas não nos 1397

4 surpreenderam: somente três alunos recordaram nomes de autores, os demais, responderam que eram levados textos pelos professores para discutirem em sala de aula. Na última pergunta foi solicitado para listarem condutas consideradas éticas e antiéticas no exercício da docência, respectivamente pontuadas: Ser um bom profissional, sempre atualizado, oferecendo o melhor para seus alunos, ter um comportamento reto, ações e atitudes adequadas, saber valorizar, respeitar e tratar com igualdade os alunos, propiciar oportunidades de crescimento humano, saber respeitar as diferenças de credo e culturas, apreciar um relacionamento ético entre aluno/professor/direção/família e zelar pela verdade do conhecimento e das relações humanas; Falar mal dos colegas ou alunos, expô-los a situações constrangedoras, citar exemplos de alunos considerados melhores, omitir-se perante um comportamento/atitude considerada errada, ser preconceituoso, excluir alunos, maltratar qualquer ser vivo, desconhecer a realidade do aluno, tomar posição política, influenciar os acadêmicos em escolhas pessoais, ser prepotente, achar que é detentor do conhecimento, aceitar suborno dos pais/alunos ou direção. Conclusão 1. Ensino da ética acaba sendo negligenciado pelos docentes, pois normalmente visam seus conteúdos e suas ementas, não se preocupando com a formação integral do acadêmico; 2. A falta de interdisciplinaridade do assunto ética, pois este, não pode ser considerado objeto específico de uma só matéria, mas pano de fundo para todo o contexto de ensino e aprendizagem; 3. Graduandos de licenciatura com dificuldades de estabelecerem metas que desejam atingir através da educação recebida. Muitas vezes, não desejando sua emancipação, colocando-se numa postura de acomodação, tentando compreender o necessário para se formar e não para fazer a diferença na sociedade e na sua profissão; Referências CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. 13ª Ed. São Paulo: Freguesia do Ó: Ed. Ática, BOMBASSARO, Luiz Carlos. Cultura e alteridade: confluências / Org. Amarildo Luiz Trevisan, Elisete M. Tomazetti. Ijuí : Ed. Unijuí, p. 1398

5 DALBOSCO, Claudio Almir. Educação e maioridade: dimensões da racionalidade pedagógica. Claudio Almir Dalbosco, Hans-Georg Flickinger. São Paulo: Cortez; Passo Fundo: Ed. da Universidade de Passo Fundo, GUZZO, Valdemir. A formação do sujeito autônomo: uma resposta da Escola Cidadã. Caxias do Sul, RS Educs, KANT, Immanuel. Sobre a pedagogia. Tradução de Francisco Cock Fontanella. 3ª ed. Piracicaba: Editora UNIMEP, NIQUET, Bernd. Kant: a força do pensamento autônomo. Tradução de Edgar Orth Petrópolis, RJ: Vozez, PINHEIRO, Celso de Moraes. Kant e a Educação: reflexões filosóficas Caxias do Sul, RS: Educs, VEIGA, Ilma Passos Alencastro. Docência: Uma construção ético-profissional / Ilma Passos Alencastro Veiga, José Carlos Souza Araújo e Célia Kapuziniak. Campinas: Papirus,

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