Aspectos Jurídicos da Recuperação de Crédito na Recuperação Judicial. 30 de maio

Transcrição

1 Aspectos Jurídicos da Recuperação de Crédito na Recuperação Judicial 30 de maio

2 Trava Bancária nas Recuperações Judiciais É possível a manutenção do status de crédito não submetido à Recuperação, na hipótese constante do art. 49 3º da LRF, mesmo quando há o perecimento dos direitos emergentes da cessão fiduciária, seja por desacordo comercial (títulos de crédito), seja por rescisão contratual com o ente pagador (recebíveis), levando em consideração, inclusive o prévio conhecimento do credor, quanto ao mencionado perecimento? 10

3 Trava Bancária nas Recuperações Judiciais É possível a imediata execução da dívida, sem se aguardar o prazo de 180? 11

4 Penhor de Títulos ou Recebíveis Os valores transferidos para conta vinculada decorrentes de Penhor de Títulos ou Recebíveis (art. 49, 5º, da LRF), se não renovadas ou substituídas às garantias liquidadas, poderão ser utilizadas, imediatamente pelo Credor, para quitação da dívida, total ou parcialmente? 12

5 Penhor de Títulos ou Recebíveis Pode o credor optar pelo abatimento da dívida em vez de substituir a garantia relativa aos valores recebidos? Na hipótese anterior, é necessário aguardar os 180 dias do deferimento da Recuperação? A referida conta vinculada somente pode ser movimentada pelo Juízo da Recuperação? 13

6 Penhor de Títulos ou Recebíveis O Tribunal de Justiça do Paraná, em decisão da lavra do Desembargador Lauri Caetano da Silva, já decidiu que: "A regra do art. 49, 5º, da Lei de Recuperação impõe ao devedor a obrigação de depositar em conta vinculada os valores eventualmente recebidos em pagamento das garantias. A princípio, não nos parece razoável interpretar tal regra de modo a obrigar o credor a 'devolver' valores eventualmente recebidos por conta do seu crédito. (g.n.) 14

7 Penhor de Títulos ou Recebíveis O crédito fiduciário tem tratamento legal diferenciado, mas o intuito do legislador para tanto não foi o de favorecer unilateralmente as instituições financeiras. Bem ao contrário disso, foi o de, pela perspectiva econômica, criar ferramenta jurídica que permitisse a obtenção de empréstimos a juros muito baixos (especialmente quando comparados aos praticados no mercado) a financiados, cuja ausência de lastro patrimonial, num primeiro momento, vedava essa alternativa. 15

8 A Instituição Financeira na qualidade de credora pignoratícia A conta vinculada para depósito dos recursos empenhados deve ser aberta na própria instituição financeira credora pignoratícia, porque o art. 49, 5º, da Lei nº /2005 não pode ser interpretado senão em consonância com os arts e 1.452, parágrafo único, do Código Civil. Deste modo, quando se trata da conta vinculada prevista no art. 49, 5º, da Lei nº /2005, se for o credor pignoratício uma instituição financeira, deve ela própria abrir a conta e receber em depósito os valores empenhados. Claro, que essa conta aberta pela própria instituição financeira credora pignoratícia, continua a ser plenamente vinculada ao juízo recuperacional. [...] Em suma, em abrindo a própria instituição financeira credora pignoratícia a conta vinculada, não há nenhum risco para os interesses do devedor e demais credores em torno da recuperação judicial; mas atende-se ao modo normal e legalmente previsto de constituição da garantia pignoratícia, que é a transmissão do bem empenhado à posse do credor pignoratício". (Fábio Ulhoa Coelho) 16

9 Câmara Especial de Falências e Recuperações - TJSP "Parece claro que o intento, vê-se, desde logo, não obstante o largo espectro do caput (art. 49, 3º e 5º, da Lei nº /2005), é o de exclusão de determinados créditos, especialmente o de bancos, que, em geral, dispõem de garantias, da submissão à recuperação judicial. [...] 'Os titulares de determinadas garantias reais ou posições financeiras (fiduciário, leasing etc.) e os bancos que anteciparam recursos ao exportador em função de contrato de câmbio excluem-se dos efeitos da recuperação judicial para que possam praticar juros menores (com spreads não impactados pelo risco associado à recuperação judicial), contribuindo a lei, desse modo, com a criação do ambiente propício à retomada do desenvolvimento econômico'. Os precedentes da Câmara são no mesmo sentido, como enfatiza a douta Procuradoria de Justiça oficiante. [...] Ora, no caso concreto, os bancos se apresentam munidos de contratos que lhes outorgam a condição de credores com garantia fiduciária ou pignoratícios, pelo que não haveria como, sob a letra da lei, submetê-los à recuperação judicial." 17

10 Câmara Especial de Falências e Recuperações do TJSP "Recuperação judicial. Cessão fiduciária de créditos. Credor não sujeito aos efeitos da recuperação. Hipótese, entretanto, de depósito das quantas recebidas em conta vinculada no período de suspensão previsto no art. 6º, 4º, da Lei nº /2005. Depósito em conta vinculada que não significa depósito em conta judicial. Mantença do valor sob responsabilidade do credor, desde que com atualização monetária e juros das cadernetas de poupança. Recurso parcialmente provido." 18

11 Conclusão O crédito fiduciário tem tratamento legal diferenciado, mas o intuito do legislador para tanto não foi o de favorecer unilateralmente as instituições financeiras. Bem ao contrário disso, foi o de, pela perspectiva econômica, criar ferramenta jurídica que permitisse a obtenção de empréstimos a juros muito baixos (especialmente quando comparados aos praticados no mercado) a financiados, cuja ausência de lastro patrimonial, num primeiro momento, vedava essa alternativa. 19

12 Nominata da Instrutora DOUTORA EM DIREITO PELO PROGRAMA DE PÓS-DOUTORAMENTO EM DIREITO PELA UGF. PROFESSORA ADJUNTA DA GRADUAÇÃO E DA PÓS GRADUAÇÃO DA FGV DIREITO RIO, PALESTRANTE CONVIDADA DA EMERJ E DA PÓS GRADUAÇÃO DO IBMEC. CONSULTORA SÊNIOR E ADVOGADA ASSOCIADA DO ESCRITÓRIO NORDI & PEREIRA ADVOGADOS ASSOCIADOS. ORGANIZADORA DA REVISTA DE DIREITO PRIVADO E PROCESSO CIVIL CONTEMPORÂNEO. AUTORA DE LIVROS E ARTICULISTA. 20