Trabalhador terceirizado
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- Gilberto Silveira Figueiroa
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1 1 5. Terceirização A terceirização da atividade empresarial obedece a uma dissociação da atividade produtiva, nas palavras do Ministro Maurício Godinho, na qual a empresa tomadora contrata uma empresa para a prestação de serviços terceirizados, a qual assina, remunera e direciona o trabalhador para a prestação da atividade empresarial na cadeia produtiva da empresa tomadora. Exemplo: João é trabalhador terceirizado da empresa Limpeza S.A., que assina a sua CTPS. A empresa Supermercado Barato Ltda. contata a empresa Limpeza S.A., para que promova a prestação de serviço de limpeza, por meio dos trabalhadores terceirizados, inclusive João, que passa a desempenhar limpeza diariamente na sede do Supermercado Barato Ltda.. Há, portanto, uma triangulação, na qual o trabalhador presta serviço ao tomador, por meio de um contrato civil com a prestadora dos serviços, que assina a CTPS do empregado e o remunera com o salário: Trabalhador terceirizado Prestadora dos serviços Tomadora dos serviços 5.1. Hipóteses lícitas No Brasil, são permitidas as seguintes hipóteses de prestação de serviços terceirizados: a) Mediante contrato de trabalho temporário previsto na Lei 6.019/74, para atender à necessidade transitória de substituição de seu pessoal regular e permanente ou à acréscimo extraordinário de serviços, cujo prazo não pode ultrapassar três meses, salvo na hipótese de prorrogação por até nove meses, com autorização do MTE i ;
2 2 b) Vigilância, conservação e limpeza; c) Atividades meio, ou seja, aquelas atividades que não se inserem no núcleo da atividade produtiva, não se confundem com a atividade principal, prevista no contrato social. Havendo contratação fora dessas hipóteses admitidas pela Súmula n. 331 do TST, haverá ilicitude, irregularidade do contrato de trabalho terceirizado, cuja consequência será vista no próximo tópico. Além disso, a existência de subordinação e pessoalidade da prestação de serviço do trabalhador terceirizado à empresa tomadora conduz, igualmente, à irregularidade, uma vez que não pode o trabalhador obedecer ordens, receber punição do tomador, mas apenas da empresa de prestação de serviço terceirizado que o remunera e assina sua CTPS, que, afinal, é empregador. Ressalte-se que no trabalho temporário admite-se a subordinação e a pessoalidade do trabalhador terceirizado. Trata-se, portanto, de uma exceção! Convém registrar que, no contrato de empreitada, o dono da obra não responde pelas dívidas trabalhistas contraídos pelo empreiteiro, salvo se ele for construtor ou incorporador (OJ n. 191 da SDI do TST) ii Panorama da responsabilidade no âmbito da terceirização dos serviços a. Sendo a tomadora uma pessoa jurídica de direito privado e sendo lícita a contratação, ou seja, uma atividade de vigilância, conservação, limpeza, atividade meio ou contrato temporário, a empresa tomadora poderá ser responsabilizada subsidiariamente por eventuais créditos não adimplidos pela empresa de trabalho terceirizado. Isto, porque a empresa tomadora, em verdade, está terceirizando parte de sua produção e a prestação de serviço do trabalhador ocorrerá a seu favor. Sendo ilícita a terceirização, ou seja, contratando-se prestação de serviço em atividade fim ou ainda dirigindo e punindo o trabalhador terceirizado, haverá formação do vínculo com a empresa tomadora do serviço, desfazendo-se com a empresa de trabalho terceirizado iii. b. Sendo a tomadora uma pessoa jurídica de direito público e lícita a terceirização, somente responderá a administração pública se incorrer em culpa in elegendo ou in vigilando quanto aos ditames previstos na Lei 8.666/93, e não pelo mero inadimplemento tal como ocorre com as pessoas jurídicas de direito privado iv. Sendo ilícita a terceirização, não haverá formação do vínculo com a administração pública, por força da ausência de concurso público (CF, art. 37, II). Por outro lado, tem entendido o TST que haverá responsabilidade solidária entre a tomadora e a pessoa jurídica de direito público.
3 3 Por fim, dispõe a OJ n. 383 da SDI do TST, que pela aplicação do princípio da isonomia, pode o trabalhador terceirizado postular os mesmos direitos remuneratórios do servidor ou funcionário da administração pública, desde que exercidas as mesmas funções: OJ 383 da SDI 1, TST. A contratação irregular de trabalhador, mediante empresa interposta, não gera vínculo de emprego com ente da Administração Pública, não afastando, contudo, pelo princípio da isonomia, o direito dos empregados terceirizados às mesmas verbas trabalhistas legais e normativas asseguradas àqueles contratados pelo tomador dos serviços, desde que presente a igualdade de funções. Aplicação analógica do art. 12, a, da Lei n.º 6.019, de Convém análise e atenta leitura da Súmula n. 331 do TST, verbis: Súmula nº 331 do TST I - A contratação de trabalhadores por empresa interposta é ilegal, formando-se o vínculo diretamente com o tomador dos serviços, salvo no caso de trabalho temporário (Lei nº 6.019, de ). II - A contratação irregular de trabalhador, mediante empresa interposta, não gera vínculo de emprego com os órgãos da Administração Pública direta, indireta ou fundacional (art. 37, II, da CF/1988). III - Não forma vínculo de emprego com o tomador a contratação de serviços de vigilância (Lei nº 7.102, de ) e de conservação e limpeza, bem como a de serviços especializados ligados à atividade-meio do tomador, desde que inexistente a pessoalidade e a subordinação direta. IV - O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do empregador, implica a responsabilidade subsidiária do tomador dos serviços quanto àquelas obrigações, desde que haja participado da relação processual e conste também do título executivo judicial. V - Os entes integrantes da Administração Pública direta e indireta respondem subsidiariamente, nas mesmas condições do item IV, caso evidenciada a sua conduta culposa no cumprimento das obrigações da Lei n.º 8.666, de , especialmente na fiscalização do cumprimento das obrigações contratuais e legais da prestadora de serviço como empregadora. A aludida responsabilidade não decorre de mero inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas pela empresa regularmente contratada.
4 4 VI A responsabilidade subsidiária do tomador de serviços abrange todas as verbas decorrentes da condenação referentes ao período da prestação laboral. QUESTÕES DA OAB i (OAB ) Luiz Henrique é professor de Direito Constitucional e, durante o período letivo, precisará se afastar por dois meses para submeter-se a uma delicada cirurgia de emergência. Em razão disso, a faculdade contratou um professor substituto por esse período, valendo-se de uma empresa de contrato temporário. Diante da situação apresentada, considerando a jurisprudência consolidada do TST, assinale a afirmativa correta. a) Caso se admitisse a validade dessa contratação, o professor contratado a título temporário não teria assegurado direito ao mesmo valor da hora-aula do professor afastado. b) A contratação é válida, pois, por exceção, o contrato temporário pode ser usado para substituição de pessoal relacionado à atividade-fim. c) A contratação somente seria válida se o professor afastado concordasse com ela, de forma expressa, sob pena de ser maléfica a alteração contratual. d) Inválida a contratação, pois a faculdade não poderia terceirizar sua atividade-fim, como é o caso da educação. ii (OAB ) João da Silva decidiu ampliar o seu consultório médico e, para isso, contratou o serviço do empreiteiro Vivaldo Fortuna. Ambos ajustaram o valor de R$ 5.000,00, cujo pagamento seria feito da seguinte maneira: metade de imediato e a outra metade quando do encerramento do serviço. Logo no início dos trabalhos, Vivaldo contratou os serventes Reginaldo Nonato e Simplício de Deus, prometendo-lhes o pagamento de um salário mínimo mensal. Ocorre que, passados três meses, Reginaldo e Simplício nada receberam. Tentaram entrar em contato com Vivaldo, mas este tinha desaparecido. Por conta disso, abandonaram a obra e ajuizaram uma ação trabalhista em face de João da Silva, pleiteando os três meses de salários atrasados, além das verbas resilitórias decorrentes da rescisão indireta provocada por Vivaldo. Diante desse caso concreto, é correto afirmar que João da Silva: a) deve ser condenado a pagar os salários atrasados e as verbas resilitórias decorrentes da rescisão indireta, uma vez que é o sucessor trabalhista de Vivaldo Fortuna. b) deve ser condenado a pagar apenas os salários atrasados, mas não as verbas resilitórias, uma vez que não foi ele quem deu causa à rescisão indireta. c) não deve ser condenado a pagar os salários atrasados e as verbas resilitórias decorrentes da rescisão indireta, uma vez que a obra não foi devidamente encerrada. d) não deve ser condenado a pagar os salários atrasados e as verbas resilitórias decorrentes da rescisão indireta, uma vez que é o dono da obra e não desenvolve atividade de construção ou incorporação. iii (OAB ) Paulo, empregado da empresa Alegria Ltda., trabalha para a empresa Boa Sorte Ltda., em decorrência de contrato de prestação de serviços celebrado entre as respectivas empresas. As
5 5 atribuições por ele exercidas inserem-se na atividade-meio da tomadora, a qual efetua o controle de sua jornada de trabalho e dirige a prestação pessoal dos serviços, emitindo ordens diretas ao trabalhador no desempenho de suas tarefas. Diante dessa situação hipotética, assinale a alternativa correta. a) A terceirização é ilícita, acarretando a nulidade do vínculo de emprego com a empresa prestadora e o reconhecimento do vínculo de emprego diretamente com a empresa tomadora. b) A terceirização é ilícita, acarretando a responsabilidade subsidiária da empresa tomadora pelas c) A terceirização é lícita, acarretando a responsabilidade subsidiária da empresa tomadora pelas d) A terceirização é lícita, não acarretando a responsabilidade subsidiária da empresa tomadora pelas iv (OAB ) ABC Manutenção e Limpeza manteve contrato de fornecimento de mão de obra de limpeza com Aeroportos Brasileiros, empresa pública federal. Por ocasião da ruptura do contrato entre as empresas, Paulo, funcionário da ABC Manutenção e Limpeza, e que prestava serviços para Aeroportos Brasileiros, foi dispensado sem receber as verbas rescisórias. Ajuizou ação trabalhista em face de ambas as empresas, sendo a empregadora revel. A tomadora dos serviços apresentou defesa com robusta documentação, demonstrando a efetiva fiscalização do cumprimento do contrato e de aspectos legais, sendo certo que o contrato foi cancelado justamente em razão desta fiscalização. Diante deste caso, assinale a afirmativa correta. a) A empresa pública federal responde solidariamente por força da terceirização. b) A empresa pública federal responde subsidiariamente por força da terceirização, haja vista o inadimplemento das obrigações trabalhistas por parte do empregador. c) A empresa pública federal é parte ilegítima para figurar no polo passivo da demanda porque não tem vínculo de emprego com Paulo. d) A empresa pública federal não responde pelo inadimplemento das verbas trabalhistas porque sua responsabilidade não decorre do simples inadimplemento contratual, tendo ficado provado, no caso, que houve efetiva fiscalização por parte da tomadora dos serviços.
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