MATERIAL DE APOIO PARA A ANÁLISE DO FILME DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA DESENVOLVIMENTO MOTOR

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1 MATERIAL DE APOIO PARA A ANÁLISE DO FILME DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA DESENVOLVIMENTO MOTOR Reflexos Respostas físicas automáticas desencadeadas involuntariamente por um estímulo específico. Os reflexos adaptativos são os essenciais para a sobrevivência do bebê e desaparecem durante o primeiro ano de vida. Exemplos de reflexos adaptativos: Quadro 1- Reflexos. Reflexo Estimulação Resposta Padrão desenvolvimental Rotação Esfregue a bochecha do bebê com o dedo ou o mamilo. Agarrar Tônicocervical Moro Marcha automática Babinski Esfregue a palma da mão do bebê com o seu dedo. Vire a cabeça do bebê para um lado, com ele deitado de costas e acordado. Faça um som alto perto do bebê ou deixe o bebê cair de repente. Segure o bebê pelas axilas, com os pés tocando o chão ou alguma outra superfície plana. Esfregue a sola do pé do bebê, indo dos dedos para o calcanhar. O bebê vira a cabeça na direção do toque, abre a boca e faz movimentos de sucção. O bebê vai segurar com força o seu dedo. O bebê assume uma postura de esgrima, com o braço estendido para um mesmo lado em que a cabeça está virada. O bebê estende os braços, pernas e dedos; arqueia as costas; atira a cabeça para trás. O bebê fará movimentos de passos, alternando os pés como se estivessem caminhando. O bebê vai abrir os dedos do pé como um leque. Depois de 3 semanas transforma-se em uma resposta voluntária de virar a cabeça. Desaparece aos 3 ou 4. Desaparece aos 4. Desaparece por volta de 6. Desaparece por volta de 8 semanas na maioria dos bebês. Desaparece entre 8 e 12. Os reflexos são o ponto de partida de muitas habilidades motoras importantes, incluindo, alcançar, agarrar e caminhar. Habilidades motoras Em seu desenvolvimento, as habilidades motoras seguem dois amplos padrões: céfalo-caudal, no qual o desenvolvimento parte da cabeça e prossegue para baixo, e próximo-distal, do tronco para fora. Assim, o bebê sustenta a cabeça antes de sentar ou de se virar e senta antes de engatinhar. O desenvolvimento motor inclui as habilidades de movimento, chamadas habilidades motoras amplas, como engatinhar, caminhar, correr e andar de bicicleta; e as habilidades de 1

2 manipulação, chamadas habilidades motoras finas, como agarrar e apanhar objetos, segurar um lápis e usar uma agulha. Quadro 2 - Seqüência de desenvolvimento das principais habilidades motoras. Idade Habilidades Motoras amplas Habilidades manipulativas/ motoras finas 1-3 Manifesta o reflexo de caminhar; ergue a cabeça; senta com apoio. Segura objetos se colocados em sua mão; começa a golpear objetos. 4-6 Rola; senta com auto-apoio aos 6 ; rasteja. Tenta alcançar e agarra objetos, usando uma mão para agarrar. 7-9 Senta sem apoio; engatinha. Transfere objetos de uma mão para a outra; aos 9, consegue agarrar com o polegar e com Coloca-se em pé; caminha agarrando aos móveis, depois caminha sem ajuda; curva-se e agacha-se Caminha para trás e para os lados; corre (14-20 ). 2-4 anos Corre com facilidade; sobe escadas usando um pé por degrau; pula nos dois pés; pedala e dirige um triciclo. 4-7 anos Sobe e desce degraus usando um pé por degrau; caminha na ponta dos pés; caminha em uma linha fina; pula, arremessa e agarra muito bem. o indicador ( Movimento de pinça ). Agarra uma colher, segurando-a com a palma da mão, mas tem má pontaria ao levar o alimento à boca (pode ocorrer mais cedo, a partir dos 7 ). Empilha dois blocos; coloca objetos em pequenos recipientes e despeja-os. Segura um lápis com os dedos; depois entre o polegar e os dois primeiros dedos (3-4 anos); recorta papel com tesoura. Enfia uma linha em contas, mas não em uma agulha (4-5 anos); enfia uma linha na agulha (5-6 anos). Agarra bem o lápis, mas escreve ou desenha com rigidez e com concentração. DESENVOLVIMENTO COGNITIVO Jean Piaget realizou uma série de experimentos a fim de entender como se desenvolve o conhecimento da criança a respeito do mundo. Piaget descobriu que na construção deste conhecimento, a criança tenta adaptar-se ao mundo. Estágios do desenvolvimento de acordo com Piaget: Período sensório motor (0 a 3 anos): O funcionamento intelectual é totalmente prático, ou seja, vinculado à ação. A criança passa da ação reflexiva para a ação voluntária. Quadro 3 - Características cognitivas do período sensório-motor. Subestágio Idade Classificação Características () Reflexos Prática de esquemas ou reflexos inatos como sugar ou olhar. Sem imitação ou capacidade de integrar informações de diferentes sentidos Reações primárias Acomodação de esquemas básicos conforme o bebê os pratica interminavelmente agarrar, olhar e sugar. Início de coordenação de esquemas de diferentes sentidos, como olhar na direção de um som. Não vincula ações de seu corpo a algum resultado real fora Reações dele. O bebê torna-se mais consciente dos eventos fora de seu corpo e tenta fazer com que aconteçam novamente, em uma espécie de 2

3 secundárias Coordenação de esquemas secundários Reações terciárias Início do pensamento representacional aprendizagem por tentativa e erro. Existe imitação de esquemas que já fazem parte do repertório do bebê. Início de entendimento do conceito de objeto. Comportamento intencional de coordenarem meios e fins. O bebê não só busca o que quer, mas também combina dois esquemas para conseguir isso, como empurrar uma almofada para o lado para pegar um brinquedo. Imitação de comportamentos novos. Início da experimentação. O bebê tenta novas maneiras de brincar com o objeto e manipula-los. Exploração por tentativa e erro, ativa e intencional. Desenvolvimento do uso de símbolos para representar objetos ou eventos. A criança compreende que o símbolo está separado do objeto. Aqui começa a imitação diferida (a criança vê uma ação e a imita em um momento posterior, quando o modelo não está mais visível). Noção de permanência de objeto (aproximadamente 8 ): a criança é capaz de conservar a imagem de um objeto em sua mente mesmo ele estando fora de seu campo visual. Estágio pré-operacional (3 a 6 anos): Utilização do pensamento simbólico, compreensão de identidades, causa e efeito, de classificar, compreender números e pouca capacidade de pensar logicamente. Quadro 4 - Avanços cognitivos da segunda infância (3 a 6 anos). Avanço Significado Exemplo Uso de símbolos Poder pensar sobre algo sem precisar vê-lo à sua frente. A criança pode falar sobre algo sem tê-lo a sua frente. Brincadeira de fazde-conta Entre 2 e 3 anos de idade, as crianças começam a usar os objetos para A criança usa uma vassoura como se fosse um cavalo ou fazer caminhões com blocos. identidades causa e efeito números Capacidade de classificar Empatia Teoria da mente representar algo totalmente diferente. Conhecimento sobre a previsibilidade e organização do mundo. Alterações superficiais não mudam a natureza das coisas. Percepção que se pode fazer os eventos acontecerem. Habilidade de contar e lidar com quantidades. Capacidade de organizar objetos, pessoas e eventos em categorias de significado. As crianças tornam-se capazes de imaginar como os outros poderiam se sentir. Torna-se possível explicar e prever as ações de outras pessoas imaginando suas crenças, sentimentos e pensamentos. A mãe vestida de palhaço é reconhecida como sua mãe. A criança sabe que, se pular numa poça seus tênis ficarão sujos, e pode optar por pular ou não. A criança tem dois pastéis sobre o prato, ela sai da mesa e quando volta só encontra um. Pergunta: quem pegou o meu pastel? A criança lista quais de seus colegas são legais e quais são chatos e diz que é amiga dos legais. A criança ganha algo e agradece mesmo que não queira, pois imagina que do contrário o outro ficará chateado. A criança quer jogar bola e sua mãe diz que não. Então, a criança pede ao seu pai, mas não diz que a mãe já disse que não. Ele sabe que se o pai souber, ele também dirá não. 3

4 Estágio operacional-concreto (7 a 12 anos): Nesse estágio, há uma diminuição do egocentrismo e o uso do pensamento (operações mentais) para resolver problemas concretos (reais). Ocorre o pensamento lógico, que leva em conta vários aspectos de uma situação. A maior capacidade de compreender o ponto de vista dos outros auxilia a socialização e o desenvolvimento moral. Limitação: pensamento sobre o aqui e o agora, de forma concreta e imediata. Não são capazes de pensar em termos hipotéticos (abstrato). Quadro 4 - Avanços cognitivos da idade escolar. Avanços Significado Conservação Capacidade de reconhecer que a quantidade de alguma coisa permanece igual mesmo que o material seja reorganizado. Atributos: número, substância, comprimento, área, peso e volume. Classificação Capacidade de dividir itens em categorias o que permite organizar e compreender o mundo. Inclusão de classe: capacidade de perceber o relacionamento entre o todo e suas partes. Seriação Capacidade de organizar os objetos em uma série, dispondo-os em ordem de acordo com uma ou mais dimensões. Exemplo: peso (do mais leve ao mais pesado). Inferência transitiva Capacidade de reconhecer uma relação entre dois objetos e um terceiro. Comparação entre eles. Números e matemática Capacidade de manipular símbolos, apreciar conceitos como reversibilidade e compreender a seriação e a idéia de parte e todo. Distinção de fantasia e realidade Capacidade de diferenciar o que é real e o que é imaginário. Julgamento moral Capacidade de fazer julgamentos morais mais consistentes ao considerar uma situação de mais de um ponto de vista. Maior flexibilidade. DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM Uso de sistemas de sons ou gestos de maneira simbólica. Aspectos importantes: Sistema arbitrário de símbolos no qual palavras ou gestos representam coisas. É governada por regras para reunir símbolos. É criativo, combina símbolos de novas maneiras para criar novos significados. Linguagem receptiva: compreensão do significado das palavras faladas. Ocorre por volta dos 9. Linguagem expressiva: Ocorre a partir dos 14. Habilidade da criança de falar e se comunicar oralmente. Aspectos importantes para o desenvolvimento da linguagem: Imitação: A imitação desempenha um papel importante no desenvolvimento da linguagem, pois a criança aprende a linguagem que escuta, o balbucio vai ficando parecido com os sons da linguagem ouvida, as crianças imitam frases que ouvem e aprendem a falar com o mesmo sotaque dos pais. Qualidade da linguagem dos pais: A quantidade e a qualidade da linguagem dirigida à criança é muito importante para o desenvolvimento. A linguagem dirigida ao bebê chamada de motherese apresenta um tom mais agudo e são preferidas pelos bebês. Essa fala ajuda a criança a repetir o que está sendo falado de forma simples e com repetições. 4

5 Quadro 5 - Características do desenvolvimento da linguagem. Idade em Desenvolvimento da linguagem Nascimento O bebê é capaz de perceber a fala, chorar e dar alguma resposta ao som. 1,5 a 3 Arrulha e ri. 3 Brinca com os sons da fala. 5 a 6 Produz sons de consoantes, tentando imitar o que ouve. 6 a 10 Balbucia seqüências de consoantes e vogais. 9 Usa gestos e brinca com os mesmos. 9 a 10 Começa a compreender palavras (geralmente não e seu próprio nome); imita os sons. 9 a 10 Discrimina os sons da própria língua. 9 a 12 Uso de gestos para se comunicar. 10 a 14 Diz a primeira palavra (geralmente um rótulo para alguma coisa); imita os sons. 10 a 18 Diz palavras isoladas. 13 Compreensão do significado da palavra. 13 Usa gestos mais elaborados. 14 Usa gestos simbólicos. 16 a 24 Aprende muitas palavras novas, expandindo seu vocabulário rapidamente, partindo de cerca de 50 palavras para até 400; usa verbos e adjetivos. 18 a 24 Diz sua primeira frase (duas palavras). 20 Usa menos gestos; nomeia mais coisas. 20 a 22 Salto na compreensão. 24 Usa muitas frases de duas palavras; não balbucia mais; quer conversar. 30 Aprende novas palavras quase todos os dias; fala combinando três ou mais palavras; compreende muito bem; comete alguns erros gramaticais. 36 Fala cerca de 1000 palavras, 80% das quais inteligíveis; comete erros de sintaxe. Bibliografia consultada Bee, H. (2003). A criança em desenvolvimento. ( Trad. Maria Adriana Veríssimo Veronese ). Porto Alegre: Artmed, 9ª. Ed. Papalia, D.E., Olds, S.W. (2000). Desenvolvimento Humano. Porto Alegre: Artes Médicas, 7ª. Ed. 5