22º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental
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- Irene Freire Antas
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1 22º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental 14 a 19 de Setembro Joinville - Santa Catarina VI-048- BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO JACUÍ RS. QUALIDADE DAS ÁGUAS SUPERFICIAIS Enio Henriques Leite (1) Engº Químico, formado pela UERJ em 1979, com especializações em Engenharia de Saúde Pública (Fiocruz, 1980), Ecologia Humana (Unisinos, 1981) e Planejamento e Administração de Recursos Naturais (UFBA, 1986). Exerce atividades profissionais na FEPAM Fundação Estadual de Proteção Ambiental, órgão estadual de meio ambiente do Rio Grande do Sul, esde Endereço residencial (1) : Rua Landel de Moura, 745/404, bairro Tristeza, CEP , PORTO ALEGRE-RS. Fone residencial : (051) Celular : (051) eniohl@portoweb.com.br (residencial) ou eniohl@fepam.rs.gov.br (serviço) Maria Salete Cobalchini (2) Engª Civil, formada pela UFSM em 1978, com especialização em Engenharia Sanitária (USP, 1979), Ecologia Humana (Unisinos, 1981). Exerce atividades profissionais na FEPAM Fundação Estadual de Proteção Ambiental, órgão estadual de meio ambiente do Rio Grande do Sul, desde Endereço residencial (2): Rua Landel de Moura, 745/404, bairro Tristeza, CEP , PORTO ALEGRE-RS. Fone residencial: (051) Celular : (051) msalete@portoweb.com.br (residencial) ou mariasc@fepam.rs.gov.br (serviço) Ingrid Adegas Roese (3)
2 Acadêmica de Engenharia da PUC / RS, estagiária da FEPAM Fundação Estadual de Proteção Ambiental do Estado do Rio Grande do Sul, desde Endereço residencial (3): Av. General Barreto Viana, 361/201, bairro Chácara das Pedras, CEP , PORTO ALEGRE-RS. Fone residencial: (051) ingridadegas@globo.com RESUMO O trabalho tem como objetivo avaliar a qualidade das águas superficiais da bacia hidrográfica do rio Jacuí, Estado do Rio Grande do Sul, indicando áreas críticas de poluição de origem cloacal e industrial, identificando os parâmetros mais comprometidos, e as possíveis fontes de degradação ambiental. PALAVRAS-CHAVE: IQA, Qualidade da Água, Rio das Antas, Rio Jacuí, Monitoramento. INTRODUÇÃO Em abril de 2002, teve início a Rede Integrada do Pró-Guaíba, também com a participação da Fepam, Corsan e Dmae, mas neste trabalho são utilizados apenas os dados gerados pela Fepam na Rede Pró-Guaíba As coletas e análises são realizadas pelo Departamento de Laboratório da FEPAM, e os dados são armazenados e interpretados pelo Departamento de Qualidade da FEPAM. Para interpretação dos dados foram utilizadas duas metodologias: comparação com a Resolução nº 20/86 do CONAMA; I Q A Índice de Qualidade da Água. Para interpretação dos dados comparando com a Resolução nº 20/86 do CONAMA, foram utilizados os parâmetros oxigênio dissolvido (OD), demanda bioquímica de oxigênio (DBO) e coliformes fecais, com representações gráficas das concentrações médias e gráficos das freqüências das Classes do Conama, para estes parâmetros em cada local de amostragem ao longo do período monitorado. Serão utilizados também gráficos dos metais pesados as respectivas freqüências das Classes do Conama.
3 Descrição da área A bacia hidrográfica do rio Jacuí tem área de km2, que corresponde a 83,5 % da área da região hidrográfica do Guaíba. O rio Jacuí nasce no Planalto, nos municípios de Passo Fundo e Marau, e toda a sua área de drenagem caracteriza-se pelo uso intensivo do solo para agricultura e pecuária. O seu trecho superior caracteriza-se também pelo aproveitamento energético, onde estão instaladas as UHEs Ernestina, Passo Real, Salto do Jacuí, Itaúba e Dona Francisca. O rio Jacuí tem suas principais nascentes localizadas no Planalto, cerca de 10 km a leste da cidade de Passo Fundo, numa altitude aproximada de 730 m. Seu comprimento total é cerca de 860 km. Corre, na direita, o rio Jacuí-mirim; muda para a direção sul até a Depressão Central, onde recebe as águas dos rios Vacacaí-mirim e Vacacaí na margem direita. Daí toma a direção oeste-leste. Percorrendo cerca de 300 km até sua foz, com e formação do Delta do Jacuí, onde desemboca os rios Gravataí, Sinos e Caí. A precipitação média anual na bacia é variável, atingindo mm no seu valor mais alto, nas zonas compreendidas pelo curso principal do rio Jacuí até a foz do Jacuizinho e pelas cabeceiras do rio das Antas. O seu valor mais baixo, em torno de mm anuais, encontra-se na zona compreendida pelo curso principal do rio Jacuí, entre Dona Francisca e a confluência com o rio Taquari. Os principais contribuintes do Jacuí, em sua margem direita são os rios Jacuí-mirim, Ivaí, Vacacaí-mirim e Vacacaí, e na margem esquerda os rios Jacuizinho, Pardo e Taquari. Na área de drenagem da bacia do Jacuí encontram-se aglomerações urbanas de porte significativo, destacando-se as cidades de Santa Maria (face leste), Cachoeira do Sul, Rio Pardo, São Jerônimo, Triunfo, Caxias do Sul (Face norte que drena para o rio das Antas), Lajeado (rio Taquari), Estrela (rio Taquari) e Taquari (rio Taquari). A bacia hidrográfica do Jacuí, formada pelas áreas de drenagem do Vacacaí, Vacacaímirim, Pardo, Taquari, Antas e o próprio Jacuí, além de outros mananciais, é das mais importantes bacias hidrográficas do Estado do Rio Grande do Sul. A área norte do rio Jacuí predominam as culturas intensivas de soja e trigo, através do sistema de cultura rotativa. Na área sul aparece, além destas culturas, o cultivo do arroz e um incremento da pecuária.. Salientamos que o mau uso do solo agrícola e a falta de práticas conservacionistas conduzem aos processos de erosivos, com o aumento da turbidez e dos sólidos totais nas águas desta bacia. Portanto, o mau uso do solo agrícola associado a aplicação indiscriminada de agrotóxicos contribuem para a degradação da qualidade ambiental nesta bacia.
4 Destaca-se a demanda de água para irrigação de lavouras de arroz, que somam cerca de ha plantados, que necessitam, no período de novembro e abril, cerca de m3/s. Fica claro então a necessidade de um planejamento adequado dos recursos hídricos devidos aos conflitos de uso de quantidade de água. Já ocorreram conflitos de uso de demanda de água, entre lavouras de arroz e sistemas de abastecimento público, especialmente em períodos de estiagem. Estes e outros assuntos são objetos de debates e estudos nos 4 comitês de bacias existentes na região, quais sejam: Comitê Alto Jacuí, Comitê Baixo Jacuí, Comitê Vacacaí/Vacacaí-mirim e Comitê Pardo. No trecho final do rio Jacuí destacam-se as atividades de mineração de carvão e operação de usinas termelétricas à carvão. O rio Jacuí é navegável da foz até Cachoeira do Sul, trecho onde se localizam 3 barragens para navegação. É o principal trecho de pesca comercial de águas interiores do Rio Grande do Sul. METODOLOGIA Em abril de 2002, teve início a Rede Integrada do Pró-Guaíba, também com a participação da Fepam, Corsan e Dmae, mas neste trabalho são utilizados apenas os dados gerados pela Fepam na Rede Pró-Guaíba. As coletas e análises são realizadas pelo Departamento de Laboratório da FEPAM, e os dados são armazenados e interpretados pelo Departamento de Qualidade da FEPAM. Para interpretação dos dados foram utilizadas duas metodologias: comparação com a Resolução nº 20/86 do CONAMA; I Q A Índice de Qualidade da Água. QUADRO DOS PONTOS DE AMOSTRAGEM RIO JACUÍ CÓDIGO COORDENADAS LOCALIZAÇÃO JA 061
5 S ,0" W ,3" Montante da foz do rio Taquari JA 194 PD 005 S ,5" W ,1" Foz do rio Pardo. JA194 PD117 S ,3" W ,4" Nascente do rio Pardo, montante de Candelária JA 427 VM 034 S ,5" W ,4" Rio Vacacaí-mirim, Restinga Seca JA 421 VC 049 S ,9" W ,3" Foz do Vacacaí, no Passo das Tunas JA 421 VC 091 S ,8" W ,5" Rio Vacacaí, em Passo Verde
6 JA 483 S ,5" W ,6" Rodovia RST-287 JA 704 S ,6" W ,6" Espumoso JA 852 S ,9" W ,1" Nascentes, RS-324 Quadro 1 Rede de Monitoramento da Qualidade das Águas do Rio das Antas e Rio Taquari RS Foram adotados estes três parâmetros com base nos respectivos argumentos: Oxigênio dissolvido: fundamental para a preservação da vida aquática; DBO: indicador da presença de matéria orgânica, seja de origem cloacal ou industrial; Coliformes fecais: indicador da presença de esgotos cloacais. Foram utilizados 3 tipos de gráficos: Freqüência de Classes, Médias Anuais e Metais Pesados. Gráficos das Freqüências de Classes: representam o universo das análises realizadas em cada local de amostragem, comparando cada valor encontrado com a Classe correspondente da Resolução Nº 20/86-CONAMA. A contabilização dos resultados é representada em blocos superpostos onde consta o percentual de cada Classe encontrada em relação ao universo das análises realizadas. Médias Anuais: demonstra o comportamento médio anual de cada um dos 3 parâmetros (oxigênio dissolvido, DBO e coliformes fecais) ao longo do período monitorado
7 Gráfico dos Metais Pesados: Indica a freqüência das análises de metais pesados que ultrapassaram os respectivos limites da Classe 1 da Resolução Nº 20/86-CONAMA. A freqüência das análises acima do limite é expressa na forma percentual em relação ao universo das análises para cada metal em cada um dos locais de amostragem. Os metais considerados são: cádmio, chumbo, cobre, cromo total, mercúrio, níquel e zinco. TEXTO A avaliação será feita utilizando a metodologia de Índice de Qualidade das Águas IQA. O IQA adotado é o da NSF National Sanitation Foundation, adaptado com a retirada do parâmetro temperatura, e utilizando o nitrogênio total em lugar do nitrato. No seu cálculo são considerados os seguintes parâmetros : oxigênio dissolvido, coliformes fecais, DBO, ph, nitrogênio total, fosfato total, turbidez, sólidos totais. A adaptação do IQA foi feita por técnicos da Fepam, Corsan e Dmae quando da criação da Rede Integrada do Rio dos Sinos, em Os Índices de Qualidade serão anuais, tendo por base as médias anuais de cada um dos parâmetros utilizados no cálculo do IQA. Foram utilizados dados históricos gerados pela Rede de Monitoramento da Fepam (anteriores ao Pró-Guaíba), e dados gerados pela Fepam para a Rede de Monitoramento Ambiental do Pró-Guaíba. Neste trabalho não estão incluídos os dados gerados pela Corsan e Dmae para a Rede Pró- Guaíba, pois ainda não foi assinado um Protocolo para troca de dados entre as Entidades que participam da Rede Pró-Guaíba. O cálculo dos Índices de Qualidade será anual, tendo por base as médias anuais de cada um dos parâmetros utilizados no cálculo do IQA. O IQA adotado utiliza as seguintes faixas de qualidade: NOTA CONCEITO 0 À 25 Muito Ruim 26 À 50 Ruim 51 À 70
8 Regular 71 À 90 Boa 91 À 100 Excelente Tabela 1 Faixas do Índice de Qualidade das Águas IQA, adotado pelo NSF-National Sanitation Foundation. O monitoramento iniciou em abril de 2002, e portanto os dados não são ainda representativos do comportamento geral da qualidade das águas. Os dados parciais de 2002 indicam apenas um local com qualidade na faixa "Boa" : o rio Pardo, trecho de nascentes à montante de Candelária. Os demais locais de amostragem, nos rios Jacuí, Vacacaí, Vacacaí-mirim e Pardo apresentam qualidade na faixa "Regular", mas também estes dados ainda não refletem o comportamento médio, pois são dados apenas das amostragens trimestrais do ano de Figura 1 Índices de Qualidade das Águas - IQA, valores anuais dos locais de monitoramento da bacia hidrográfica do rio Jacuí - RS. Concentrações de Oxigênio Dissolvido Os locais monitorados no trecho inicial mostram valores nas Classes 1 e 2. São locais de intensa agricultura de trigo e soja. Posteriormente, já a jusante das barragens hidrelétricas, a oxigenação foi sempre de Classe 1, e na foz onde o rio é mais lento e sem corredeiras os resultados foram de Classe 3 e 4. A matéria orgânica pode não ter influenciado estes resultados na foz, pois as médias anuais de DBO (vide Concentrações de DBO) são de 1,0 mg/l (Classe 1). Avaliando as médias anuais, todos os locais apresentam valores de Classe 1 (superiores a 6,0 mg/l) exceto a foz. Figura 2- Freqüências das Classes de Oxigênio dissolvido. Figura 3 Concentrações médias anuais de Oxigênio Dissolvido.
9 Concentrações de DBO As concentrações de matéria orgânica nos locais monitorados do rio Jacuí e afluentes foram sempre de Classe 1 (inferiores a 3,0 mg/l, e com médias anuais em torno de 1,0 mg/l. A bacia hidrográfica do Jacuí devido ao seu grande volume de água provavelmente dilui a matéria orgânica nela lançada. Figura 4 Freqüências das Classes de DBO. Figura 5 - Concentrações médias anuais de DBO. Concentrações de coliformes fecais A nascente apresentou o pior resultado dentre os locais monitorados, mas trata-se de uma região de intenso uso agrícola e de baixa vazão, sendo esta a provável causa dos resultados deste local. Os demais locais alternam resultados nas Classes 1 e 2. Os afluentes, como o rio Vacacaí-mirim (Restinga Seca), Vacacaí (Passo do Verde e Passo das Tunas) e nascentes do rio Pardo estão sempre na Classe 1. O ponto do Passo das Tunas é um balneário no rio Vacacaí. Figura 6 - Freqüências das Classes de coliformes fecais. Figura 7 - Concentrações médias anuais de coliformes fecais. Concentrações de metais pesados Nenhum dos locais monitorados trimestralmente em 2002 apresentou resultados superiores aos respectivos limites fixados pelo CONAMA para as Classe 1, 2 ou 3. Figura 8 Percentual de análises acima das Classes 1 e 2 do CONAMA.
10 Figura 9 - Percentual de análises acima da Classe 3 do CONAMA. CONCLUSÕES O monitoramento trimestral da qualidade das águas da bacia hidrográfica do rio Jacuí, abrangendo os rios Vacacaí-mirim, Vacacaí e Pardo, teve seu início em abril de Os dados históricos são muito recentes para uma avaliação do comportamento médio destes corpos hídricos. No entanto, os dados já sinalizam os problemas na área de nascente, onde há uso agrícola intensivo, e no local há uma ponte de uma rodovia federal onde é intenso o tráfego de caminhões. O local não tem característica de nascente. Os rios formadores, até o momento apresentaram bons resultados, especialmente a nascentes do rio Pardo, este sim com características típicas de nascente. Alertamos que para avaliar as possíveis contaminações por agrotóxicos deveria ser realizada pesquisa direcionada para este fim, utilizando análises para os principais princípios ativos utilizados nestes produtos, especialmente nas culturas de trigo e soja. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS FEPAM / DPD, Qualidade dos recursos hídricos superficiais da bacia do Guaíba - subsídio para o processo de Enquadramento. Simpósio Internacional sobre Gestão de Recursos Hídricos. Gramado. FEPAM Fundação Estadual de Proteção Ambiental / PRÒ-GUAIBA, Diagnóstico da poluição gerada pelas indústrias localizadas na área da bacia hidrográfica do Guaíba. Porto Alegre.
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