PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL MINUTA DE JULGAMENTO FLS. *** SEXTA TURMA ***

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1 TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL MINUTA DE JULGAMENTO FLS. *** SEXTA TURMA *** AMS-SP PAUTA: 07/02/2007 JULGADO: 07/02/2007 NUM. PAUTA: RELATOR: JUIZ CONV. MIGUEL DI PIERRO PRESIDENTE DO ÓRGÃO JULGADOR: DES.FED. CONSUELO YOSHIDA PRESIDENTE DA SESSÃO: DES.FED. CONSUELO YOSHIDA PROCURADOR(A) DA REPÚBLICA: Dr(a). DARCY SANTANA VITOBELLO AUTUAÇÃO Agronomia Filho - CREA APDO : Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita UNESP ADVOGADO(S) SUSTENTAÇÃO ORAL CERTIDÃO Certifico que a Egrégia SEXTA TURMA,ao apreciar os autos do processo em epígrafe, em sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão: A Turma, por unanimidade, negou provimento à apelação e à remessa oficial, tida esta por interposta, nos termos do voto do(a) Relator(a). Votaram os(as) DES.FED. MAIRAN MAIA e DES.FED. CONSUELO YOSHIDA. MARCELO RIBEIRO GONÇALVES TEOTONIO Secretário(a) Página 1 de 6

2 PROC. : AMS 4442 ORIG. : Vr SAO PAULO/SP Agronomia - CREA APDO : Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho UNESP RELATOR : JUIZ FEDERAL CONV. MIGUEL DI PIERRO/ SEXTA TURMA R E L A T Ó R I O O Exmo. Sr. Juiz Federal Convocado em Substituição Regimental MIGUEL DI PIERRO (Relator): Cuida-se de Mandado de Segurança ajuizado em pela Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho UNESP, em face do Presidente do Conselho Regional de Engenharia Arquitetura e Agronomia - CREA, objetivando assegurar o direito de indicar um titular e respectivo suplente de cada uma de suas unidades universitárias na área de Engenharia, Arquitetura e Agronomia, para integrar a composição do CREA-SP. Alega, em síntese, que o art. 37, alínea b, da Lei n /66, que regula o exercício das profissões de Engenheiro, Arquiteto e Engenheiro Agrônomo, dispõe que farão parte da Constituição dos Conselhos Regionais um representante de cada escola ou faculdade de engenharia, arquitetura e agronomia com sede na Região. No entanto, contrariando a referida lei e com apoio na Resolução n. 289 do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia, a impetrada lhe comunicou que somente poderia indicar um conselheiro e respectivo suplente para representá-la, contrariando o que vinha ocorrendo anteriormente. A impetrada, em suas informações, sustenta, preliminarmente, o não cabimento de mandado de segurança contra Lei em tese e a decadência do direito de requerer, uma vez esgotado o quadrimestre legal. No mérito, alega não existir antagonismo entre a Resolução questionada e a Lei n /66. Rejeitadas as preliminares, o pedido foi julgado procedente ( ) (fls. 35/36). A impetrada interpôs, tempestivamente, o recurso de apelação, postulando a reforma integral da sentença (fls. 39/47). Com as contra-razões, os autos vieram a esta Corte (fls. 49/55). O Ministério Público Federal opinou pelo improvimento da apelação (fls. 59/60). Página 2 de 6

3 Dispensada a revisão, na forma regimental. É o relatório. Página 3 de 6

4 PROC. : AMS 4442 ORIG. : Vr SAO PAULO/SP Agronomia - CREA APDO : Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho UNESP RELATOR : JUIZ FEDERAL CONV. MIGUEL DI PIERRO/ SEXTA TURMA VOTO O Juiz Federal convocado, em Substituição Regimental, MIGUEL DI PIERRO (Relator). Não obstante a omissão quanto à sujeição da sentença ao reexame necessário, examino o processo também por este ângulo por força de disposição contida no artigo 12, parágrafo único, da Lei nº 1.533/51. No presente caso, a impetrante visa afastar exigência formulada pela autoridade coatora, amparada no artigo 3o da Resolução 289/83 do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia, através da qual a indicação para a composição dos conselhos regionais não deveria mais ser de um representante para cada escola ou faculdade, mas sim de um representante para cada instituição de ensino superior, equiparando indevidamente o estabelecimento superior isolado (faculdade) às universidades. A alínea b do artigo 37 da Lei 5.194/66 previa que os conselhos regionais seriam constituídos de brasileiros diplomados em curso superior, legalmente habilitados, obedecida em sua composição, a permanência de um representante de cada escola ou faculdade de engenharia, arquitetura e agronomia com sede na região. A Lei n.4.024/61, que fixava as diretrizes e bases da educação nacional na época fazia a distinção ao mencionar que o ensino superior seria ministrado em estabelecimentos, agrupados ou não em universidades (art.67), que a expedição de diplomas seria feita pelas universidades ou estabelecimentos isolados de ensino superior (art.68), e mais especificamente, que as universidades constituem-se pela reunião, sob administração comum, de cinco ou mais estabelecimentos de ensino superior (art.79). Havia, inclusive, uma separação na mesma lei em capítulos próprios dentro do título IX, que tratava da educação de grau superior, entre universidades (capítulo II) e estabelecimentos isolados de ensino superior (capítulo III). Essa distinção permaneceu na Lei 5.540/68, que também regulou o ensino superior, e pode ser extraída da atual lei de diretrizes e bases da educação (Lei 9.394/96) que menciona instituições superiores universitárias e não universitárias (arts. 43 e seguintes). Página 4 de 6

5 Com efeito, havendo clara distinção na lei entre estabelecimento isolado (faculdade) e universidade, não poderia o Conselho, ao editar ato normativo, desprezá-la para equipará-los. Dentro do ordenamento jurídico deve-se preservar a hierarquia entre as normas visando garantir a lógica, a ordem e a segurança do sistema. As normas podem ser classificadas hierarquicamente conforme sua maior ou menor intensidade criadora do direito, conformando-se as normas inferiores às normas de categoria superior. Por outro lado, as leis devem assumir um caráter genérico, necessitando de normas complementares à sua execução, que não podem, contudo, implicar em alteração de sua substância, criando ou extinguindo direitos. Como já destacava Vicente Ráo não devem as leis descer a detalhes, em particular aos de ordem formal, aos que indiquem os modos de seu cumprimento. Semelhante tarefa complementar, de execução, melhor se coaduna com as funções do poder executivo, entre as quais normalmente se insere, caracterizando-se ora como faculdade, ora como dever, de regulamentação das leis. São os regulamentos, pois, prescrições práticas que têm por fim preparar a execução das leis, completando-as em seus detalhes, sem lhes alterar, todavia, nem o texto, nem o espírito (in. O direito e a vida dos direitos. São Paulo: Resenha Universitária, 1976, 1o vol. Tomo II, 2a ed, p.267). Assim sendo, a Resolução do CONFEA que traz restrições não previstas em lei, não pode prevalecer ao extrapolar os limites próprios da natureza do regulamento, exorbitando a sua função de caráter complementar à lei, voltada à sua pronta e fiel execução. Destarte, de rigor a manutenção da sentença. Ante o exposto, nego provimento à apelação e à remessa oficial, tida por interposta. É como voto. MIGUEL DI PIERRO Juiz Federal Convocado em Substituição Regimental Página 5 de 6

6 PROC. : AMS 4442 ORIG. : Vr SAO PAULO/SP Agronomia - CREA APDO : Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho UNESP RELATOR : JUIZ FEDERAL CONV. MIGUEL DI PIERRO/ SEXTA TURMA EMENTA DIREITO ADMINISTRATIVO RESOLUÇÃO CONFEA INDICAÇÃO DE REPRESENTANTE DISTINÇÃO ENTRE FACULDADE E UNIVERSIDADE PREVISTA EM RESOLUÇÃO AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL LEI 5.164/66 HIERARQUIA DAS NORMAS. A alínea b do artigo 37 da Lei 5.194/66 previa que os conselhos regionais seriam constituídos de brasileiros diplomados em curso superior, legalmente habilitados, obedecida em sua composição, a permanência de um representante de cada escola ou faculdade de engenharia, arquitetura e agronomia com sede na região. Havendo clara distinção na lei entre estabelecimento isolado (faculdade) e universidade, não poderia o Conselho, ao editar ato normativo, desprezá-la para equipará-los. Dentro do ordenamento jurídico deve-se preservar a hierarquia entre as normas visando garantir a lógica, a ordem e a segurança do sistema. As normas podem ser classificadas hierarquicamente conforme sua maior ou menor intensidade criadora do direito, conformando-se as normas inferiores às normas de categoria superior. A Resolução do CONFEA que traz restrições não previstas em lei, não pode prevalecer ao extrapolar os limites próprios da natureza do regulamento, exorbitando a sua função de caráter complementar à lei, voltada à sua pronta e fiel execução. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos em que são partes as acima indicadas, DECIDE a Sexta Turma do E. Tribunal Regional Federal da Terceira Região, por unanimidade, negar provimento à apelação e à remessa oficial tida por interposta, nos termos do voto do Senhor Juiz Federal Convocado em Substituição Regimental e na conformidade da minuta de julgamento, que ficam fazendo parte integrante deste julgado. São Paulo, 07 de fevereiro de (data do julgamento) MIGUEL DI PIERRO Juiz Federal Convocado em Substituição Regimental Página 6 de 6