Como minimizar reações adversas no processo de coleta de sangue total
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- Aurélio Henriques Bennert
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1 Como minimizar reações adversas no processo de coleta de sangue total Regis Chimatti Martins Enfermeiro - Setor Triagem Clínica da Fundação Pró-Sangue Hemocentro de São Paulo - FPSHSP
2 Conflitos de Interesse Declaro que não há conflitos de interesse.
3 Reações Adversas (RA) Definição Quais são as mais prevalentes Reação Vasovagal (Por que enfatiza-la) Como minimizar a sua ocorrência
4 Definição Resposta não intencional do doador, associada à coleta de unidade de sangue, hemocomponente ou células progenitoras hematopoéticas, que resulte em óbito ou risco à vida, deficiência ou condições de incapacitação temporária ou não, necessidade de intervenção médica ou cirúrgica, hospitalização prolongada ou morbidade, dentre outras. (ANVISA, 2015)
5 Classificação quanto a Gravidade Grau 1 Leve sinal/sintoma local, sem dor que impeça o doador de exercer suas atividades habituais ou que persista por até duas semanas; ou reações sistêmicas com sintomas subjetivos com recuperação rápida (menos de 30 minutos), como tontura, náusea, desconforto, palidez. Grau 2 Moderada sintoma local que impeça o doador de exercer suas atividades habituais ou que persista por mais de duas semanas; ou reações sistêmicas com sintomas objetivos, como perda de consciência, hipotensão arterial com necessidade de reposição volêmica e tetania. Grau 3 Grave - há necessidade de hospitalização, em virtude da reação, ou necessidade de intervenção para impedir danos permanentes, incapacidade de uma função do corpo ou evitar a morte; ou quando há presença de sintomas que persistirem por mais de um ano após a doação (morbidade de longa duração). Grau 4 - Óbito atribuído às reações adversas à doação.
6 Na doação de sangue total, são divididas em: Locais: Por extravasamento sanguíneo (Hematoma, punção arterial, sangramento após a doação); Relacionadas a dor (Irritação/ lesão de nervo, lesão de tendão, braço doloroso) Outros sintomas locais (Tromboflebite, Alergia no local da doação) Sistêmicas: Reação vasovagal; Hipovolemia; Fadiga.
7 Prevalência Incidência em 1/3 das doações: Eventos mais comuns: Equimose (22,7%); Dor no braço (10%); Fadiga (8%); Reação vasovagal (7%).
8 Reação Vasovagal (RVV) Caracterizada por um ou mais sinais/ sintomas: Palidez cutâneo-mucosa; Sudorese; Sensação de frio/ calor; Fraqueza; Tontura; Sensação de cabeça leve; Falta de ar; Náusea; Vômito; Bradicardia; Hipotensão; Perda de consciência; Contraturas musculares; Tetania; Convulsões; Perda de controle de esfíncteres.
9 Etiologia da RVV Tonus vagal excessivo e resposta muscular esquelética simpática diminuída por estímulo do SNC (medo de agulha/ ver sangue, por ex). Resultado: Síndrome reflexa hipotensiva e bradicárdica, com vasoconstrição inadequada e queda abrupta da pressão sanguínea, causando os sinais/ sintomas característicos da RVV.
10 Ocorrência maior em grupos específicos de doadores Doadores de primeira doação (62%) x doadores de repetição (38%) Doadores jovens (entre 18 e 29 anos 74%) x doadores idade > 30 anos (26%) Doadores com baixa volemia estimada (EBV Estimated blood volume - cálculo que leva em conta peso, altura e gênero do doador): doadores com EBV < 3.500mL, são de 1.8 a 2.6 vezes mais suscetíveis a ter RVV que doadores com EBV 5.500mL Fonte: Goncalez et al. Vasovagal reactions in whole blood donors at REDS-III blood centers in Brazil. Transfusion May ; 52 (5): Estudo realizado em três hemocentros brasileiros (entre julho/2007 e dezembro/2009) a fim de obter as características demográficas dos doadores que apresentaram RVV. Doadores que referem medo de injeção agulha também relatam maior ansiedade antes da doação e, assim, mais história prévia de desmaios durante a doação, quando comparados as pessoas que não tem medo de agulha. Viar, et al. Disgust, anxiety, and vasovagal syncope sensations: A comparition of injection-fearful and non-fearful blood donors. Journal of anxiety disorders. 24 (2010)
11 Por que enfatizar a Reação Vasovagal? Embora a hospitalização seja rara, sua principal causa é a RVV (Devido a causalgia após a doação e/ ou trauma craniano após síncope), ou seja, pode evoluir de reação leve a moderada/ grave. Causa impacto negativo no retorno dos doadores de sangue, principalmente aqueles de primeira doação. Em estudo feito com doadores que sofreram RVV, 95% dos doadores, de ambos os sexos, desistiram após sofrer a reação adversa. (Veldhuizen et. Al, Transfusion. 2012)
12 Como minimizar a sua ocorrência Embasamento: Portaria MS/GM de 4 de fevereiro de 2016 Art. 78 O serviço de hemoterapia que realiza coleta de sangue deve estar preparado para o atendimento a reações adversas a doação. Para o cumprimento do disposto no caput, serão observados, no mínimo os seguintes critérios: I a existência de procedimentos operacionais com instruções específicas para a prevenção, identificação e tratamento das reações adversas nos doadores.
13 Como minimizar a sua ocorrência (Prevenção) Investigação de história prévia de reações adversas a doação de sangue (se já doou sangue antes) Pergunta: Sentiu-se mal ao doar sangue? ( Investigar os sintomas referidos o tipo de reação que apresentou e fazer avaliação cuidadosa antes de liberá-lo). Se reação leve, seguir entrevista e orientar o doador quanto aos cuidados necessários antes, durante e após a doação. Se reação grave, avaliar o tipo e gravidade, doador receberá recusa temporária ou definitiva, visando a sua segurança.
14 Como minimizar a sua ocorrência (Prevenção) Ênfase na orientação e informação sobre reações adversas Todo doador recebe, além da orientação e avaliação do triador, folheto informativo sobre possíveis reações a doação e como proceder em caso de sua ocorrência. Essa medida é fator relevante por reduzir a ansiedade no doador, principalmente aos doadores de primeira vez.
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16 Como minimizar a sua ocorrência (Prevenção) Identificação de doadores com maior potencial de desenvolver RA Classificação DJ no canto superior direito do protocolo de doação. DJ doador jovem (designação genérica para doador com maior chance de desenvolver reações adversas a doação) Critérios do DJ Primeira doação; Idade entre 16 e 29 anos; Peso abaixo de 60kg; Apresenta-se ansioso durante a entrevista e refere medo de agulha.
17 D J
18 Como minimizar a sua ocorrência (Tratamento) Rápido reconhecimento e intervenção sobre RA. Manter atenção constante ao doador e, em caso do mesmo manifestar sinais/sintomas de RVV, deve-se: Interromper a doação; Posicionar o doador em posição de Trendelenburg; Afrouxar roupas em torno do pescoço e manter vias aéreas desobstruídas; Conversar com o doador a fim de tranquiliza-lo. A rápida intervenção pode evitar que o quadro de RA se agrave.
19 Conduta na coleta do DJ Confirmar se doador recebeu hidratação oral adicional antes da doação e, em caso negativo, encaminhá-lo para se hidratar; Proceder a coleta de forma mais cuidadosa que o habitual, conversando e observando o doador atentamente, mantendo-o na cadeira de doação por um maior intervalo de tempo.
20 Pesquisa em andamento na FPS-HSP Reação vasovagal em doador de sangue total: variáveis clínicas, sociodemográficas e características da doação. Objetivos: Caracterizar o perfil sociodemográfico e clínico, bem como o processo de doação em doadores de sangue que apresentaram reação vasovagal na FPS-HSP.
21 Conclusões Reações adversas, apesar de serem raras, geram impacto negativo no retorno de doadores. Sua ocorrência não é inevitável, porém algumas medidas (investigação de história prévia de RA, identificação de doadores com risco potencial de RA, orientação e medidas para diminuir a ansiedade), representam impacto positivo na sua diminuição. Equipe treinada para o rápido reconhecimento e intervenção sobre as RA é essencial para que as mesmas não se agravem, aumento a segurança do doador.
22 Referências 1. ANVISA. Marco conceitual e operacional de hemovigilância: Guia para a hemovigilância no Brasil Técnico em hemoterapia: livro texto / Ministério da Saúde, Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, Departamento de Gestão da Educação na Saúde Brasília : Ministério da Saúde, American Journal of Nursing. April, Vol. 110, No Goncalez et al. Vasovagal reactions in whole blood donors at REDS-III blood centers in Brazil. Transfusion May ; 52 (5): Viar, et al. Disgust, anxiety, and vasovagal syncope sensations: A comparition of injection-fearful and nonfearful blood donors. Journal of anxiety disorders. 24 (2010) Veldhuizen, et al. Adverse reactions, psychological factors, and their effect on donor retention in men and women. Transfusion. 2012; 52: Ministério da Saúde: Portaria MS/ GM n.º 158 de 04 de fevereiro de Fundação Pró-Sangue Hemocentro Questionário de Triagem Clínica de São Paulo Procedimento Operacional Padrão Fundação Pró-Sangue Hemocentro de São Paulo Procedimento Operacional Padrão Técnica de Coleta de Bolsa de Sangue 10. Fundação Pró-Sangue Hemocentro de São Paulo Procedimento Operacional Padrão Procedimentos Básicos no atendimento as complicações relacionadas a doação de sangue
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