PALESTRA DE ABERTURA DA IX CONFERENCIA INTERNACIONAL DA DATAGRO SOBRE ACUCAR E ALCOOL PROFERIDA PELO Dr. PLINIO M. NASTARI 19 Outubro 2009
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1 PALESTRA DE ABERTURA DA IX CONFERENCIA INTERNACIONAL DA DATAGRO SOBRE ACUCAR E ALCOOL PROFERIDA PELO Dr. PLINIO M. NASTARI 19 Outubro 2009 Bem-vindos todos à nona conferencia internacional da Datagro. É com enorme satisfação que dou as boas vindas a todos as Senhoras e Senhores, autoridades, e delegados de 31 paises, que nos honram sobremaneira com sua presença. Estamos vivendo momentos de grande expectativa. O ciclo plurianual da cana exige planejamento de longo prazo. Esta é uma das atividades mais capital-intensivas da agroindústria, e a amortização de investimentos somente ocorre no médio e longo prazo, exigindo a tomada de decisões adequadas ao ambiente do mercado, para permitir o desenvolvimento saudável e o crescimento seguro das empresas. Estamos mais uma vez reunidos nesta conferencia para refletir, em conjunto, sobre todos os fatores que afetam este mercado e as decisões empresariais que o direcionarão nos próximos anos, e é com prazer que vemos aqui presentes amigos e companheiros com quem temos dividido estas preocupações a praticamente uma década de eventos. A crise de preços de 2007 foi seguida da crise de liquidez de 2008 e O que se temia que pudesse acontecer, acabou acontecendo.
2 O impacto da crise de preços, somado a um clima absolutamente atípico, ocorrendo de forma simultânea nos dois principais produtores mundiais de cana, acabaram afetando o mercado de forma brutal. Na India, após uma safra abundante em 2007/08, com produção de 26,4 milhões de toneladas, razoavelmente acima do consumo doméstico de 22,5 milhões de toneladas, sucedeu uma produção bem pequena de 14,5 milhões de toneladas em 2008/09, e a perspectiva de outra safra pequena de 15,3 milhões de tons em 2009/10, enquanto a demanda cresce a 23 milhões de toneladas e os estoques caem a níveis críticos. No Brasil, assistimos a três anos de expansão média de 13,5% ao ano na oferta de ATR, entre 2006 e 2008 crescimento bem acima do que consideramos sustentável no médio prazo, de 7,5 e 8% ao ano, que seria consistente com a expansão esperada da demanda de açúcar e etanol nos mercados interno e externo. Em 2009, embora a cana no campo permitisse uma expansão entre 4 e 5%, por conta do clima teremos talvez uma redução na oferta de ATR em relação ao ano anterior, não permitindo que o Brasil supra o mercado mundial de açúcar no seu nível potencial. Esta estagnação ou pequena redução na produção, repete a performance verificada em 2005, num ambiente de demanda ainda em expansão, principalmente para o açúcar no mercado externo, e para o etanol no mercado interno brasileiro, função das vendas crescentes de carros flex, capazes de usar etanol hidratado puro.
3 Num ambiente de preços liberados, a variável de ajuste é o preço. E ele tem subido, como esperado. Mas ainda não subiu para níveis equivalentes em termos reais àqueles verificados em fevereiro de 2003, ou marco de Sentimos que embora os níveis de preço agora já sejam suficientes para cobrir o custo de produção, não devemos assistir a uma volta do ritmo de expansão da capacidade instalada no Brasil verificada nos anos de 2005 a Produtores e bancos ainda estão curtindo a ressaca da crise de liquidez, e diminuíram muito as chances de instalação de projetos usando o modelo de project finance. Por quanto tempo os preços atuais irão se manter? A moeda brasileira, o real, vai continuar se valorizando frente ao dólar norteamericano, e com isso afetando a competitividade do açúcar e etanol brasileiros? As inovações e ganhos de produtividade, na forma de novas variedades de cana, e novos processos de plantio e colheita mecanizados, irão compensar esta perda de competitividade? Irão ser introduzidas, e quando, variedades GMO e qual o impacto deste movimento nos mercados? Estes movimentos irão representar oportunidades para produtores de outros paises? Qual é o planejamento de outros grandes produtores e consumidores mundiais, como India, Uniao Europeia, Tailandia, Russia, Austrália e nações da América Central e do Sul e Africa?
4 Como deve evoluir o mercado norte-americano de etanol, e que oportunidades podem surgir com o RFS2, e a possível quebra da barreira de mistura (blend wall) dos 10% de etanol na gasolina? O EPA vai corrigir a sua avaliação preliminar sobre a capacidade do etanol de cana reduzir emissões de gases do efeito estufa, como fez o CARB na California? Que impacto isso tudo pode trazer para uma retomada das exportações de etanol para os Estados Unidos nos próximos anos? Como devem se comportar os fundos e os especuladores, à luz do que ocorre com movimentos de juro e cambio, e de outros ativos agrícolas, de energia, metais e financeiros? Estas são questões fundamentais que irão permear as palestras a serem proferidas e discussões a serem coordenadas por renomados e reconhecidos especialistas de cada área. Estamos tendo a honra e a satisfação de receber o que há de melhor e mais importante no Brasil e em cada pais chave nesta intrincada equação. Este ano mais uma vez temos a grande honra de contar com a presença do Dr. Peter Baron, diretor executivo da Organizacao Internacional do Acucar, a entidade máxima do mundo do açúcar e etanol, para proferir a palestra principal de nossa conferencia, como Keynote Speaker. Cada um dos participantes é igualmente importante. Cada um dos presentes faz parte e contribui para que possamos sair desta sala ao final destes próximos dois dias, com o sentimento de que usamos bem o nosso tempo. É esta a nossa expectativa.
5 Este ano mais uma vez realizamos a conferencia no ambiente do Sugar and Ethanol Dinner Week de São Paulo. Cumprimentamos todos os membros do Sugar Club de São Paulo, na figura do seu presidente, Jean Claude Zarb, e daquele que o sucederá no próximo ano, Alexandre Aidar. Agradeço mais uma vez a confiança que os Senhores e Senhoras tem depositado na Datagro, e na nossa capacidade de reunir a nata mundial dos setores de açúcar e etanol. Agradecemos os nossos parceiros, patrocinadores e apoiadores. Desejo a todos uma conferencia proveitosa e de saudável congraçamento. Muito boa tarde. Obrigado.
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