A situação da mulher no mercado de trabalho

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1 Secretaria de Política para as Mulheres Curso de Formação Módulo III UNICAMP-CESIT/SNMT-CUT A situação da mulher no mercado de trabalho Eugênia Troncoso Leone Professora Instituto de Economia da Unicamp e pesquisadora do CESIT Novembro de 2014 Eugenia Leone - Novembro

2 Estrutura da apresentação I A mulher na atividade econômica II Mudanças na família IIII Mudanças demográficas IV Conclusões Eugenia Leone - Novembro

3 PARTE I A MULHER NA ATIVIDADE ECONÔMICA Eugenia Leone - Novembro

4 Partimos das seguintes constatações: 1. A mulher vem consolidando sua participação no mercado de trabalho desde início da década de Essa consolidação vem ocorrendo mesmo em contextos econômicos desfavoráveis Eugenia Leone - Novembro aos

5 Taxas de Participação (10 anos e mais) por sexo. Brasil % 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% 78,0% 75,6% 69,9% 70,5% 69,6% 67,7% 66,8% 43,3% 48,6% 37,1% 26,3% 13,0% 16,2% 18,2% taxas participação homens taxas participação mulheres Fonte: Séries Estatísticas Retrospectivas, Vol. 3, Coleção Estatísticas Históricas do Brasil, IBGE, Eugenia Leone - Novembro

6 Taxas de participação femininas Brasil: 1950, 1970, 1980, 1991, 2000 e ,0% 70,0% 60,0% 65,5% 59,8% 69,5% 60,8% 65,7% 56,0% 50,0% 40,0% 30,0% 20,0% 10,0% 0,0% 50,1% 38,6% 23,9% 23,8% 20,3% 21,6% 15,7% 16,6% 15,8% 15,9% 12,5% 9,0% 7,9% 5,2% 4,8% 10 a a a a a a Fonte: censos demográficos do IBGE Eugenia Leone - Novembro

7 Evolução da PEA por idade e sexo. Brasil Mulheres Homens a a a a a a e e + 60 a a a a a a 19-30% -20% -10% 0% 10% 20% -30% -20% -10% 0% 10% 20% -30% -20% -10% 0% 10% 20% % -20% -10% 0% 10% 20% -30% -20% -10% 0% 10% 20% -30% -20% -10% 0% 10% 20% Fonte: Séries Estatísticas Retrospectivas, Vol. 3, Coleção Estatísticas Históricas do Eugenia Leone - Novembro Brasil, IBGE, 1987.

8 Anos 2000: Melhor desempenho da economia (mais crescimento do PIB e menos inflação) Redução do desemprego Crescimento do emprego assalariado Maior formalização dos empregos assalariados Recuperação da renda do trabalho Aumento do salário mínimo Vamos analisar as manifestações dessa recuperação e suas repercussões no trabalho Eugenia Leone - Novembro feminino.

9 Condição de atividade por sexo. Brasil, 2004 e 2013 Indicadores de Homem Mulher atividade Taxa de participação 81,2 77,3 57,0 54,6 Taxa de desemprego 6,8 5,0 11,7 8,5 Fonte: IBGE: PNADs 2004 e Elaboração própria. Taxa de Crescimento da PEA ( ). Brasil. Homem Mulher Total 1,21 1,32 1,26 Fonte: IBGE: PNADs 2004 e Elaboração própria. Eugenia Leone - Novembro

10 Taxas de Participação. Brasil 2004 e 2013 Idades Homem Mulher a 24 73,5 65,0 54,3 48,9 25 a 39 95,0 93,6 71,8 72, ,7 72,5 47,8 46, ,2 77,3 57,0 54,6 Fonte: IBGE: PNADS 2004 e Elaboração própria. Eugenia Leone - Novembro

11 A PEA pode ser classificada em: Mercado de trabalho Desemprego Emprego Formal Emprego informal Atividade por contaprópria Empregador Autônomo Autoconsumo Não-remunerado Eugenia Leone - Novembro

12 Taxa anual de crescimento da PEA (15 +). Brasil Classificação PEA Homem Mulher Total Mercado de trabalho 1,72 2,16 1,92 Conta Alheia 0,18-8,14-2,19 Total 1,19 1,31 1,24 Fonte: PNADs 2004 e Elaboração própria. Eugenia Leone - Novembro

13 Distribuição do emprego assalariado e taxas anuais de crescimento por sexo - Brasil 2013 Homem Mulher 3,7 5,1 73,4 63,8-11,5-0,2-0,6 25,3 16,3 19,9 1,3 Emprego formal estabel. Emprego informal establ. Emprego doméstico Fonte: IBGE: PNADs, 2004 e Elaboração própria. Eugenia Leone - Novembro

14 Distribuição da PEA por conta própria e taxas anuais de crescimento por sexo - Brasil ,6 72,3 66,8 0,9 Homem Mulher -0,5 13,7 1,6 12,2 0,5 0,3 7,1 9,5-1,6 13,6-63,1 3,9-53,1 7,2 Empregador Autônomo Autoconstrução Autoconsumo Não Rem. Fonte: IBGE: PNADs, 2004 e Elaboração própria. Eugenia Leone - Novembro

15 PEA agrícola e não agrícola Distribuição da PEA conforme atividade agrícola e não agrícola, variação total, taxa anual de crescimento e proporção de mulheres. Brasil, 2004 e 2013 Atividade Variação % mulheres Total Tx. Anual Agrícola 21,2 14,5-22,5-2,8 32,0 29,8 Não agrícola 78,8 85,5 23,0 2,3 44,4 44,7 Total 100,0 100,0 13,4 1,4 41,8 42,5 Fonte: IBGE: PNADs 2004 e 2013 Eugenia Leone - Novembro

16 Atividades agrícolas Distribuição das pessoas ocupadas na agricultura conforme posição na aocupação. Brasil, 2004 e 2013 Posição na Ocupação 2004 % % 2013 mulheres mulheres Empregado formal 8,7 12,2 11,8 13,1 Empregado sem/cart. 18,8 11,2 17,3 9,7 Empregador 3,1 7,7 1,9 7,5 Conta própria 26,2 12,5 28,3 14,2 Não Rem. 24,1 50,8 10,4 56,9 Consumo próprio 19,1 68,2 30,3 54,4 Total 100,0 32,0 100,0 29,8 Fonte: IBGE: PNADs 2004 e 2013 Eugenia Leone - Novembro

17 Atividades não agrícolas Distribuição das pessoas ocupadas em atividade não agrícolas conforme posição na aocupação. Brasil, 2004 e 2013 Posição na Ocupação 2004 % % 2013 mulheres mulheres Empregado formal 44,4 40,4 53,2 42,9 Empregado sem/cart. 18,1 37,6 14,3 39,7 Trab. Doméstico 9,7 93,3 7,8 92,6 Empregador 4,4 29,2 4,1 30,4 Conta própria 20,9 37,2 19,3 35,9 Não Rem. 2,4 64,1 1,2 67,2 Consumo próprio 0,1 13,0 0,1 10,4 Total 100,0 44,4 100,0 44,7 Fonte: IBGE: PNADs 2004 e 2013 Eugenia Leone - Novembro

18 Distribuição das pessoas ocupadas conforme setor de atividade. Brasil, 2004 e 2013 Setor de atividade 2004 % % 2013 mulheres mulheres Outra indústria 1,0 11,1 0,9 12,8 Ind. Transformação 17,5 37,2 14,8 37,3 Construção 8,0 2,5 10,7 3,2 Comércio 21,9 38,3 20,8 41,7 Alojamento 4,5 49,8 5,4 57,0 Transporte 5,8 11,9 6,5 12,8 Adm. Pública 6,3 37,3 6,5 40,0 Educação 11,1 77,4 12,0 76,5 Serv. Doméstico 9,7 93,3 7,8 92,6 Outros Serviços 5,2 58,5 4,6 63,5 Outras Ativ. 8,9 36,1 10,0 42,1 Total não agrícola 100,0 44,4 100,0 44,7 Fonte: IBGE: PNADs 2004 e 2013 Eugenia Leone - Novembro

19 Resumindo, na década de 2000, observou-se que: A PEA feminina cresceu pouco mais do que a masculina, O crescimento da PEA feminina foi superior ao dos homens no mercado de trabalho, O emprego formal cresceu mais do que o sem carteira. A mulher cresce mais do que o homem no formal, No trabalho por conta-própria o único que diminui é o não-remunerado. A mulher tem mais peso no auto-consumo e nos sem remuneração. Nas atividades agrícolas as mulheres se concentram nas atividades não remuneradas e para o próprio consumo. Eugenia Leone - Novembro

20 Diferenças entre homens e mulheres As desvantagens da mulher no mercado de trabalho estão associadas às dificuldades de articulação do trabalho remunerado com as responsabilidades familiares Eugenia Leone - Novembro

21 A segregação das mulheres se expressa: % Mulheres Desemprego 56,5 56,8 Emprego formal (est.) 39,0 41,8 Emprego sem carteira 32,0 34,8 Empregador 25,8 28,7 Autônomo 31,0 31,6 Autoconsumo 70,2 55,5 Não remunerado 59,5 65,1 Fonte: IBGE: PNADs 2004 e 2013 Eugenia Leone - Novembro

22 DIFERENÇAS DE RENDIMENTO POR SEXO NO EMPREGO FORMAL Eugenia Leone - Novembro

23 Diferenças de rendimento no emprego formal conforme grupos ocupacionais Distribuição do emprego formal conforme grupo ocupacional, proporção de mulheres em cada grupo ocupacional, razão entre os rendimentos médios-hora de homens (RMH) e de mulheres (RMM) e tempo médio no emprego. Brasil, 2013 Grupos Ocupacionais Homem Mulher Tempo médio no % RMH/RMM emprego (anos) Mulheres Homem Mulher Trab. Produção de bens e serviços indust. (discretos) 30,2 7,6 15,9 50,4 3,3 3,3 Trab. Serv., Vendedores Com. em lojas e mercados 20,8 26,9 49,1 30,8 4,1 3,7 Serviços Administrativos 13,5 27,6 60,4 31,2 5,1 4,6 Técnicos Nível Médio 8,4 13,9 55,4 28,2 5,8 7,3 Profissionais das Ciências e das artes 7,0 15,1 61,6 53,4 7,2 8,0 Trab. Agropecuários, Florestais e Pesca 4,7 1,0 13,1 28,1 3,6 2,8 Trab. Produção bens e serv. industriais (Contínuos) 4,5 1,9 23,6 59,6 4,7 3,5 Memb. Sup. Poder Público, Dirig. Org. Interesse Público 4,6 5,1 45,5 48,7 6,1 6,6 Serviços Reparação e Manutenção 3,8 0,6 9,7 91,5 4,3 4,9 Outras atvidades 2,5 0, Total 100,0 100,0 42,8 14,8 4,7 5,2 Fonte: RAIS, 2013 Eugenia Leone - Novembro

24 Diferenças de rendimento no emprego formal conforme escolaridade Distribuição do emprego formal conforme grau de instrução e razão entre rendimentos médios-hora de homens (RMH) e de mulheres (RMM) e tempo médio no emprego. Brasil, 2013 Grau de Instrução Homem Mulher Tempo médio no % RMH/RMM emprego Mulheres Homem Mulher Fund. Incompleto (inclui analf.) 17,2 8,3 26,6 39,3 5,4 6,2 Fund. Completo. Médio Incompleto 22,2 14,9 33,4 35,5 4,1 4,3 Médio Completo. Superir Incompl. 47,4 51,3 44,8 35,9 3,9 4,1 Superior Completo 13,3 25,5 58,9 55,5 7,5 7,8 Total 100,0 100,0 42,8 14,8 4,7 5,2 Fonte: RAIS, 2013 Eugenia Leone - Novembro

25 PARTE II MUDANÇAS NA FAMÍLIA Eugenia Leone - Novembro

26 Tipos de famílias Brasil 2000 e ,8 52,5 12,5 15,1 14,0 15,3 1,8 2,2 6,2 6,5 4,5 4,4 3,9 2,2 Casal c/filhos Casal sem filhos Mãe s/conj. c/filhos Pai s/conj. com filhos Mulher só Homem só Outra Fonte: IBGE-Censos Demográficos 2000 e 2010 Eugenia Leone - Novembro

27 Famílias brasileiras encolhem 6,0 5,0 4,0 3,0 2,0 1,0 média de moradores por domicílio 5,2 5,3 4,2 3,8 3,3 0, Eugenia Leone - Novembro

28 Título do Eixo Famílias com pessoa de referência mulher Brasil 1981 a 2012 Proporção de famílias com pessoa de referência do sexo feminino 1981 a ,0 40,0 35,0 30,0 25,0 20,0 15,0 10,0 5,0 0,0 38,1 32,9 28,8 26,0 22,9 20,1 16,9 18, Fonte: PNADs, vários anos. Elaboração própria Eugenia Leone - Novembro

29 Proporção de casais com ambos cônjuges com trabalho remunerado Brasil 1981 e ,4 39,2 38,4 26,9 24,1 24,0 casal s/filhos casal c/filhos est./composta Fonte: PNAD - microdados, IBGE Eugenia Leone - Novembro

30 Proporção de famílias com mulher com trabalho remunerado Brasil ,6 62,5 56,0 38,0 36,6 27,7 45,1 39,2 unip. fem. casal s/filhos casal c/filhos mãe c/filhos Fonte: PNAD - microdados, IBGE Eugenia Leone - Novembro

31 Desafios para diminuir as diferenças de gênero no mercado de trabalho Reduzir o desemprego da mulher jovem e adulta. Oferecer alternativas ao emprego doméstico e melhorar o que existe aumentando a formalização Dentro do emprego em estabelecimento incentivar a criação do emprego com carteira Eugenia Leone - Novembro

32 PARTE III MUDANÇAS DEMOGRÁFICAS Eugenia Leone - Novembro

33 Fecundidade no Brasil, 1940 a ,1 = fecundidade ao nível de reposição Fonte: Censos IBGE Eugenia Leone - Novembro

34 Fecundidade nas regiões do Brasil Fonte: Censos IBGE Eugenia Leone - Novembro

35 Fecundidade países América do Sul Taxa de fecundidade de alguns países de América do Sul, ,2 4,3 2,6 2,4 2,4 3,0 3,3 3,4 2,3 2,9 Argentina Bolivia Brasi Chile Colombia Equador Paraguai Peru Uruguai Venezuela Fonte: Population Reference Bureau, 2000 Eugenia Leone - Novembro

36 Evolução da população brasileira (00-10) 1,5% r=0 (60-70) 2,7% Fonte: Eugenia Leone - Novembro

37 Estrutura etária brasileira Fonte: Censos IBGE Eugenia Leone - Novembro

38 Evolução % dos 3 grandes grupos etários Brasil, % 80% 60% 40% 20% 0% Fonte: ONU - Eugenia Leone - Novembro

39 Evolução idade mediana da população brasleira. Brasil ,3 26,3 22,4 20, Fonte: IBGE: Diretoria de Pesquisa. Coordenação de População e Indicadores Sociais. Eugenia Leone - Novembro

40 Conclusão A recuperação do mercado de trabalho não modificou substancialmente a segregação do trabalho das mulheres ; Continuam grandes as diferenças por sexo nas taxas de desemprego; O aumento da participação do emprego formal na ocupação das pessoas foi generalizado mas continuam grandes as diferenças por sexo; A presença masculina continua majoritária entre empregadores e trabalhadores autônomos, enquanto as mulheres continuam sobre-representadas no trabalho Eugenia Leone - Novembro não-remunerado e no trabalho para o próprio consumo

41 A reconstrução do mercado de trabalho vem acontecendo sobre condições demográficas diferentes do período em que ocorreu a industrialização do país. O mercado de trabalho envolve uma população cada vez mais adulta, A continuidade do crescimento da economia e seus efeitos favoráveis sobre o bem-estar da população requer a estruturação do mercado de trabalho. Esta seria facilitada se fosse possível reduzir significativamente as desvantagens das mulheres no mercado de trabalho, O esforço político para reduzir as desvantagens da mulher no mercado de trabalho é além de uma questão de justiça um fator importante para a continuidade do desenvolvimento econômico do país. Eugenia Leone - Novembro

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