O QUE ESTÁ A MUDAR NA AUDITORIA E REVISÃO DE CONTAS

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1 Sociedades de Revisores OFICIAIS de CONTAS Faz parte integrante do Diário Económico n.º 60?? de 13 de Novembro de 2014 e não pode ser vendido separadamente Faz parte integrante do Diário Económico n.º 6049 de 12 de Novembro de 2014 e não pode ser vendido separadamente Foto: amanaimages / Corbis / VMI O QUE ESTÁ A MUDAR NA AUDITORIA E REVISÃO DE CONTAS O nível de exigência a pesar sobre o sector de auditoria e revisão oficial de contas é cada vez maior. A chegada de nova legislação europeia está a gerar incerteza e levanta questões sobre como as alterações serão transpostas para o plano nacional.

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3 Tiago Freire, subdirector do Diário Económico EDITORIAL Como guardar o templo sem mandar no templo? Director António Costa Directora-Adjunta Helena Cristina Coelho Subdirectores Bruno Faria Lopes, Francisco Ferreira da Silva e Tiago Freire Coordenação Sónia Branco Colaboradores Fátima Ferrão e Helena Peralta Departamento Gráfico Dário Rodrigues (editor) e Ana Almeida Produção Ana Marques (chefia), Artur Camarão, Carlos Martins, João Santos Tratamento de Imagem Samuel Rainho (coordenação), Paulo Garcia e Tiago Maia Impressão e Acabamento SIG - Sociedade Industrial Gráfica - Camarate Presidente Nuno Vasconcellos Administradores António Costa e Gonçalo Faria de Carvalho Director Geral Pedro Nunes Pedro Director Geral Comercial Bruno Vasconcelos Redacção Rua Vieira da Silva, n.º 45, Lisboa Tel.: / Fax: Análise Os desafios no sector de auditoria continuam. O contexto económico mantém-se como principal barreira. Para já, aguarda-se nova legislação europeia. 06 Entrevista O bastonário da Ordem dos Revisores Oficiais de Contas, José Azevedo Rodrigues, acredita que a gestão das empresas por vezes dificulta o trabalho dos auditores. 10 Normativos A transposição da nova Directiva da Auditoria para o plano nacional deve estar concluída até Junho de Auditoria estatutária Ao contrário da auditoria legal, imposta por lei, a auditoria estatutária é uma opção da empresa, que assim reconhece a sua importância. 14 Supervisão e qualidade Auditores acreditam que dificilmente existe em Portugal outra actividade liberal sujeita a mecanismos de controlo tão apertados. 16 Auditoria no feminino O número de mulheres auditoras está a aumentar. Algumas ocupam cargos de topo em grandes sociedades. Mas nem sempre foi assim. 20 Fórum O que pensam os ROC sobre a necessidade de uma maior transparência sobre a contabilidade das empresas e que melhorias introduziriam na profissão. 24 Sociedades Conheça as SROC em Portugal. P. 10 O s anos passam e os problemas não só permanecem, parecem ficar piores. Não sendo longe disso um exclusivo português, os problemas de gestão a que temos assistido nos bancos portugueses não podem deixar de nos preocupar profundamente e suscitar a mais livre e sincera reflexão. Como foi possível que um banco da dimensão e estrutura do BES fosse à falência, depois de tantos problemas na Banca, que nos deveriam ter deixado de sobreaviso? Como foi possível o que sucedeu na PT, com tamanhos reflexos no que a empresa é hoje e será no futuro? As investigações e a História farão o seu caminho, mas uma coisa é, já, clara: o que se passou foi de uma gravidade extrema e só pode ter sucedido por incúria de uns, dolo de outros, ingenuidade de outros tantos. O papel dos revisores oficiais de contas e auditores é simples de entender: é sua função zelar pela fidelidade dos números que são apresentados ao mercado, nomeadamente aos supervisores e aos accionistas. Se o papel é fácil de entender, é difícil de concretizar. Porque estes profissionais não são investigadores; são técnicos treinados, é certo, mas na esmagadora maioria dos casos pouco podem fazer quando o que lhe mostram como as contas da instituição é, puramente, falso. Um dos problemas é que os revisores oficiais de contas servem como o símbolo de guardião do templo, mas são muito pequenos na cadeia alimentar desse templo, inúmeros níveis abaixo da soberba e da altivez de alguns administradores que tudo contaminam e que, esses sim, agem como donos do templo. A solução, não sendo perfeita, pode passar por uma reforçada desconfiança sistemática. E que, em caso de mesmo que vaga dúvida, os profissionais sérios se recusem a dar um artificial cunho de verdade a algo que eles não podem, com os elementos que têm, atestar. Para que o tecido empresarial português não volte a ser manchado por meia dúzia de escândalos que tudo contaminam. 3

4 ANÁLISE Colorblind / Cobis / VMI Auditoria: os desafios continuam A principal barreira continua a ser o contexto económico. Para já, aguarda-se nova legislação europeia. As alterações não são signifi cativas. A pesar da saída da Troika e de alguns ventos de mudança que vão soprando no sentido de Portugal começar, ainda que devagar, a retoma económica, a verdade é que muitos sectores continuam a ser penalizados pela crise. E sem grande solução à vista, como é o caso do mercado da auditoria e da revisão oficial de contas. Apesar da ligeira recuperação, estes profissionais continuam a viver os mesmos problemas dos anos anteriores. O facto de o País ter passado por uma forte recessão abalou e muito as empresas nacionais, que são o principal mercado da auditoria e da revisão oficial de contas, afectando a sua rentabilidade. Este ambiente adverso teve repercussões no exercício profissional dos revisores, sobretudo nas condições em que o mesmo é realizado, que se traduziu num agressivo aumento de competitividade nos preços, que por sua vez motivou o Conselho Directivo da Ordem a lançar acções especiais de controlo, para se assegurar de que tais opções não coloquem em causa a qualidade dos serviços prestados e não rompam com a confiança que os utilizadores devem depositar nos documentos de fiabilidade emitidos 4

5 pelos revisores oficiais de contas, escreve o bastonário José Azevedo Rodrigues, num editorial recente da revista da Ordem dos Revisores Oficiais de Contas (OROC). Depois de uma ligeira recuperação do volume de negócios do sector em 2012, este valor voltou a cair em Ou seja, os negócios caíram de 257,9 milhões de euros, para cerca de 233,6 milhões de euros, ficando de novo nos BI DO MERCADO DA AUDITORIA Alguns números sobre este mercado, referentes ao ano de Número de revisores oficiais de contas 714 Número de ROC a exercer a actividade em sociedades (sócios e contratados) 614 Número de ROC a exercer a actividade em nome individual (213 com empresas, 281 sem empresas) 222 Número de SROC Número de entidades sujeitas a revisão (com mandato em aberto) 76 Número de cotadas 1307 Número de Entidades de Interesse Público 233,6 MILHÕES DE EUROS Volume de negócios do sector em ,2 MILHÕES DE EUROS Volume negócios das SROC em ,3 MILHÕES DE EUROS Volume negócios dos ROC individuais em 2013 * Fonte: OROC níveis de Para este total contribuíram, sobretudo, as Sociedades de Revisores Oficiais de Contas (SROC), que facturaram aproximadamente 224 milhões de euros, ficando os ROC individuais com uma parcela inferior a dez milhões de euros. São cerca de os profissionais portugueses a exercer esta actividade, dos quais 714 estão agrupados nas 222 sociedades existentes. Os restantes são profis- sionais em nome individual, quer detenham ou não empresas. Em 2013, a profissão registou um aumento líquido de 38 revisores oficiais de contas, o que resulta de 55 novos membros, 11 cancelamentos e 6 falecimentos. Aproximam-se tempos importantes para o futuro da profissão, pelo que o empenho e envolvimento de todos os membros constituem factores determinantes, afirma José Azevedo Rodrigues. A nova legislação europeia, aprovada recentemente e ainda à espera de ser transposta para a legislação nacional, é um desses momentos que gera alguma incerteza. Nova legislação é o grande desafio Escândalos financeiros como os que recentemente têm sido noticiados na comunicação social põem cada vez mais em causa a profissão do auditor, que acaba por ser o fiscalizador das contas das empresas. O bastonário da Ordem escreve ainda, sem se referir a casos particulares, que factos recentes do mercado nacional mostram pouca ética nos negócios e põe o problema como sendo contabilístico, ou do contabilista, o que deve ser um aviso para salvaguardar a actividade de ROC. Assim, a cada vez mais apertada fiscalização por parte da OROC, sobretudo em casos que suscitem dúvidas, é um aspecto importante para manter a credibilidade da profissão. Outro tema quente do momento é a legislação que acabou de ser aprovada pela União Europeia. Trata-se da nova Directiva da Auditoria, que incide sobretudo em temas como acesso à profissão, supervisão, questões de dimensão e formação contínua. Apesar de actualizar a Directiva anterior, esta não obriga a grandes alterações na profissão, ao contrário do Regulamento Europeu da Auditoria. Não são significativas as alterações previstas na nova Directiva da Auditoria. Mais significativo será a criação de um Regulamento Europeu de Auditoria, com um grau de exigência superior para os auditores que exerçam funções de interesse público, afirma o bastonário. 5

6 ENTREVISTA José Azevedo Rodrigues, bastonário da Ordem dos Revisores Oficiais de Contas O trabalho do auditor é dificultado quando há predisposição dos gestores em criar dificuldades Auditores têm uma responsabilidade de fi scalização, mas as operações estão a cargo da gestão. O controlo da qualidade do trabalho dos revisores oficiais de contas é de novo um tema quente, dentro e fora da sua ordem profissional. Os escândalos financeiros que têm sido noticiados e investigados põem em causa a profissão e quem a desempenha. Questionado sobre o tema, José Azevedo Rodrigues, bastonário da OROC, assegura que a entidade que representa tudo fará para esclarecer quaisquer situações, garantindo que os mecanismos de supervisão e de controlo de qualidade são os mais adequados e que funcionam efectivamente. No entanto, questiona: Toda a gente investiga os auditores, mas e o gestores?. Em fim de mandato, o bastonário revela ainda ao Quem é Quem quais os desafios com que a profissão continua a debater-se. Com a questão recente do BES, a OROC alterou algum mecanismo de controlo, para fiscalizar o trabalho dos revisores? O nosso modelo de controlo de qualidade foi instituído há muitos anos. Desde 2008, a Ordem é supervisionada pelo Conselho Nacional de Supervisão de Auditoria (CNSA). Desde então, tem havido uma preocupação constante e conjunta em melhorar o sistema de controlo de qualidade. O CNSA temnos feito algumas recomendações, que entendemos que fazem todo sentido, e com essas e com outras da nos- sa iniciativa temos vindo a melhorar o processo de controlo de qualidade. Esse processo controla grandes e pequenas sociedades da mesma forma? O nosso modelo obriga a auditar entidades de interesse público pelo menos uma vez em cada três anos. No entanto, as grandes firmas de auditoria acabam por ser controladas praticamente todos os anos. Nesse sentido, este acontecimento apenas nos obriga a fazermos algumas indagações complementares ao que habitualmente é feito para perceber a situação e não necessariamente pode justificar o lançamento de alguma campanha de fiscalização especial. Temos que aguardar que este processo de investigação termine para tomarmos uma decisão. Até lá, todos os profissionais ficam em cheque Sim, mas a verdade é que as operações não são executadas pelos auditores. Estes têm a sua responsabilidade de fiscalização, mas não têm responsabilidade de execução. A globalização e a complexidade do sector financeiro tornam a actividade do auditor cada vez mais difícil. Com a desmaterialização dos documentos e com a mundialização das operações, é mais fácil passar aos supervisores e aos auditores uma situação que não a real. E este trabalho do auditor é ainda mais difi- 6

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8 Fotos: Neves António ENTREVISTA cultado quando há uma predisposição dos gestores em criar estas dificuldades. Se existe uma predisposição para contornar as regras e para praticar actos pouco lícitos criam-se um conjunto de barreiras às entidades que têm a responsabilidade de validar a parte lícita das operações. Sente alguma preocupação nos auditores pela eventual perda de credibilidade? Muitos manifestaram as suas preocupações com o assunto. É um problema global face à divulgação pública do acontecimento e aos comentários associados. Para quem não tem um conhecimento objectivo do que é o trabalho do auditor e das condições em que o desenvolve, a má imagem fica. Tal como em todos os casos mediáticos em que o réu vai a tribunal e é absolvido, a imagem fica. Independentemente do auditor ter responsabilidade ou não nas falhas, e partimos do pressuposto de que não terá, fica a mancha sobre a profissão. Há outro problema que nos limita que é a questão do sigilo profi ssional. De que forma poderá mudar-se esta imagem? O nosso âmbito de actuação é limitado. Se pensarmos na totalidade do nosso tecido empresarial devemos estar presentes em menos de 10% de todas as empresas. Essa é, desde já, uma limitação. Depois, há outro problema que nos limita que é a questão do sigilo profissional. Para alguém se defender tem que divulgar todos os factos que tenha em sua defesa. Os auditores, se o fizerem, podem criar problemas à entidade onde os factos terão ocorrido. O nosso sigilo profissional é muito rigoroso, pelo que não podemos fazer marketing das situações. A única limpeza de imagem que podemos ter é, em primeiro lugar, evitar e esperar que não se provem responsabilidades dos auditores e, segundo, noutras situações que seguramente irão ocorrer, que os auditores tenham a consciência tranquila quanto à qualidade do trabalho executado e quanto à confiança que eles próprios têm em relação à opinião que emitem. A forma de nos defendermos é trabalharmos com cada vez mais independência e cada vez mais qualidade. Tudo depende, sobretudo, dos profissionais. Continua, apesar disto, a haver interesse pela profissão de auditor e esta oferece bons desafios aos seus profissionais? Num estado de direito, a nossa profissão tem cada vez mais razão de ser. A nível mundial há uma forte tendência para ter um modelo de norma contabilística pública mais sustentado, equilibrado e transparente, e isso só é possível se houver profissionais minimamente qualificados. Entendo, por isso, que continua a haver, mesmo no momento em que vivemos, com todas as profissões a questionar o seu futuro, muitos factores de interesse pela actividade de ROC. 8

9 Arquivo Diário Económico Protocolos de cooperação com os PALOP continuam a crescer APROVAÇÃO DOS ESTATUTOS LIMITA ACTUAÇÃO DA ORDEM A revisão dos estatutos das ordens profissionais, em curso há cerca de um ano, continua sem a aprovação final por parte do Governo, limitando, em muitos casos, a actuação destas entidades. A OROC não é excepção. Segundo José Azevedo Rodrigues, a falta de aprovação dos novos estatutos atrasou, por exemplo, a actualização da plataforma informática da Ordem, que visa melhorar a comunicação com os seus membros. A mesma situação está também a por em causa a realização das eleições para os novos corpos directivos, prevista para Novembro. Preocupa-nos o vazio da resposta mas, pelo menos, ao contrário de outras Ordens, tivemos o nosso estatuto estudado, visto e discutido, adaptado, diz. A OROC tem feito alguma pressão junto do Governo enviando, por exemplo, cartas a todos os ministérios, pedindo a publicação breve dos estatutos. Sem resultado, afirma o bastonário. Há cerca de seis meses, acrescenta, tivemos uma audição com o senhor Presidente da República. Estavam representadas várias ordens profissionais. Ficou muito admirado e perguntou de quem era a culpa deste atraso. Não conseguimos responder. Contudo, assume, saímos da reunião animados. Certo é que já lá vão mais uns meses e nada. A OROC estabeleceu, no último ano, diversos protocolos de cooperação com as suas congéneres africanas. Cabo Verde, Angola e Moçambique já assinaram a parceria com a Ordem nacional, apesar de este último país ter ainda pouco trabalho desenvolvido em conjunto. Com Angola e Cabo Verde tem havido uma colaboração bastante estreita. Apoiámo-los em todo o processo de formação relativa à qualificação dos auditores e continuamos a trabalhar em conjunto em processos formativos, afirma José Azevedo Rodrigues. Segundo o bastonário, ambos os países têm solicitado apoio essencialmente na área formativa. Contudo, e no caso de Angola, a OROC tem também dado apoio no que se refere à revisão do regulamento e estatuto da Ordem local. Temos trabalho feito e partilhamos, acrescenta. Em Moçambique a colaboração entre Ordens não tem avançado de forma tão célere, essencialmente devido ao período eleitoral que o país viveu até há pouco. No entanto, Joo bastonário acredita que no início do próximo ano, passado o período pós-eleitoral, os contactos sejam retomados. A Ordem foi estabelecida há um ano e ainda não está no seu pleno funcionamento, explica. Há, por exemplo, alguns problemas de definição em relação à integração dos membros da própria Ordem, acrescenta José Azevedo Rodrigues. Apesar disso, há uma grande proximidade entre o bastonário nacional e o seu congénere moçambicano. Temos uma lista de intenções que ainda não concretizámos, bem como algumas iniciativas programadas em conjunto mas que apenas acontecerão depois das eleições, garante. Um dos objectivos destes protocolos, para um futuro próximo como espera José Azevedo Rodrigues, será ainda o intercâmbio de profissionais. Nos nossos estatutos em aprovação alterámos com alguma profundidade os pressupostos para o reconhecimento dos profissionais de outros. O mesmo acontecerá nas ordens dos outros países. 9

10 NORMATIVOS Directiva e Regulamento aguardam transposição A nova legislação europeia deverá ser transposta para Portugal até Junho de Actualmente, o tema mais quente do sector da auditoria e revisão de contas é a questão do normativo que esteve em discussão na Comissão Europeia e que foi finalmente aprovado em Junho passado. Este debate, nada pacífico e consensual, iniciou-se com o Livro Verde Política de Auditoria Lições da Crise e, como consequência, a Comissão apresentou uma proposta de alteração da 8.ª Directiva e uma proposta de um Regulamento Europeu para a Auditoria das Entidades de Interesse Público (empresas cotadas, banca, seguradoras e algumas empresas do Estado). As alterações pretendem contribuir para uma maior independência dos auditores e para a melhoria da qualidade dos serviços prestados, tornando mais fiável a informação divulgada. Depois de vários escândalos financeiros, internacionais e nacionais, este aspecto é muito importante para restituir a confiança no mercado. O facto de serem criados dois normativos distintos gera alguma incerteza em relação ao futuro da profissão, já que, se por um lado a Directiva não altera em muito o que já existia, por outro lado o Regulamento traz grandes mudanças e vem gerar uma forte pressão e exigência sobre os auditores que exerçam funções em Empresas de Interesse Público. A Ordem dos Revisores Oficiais de Contas alega que a regulamentação da actividade deveria constar num único documento, a Directiva de Auditoria, e que esta divisão acaba por iniciar um processo de desintegração normativa, originando, necessariamente, auditorias de primeira (Regulamento) e de segunda (Directiva). Esta medida acaba tam- O facto de serem criados dois normativos distintos gera alguma incerteza em relação ao futuro da profi ssão. bém por retirar aos Estados-membros autoridade de regulamentação própria, deixando de ter autonomia para definir as suas próprias regras. A propósito da transposição destes normativos para o plano nacional, António Dias, membro da OROC, considera que as opções previstas sugerem a necessidade do seu tratamento via processo legislativo, adiantando ainda que o Governo ainda não informou a OROC ou solicitou o seu apoio relativamente à transposição das alterações à Directiva ou sobre a implementação do Regulamento. Portugal na fase de arranque O prazo para que Portugal transponha a Directiva termina a 17 de Junho de O processo está agora a iniciarse, procurando analisar a Directiva e o Regulamento no sentido de esclarecer algumas disposições, tendo já decorrido uma primeira reunião em Bruxelas com vista a harmonizar a interpretação destes dois documentos legislativos. A nível nacional ainda está em fase de arranque, explica Mário Freire, director da KPMG. Para este especialista, este processo de transposição é uma excelente oportunidade para reforçar a confiança no reporte financeiro e também para se ajustar algumas matérias inerentes ao governo das sociedades. O grande objectivo é ter uma auditoria de qualidade que transmita segurança. Para que tal seja consolidado, esta legislação irá colocar desafios aos auditores, mas também a um órgão societário que, por vezes, é menos focado, ainda que tenha um papel crucial nas entidades de interesse público: o audit committee. Para que o processo de transposição decorra normalmente deverá haver ponderação adequada das opções que a legislação permite aos Estados-membros. O exercício dessas opções não deve ser focado ou enviesado por casos particulares, mas 10

11 Colorblind / Cobis / VMI A nova Directiva vem aumentar a fasquia das empresas que são obrigadas a terem as contas auditadas, deixando de fora muitas PME e retirando mercado aos ROC. sim exigir uma reflexão mais transversal, alerta Mário Freire. A transposição da nova Directiva coloca em risco muitos profissionais, sobretudo individuais ou organizados em pequenas sociedades, já que prevê que aumente a fasquia das empresas obrigadas a auditoria (acima dos oito milhões de euros de volume de negócio), deixando de fora muitas PME, que representam 98% do tecido empresarial português. Isto retira mercado a muitos revisores oficiais de contas. Para Rui Vieira, partner da EY, a Directiva centra-se em temas como o acesso à profissão, regras de indepen- dência, códigos de conduta e a supervisão da profissão. Contudo, o Regulamento vai trazer alterações mais profundas ao nível das sociedades que auditam Entidades de Interesse Público. Este regulamento culmina num processo complexo que, apesar de algumas matérias terem ainda de ser clarificadas, vai mexer muito na profissão a partir de agora. Implica, sobretudo, duas grandes alterações: a rotação obrigatória de auditores, num dado período de tempo, e a imposição de um valor máximo aos serviços que não sejam de auditoria prestados por auditores, refere, a propósito, o especialista. 11

12 AUDITORIA ESTATUTÁRIA Prevenir a gestão danosa As auditorias estatutárias são fundamentais no caso de haver separação entre gestão e propriedade da empresa. Para o Estatuto da Ordem dos Revisores Oficiais de Contas (OROC) a auditoria compreende a revisão legal de contas, exercida em cumprimento de disposição legal e no quadro da actividade fiscalizadora das empresas por parte dos revisores oficiais de contas; a auditoria às contas exigida por disposição legal, estatutária ou contratual; e ainda os serviços relacionados com a auditoria, mas que, na prática, não o são. Assim, a auditoria estatutária é aquela que é imposta pelos estatutos da empresa, ou seja, é no acto de constituição da mesma que se estabelece a obrigatoriedade de que as demonstrações financeiras sejam sujeitas a auditoria. Conforme esclarece Sérgio Pontes, sócio da Pontes, Batista e Associados, a auditoria estatutária é igualmente uma auditoria às contas da empresa, mas tem esta designação devido à sua origem. Contrariamente à auditoria legal, imposta por lei, a auditoria estatutária é uma opção dos proprietários da empresa, os quais reconhecem, desta forma, a utilidade da auditoria, impondo a sua realização. Apresentará uma utilidade acrescida, designadamente nas empresas não sujeitas a auditoria legal (imposta por lei), e em que se verifica a separação entre a gestão e a propriedade, naqueles casos em que o gestor é distinto do proprietário, refere, a propósito, este especialista. A importância deste tipo de auditoria pode explicar-se da seguinte forma, utilizando para isso a Teoria da Agência, aplicada à corporate governance : o proprietário atribui as funções de gestão a um gestor não proprietário, o qual pode reger a sua conduta em função dos seus próprios interesses. O gestor dispõe, pois, de toda a informação, enquanto que o proprietário, porque não participa da gestão, não dispõe dessa informação, ocorrendo o fenómeno chamado de assimetria de informação. Para mitigar esta desigualdade, o proprietário necessita de informação para controlar o gestor. As demonstrações financeiras tendem a reduzir essa disparidade, pelo que terão de ser credíveis, credibilidade essa que é conferida pelo auditor através da emissão de um parecer, conforme explica Sérgio Pontes. De facto, quanto mais empresas perceberem a importância deste tipo de auditorias, menos problemas terão com a gestão de terceiros. Contrariamente à auditoria legal, imposta por lei, a auditoria estatutária é uma opção da empresa, que reconhece, desta forma, a sua utilidade e impõe a sua realização. Para Óscar Figueiredo, revisor oficial de contas, ultimamente tem-se confundido a função de uma auditoria. Atribuem-se responsabilidades aos auditores que nada têm que ver com as funções que lhe estão atribuídas, diz. As responsabilidades do auditor são muitas vezes confundidas com as responsabilidades dos reguladores, em termos de prevenção, e com as 12

13 responsabilidades dos órgãos sociais das entidades, em termos de fiscalização, explica ainda. Outros serviços dos auditores É, pois, importante que não se confunda auditoria com outros trabalhos que os revisores oficiais de contas podem executar. Para um ROC aceitar uma auditoria tem de haver pré- -condições fundamentais, nomeadamente, que a gerência reconheça que é a única responsável pela preparação A nova legislação europeia vem limitar o tipo de serviços permitidos aos auditores de entidades de interesse público. Agnès Audras / Photononstop / Corbis / VMI das demonstrações financeiras e pelo controlo interno adequado para evitar fraudes ou erros, e que proporcione ao auditor acesso sem restrições a toda a informação. Se estas pré-condições não estiverem satisfeitas, então não estamos a falar de auditoria mas de outros serviços relacionados com auditoria, alerta Óscar Figueiredo. A nova legislação europeia vem limitar o tipo de serviços permitidos aos auditores de entidades de interesse público, que façam auditoria às mesmas. Falamos de serviços relacionados com o financiamento, estrutura e afectação do capital, e estratégia de investimento, promoção, negociação ou tomada de acções na sociedade auditada, bem como serviços de recursos humanos, entre outros. A lista de serviços que o auditor deixa de poder fazer nestas entidades é de tal forma extensa que pouco mais pode fazer para além da auditoria, diz Óscar Figueiredo, questionando que resta saber se com esta tamanha exigência se consegue efectivamente melhorar a qualidade das auditorias realizadas. 13

14 SUPERVISÃO E QUALIDADE Image Source / Corbis / VMI Exigência de qualidade na auditoria é cada vez maior Auditores acreditam que difi cilmente existe em Portugal outra actividade liberal sujeita a mecanismos de controlo tão apertados. Exame de admissão, formação contínua, código de ética, controlo de qualidade e supervisão rigorosa são factores que distinguem a profissão de ROC e que elevam a sua exigência. Ainda assim, sempre que surgem casos de empresas ou entidades envolvidas em situações graves de falta de transparência financeira levanta-se a questão se os mecanismos de supervisão e controlo não devem ser revistos e actualizados, para que os ROC estejam ainda mais conscientes da importância da qualidade do seu trabalho. Vítor Almeida, partner da sociedade VASROC, alerta, de forma metafórica, para o facto de ser preciso esclarecer a opinião pública quanto às responsabilidades a atribuir nestas situações: Não podemos perfilhar da ideia de que, em caso de um assalto, o culpado é o polícia que não actuou como devia, desculpabilizando-se, ou desvalorizando-se, a actuação do ladrão. Apesar disso, aquele profissional defende que caso se demonstre que um trabalho de auditoria não foi executado de acordo com os normativos internacionais aplicáveis, deverão ser aplicadas penalizações. Mas as penalizações terão de ser atribuídas, prioritariamente, a quem é mais responsável pela falta de transparência. Não se pode omitir que a responsabilidade directa pela elaboração e apresentação das demonstrações financeiras compete ao órgão de gestão e ao técnico oficial de contas, salienta. Normas e bom senso A crescente exigência da profissão de ROC faz hoje uma espécie de selecção natural, como refere Vítor Almeida. 14

15 Segundo ele, deixa de haver lugar para os menos preparados. No entanto, é também uma profissão com o futuro assegurado porque a necessidade da intervenção de profissionais competentes e independentes, para validar a qualidade e suficiência da informação financeira proporcionada pelas empresas será cada vez maior, adianta. As normas apertadas da profissão contribuem para esta selecção, mas também asseguram a qualidade dos seus profissionais. Ana Cristina Doutor, secretária-geral da OROC, acrescenta a importância do bom senso para o sucesso na profissão. Aliás, cita, a este propósito, a lição deixada por um colega, recentemente falecido: A qualidade das normas de contabilidade e a qualidade das normas de auditoria aplicáveis em Portugal são uma vantagem para os profissionais destas áreas. No nosso País são aplicáveis as normas de melhor qualidade que se A crescente exigência da profi ssão de ROC leva a que deixe de haver lugar para os menos preparados. encontram a nível internacional. No entanto, as normas não conseguem, por si só, resolver todas as situações que, sendo mais complexas, obrigam ao empenho de todas as partes envolvidas. A utilização de muito bom senso é essencial. Formação, muita formação A preparação dos auditores para que a qualidade do seu trabalho seja inquestionável passa também pela formação. O auditor tem de manter um esforço constante de formação profissional, de aquisição de perícia, de competências para compreender e auditar as realidades que se lhe apresentam, explica Ana Cristina Doutor. Ao mesmo tempo, destaca, as normas de contabilidade e a sua evolução também obrigam os auditores a um esforço constante de aprendizagem e de aquisição de competências, bem como as leis e a regulamentação que é emitida sobre a auditoria. Um desafio muito importante é o diálogo com o mercado, com a sociedade, com os leitores do relatório do auditor, ou seja, os destinatários da informação financeira. Este diálogo permitirá, segundo a responsável da OROC, actuações mais conscientes e também a elaboração de regras, normas, leis mais adequadas, devidamente exigentes sobre aquilo que deve efectivamente ser exigido a estes profissionais. Uma adequada formação profissional constitui um elemento diferenciador na relação dos auditores com os seus clientes, acrescenta e conclui Vítor Almeida. PUB 15

16 AUDITORIA NO FEMININO Número de mulheres no sector da auditoria e revisão de contas tem vindo a aumentar Há hoje um forte crescimento no número de mulheres auditoras, algumas em cargos de topo de grandes sociedades. Mas nem sempre foi assim. Entre contabilidade e auditoria, Maria Virgínia Silva e Costa leva já 56 anos de muitas contas. Esta ROC, hoje a trabalhar como independente em conjunto com um dos filhos, nunca quis fazer outra coisa. Tirei o curso que gostava, exerci sempre a profissão com ligação à contabilidade e gosto do que faço e dos desafios que me são colocados, confessa. Mas o mundo empresarial na altura em que iniciou a sua actividade era muito diferente do actual. Maria Virgínia foi a primeira mulher em Portugal a obter a certificação de revisora oficial de contas. No entanto, aquela profissional assegura que o mundo masculino por onde enveredou profissionalmente nunca foi um problema. Muito pelo contrário, reforça. Sempre foi muito bem acolhida, tratada e respeitada pelos colegas homens e nunca sentiu qualquer discriminação sexual por parte dos clientes para quem trabalhava. Nunca senti qualquer dificuldade especificamente por ser mulher, garante. Apesar de Maria Virgínia ter aberto as portas à entrada de profissionais do sexo feminino no mundo da auditoria, nem por isso o panorama se alterou muito. Quase vinte anos depois, quando Ana Salcedas, partner/roc da EY, chegou à profissão, o número de 16

17 Ana Salcedas está na profissão há 23 anos e há 11 que é partner na empresa onde trabalha, a EY. Reconhece que quando chegou ao sector de auditoria, o número de mulheres em posições de liderança era muito reduzido. Maria Virgínia Silva e Costa, ROC independente Nunca senti dificuldades por ser mulher A primeira ROC em Portugal. mulheres era ainda muito menor do que o de homens. Um desequilíbrio ainda maior se falarmos de cargos de topo. O número de mulheres em posições de liderança na profissão há 23 anos era muito reduzido, garante a auditora que 12 anos depois de ter começado a trabalhar como ROC chegou, ela própria, a uma posição de destaque na empresa onde trabalha. Mas não foi fácil, como admite a partner da EY. Em algumas ocasiões senti que foi preciso um investimento adicional de afirmação pessoal, principalmente quando iniciei funções de gestão mais exigentes ao nível do relacionamento interno na firma, e também com níveis de topo nos clientes, salienta. Ainda assim, acrescenta, considero que sempre obtive o reconhecimento adequado desse esforço. Dificuldades só pelo facto de ser mulher também não sentiu. Parece-me Sara Matos Maria Virgínia Silva e Costa tem 78 anos e foi a primeira mulher revisora oficial de contas em Portugal. Na OROC tem o número 23, o que faz dela também uma das mais antigas profissionais ainda no activo. Entrou na profissão há 40 anos e não voltaria atrás na sua escolha. Ainda hoje faz o que gosta. Quando começou a trabalhar como ROC sentiu que era um mundo masculino? Quando comecei senti-me realmente rodeada por um mundo masculino, pois como se pode constatar, eram muito poucas as mulheres que faziam parte da lista ROC. Mas isso nunca constituiu um problema para mim, bem pelo contrário. Que dificuldades sentiu? Não senti qualquer dificuldade na integração e sempre fui muito bem acolhida, quer por parte dos meus ilustres colegas de profissão, quer pelas pessoas com quem contactava nas empresas onde exercia funções. Como vê o futuro da profissão de auditor, quais os desafios que enfrenta? O futuro da profissão está cada vez mais difícil, dadas as complicações e mudanças que estão a surgir a cada momento. Hoje esta é uma profissão cada vez mais trabalhosa, muito exigente, com muita responsabilidade e com perspectivas muito nublosas, apesar de ser cada vez mais necessária. 17

18 AUDITORIA NO FEMININO que as dificuldades ao nível do balanceamento entre vida profissional e pessoal são comuns a mulheres e homens que abraçam esta profissão. Contudo, admite que sendo mulher, o nível de exigência de resposta na gestão de prioridades é superior. Ainda assim, no seu caso, pode sempre contar com o apoio dos colegas e da família para ajudar a equilibrar a vida pessoa e profissional. Actualmente, o equilíbrio entre sexos é muito maior nesta profissão e tudo aponta para assim continue. Questionada sobre o futuro das mulheres na Actualmente, o equilíbrio entre sexos é muito maior nesta profi ssão e tudo aponta para assim continue. auditoria, Maria Virgínia não tem dúvidas: Será cada vez mais aliciante. E justifica: Antes a mulher vivia para o interior da família. Hoje sai para o mundo à procura da sua afirmação pessoal, da dádiva do seu contributo para um mundo melhor, e também para ajudar financeiramente o agregado familiar. Opinião partilhada por Ana Salcedas. Claramente percepciono um incremento da adesão feminina à profissão, existindo hoje vários casos de sucesso na ascensão ao topo da carreira profissional. O reconhecimento masculino da qualidade de trabalho nesse processo de ascensão é sem dúvida uma evolução muito positiva. Para esta profissional, as mulheres têm um sexto sentido e um nível de compromisso profissional que é muito útil para a profissão no contexto das exigências incrementais de qualidade, rigor e transparência. A partner da EY deixa, contudo, uma recomendação a todas as mulheres: Espero que continuem a investir no sucesso da sua carreira profissional e consigam fazer a adequada gestão a nível pessoal de forma a não prejudicar as suas ambições. Tal como noutras profissões, acredita Ana Salcedas, também nesta existe necessidade de proporcionar melhores condições para que as exigências profissionais não prejudiquem o equilíbrio a nível pessoal e assim evitar o possível confronto com escolhas pessoais difíceis nas fases mais críticas da carreira. Desafios e exigências Apesar de ser uma profissão muito exigente a diferentes níveis, Ana Salcedas não se arrepende da escolha que fez. É uma profissão que proporciona desafios constantes muito gratificantes, permitindo um bom enquadramento para a realização profissional, garante. A partner da EY reconhece, contudo, que a profissão de auditor tem sido fortemente condicionada, especialmente nos últimos anos, pelo incremento sucessivo de exigências de qualidade e transparência. A implementação das novas regras europeias comporta desafios significativos na gestão operacional das firmas de auditoria que poderão ter consequências negativas ao nível da atractividade da profissão junto dos mais jovens, actualmente com menor disponibilidade para investimentos profissionais com impactos significativos ao nível da sua vida pessoal, acredita. A solução para este problema poderá, contudo, estar na melhoria das condições e ferramentas de trabalho, que facilitam a gestão do dia-a-dia da actividade. A melhoria da eficiência no processo de auditoria, com claros investimentos em melhores ferramentas e na gestão do conhecimento e das equipas, são factores-chave para a melhoria das condições de trabalho, mantendo ou melhorando os padrões de qualidade e proporcionando, em paralelo,a partilha de valores e conhecimento que permitam manter a atractividade da profissão, reforça Ana Salcedas. Fotos: Sara Matos 18

19 Ana Salcedas, partner/roc na EY Sendo mulher, o nível de exigência é superior Balancear a vida pessoal e profi ssional nunca foi tarefa fácil. Ana Salcedas, 45 anos, abraçou a profissão de auditor há 23 anos sendo, nos últimos 11, também partner da consultora onde exerce. Reconhece que o sexo feminino tem vindo a afirmar-se nesta área de trabalho, mas admite que continua a ser preciso trabalhar muito para ser valorizado da mesma forma. Quando começou a trabalhar como ROC, sentiu que era um mundo masculino? Sim, de facto o número de mulheres em posições de liderança na profissão há 23 anos era muito reduzido. Sentiu algumas dificuldades? Senti as normais dificuldades, decorrentes das necessidades de investimento para melhor enquadramento técnico e de gestão dos trabalhos e das equipas, muitas vezes com impactos relevantes na minha disponibilidade pessoal. Também em algumas ocasiões senti que foi preciso um investimento adicional de afirmação pessoal, principalmente quando iniciei funções de gestão mais exigentes ao nível do relacionamento interno na firma, e também com níveis de topo nos clientes. Não obstante, considero que sempre obtive o reconhecimento adequado desse esforço. Acha que algumas dessas dificuldades aconteceram por ser mulher? Sendo mulher, o nível de exigência de resposta na gestão de prioridades é superior. Não obstante, sempre pude contar com o apoio dos colegas e da minha família, o que tem sido fundamental, mas claramente gerir o balanceamento pessoal e profissional continua a não ser uma tarefa fácil. 19

20 FÓRUM Os desafios da profissão e dos ROC Muitos são os desafios actuais da profissão. Por um lado, há a cada vez maior necessidade de as organizações serem mais rigorosas e transparentes na sua contabilidade. Por outro, é exigido que estes profissionais tenham maiores valências e competências. Desafiámos o sector a responder a estas duas questões: 1) Como podem as organizações ser mais rigorosas e transparentes na sua contabilidade? 2) Que melhorias poderiam ser implementadas no exercício da profissão de Revisor Oficial de Contas? 20

21 Paulo Figueiredo 1. Como podem as organizações ser mais rigorosas e transparentes na sua contabilidade? Mário Guimarães, ROC A aplicação apropriada das normas contabilísticas em vigor, quer pelos contabilistas, quer por exigência do órgão de gestão das entidades, permitirá alcançar esse desiderato. Não obstante, a existência de contas auditadas constitui um selo de garantia de que a informação financeira que é prestada ao mercado é credível e fiável, facilitando e tornando mais seguro o processo de tomada de decisão pelos stackeholders da entidade, internos e externos. De facto, uma entidade sem contas auditadas estará mais susceptível a que as mesmas possam ser manipuladas, uma vez que não são objecto de escrutínio por um profissional habilitado e independente, que seja o garante da qualidade da informação que é prestada a terceiros. João Cipriano, partner da Abreu e Cipriano, Auditores As organizações podem ser mais rigorosas e transparentes com gestores, quadros e auditores empenhados, sérios, competentes e justamente remunerados. Com uma saudável cultura de boa prestação de contas. Com um adequado sistema de controlo interno, em todas as suas dimensões: ambiente de controlo, sistemas de comunicação, gestão de riscos, actividades de controlo, monitorização interna. Com a correcta adopção dos princípios e regras contabilísticos. Com o cuidado a colocar no relato financeiro anual ou intercalar sobre a posição e o desempenho financeiros. Com níveis de apresentação e divulgação que tornem a informação compreensível, comparável, fiável e relevante para quem a usa. João Paulo Marques, partner da CFA Cravo, Fortes e Antão, Associados A auditoria é um factor determinante para fomentar e consolidar o crescimento económico ambicionado pelas empresas, constituindo uma prova de credibilidade das demonstrações financeiras para o mercado. Nesse sentido, as melhorias terão necessariamente, numa perspectiva transversal, de fomentar os valores, entre outros, que norteiam a actuação dos revisores oficiais de contas Integridade, Independência, Responsabilidade e Transparência. O ROC é o garante da credibilidade financeira entre agentes económicos, incorporando complementarmente valor acrescentado para as empresas. Paulo André, managing partner da Baker Tilly São vários os aspectos que contribuem para uma maior qualidade do trabalho de auditoria, nomeadamente a maior responsabilização dos órgãos de gestão. Temos assistido a erros graves nas demonstrações financeiras, não suficientemente reportados pelo respectivo auditor, mas também a conivência de administradores e directores de topo. Urge-se uma maior responsabilização do órgão de gestão, pois a auditoria estatutária não é um caso de polícia, assentando na premissa de que existe boa fé por parte dos interlocutores do auditor, bem como assegurar que a nomeação do auditor seja independente do órgão de gestão (comissão de auditoria). Outro aspecto a ter em conta é o nível de honorários. A contabilidade não sofreu evoluções significativas nos últimos anos, mas as empresas realizam operações mais complexas e de difícil interpretação, exigindo julgamento profissional. A pressão do lucro reduz os recursos alocados ao controlo interno. Este ambiente exige equipas de auditoria experientes. Ao invés do que temos assistido, justifica-se um aumento dos honorários. A redução dos honorários apenas pode condicionar a qualidade de uma auditoria. Especialização por indústria é também um factor a ter em conta nesta temática. A independência do auditor (rotação dos auditores) e a formação contínua, terminam o rol de aspectos relevantes. Devem ser implementados procedimentos de rotação do auditor ou da equipa que executa o trabalho. E sendo uma profissão exigente, onde questões de natureza técnica acompanham o auditor ao longo da sua carreira, a formação permanente, formal e on-job, é essencial para capacitar o auditor nas suas tarefas de permanente julgamento e juízo sobre transacções de elevada complexidade. José Rebouta, partner da Mazars A reforma do mercado europeu de auditoria e de preparação do relato financeiro inscreve-se neste tema da transparência e no completo reporte da informação financeira. Os seus objectivos passam por: incentivar as empresas a melhorar o controlo externo das suas informações financeiras; reforçar a confiança dos investidores através do aumento da qualidade dos relatórios financeiros; permitir uma maior concorrência, o que irá introduzir mais escolha, maior inovação e acesso ao mercado da auditoria; e ainda garantir um mercado seguro através de um sistema de supervisão europeia coordenada. Isto implica medidas como a rotação obrigatória das firmas de auditoria, após um determinado número de anos e incentiva a criação de uma joint audit, um sistema de mérito reconhecido em termos de qualidade da auditoria, independência do auditor e diversidade de mercado. A joint audit proporciona ainda incentivos claros para as Entidades de Interesse Público que adoptarem este sistema com períodos mais longos de rotação. Além disso, promovem um mercado com maior número de players, o que incentiva o desenvolvimento de empresas de menor dimensão. As organizações empresas, contabilistas, auditores e reguladores têm um objectivo bem definido e que se cruza necessariamente com a ambição dos stakeholders : o de comunicar e reportar de forma transparente e completa. 21

22 Paulo Alexandre Coelho FÓRUM Patrício da Silva, partner da Patrício, Moreira, Valente e Associados António Dias, partner de Auditoria da Deloitte A resposta a esta questão não pode ser dada de forma directa e focalizada num só agente ou interveniente do processo da participação e construção da contabilidade de qualquer instituição, seja ela pública ou privada. O que está em causa e o que se pretende é que: (a) a contabilidade, que durante anos foi vista com tendo o propósito de disponibilizar informação à Administração Tributária, venha a ser vista como um parceiro activo da organização; e (b) a contabilidade deixe de ser um simples instrumento para o fornecimento de dados e informações contabilísticas para passar a ser um instrumento de sustentação das decisões de gestão das entidades. Para dar resposta a este quadro global de criação de valor que a contabilidade pode disponibilizar, é indispensável, em termos de contribuição global e coordenação, que se articulem as seguintes condições: (i) o estabelecimento de uma normalização contabilística global aplicável com características de generalidade, sustentada por normas de contabilidade tendo em vista a comparabilidade da informação financeira divulgada; (ii) que os intervenientes, os executores da informação contabilística, utilizem práticas suportadas por princípios éticos e de rigor; e (iii) que as instituições tenham como objectivo principal disponibilizar informação financeira credível e verdadeira. O comportamento ético dos administradores é o factor mais eficaz para assegurar que a informação contabilística é completa, rigorosa e transparente. São os administradores que tem a responsabilidade de assegurar a implementação de sistemas contabilísticos e de controlo interno adequados, são também os administradores aqueles que mais facilmente podem omitir ou manipular a informação nestes sistemas. Compete ainda aos administradores aprovar as contas e respectivas divulgações para apresentação aos seus accionistas e posterior publicação. A existência nas organizações de órgãos internos eficazes de fiscalização e de supervisão dos administradores é também um factor que muito contribui para o rigor e a transparência da sua contabilidade. É evidente que a publicação da Certificação Legal das Contas emitida pelo ROC contribui para que as organizações sejam mais rigorosas e transparentes na sua contabilidade. 22

23 Jorge Costa, Assurance Lead Partner da PwC A profissão de revisor oficial de contas tem sido alvo da implementação de várias melhorias nos últimos anos, nomeadamente no que respeita ao controlo da qualidade dos trabalhos realizados. Julgo ser fundamental que, nos próximos tempos, aumente de forma relevante a comunicação e colaboração entre os revisores e os reguladores, que ambos consigam trabalhar mais em conjunto e que os reguladores sejam capazes de criar as condições para que o papel dos auditores nas empresas seja claramente reforçado, criando, desse modo, as bases para que a informação financeira a que os mercados têm acesso seja ainda mais fidedigna. Uma profissão de auditoria forte cria as condições para um mercado de capitais muito mais eficiente. Todas as melhorias que venham a aumentar a qualidade dos trabalhos são igualmente benvindas, como uma maior ligação entre as universidades e as sociedades de revisores, com o reconhecimento do papel que estas têm na criação de emprego e na formação de quadros, e um aumento da responsabilização pela qualidade dos trabalhos efectuados. Leonel Vicente, sócio da RV - Romão & Vicente, SROC Várias questões fulcrais para a melhoria do exercício da profissão são já tratadas na nova Directiva, nomeadamente a nível do reforço da independência, por via da limitação da duração de mandatos, com rotação obrigatória de firmas e sócios, e restrições à prestação de serviços adicionais, a par do controlo de qualidade. Poderia ir-se um pouco mais além no acréscimo da transparência no relato e, principalmente, na designação de auditores conjuntos em empresas de maior dimensão. A nomeação do auditor por entidade supra-empresas seria uma revolução, incompatível com as actuais regras do mercado. 2. Que melhorias poderiam ser implementadas no exercício da profissão de Revisor Oficial de Contas? Rui Correia de Pinho, partner da Esteves, Pinho & Associados SROC BKR International Efectivamente, este tipo de profissão tem determinadas vicissitudes que só podem ser ultrapassadas com uma reflexão profunda sobre o futuro da mesma. Esta reflexão a nível mundial e europeu, incluindo Portugal, e a procura de melhorias para a profissão, deveria permitir uma verdadeira independência da matéria em apreciação e o aparecimento de estruturas alternativas ao fenómeno de concentração de mercado num pequeno número de grandes auditoras internacionais. De igual modo, é desejável que os organismos reguladores promovam esta mesma reflexão com o objectivo que todos estes profissionais sejam vistos como auditores e consultores privilegiados do sector privado e público. Ricardo Pinheiro, Country Assurance Leader da EY Portugal O exercício altamente regulamentado das funções dos revisores oficiais de contas determina a sua evolução periódica, como resposta às exigências crescentes de reguladores sectoriais e das entidades públicas e privadas com quem trabalham. O preenchimento das expectativas e necessidades dessas entidades passa por mais recursos, via integração de profissionais individuais em sociedades de revisores, e por maior amplitude de valências técnicas, que através da multidisciplinaridade de conhecimentos melhoram o exercício das funções, muitas vezes de interesse público, que lhes são confiadas. 23

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