Grãos: CORNucópia 05 de junho de 2017
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- Letícia Rico Santiago
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1 Grãos: CORNucópia 5 de junho de 217 Com o encerramento de maio muitas dúvidas se esclareceram sobre a produção de milho safrinha. As chuvas foram suficientes até agora, o que garante a produtividade de praticamente toda a safra. Como percebemos nos últimos anos, chover até a segunda quinzena de abril é um marco importante na produtividade do milho, mas algumas chuvas em maio são o selo de garantia da produtividade no Centro-Oeste do Brasil. Pois não há muitas outras intempéries climáticas que podem prejudicar a produção da região. Já no Sul e no sul do MS, ainda existem riscos que podem reduzir a produção, porém eles só serão mitigados ao termino da colheita do grão. Por exemplo: um vendaval pode derrubar um campo de milho maduro pronto para ser colhido, fazendo a produtividade ficar baixíssima. Além disso, o problema não é só o vendaval, mas a geada, chuvas excessivas, etc. Começando nossa análise da safra pela área plantada, apesar de já estarmos na colheita da safrinha, ainda existem algumas dúvidas sobre a área tanto na safra de verão quanto de inverno. Porém, o crescimento da área de milho verão e inverno é consenso e o efeito total deverá ser expressivo. No caso do verão, acreditamos ainda que a área de milho cresceu no Sul e que as agências estaduais não estão captando isso. Já na área de milho inverno, o crescimento será ainda mais forte que prevíamos anteriormente, projetamos 12,3 mln ha contra 11,58 mln ha da projeção de março. A área total somada deverá chegar a 17,95 mln ha em 218. Área plantada com Milho no Brasil: verão (safra) e inverno (safrinha) 9 Área plantada de milho verão (mln ha) 14 Área plantada de milho inverno (mln ha) /11 211/12 212/13 213/14 214/15 215/16 216/17 21/11 211/12 212/13 213/14 214/15 215/16 216/17 Fonte: CONAB, agências estaduais; elaboração: PINE Macro & Commodities Research Além da área, outro ponto importante para a definição da produção é a influência climática. Como veremos detalhadamente abaixo, o clima foi muito construtivo para a cultura. Além disso, a utilização de insumos e tecnologia foi expressivo nessa safra, que é outro fator impulsionando a produtividade. Concluindo, a impressão é muito positiva para a produtividade do milho safrinha, o qual acreditamos que atinja 7,7 mln ton, contra nossa projeção anterior de 62,6 mln ton. Já a safra de verão também sofreu um incremento marginal na projeção, passando de 3,4 mln ton para 31,5 mln ton.
2 Produção de Milho no Brasil: verão (safra) e inverno (safrinha) 214/15 215/16 216/17 MAPITO+ Bahia 4,532 2,925 3,891 Goiás + DF 2,23 2,99 2,32 Minas Gerias 5,46 5,18 5,779 São Paulo 2,312 2,362 2,464 Paraná 4,683 3,296 4,982 Santa Catarina 3,189 2,72 3,612 Rio Grande do Sul 6,173 5,893 6,536 Outros 1,873 1,482 1,927 Brasil 3,244 25,884 31,51 214/15 215/16 216/17 MAPITO+ Bahia 1, ,233 Mato Grosso 2,35 15,8 28,975 Goiás + DF 7,648 4,61 9,148 Mato Grosso do Sul 8,883 6,127 1,146 Minas Gerias 1, ,31 São Paulo 1,854 1,462 2,397 Paraná 11,18 1,55 14,88 Outros 1, Brasil 54,485 39,898 7,733 Fonte: CONAB, agências estaduais; elaboração: PINE Macro & Commodities Research Dessa forma, a safra 216/17 de milho no Brasil deverá atingir o total de 12,2 mln ton de produzidos, aumento de quase 1 mln ton da projeção anterior. Além de ser um incremente brutal de 55% na comparação anual. Produção de Milho no Brasil: verão (safra) e inverno (safrinha) Produção de milho total (mln ton) verão inverno /8 28/9 29/1 21/11 211/12 212/13 213/14 214/15 215/16 216/17 Fonte: CONAB, agências estaduais; elaboração: PINE Macro & Commodities Research Clima ainda favorável Como foi comentado anteriormente, o clima está ajudando a safra de milho safrinha, assim como ajudou as safras de grãos de verão. As chuvas continuaram até maio no Centro-Oeste e não ocorreu nenhuma estiagem na região Sul e Sudoeste. Apresentamos abaixo as chuvas ponderadas pelas regiões produtoras nos principais estados: Mato Grosso: Na média, as chuvas foram bem presente no MT até o final de abril, com algumas chuvas em maio. Essas chuvas de maio, mesmo que esparsas e em menor volume que nos meses
3 anteriores, garantem a produtividade de quase toda a planta que ainda está na fase de maturação. Na comparação anual, é visível que as chuvas de 216 diminuíram ainda em março, enquanto em 217 só o fizeram em abril. Essa umidade adicional acaba prejudicando a qualidade do milho colhido precocemente, o chamado milho ardido Chuvas semanais no Mato Grosso (mm/semana) Media ' Paraná: Em 217, as chuvas vieram irregulares na maior parte do desenvolvimento da safra de milho inverno, porém não ocorreu nenhum momento de estiagem. Essa realidade é bem diferente de 216, que sofreu uma forte estiagem em abril, o que prejudicou muito a produtividade estadual. No caso do PR, a produtividade final é ainda mais dependente das condições finais até o final da safra, como a geada e as chuvas na colheita. Então é necessário um acompanhamento atento por mais algumas semanas nesse estado Chuvas semanais no Paraná (mm/semana) Media ' Mato Grosso do Sul: O MS tem apresentado condições climáticas semelhantes ao do Paraná, com chuvas irregulares, porém períodos de estiagem no desenvolvimento do milho inverno. Porém isso é um fator muito importante, pois o MS é mais propenso a estiagens que o PR. Já pelo outro lado é menos suscetível a geadas e, por ser mais seco, também é menos comum que ocorram
4 problemas de excesso de umidade na colheita. Ou seja, nesse momento a produção no MS está mais segura que no PR Chuvas semanais no Mato Grosso do Sul (mm/semana) Media ' Goiás: Em Goiás, as precipitações de 217 foram maiores que em 216. Além do fato de que ocorreram boas chuvas no final de abril e no final de maio, foram espaçadas, mas em tempo hábil para garantir a produtividade. Estamos otimistas com a produtividade no estado Chuvas semanais Goiás (mm/semana) Media ' Riscos finais da safra Apesar do clima favorável e do grande potencial da safra brasileira, não podemos esquecer os problemas pertinente ao estágio final da safra. Todos os anos existem problemas que atingem as lavouras no final da colheita, sendo que eles podem atingir algumas regiões e poupar as vizinhas, sem muita previsibilidade. Sendo que os principais são: 1) excesso de chuvas durante a colheita, o clima úmido já traz prejuízos e perda de qualidade em algumas regiões do MT, com o milho ardido; 2) a pressão de pestes nas áreas finais, com o avanço da
5 colheita toda a carga de pragas se concentram nas áreas ainda verdes. Assim, prejudicando a produtividade das últimas áreas a serem colhidas; 3) problemas logísticos, com uma safra recorde a ser colhida o problema de falta de espaço nos silos e armazéns regionais deverá ser aguda. As imagens de pilhas de milho descarregado a céu aberto será recorrente no MT. Porém no MS e PR essa opção não é viável, podendo gerar algum prejuízo e pressão de venda. Perspectiva para 218 Com a consolidação do cenário de forte produção de milho em 217 e, a decorrente, queda expressiva nos preços, já vislumbramos uma redução da área planta de milho verão em 218. Dessa maneira, retornaremos a tendência de longo prazo de queda na área de milho verão no Brasil. Assim, acreditamos que o aumento de área observado nessa safra migrará para outras culturas na próxima, principalmente soja. Entretanto, a safra de milho inverno (safrinha) deverá continuar com a área atual, ou mesmo aumentar, na próxima safra. Isso se deve ao fato de que depois do produtor selecionar áreas aptas a duas safras e dimensionar seus equipamentos para isso, dificilmente ele irá abandonar as áreas adicionais. A maior dificuldade está em começar a cultura da safrinha e não em continuá-la. Além disso, os menores preços da soja também incentivam os produtores ao aumento de área cultivada para diminuir o custo de produção (quanto maior a produção, menor é o custo fixo por produto). No entanto, os preços menores do milho no mercado doméstico terão reflexos na tecnologia adotada pelos produtores. Com a redução do pacote tecnológico (qualidade de semente, utilização de fertilizantes, aplicações de defensivos, etc.) o potencial de produtividade será menor que nesse ano. Afinal, apenas em cenários de preços muito elevados trazem o retorno financeiro necessário para a manutenção dos investimentos realizados nessa safra. As melhores práticas agronômicas nem sempre conversam com os maiores retornos financeiros. Research: Commodities - PINE Lucas Brunetti
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