DIAGNÓSTICO DA ECONOMIA DO TURISMO NO CENTRO ANTIGO DE SALVADOR. Julho/2009

Tamanho: px
Começar a partir da página:

Download "DIAGNÓSTICO DA ECONOMIA DO TURISMO NO CENTRO ANTIGO DE SALVADOR. Julho/2009"

Transcrição

1 LTA ADMINISTRAÇÃO E PARTICIPAÇÕES LTDA PROPOSTA DE CONSULTORIA PARA O PLANO DE REABILITAÇÃO DO CENTRO ANTIGO DE SALVADOR DIAGNÓSTICO DA ECONOMIA DO TURISMO NO CENTRO ANTIGO DE SALVADOR Julho/2009 CONSULTORA: LÚCIA AQUINO DE QUEIROZ

2 SUMÁRIO APRESENTAÇÃO p.3 CAPÍTULO 1 - PANORAMA ATUAL DA ECONOMIA DO TURISMO NO MUNDO E NO BRASIL p.5 CAPÍTULO 2 - O DESAFIO DA COMPETITIVIDADE PARA OS CENTROS URBANOS E TURÍSTICOS p.19 CAPÍTULO 3 - O TURISMO EM SALVADOR p Evolução recente do turismo em Salvador p Espacialização da economia do turismo em Salvador p Perfil do visitante de Salvador p Potencialidades, Limites, Desafios e Tendências do Turismo p.57 de Salvador CAPÍTULO 4 - O TURISMO NO CENTRO ANTIGO DE SALVADOR (CAS) 4.1 Perfil Qualitativo dos Equipamentos e Serviços Turísticos do CAS 4.2 Identificação dos serviços de apoio ao turismo oferecidos por organismos de fomento Bahiatursa, SETUR, SESC, SENAC, SEBRAE, IH 4.3 Análise das potencialidades do patrimônio cultural para a atividade turística do CAS 4.4 Análise dos impactos dos investimentos previstos para o turismo do CAS 4.5 Potencialidades, Limites, Desafios e Tendências do Turismo no CAS p.62 p.62 p.77 p.89 p.102 p.113 CONSIDERAÇÕES FINAIS p.115 REFERÊNCIAS p.120 2

3 APRESENTAÇÃO O turismo, uma das principais atividades econômicas da atualidade, vem atravessando, desde as últimas décadas, intensas transformações. A aceleração da globalização econômica, os avanços tecnológicos, os processos de descentralização política e re (valorização) dos governos locais, a valorização das culturas, a percepção das viagens como fonte de conhecimento e de reposição de energias diante dos desgastes da vida cotidiana, a ampliação dos relacionamentos entre os povos, dentre outros fenômenos, vêm provocando o despontar de um novo cenário turístico. Ao tempo em que a hegemonia do modelo convencional e dos espaços turísticos tradicionais passa a ser questionada, o turismo urbano adquire um novo impulso, respaldado pela valorização turística das novas experiências e do território, compreendido enquanto o lócus da realização da atividade turística. A importância do turismo nas cidades, espaços privilegiados de concentração criativa, simbólica e produtiva, é hoje indiscutível. Buscando adaptar-se à concorrência estabelecida na etapa atual de crescimento pós-industrial e de globalização econômica e manter uma posição hierárquica relevante, as cidades têm sido palco para a realização de grandes investimentos em infra-estrutura, equipamentos e serviços. O turismo, ao tempo em que se beneficia desses investimentos, possibilita a que estes se tornem social e economicamente rentáveis. A percepção do valor do lugar, de sua cultura, de sua identidade, pela demanda turística, em um cenário de intensa competitividade global, vem conduzindo à expansão de novas modalidades de turismo associadas às cidades, e propiciando o fortalecimento da segmentação turística. O crescimento do papel atribuído à cultura na definição dos lugares e, mais especificamente, na composição de sua identidade, tem possibilitado a que o turismo cultural se destaque como um segmento em franca expansão, um dos grandes responsáveis pelo incremento da atividade turística mundial. 3

4 Este estudo, atendendo a uma demanda da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e do Escritório de Referência do Centro Antigo de Salvador (CAS), objetiva analisar a economia do turismo no CAS, região que concentra a mais ampla oferta para o segmento do turismo cultural da cidade de Salvador. Optou-se, em termos metodológicos, por traçar, inicialmente, o panorama atual da economia do turismo no mundo e no Brasil, procedendo-se, em seguida, a uma análise teórica da questão da competitividade para os centros urbanos e turísticos, aspectos tratados nos dois primeiros capítulos, que possibilitaram a confecção de um quadro analítico das potencialidades/oportunidades, limites, tendências e desafios do turismo mundial, fundamental para a construção de idêntico referencial para a economia do turismo de Salvador e do CAS. No capítulo dois buscou-se enfocar a economia do turismo de Salvador, analisando a sua evolução recente, sua espacialização, o perfil do visitante da cidade e as potencialidades/oportunidades, limites, tendências e desafios que se apresentam para a atividade turística. O capítulo quatro foi reservado do turismo no Centro Antigo de Salvador, enfocando o perfil qualitativo dos equipamentos e serviços turísticos; a identificação dos serviços de apoio ao turismo oferecidos por organismos de fomento Bahiatursa, Secretaria de Turismo (Setur), Serviço Social do Comércio (Sesc), Serviço Brasileiro de Apoio Empresarial do Estado da Bahia (Senac), Serviço Brasileiro de Apoio Empresarial do Estado da Bahia (Sebrae-Ba), Instituto de Hospitalidade (IH); a análise das potencialidades do patrimônio cultural para a atividade turística do CAS e dos impactos dos investimentos previstos para o turismo dessa região e, por fim, à apresentação de um quadro sintético das potencialidades, limites, desafios e tendências do turismo no CAS. No quinto e último capítulo foram feitas as considerações finais. Espera-se que esse diagnóstico possa subsidiar a construção de proposições para a economia do turismo do CAS, contribuindo para a expansão e o ordenamento da atividade e também, para que o turismo possa colaborar efetivamente para o desenvolvimento sustentável da área central da cidade de Salvador, um 4

5 desenvolvimento que contemple não apenas os aspectos econômicos, mas, também, sociais, culturais e ambientais. 1 PANORAMA ATUAL DO TURISMO NO MUNDO E NO BRASIL Do ponto de vista da economia, o turismo tem sido conceituado como um ato que pressupõe deslocamento do lugar habitual de residência, sem fixação de tempo; um gasto de renda anteriormente auferida; um consumo de bens e serviços, e uma geração de riqueza (FIGUEROLA, 1990, p. 15). Comumente enquadrado, em termos econômicos, como uma indústria ou setor 1, o turismo tem sido concebido por estudiosos da Economia do Turismo, como uma atividade social e econômica (ID, p. 17), que pode resultar em um conjunto de benefícios para uma dada sociedade, mas, também em custos sociais, econômicos e ambientais. O desempenho desta atividade está associado, com uma certa freqüência, a fatores macroeconômicos, como o comportamento da renda e sua distribuição; microeconômicos, a exemplo das influências da teoria do consumidor e do funcionamento do mercado turístico; aos impactos das políticas econômicas cambial, monetária, fiscal e intervenções diretas 2, além de outros aspectos também influentes, como a disponibilidade de tempo livre, as intempéries climáticas, as ações de grupos terroristas, as facilidades proporcionadas pelo progresso tecnológico, dentre as quais, os avanços nos meios de transportes encurtando as distâncias. 1 A visão do turismo enquanto indústria ou setor é criticada por alguns estudiosos da Economia do Turismo. Um dos argumentos utilizados para não se considerar correta a denominação do turismo como uma indústria, refere-se ao fato de que [...] o conceito de indústria deve ser entendido como o conjunto das operações que concorrem à transformação das matérias-primas e à produção de riqueza [...]. Em geral os atos turísticos conduzem à transformação de matérias-primas; e pode-se aceitar que o processamento modifica as formas e o conteúdo inicial dos alimentos para adaptá-los adequadamente aos gostos e interesses dos consumidores. Mas não em todos os casos, sobretudo nos aspectos próprios dos turistas, se produz tal condicionamento (FIGUEROLA, 1990, p. 17). Já a defesa da inadequação do turismo enquanto setor econômico tem como um dos seus argumentos, a percepção de que a realidade não permite comparar e identificar o turismo como um setor, já que este extrapola, por seu conteúdo e variedade de formas e características, o que rigorosamente se entende como tal (aspecto particular de um conjunto). O turismo não pode ser entendido como um setor independente da economia e só em sentido figurado poderá aceitar-se o seu enquadramento como um ramo produtivo específico integrado ao Setor de Serviços da Economia (ID, p. 17). 2 As intervenções diretas abrangem um amplo espectro de mecanismos de intervenção das autoridades públicas, diretamente exercidos sobre as atividades de agentes econômicos individuais, sobre remunerações dos recursos de produção, sobre os preços dos produtos e mesmo sobre o comportamento das empresas e dos consumidores (ROSSETTI, 1997, p. 77). Um exemplo de intervenção direta na atividade turística refere-se ao depósito compulsório para viagens internacionais instituído no Brasil durante a vigência do regime militar. 5

6 Desde meados do século passado, a Sociedade Moderna tem experimentado profundas mudanças, que tem possibilitado a transformação do turismo em uma atividade promissora, com perspectivas de expandir-se a taxas crescentes, acompanhando e superando o crescimento observado na economia mundial. Uma conjunção de fatores associados à expansão econômica valorização das culturas, percepção da viagem como uma fonte de conhecimento e de reposição de energias diante dos desgastes da vida cotidiana, ampliação dos relacionamentos entre os povos, melhorias e barateamento nos sistemas de transportes, dentre outros possibilitaram a que as viagens internacionais registrassem, segundo informações da Organização Mundial do Turismo (OMT), um crescimento expressivo nos últimos 40 anos. Em uma análise dos indicadores mais recentes observa-se que, as chegadas internacionais evoluíram de um montante equivalente a 536 milhões em 1995, para 924 milhões em 2008 (Gráfico 1); a receita turística internacional apresentou taxas anuais de crescimento, entre 2002 e 2007, superiores às alcançadas pela produção mundial, a exceção do ano de 2002, em respostas aos problemas decorrentes dos atentados terroristas aos Estados Unidos da América; o turismo, angariando recursos que variam entre 6% a 7% das exportações mundiais, pode ser enquadrado dentre as cinco mais importantes atividades geradoras de divisas da economia internacional (Tabela 1). Gráfico 1 - Evolução das chegadas mundiais de turistas ( ) Fonte: OMT 6

7 Tabela 1 Crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) real, da receita turística internacional e participação do turismo nas exportações mundiais Anos Crescimento do Receita do turismo PIB real 3 internacional (US$ Bilhões) Crescimento da receita do turismo internacional Exportações de mercadorias (US$ Bilhões) ,8 474,2 0, ,0 7, ,6 525,1 10, ,0 7, ,9 632,7 20, ,0 7, ,5 676,4 6, ,0 6, ,1 742,2 9, ,0 6, ,0 856,0 15, ,0 6, ,9* ,0* - Tur./Export. *Previsão atual Fonte: OMT dados do turismo e PIB (compilação por este organismo de informações do Fundo Monetário Internacional FMI). Como uma atividade de elevada elasticidade-renda 4, o turismo vem sofrendo com a recessão econômica mundial, combinada à volatilidade dos mercados, ao aumento dos preços do petróleo e à deterioração da confiança dos consumidores e das empresas. O crescimento de 2% verificado no número de viagens internacionais em 2008 foi reflexo dos notáveis resultados da primeira metade do ano, momento anterior ao aguçar da crise dos mercados financeiros. O turismo resistiu inicialmente à desaceleração econômica, retraindo-se menos que setores como a construção civil, imobiliário ou automobilístico, mas no transcurso da segunda metade de 2008 esta tendência foi sendo revertida, e o crescimento de 5% registrado por esta atividade entre janeiro e junho deu lugar a uma queda semestral de 1%. 3 O crescimento do PIB mundial indicado pelo FMI é estimado sobre a base do PIB em termos da paridade do poder aquisitivo (PPA), ao invés do índice de cotização do mercado. Este procedimento metodológico é adotado porque o poder aquisitivo de um dólar dos Estados Unidos da América (EUA) varia de uma economia a outra e também para reduzir a incidência das flutuações cambiais (OMT, 2008). 4 Como define Carvalho e Vasconcellos (2006, p.72), a elasticidade-renda da procura por um produto turístico é a variação percentual da procura desse produto decorrente da variação percentual da renda dos turistas, coeteris paribus. O que significa dizer, que embora o turismo já esteja sendo visto em algumas sociedades e em certas classes sociais como um bem de primeira necessidade (ID, p. 73), a procura pelo turismo é fortemente sensíveis às flutuações da renda. 7

8 Os impactos da retração da atividade turística não apresentaram, entretanto, uma uniformidade em termos regionais. A Europa foi, em essência, a região que liderou o desaquecimento, com uma queda no fluxo internacional de 3% no segundo semestre de 2008 e um crescimento de 0,1% ao longo do ano. Todas as demais regiões apresentaram crescimento no número de chegadas internacionais, sendo os melhores resultados anuais registrados no Oriente Médio, na África e nas Américas, com crescimentos respectivos de 11%, 5% e 4% (OMT, 2009). O desempenho da Europa, líder mundial na recepção de turistas estrangeiros (Gráfico 2), reflete a performance negativa do norte e leste europeus, além da estagnação de destinos tradicionais do sul e da Europa Mediterrânea. Na Ásia e Pacífico, segunda região mais representativa no número de chegadas internacionais, o crescimento de 2% em 2008 foi, entretanto, bastante aquém dos 11% de incremento registrado em 2007 (Gráfico 3), sendo o nordeste da Ásia (aumento de 0,4%) e o sul asiático (queda de 4%) os principais responsáveis por este resultado. Nas Américas, que corresponderam a 16% do total de chegadas internacionais no ano em análise, o aumento deveu-se ao excelente comportamento do fluxo de estrangeiros em visita aos Estados Unidos até o mês de agosto, e aos resultados favoráveis das Américas do Sul (aumento de 5,9%) e Central. Esta última apresentou o mais elevado percentual de crescimento das Américas (7,9%), sendo também o segundo melhor resultado dentre as principais regiões e sub-regiões analisadas pela OMT, ficando aquém apenas do Oriente Médio (11,3% de incremento). Na África, a liderança dentre as sub-regiões mais bem-sucedidas ficou com o norte africano (OMT, 2009). 8

9 Fonte: OMT, Fonte: OMT, O declínio da Europa no turismo internacional não é, entretanto, conjuntural, fruto, exclusivo, das adversidades atuais vivenciadas pela econômica mundial, mas, também reflexo de tendências recentes que estão sendo observadas nesta atividade. As viagens internacionais, beneficiadas pelo progresso tecnológico e impulsionadas pelas estratégias de captação de turistas adotadas por operadoras de turismo e destinos turísticos situados nos mais diversos pontos do planeta, 9

10 pelos novos desejos dos consumidores do lazer, em que se inclui a busca pelo exótico, e pelos movimentos de desconcentração e globalização econômica que requerem um maior intercâmbio entre blocos econômicos e países, estão se diversificando gradualmente, com perspectivas de ampliação das distâncias médias percorridas (RABAHY, 2005, p. 1). A Europa, que reúne os principais países do receptivo mundial, registrava uma participação relativa de 72,7% no fluxo internacional de turistas, em 1960; em 1970 passa a responder por 68,2%; em 1980, por 65,6%; em 1990, por 61,7% (dados da OMT). Em 2001 a retração foi ainda mais intensa, passando a 57,9%, e em 2008 a participação situou-se em 53%, com perda de quase 20 pontos percentuais, ao longo de 48 anos. Registrase, entretanto, que esta retração ocorre paralelamente ao crescimento em números absolutos do fluxo internacional neste continente, indicando, além da perda relativa da Europa, a expansão da economia mundial do turismo em destinações não tradicionais. A nova espacialização do turismo, decorrente da redistribuição e reconcentração do fluxo turístico internacional em regiões e países até então considerados como detentores de uma economia turística marginal, é produto de uma conjunção de fatores, já mencionados, que englobam aspectos sociais, políticos, culturais, econômicos e também geográficos e ambientais. A capacidade individual de atração do fluxo turístico, por países e destinos que apresentam potencialidades turísticas, também resulta desses mesmos aspectos, cabendo enfatizar nesse conjunto, pontos específicos que impactam diretamente o desempenho do turismo, como a capacidade de cada uma dessas áreas em ofertar um maior leque de atrativos (naturais, históricos ou culturais), equipamentos e serviços turísticos de qualidade, ampla infra-estrutura turística, a exemplo da acessibilidade, preços competitivos e compatíveis com a qualidade dos produtos e serviços oferecidos, capacidade promocional e de atração de investimentos, adequação da oferta turística aos múltiplos desejos dos consumidores, proximidade aos principais centros emissores de demanda 5, baixa vulnerabilidade climática, social e política 6, dentre outras. 5 Incluindo custo e mecanismos de acessibilidade. 6 Atos de terrorismo, tensões sociais, como a violência, e a ocorrência de eventos naturais, como terremotos, maremotos (tsunami) prejudicam as localidades em que incidem, ao tempo em que podem beneficiar outras que não apresentam esses problemas. 10

11 A competitividade turística está, assim, atrelada a vários fatores, que não necessariamente precisam ocorrer de forma simultânea, mas cuja presença, em maior ou menor intensidade, contribui para que um país ou um destino consiga abarcar uma maior fatia no competitivo mercado turístico internacional. A exemplo, conforme dados da OMT, na Ásia e Pacífico, países que vêm apresentando elevados índices de crescimento econômico e o forte apelo do exotismo cultural, como China, sobretudo, Malásia e Índia, estão registrando significativos incrementos no fluxo e na receita turística (aumentos respectivos de 298,3%, 110,9% e 102,5% no primeiro indicador, no confronto entre os anos de 2004 e 1990, e de 1.220%, 412% e 386,2% no segundo, no comparativo 2005/1990). Nas Américas, o Caribe, localizado próximo aos Estados Unidos, grande centro emissor internacional, dotado de fortes apelos naturais, riqueza cultural e infra-estrutura de equipamentos e serviços, apresentou crescimento de 58,8% no fluxo e 133,7% na receita, nos mesmos períodos analisados. Deve-se observar, entretanto, que desde 2005 os destinos caribenhos, em seu conjunto, vêm registrando crescimento anual no número de chegadas de turistas estrangeiros abaixo dos 4%, sendo que em 2007 o incremento foi de apenas 0,5%. Os resultados de 2007 podem ser um reflexo da atual crise americana, deflagrada naquele ano, mas o comportamento identificado desde 2005 evidencia uma característica intrínseca ao turismo, referente à dificuldade dos destinos em manterem e ampliarem a sua atratividade no, concorrencial e ávido por novidades, mercado turístico internacional. O grande destaque nesta região fica com Cuba, país que, em função do regime político do governo Fidel Castro e dos embargos sofridos pelos EUA, pode ser considerado recém-incorporado ao mercado turístico internacional (aumento de 516,8% no fluxo turístico, no comparativo 2004/1990 e de 690% no confronto da receita de 2005 com a de 1990). O Brasil, dotado de uma intensa diversidade de atrativos naturais, históricos, culturais, de regiões tão distintas e peculiares no que se refere ao clima, à culinária, às manifestações populares, à religiosidade, à vasta oferta de praias, de possibilidades de lazer náutico, de potenciais que poderiam ser utilizados para uma exploração competitiva dos mais distintos segmentos do turismo, como o cultural, de aventura, rural, gastronômico, ecoturismo, religioso, dentre outros, ainda 11

12 apresenta uma ínfima participação no turismo mundial (de 0,6%, tanto no fluxo como na receita Tabelas 2 e 3), ratificando a percepção de que a competitividade turística é produto de uma conjunção de fatores associados e não apenas da existência de uma ampla oferta potencial. Tabela 2 Chegada de turistas segundo principais países receptores (2003/2007) Países Turistas (milhões de chegadas) MUNDO 696,6 765,5 802,5 847,3 903,3 França 75,0 75,1 75,9 78,9 81,9 Espanha 51,8 52,4 55,9 58,2 59,2 EUA 41,2 46,1 49,2 51,0 56,0 China 33,0 41,8 46,8 49,9 54,7 Itália ,1 36,5 41,1 43,7 Reino Unido 24,7 25,7 28,0 30, Alemanha 18,4 20,1 21,5 23,5 24,4 Ucrânia 12,5 15,6 17,6 18,9 23,1 Turquia 13,3 16,8 20,3 21,4 22,2 México ,6 21,9 17,5 21,4 Malásia 10,6 15,7 16,4 20,3 21,0 Áustria 19,1 19,4 20,0 20,2 20,8 Rússia 19,8 19,9 19,9 18,3... Canadá 17,5 19,1 18,8 15,8 17,9 Hong Kong 9,7 13,7 14,8 17,2 (China) Brasil 4,1 4,8 5,4 5,0 5,0 % 0,59 0,63 0,67 0,59 0,56 Brasil/Mundo Outros 287,6 321,6 333,6 357,7 404,1 Fonte: Ministério do Turismo do Brasil (MTur) e OMT Tabela 3 Receita cambial gerada pelo turismo, segundo regiões e subregiões (2003/2007) Países Receita cambial (bilhões de US$) MUNDO 525,1 632,7 676,4 742,2 856,0 Estados Unidos 64,3 74,5 81,8 85,7 96,7 Espanha 39,6 45,2 48,0 51,1 57,8 França 36,6 45,3 44,0 46,3 54,2 Itália 31,2 35,7 35,4 38,1 42,7 China 17,4 25,7 29,3 33,9 41,9 Reino Unido 22,7 28,2 30,7 33,5 37,6 Alemanha 23,1 27,7 29,2 32,8 36,0 Austrália 10,3 15,2 16,9 17,8 22,2 Áustria 14,0 15,6 16,1 16,6 18,9 Turquia 13,2 15,9 18,2 16,9 18,5 Tailândia 7,9 10,0 9,6 13,4 15,6 Grécia 10,7 12,9 13,7 14,3 15,5 Canadá 10,5 12,9 13,8 14,6 15,5 Malásia 5,9 8,2 8,8 10,4 14,0 Hong Kong 7,1 9,0 10,3 11,6 13,8 (China) Brasil 2,5 3,2 3,9 4,3 5,0 % Brasil/Mundo 0,47 0,51 0,57 0,60 0,60 Outros 208,0 247,5 266,7 300,9 350,1 Fonte: Ministério do Turismo do Brasil e OMT 12

13 O número de turistas em visita ao Brasil, além de corresponder a uma parcela diminuta do fluxo turístico internacional, manteve-se praticamente estagnado entre 2006 e 2007 (o país recebeu cerca de 5 milhões de turistas em 2006 e idêntico montante em ), e inferior ao registrado no início da atual década. Já o incremento anual da receita turística brasileira a partir do ano de 2002, poderia estar associado a uma mudança do perfil do visitante estrangeiro, com a atração de um público detentor de uma mais elevada renda, entretanto, segundo o Instituto de Brasileiro de Turismo (Embratur), houve uma ampliação do gasto médio (de 20,5% para os demandantes do lazer, no comparativo 2007/2005), concomitantemente ao declínio da renda média do turista em visita ao Brasil (de 8,9% no confronto desses mesmos anos), indicando um possível incremento dos preços relativos praticados no mercado turístico brasileiro, decorrente, dentre outros fatores, da valorização do Real 8. Com uma política cambial desfavorável ao receptivo internacional, intensos problemas sociais, infra-estruturais e deficiências na infra-estrutura e nos serviços turísticos, a economia turística brasileira não vem conseguindo registrar, em seu conjunto, e no que se refere ao mercado mundial do turismo, os impactos dos possíveis ganhos políticos e administrativos obtidos pela atividade ao longo da década em curso (implantação do Ministério do Turismo e de planos e programas de fomento, como o Plano Nacional de Turismo e o programa Roteiros do Brasil, instituídos em 2003). Como pontuado pela OMT, as flutuações cambiais acirram a concorrência entre destinos e originam uma redistribuição dos movimentos turísticos. No caso do Brasil, a política cambial 9, ao passo em que vem contribuindo sobretudo até 7 Segundo dados preliminares da Embratur, ainda não confirmados, em 2008 o fluxo de turistas estrangeiros também situou-se em torno de 5 milhões (Folha on line, 25/04/09). 8 Em janeiro de 2004, alta estação no Brasil, o dólar (compra) valia R$ 2,88540; em janeiro de 2005, R$ 2,66820 (queda de 7,5% no comparativo anual); em janeiro de 2006, R$ 2,27050 (queda de 14,9%); em janeiro de 2007, R$ 2,13340 (queda anual de 6,2% e de 20,0% se comparado ao mesmo mês de 2005) dados do Banco Central do Brasil. 9 Em julho de 1994 foi estabelecido o sistema de paridade cambial no Brasil, com a equivalência do Real ao Dólar dos EUA. Em janeiro de 1999 foi implantado no país o sistema de livre flutuação das taxas de câmbio (taxas sujeitas às forças do mercado). Esse sistema combinou uma ação na política monetária (juros altos) com interferências esporádicas do Banco Central comprando ou vendendo dólares no mercado interno (SILVA, Hildemar, 2005). Essa política de câmbio livre permanece até os dias atuais, sendo verificada uma contínua flutuação no valor da moeda americana, que já esteve, a exemplo, a R$ 3,52160 em janeiro de 2003 e a R$ 1,78290 em dezembro de 2007 dados do Banco Central do Brasil. 13

14 meados de 2008 para a redução das viagens de estrangeiros ao país, também favoreceu a saída e ao incremento dos gastos dos brasileiros no exterior. Os resultados da conta turismo no Brasil, divulgados pelo Banco Central até 2008, indicam que o mercado brasileiro, em decorrência da política cambial e da estabilidade da economia interna, que, dentre outras ações, propiciou a ampliação dos prazos de financiamento das viagens internacionais, possibilitando a que novos segmentos populacionais tivessem acesso a destinos situados no exterior, vem se comportando muito mais como emissor do que como receptor de divisas. Como pode ser visto na Tabela 4, a exceção dos anos de 2003 e , desde 1997 as despesas dos brasileiros no exterior vêm superando as receitas provenientes do turismo (Tabela 4). Tabela 4 Conta turismo do Brasil (1997/2008) Ano Conta turismo (milhões de US$) Receita Despesa Saldo (4.377) (4.146) (1.457) (2.084) (1.468) (398) (858) (1.448) (3.258) (5.100) Fonte: Banco Central do Brasil, fevereiro de Com a reversão no comportamento da taxa de câmbio a partir de setembro de 2008, decorrente da crescente desvalorização do real frente à moeda norteamericana 11, o valor dos gastos dos turistas estrangeiros que viajaram para o Brasil (US$ milhões) bateu um recorde nesse ano, equivalendo, segundo dados do Banco Central, a 16,9% a mais dos que os US$ milhões de Entretanto, também foi recorde o total gasto pelos turistas brasileiros no exterior em 2008 (US$ milhões), superando em 33,5% o gasto registrado no ano anterior (US$ 10 As viagens internacionais, sobretudo à lazer, em geral são programadas com uma certa antecedência. No ano de 2002 a taxa média de câmbio dólar/real equivaleu a 3,5333 (crescimento de 52,3% em relação ao ano anterior), e a 2,8892 em O dólar estadunidense (comercial venda) iniciou outubro de 2008 cotado a R$ 1,925/US$ (valor mínimo do último trimestre) e encerrou dezembro em R$ 2,339/US$ (uma valorização de 21,24% em relação ao real). Boletim Desempenho Econômico do Turismo Embratur,

15 8.211 milhões). A diferença entre os dois números levou o Brasil a registrar um déficit recorde de US$ milhões na conta de viagens internacionais no ano passado, o contribuiu negativamente para o resultado das contas externas em O incremento das viagens e gastos de brasileiros no exterior não impactam, obviamente, apenas os destinos turísticos internacionais demandados ou mesmo as empresas brasileiras ou não que atuam no segmento emissivo, nesses casos de forma positiva. Além dos problemas gerados para o balanço de pagamentos do país 12, as saídas de brasileiros também produzem efeitos negativos para os destinos domésticos que deixam de receber recursos que poderiam estar sendo gastos com o turismo interno. Pesquisa realizada pela Fundação Instituto de Pesquisa Econômicas (FIPE) e pelo MTur, indica que a região Sudeste do Brasil foi responsável, em 2005, por 59,4% do turismo emissivo doméstico brasileiro, ou seja, quase 60% dos brasileiros que fazem viagens domésticas residem nesta região, que se configura como o maior mercado para a atividade. Considerando que a região concentra também a maior parte da renda nacional, é de se esperar que parcela dessa demanda doméstica esteja sendo redirecionada para o exterior 13, movimento que certamente tende a diminuir com as mudanças cambiais. Cabe também ressaltar que parte expressiva do fluxo doméstico brasileiro (50%) se redistribui entre os destinos do próprio Sudeste, indicando a intensa concentração da atividade turística em termos regionais (Tabela 5). 12 As viagens internacionais (receitas e despesas) estão registradas como serviços finais, um item da conta corrente do balanço de pagamentos. 13 Informações que só poderão ser comprovadas a partir de novas pesquisas. 15

16 Tabela 5 Emissores e receptores, em número de turistas, por UF 2005 UF % Emissivo % Receptivo São Paulo 35,7 27,7 Minas Gerais 13,6 10,8 Rio de Janeiro 8,3 8,4 Rio Grande do Sul 7,9 6,8 Paraná 7,4 6,4 Santa Catarina 4,2 7,2 Bahia 3,5 7,4 Pernambuco 2,9 3,4 Goiás 2,1 3,1 Ceará 2,0 3,4 Espírito Santo 1,8 3,1 Distrito Federal 1,7 1,0 Mato Grosso 1,1 1,1 Pará 1,0 1,2 Paraíba 1,0 1,2 Sergipe 0,9 0,7 Mato Grosso do Sul 0,9 1,3 Alagoas 0,6 1,1 Maranhão 0,6 1,0 Rio Grande do Norte 0,6 1,3 Rondônia 0,6 0,5 Amazonas 0,5 0,7 Piauí 0,4 0,6 Tocantins 0,3 0,3 Amapá 0,1 0,1 Acre 0,1 0,1 Roraima 0,1 0,1 TOTAL 100,0 100,0 Fonte: FIPE/MTur. E se os destinos domésticos sofrem com os impactos das saídas dos brasileiros, que representam o seu maior mercado 14, sofrem também com a retração do fluxo de visitantes estrangeiros. Essa situação tende a ser ainda mais grave para aqueles em que o segmento internacional demonstra uma maior relevância. Conforme pesquisa do perfil da demanda turística internacional da Embratur, os destinos mais visitados por turistas estrangeiros em viagem de lazer ao Brasil, e, provavelmente os mais impactados pelo declínio do receptivo internacional, foram, por ordem de representatividade: Rio de Janeiro, Foz do Iguaçu, Florianópolis, São Paulo e Salvador (dados de 2007 Embratur Tabela 6). 14 Conforme estimativa FIPE/MTur, os consumidores do turismo doméstico no Brasil totalizaram 42,8 milhões de pessoas em 2005, número consideravelmente superior ao total de estrangeiros que visitam o país. 16

17 Tabela 6 Destinos mais visitados Lazer 2005(%) 2006 (%) 2007 (%) Rio de Janeiro(RJ) 31,5 30,2 30,2 Foz do Iguaçu 17,0 17,1 16,1 (PR) Florianópolis (SC) 12,1 15,1 15,3 São Paulo (SP) 13,6 12,6 13,7 Salvador (BA) 11,5 11,4 10,2 Negócios, 2005( %) 2006 (%) 2007 (%) eventos e convenções São Paulo (SP) 49,4 51,3 52,5 Rio de Janeiro 22,3 22,9 24,7 (RJ) Porto Alegre (RS) 8,2 4,7 5,4 Curitiba (PR) 5,4 4,8 5,1 Belo Horizonte 4,1 4,6 4,1 (MG) Outros motivos 2005( %) 2006 (%) 2007 (%) São Paulo (SP) 32,5 26,7 30,2 Rio de Janeiro 25,0 20,5 19,8 (RJ) Curitiba (PR) 4,6 5,4 10,1 Foz do Iguaçu 5,1 5,8 7,5 (PR) Salvador (BA) 6,3 6,4 6,9 Fonte: Embratur e FIPE Perfil da Demanda Turística Internacional (2005/2007) Em um contexto de crise em que o turismo internacional vem se retraindo, em que o câmbio também já sofre alterações, as cidades brasileiras caso os problemas econômicos internos não assumam dimensões mais expressivas que as já observadas podem se beneficiar com uma migração da demanda nacional pelo emissivo internacional para o mercado doméstico. Ou seja, parte dos brasileiros que realizam viagens ao exterior pode redirecionar os seus roteiros para os destinos turísticos nacionais. Porém, certamente, as áreas mais qualificadas, em termos não apenas da disponibilidade de um amplo número de atrativos turísticos, mas, também, em acessibilidade, divulgação, qualificação urbana limpeza, segurança pública, sinalização turística, etc., dentre outros, serão aquelas eleitas por parcela expressiva desta demanda. Informações recentes divulgadas pelo Ministério do Turismo (MTur) já confirmam esta tendência de crescimento do turismo interno brasileiro. Segundo o MTur, a atividade turística doméstica, incluindo a venda de pacotes por empresas, venda de passagens aéreas e ocupação dos hotéis no período, cresceu 20% em janeiro e fevereiro de Ainda segundo o MTur, a taxa de ocupação dos hotéis 17

18 aumentou 23% nesses dois meses, em comparação com a do ano passado, movimento também impulsionado pela maior competitividade do Brasil no mercado internacional, decorrente da mudança na política cambial 15. Em uma análise das tendências de médio prazo para o turismo, já considerando os prováveis efeitos da atual crise, a OMT assinala as amplas possibilidades dessa atividade em contribuir, sobretudo pela sua elevada capacidade de geração de emprego 16 e renda, de forma mais efetiva que muitas outras, na recuperação da economia global, aponta um provável declínio na participação das Américas e da Europa no mercado turístico mundial, se confrontado o ano de 1995 com as previsões para 2020 (Tabela 7) e indica possíveis mudanças nos movimentos da demanda, dentre as quais: a preferência pelo deslocamento para destinos mais próximos, incluindo o turismo interno, frente às viagens de longa distância; o crescimento de segmentos específicos, como o de visitas a parentes e amigos, assim como as viagens com interesses especiais ou independentes; a ampliação do tempo de estadia e a redução do volume total de gastos; a importância de uma boa rentabilidade empresarial e da adoção de um câmbio favorável, dada a intensa concorrência e o crescimento do papel dos preços praticados enquanto fator decisivo para as viagens e, com maior destaque, a necessidade de um trabalho em estreita parceria entre o setor público e o privado na gestão e no ordenamento do turismo (OMT, 2009). Tabela 7 Previsões para o turismo mundial ( ) Ano Previsão Participação de Mercado (%) Taxa de crescimento anual (%) Número equivalente a milhões de turistas por ano Mundo ,1 África ,6 5,0 5,5 Américas ,3 18,1 3,8 Ásia Oriental ,4 25,4 6,5 e Pacífico Europa ,8 45,9 3,1 Oriente ,2 4,4 6,7 Médio Sul Asiático ,7 1,2 6,2 Fonte: OMT, Conforme o Ministro do Turismo Luiz Paulo Barreto, o dólar no patamar ente R$ 2,25 e R$ 3,00 torna o país mais competitivo para o brasileiro e para o estrangeiro (Gazeta Mercantil.com.br., 02/03/2009). 16 Segundo a OMT, o turismo gera 1 a cada 12 empregos criados na economia mundial. 18

19 O desempenho dos destinos turísticos no mercado doméstico e internacional, em um cenário de intensa concorrência, dependerá, consideravelmente embora não exclusivamente das estratégias desenvolvidas por cada localidade. A discussão da competitividade turística, sobretudo dos centros urbanos e turísticos, tem assumido, na atualidade, uma ampla relevância, incorporando novas questões, dentre as quais, a percepção do turismo como um fenômeno genuinamente territorial, e não mais como uma atividade puramente econômica, aspecto que será retomado adiante. Como este diagnóstico se propõe a analisar o turismo no Centro Antigo de Salvador, com vistas à posterior confecção de propostas para a ampliação da competitividade turística desta área e, em decorrência, da capital baiana, se buscará, a seguir, uma breve revisão teórica das questões que envolvem hoje a temática da competitividade urbano-turística, para, em seguida realizar uma análise do turismo em Salvador e, finalmente, no Centro Antigo da cidade. 2 O DESAFIO DA COMPETITIVIDADE PARA OS CENTROS URBANOS E TURÍSTICOS O desafio de manter uma elevada atratividade no momento histórico atual caracterizado por grandes transformações sociais, cultuais, econômicas e políticas, tem conduzido a que os centros urbanos que pretendem e que possuem atributos para obter uma posição de destaque na hierarquia de cidades competitivas, em âmbito regional e/ou nacional e/ou internacional, tenham que encontrar respostas para as demandas relativas à infra-estrutura urbana, qualidade de vida, integração social e política em um cenário marcado pelos movimentos de reestruturação econômica. Como já analisava Rodrigo Lopes, em finais dos anos 1990, momento, portanto, anterior à atual crise econômica mundial, as novas demandas de ordem global para os centros urbanos, decorrentes do processo de globalização, estavam conduzindo ao surgimento de um novo espaço de competitividade, fruto do nascimento de uma nova hierarquia de cidades mundiais. Lopes aponta para a perda de importância da relação cidade-região, até então vista como força 19

20 propulsora básica, e para o estabelecimento de uma interdependência entre cidades fora do espaço regional. Na sua visão, este processo conduz a que as novas centralidades sejam definidas [...] pelo grau e pela extensão da integração da cidade à economia global. A medida dessa integração é dada, tanto pelo tamanho do espaço local integrado, quanto pela função hierárquica da cidade no espaço de fluxos (LOPES, 1998, p ). Dentre os impactos para as cidades decorrentes dos movimentos de globalização, Lopes ressalta também os processos de inclusão e de exclusão espaciais, intensificados pela expansão descontínua das novas tecnologias e infra-estruturas no espaço urbano, que conduzem à permanência do desligamento, em termos culturais e espaciais, do mundo globalizado, de áreas, que podem inclusive estar situadas no centro de cidades mundiais com elevado grau de integração. Chama a atenção para a importância do estabelecimento de uma relação de cooperação e apoio entre as cidades que objetivam uma maior competitividade no mundo globalizado e ressalta a instituição de parâmetros básicos essenciais à competitividade como necessária à atração de agentes econômicos por parte dos centros urbanos. A qualificação da cidade moderna pressupõe, assim, não apenas a existência de condições ecológicas e urbanas favoráveis, mas também de um cenário positivo de parâmetros sociais, econômicos e políticos, dentre os quais inclui-se a disponibilidade de serviços básicos necessários ao bom funcionamento das cidades; de condições de mobilidade acessíveis a população, tanto interna como externamente; de recursos humanos qualificados; de infra-estrutura de telemática e logística; de condições estéticas, ambientais, de segurança, e de outras geradoras de qualidade de vida, e a parceria público-privada, fundamental a que uma cidade consiga um maior poder de negociação no mundo globalizado (ID, p ). A temática da hierarquização urbana em um contexto de globalização foi também tratada por Georges Benko, que concentra a sua análise na desregionalização e na articulação entre o poderio econômico e o predomínio de algumas cidades sobre outras, aspectos igualmente presentes na obra de Lopes. Compreendendo a hierarquização como resultante do controle econômico e da centralização de capitais, Benko (1999, p. 75) define que 20

21 A relação de dominação entre as cidades não depende apenas do número de organismos financeiros e de sedes de grandes empresas que se acham concentrados numa mesma localidade, mas sim, essencialmente, da maneira como são administrados e das potencialidades de controle que detêm. Essa razão pela qual a hierarquização aumentada e intensificada do sistema urbano que conhecemos atualmente não se deve apenas à concentração espacial progressiva de centros financeiros e de sedes sociais em algumas cidades. Sua supremacia se exerce mais, ao contrário, pela centralização dos capitais, e estamos assistindo à intensificação da voga das compras das companhias. A centralização dos capitais se acelera quando essas compras, cada vez mais numerosas, vêm substituir os investimentos efetuados para a construção de novos centros de produção. Já no tratamento da desregionalização ou seja, na perda da importância da região no processo de definição das posições hierárquicas das cidades, Benko apontará o desenvolvimento da cidade e a sua hierarquização como decorrente de relações travadas muita vezes fora da sua região de influência e do papel de comando que desempenha transregionalmente. Considera as cidades globais como centros de localização de atividades econômicas nacionais e internacionais que se desenvolvem independentemente de seu meio geográfico local ou regional imediato (ID, p. 75). A competitividade urbana no momento histórico atual torna-se uma questão complexa, dada à multiplicidade de fatores que determinam o seu alcance e/ou a sua manutenção. Este fenômeno depende do papel que as cidades desempenham na economia mundial e das relações por estas travadas no espaço externo à região, aspectos que se encontram atrelados a capacidade de centralizar capitais e à eficiência do espaço urbano, mas também de outros fatores igualmente impactantes, como a existência de mecanismos de gestão que propiciem a organização econômica, social e política do território, e de uma identidade cultural própria, que aliada a disponibilidade de infra-estrutura física e social, as torne atrativas, como local de moradia ou para visitação de não-residentes. Em se tratando de cidades turísticas, a questão da competitividade tende a assumir uma conotação específica em face à importância do território para o desempenho do turismo. Após ter sido compreendido, por um longo período, como uma atividade puramente econômica, pertencente ao setor secundário, o turismo tem 21

22 sido visto, na atualidade, conforme comentado, como um fenômeno genuinamente territorial que envolve um deslocamento e, portanto, uma relação espaço-tempomovimento, e que compreende uma prática social coletiva geradora de atividades e manifestações econômicas, com influência em todos os setores da vida coletiva: nas instituições, nas mentalidades, nas concepções de identidade e até na idéia que a sociedade faz de si mesma (LAFANT, apud VERA REBOLLO, 1997, p. 51). Diferentemente de outras atividades econômicas, não apenas industriais, mas, até mesmo, de serviços 17, em que as áreas de produção são cada vez mais desconhecidas do consumidor, no turismo o consumidor é deslocado ao local de produção, conduzindo a que o espaço territorial, compreendido enquanto lócus de realização da atividade, onde estão situados os recursos e os produtos turísticos 18, desempenhe papel fundamental na definição da competitividade dos destinos turísticos. Como comenta Vera Rebollo (op. cit. p. 197), a incorporação de um território ao imaginário turístico coletivo irá requerer a conversão dos seus recursos em produtos e a implantação territorial da atividade, fruto das relações travadas entre os agentes que intervêm em sua produção, dentre os quais, proprietários do solo, promotores urbanos, consumidores diretos, intermediários do consumo, agentes públicos dos distintos níveis de administração. Os fatores que explicam a competitividade de uma cidade turística são, portanto, numerosos, guardando articulações com aspectos internos e externos ao território. Dentre os aspectos externos, que impactam a dinâmica do turismo em um dado território, deve-se ressaltar as articulações e interesses dos grupos empresariais que dominam esta atividade em termos globais, os resultados da economia mundial, o modismo e novas tendências definidas para o turismo, a distância física aos centros de maior emissão, que se traduz em distância-tempo, em custo de deslocamento e em conseqüente necessidade de constituição de uma infra- 17 O desconhecimento da área de produção pode também ser uma realidade na globalização dos serviços. A exemplo, o filme Chicago, vencedor do Oscar em 2003, foi filmado no Canadá, dado aos mais baixos custos de produção deste serviço neste país, se comparado aos Estados Unidos da América. 18 Há que se registrar a distinção conceitual entre recurso e produto turísticos presente em estudos que contemplam esta temática. Para Vera Rebollo (op. cit. p. 61), a exemplo, recurso equivale a todo elemento natural, toda atividade humana ou todo resultado desta atividade humana que pode mover e gerar um deslocamento por motivos essencialmente de ócio ; já o produto turístico é considerado como um conjunto de bens e serviços e ambientes que o visitante percebe e utiliza durante sua viagem e estada nos destinos. 22

23 estrutura de transportes, além de outras distâncias não derivadas do espaço físico, e que atuam no sentido de frear as decisões de viagem, como as culturais, a língua, os regimes políticos, as intolerâncias raciais e religiosas, dentre outras. A importância do território enquanto espaço de consumo e de produção do fenômeno turístico leva a que alguns aspectos internos a este, como o cuidado com o meio ambiente e as condições socioeconômicas da população local, desempenhem relevante papel na definição da qualidade do destino. Na composição dos aspectos internos ao território que influenciam a dinâmica do turismo, deve-se aliar a oferta turística - atrativos, equipamentos e serviços e infraestrutura de apoio ao turismo 19 - e a forma de gestão do espaço turístico, a outros itens, como o trabalho de marketing, a disponibilidades de recursos locais, a capacidade de atração de investimentos para a atividade, etc. Dentre esses, a gestão assume um lugar de destaque, uma vez que impacta direta ou indiretamente, parte expressiva dos demais aspectos influentes no turismo. A forma de gestão pode influenciar na captação ou não de investimentos, e, assim, na oferta turística, no trabalho de marketing, na conscientização da população local para o turismo, na conservação dos atrativos, na sustentabilidade do destino 20 ou do espaço turístico 21, dentre outros aspectos. A gestão adequada dos espaços turísticos deve considerar a interatuação dos sistemas físico-ambiental, do sistema 19 Como definem Carvalho e Vasconcellos (2006, p. 60), a oferta turística compreende os atrativos turísticos bens sem restrições de disponibilidade (o clima, as praias, as paisagens, as fontes naturais, as grutas, etc.), bens não materiais que constituem os recursos histórico-culturais (as tradições, a cultura, o exotismo, a música, a dança, etc.), bens criados pela atividade humana (os monumentos, os museus, os parques temáticos, os centros de esporte, etc.); os equipamentos e serviços complementares os meios de transporte, as vias de comunicação, as formas de alojamento, as estruturas de alimentação, etc.; a infra-estrutura de apoio ao turismo os postos de recepção de visitantes, os mecanismos de comunicação, os sistemas de segurança, a estrutura de atendimento à saúde, os sistemas complementares, como abastecimento de água, gás e eletricidade. 20 Como define Lemos (1999, p. 97), o destino, formado pela localidade e as comunidades, e seus atrativos deve ser entendido como o núcleo do produto turístico. Na visão deste autor, o macroproduto turístico é conformado pelo destino, produtos complementares (serviços de hotelaria, centro de convenções, restaurantes, locais de entretenimento, locais de visitação e centros esportivos, por exemplo) e produtos periféricos (também demandados pela população local, assumem as mais diversas formas de serviços, como os de segurança pública, farmácias, hospitais, teatros, cinemas, serviços de táxi e outros). 21 O espaço turístico, como definido pelo geógrafo e planejador turístico espanhol Roberto Boullón, é conseqüência da presença e distribuição territorial dos atrativos turísticos, matéria-prima do turismo, dos empreendimentos e da infra-estrutura turística. Este autor considera inadequado o uso do conceito de região para o turismo, visto que o espaço turístico é entrecortado, não se podendo recorrer a técnicas de regionalização para proceder a sua delimitação porque, de acordo com elas, seria preciso abranger toda a superfície do país ou da região em estudo, e caso isso fosse feito, grandes superfícies que não são turísticas figurariam como turísticas, cometendo-se um erro (BOULLÓN, Roberto, 2002, p. 79). 23

24 social e institucional e do sistema de mercado. Entretanto, apesar dos avanços obtidos por algumas cidades na constituição de mecanismos de gestão do turismo 22, a observação de Vera Rebollo (op. cit. p.), realizada na segunda metade dos anos 1990, referente à existência de uma grande dificuldade de estabelecimento de uma gestão integrada do espaço turístico, que possibilite um gerenciamento adequado dos conflitos existentes entre os diversos sistemas que o compõem, ainda pode ser considerada uma realidade para parte expressiva dos centros urbanos e turísticos. Sendo o turismo uma atividade peculiar, complexa, horizontal, com amplas repercussões nos âmbitos de competência setoriais, com forte impacto na geração de emprego e renda, nas relações sociais e nas condições ambientas (ID, p. 313), as políticas direcionadas à promoção da competitividade de cidades e de outros destinos turísticos requerem uma participação ativa do Estado. Como analisado por Figuerola Palomo (1985, p ), o Estado, representado por um conjunto de organismos de governo e por autoridades regionais, contando com recursos econômicos, instrumentos jurídicos, administrativos e de polícia para ordenamento e equilíbrio do turismo, não pode permanecer indiferente aos movimentos dessa atividade, devendo apoiar o seu desenvolvimento, atuando como sujeito ativo na política turística. A discussão sobre o papel do Estado no turismo remonta à primeira metade dos anos 1970, quando a União Internacional de Organizações de Viagens (IUOTO), precursora da Organização Mundial do Turismo (OMT), identifica a coordenação, o planejamento, a legislação e regulamentação, o empreendedorismo e os incentivos como áreas propícias ao envolvimento do setor público nessa atividade. Já nos anos 2000, Hall agrega mais duas funções a este conjunto: um papel de turismo social e outro, mais amplo, de proteção de interesses. Mas, embora identifique um amplo leque de atribuições para a atuação do estado no turismo, a autora constata que essa atividade tornou-se parte integrante da máquina de muitos governos, e indica a existência de [...] um crescente ceticismo quanto à eficiência do governo, 22 A exemplo de Barcelona, com o consórcio Turisme de Barcelona, de caráter público-privado, fundado em 1993, como uma iniciativa conjunta de três grandes instituições da cidade: a Prefeitura de Barcelona, a Câmara Oficial de Comércio, Indústria e Navegação de Barcelona e a Fundação Barcelona Promoção (BONET, 2004, p. 237). 24

SÍNTESE PROJETO PEDAGÓGICO. Missão

SÍNTESE PROJETO PEDAGÓGICO. Missão SÍNTESE PROJETO PEDAGÓGICO CURSO: TURISMO ( bacharelado) Missão Formar profissionais humanistas, críticos, reflexivos, capacitados para planejar, empreender e gerir empresas turísticas, adaptando-se ao

Leia mais

TURISMO. o futuro, uma viagem...

TURISMO. o futuro, uma viagem... TURISMO o futuro, uma viagem... PLANO NACIONAL DO TURISMO 2007-2010 OBJETIVOS Desenvolver o produto turístico brasileiro com qualidade, contemplando nossas diversidades regionais, culturais e naturais.

Leia mais

Pisa 2012: O que os dados dizem sobre o Brasil

Pisa 2012: O que os dados dizem sobre o Brasil Pisa 2012: O que os dados dizem sobre o Brasil A OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) divulgou nesta terça-feira os resultados do Programa Internacional de Avaliação de Alunos,

Leia mais

DISTRIBUIÇÃO DO CAPITAL SOCIAL NO BRASIL: UMA ANÁLISE DOS PADRÕES RECENTES

DISTRIBUIÇÃO DO CAPITAL SOCIAL NO BRASIL: UMA ANÁLISE DOS PADRÕES RECENTES DISTRIBUIÇÃO DO CAPITAL SOCIAL NO BRASIL: UMA ANÁLISE DOS PADRÕES RECENTES Barbara Christine Nentwig Silva Professora do Programa de Pós Graduação em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Social /

Leia mais

ÍNDICE DE CONFIANÇA DOS PEQUENOS NEGÓCIOS NO BRASIL. ICPN Outubro de 2015

ÍNDICE DE CONFIANÇA DOS PEQUENOS NEGÓCIOS NO BRASIL. ICPN Outubro de 2015 ÍNDICE DE CONFIANÇA DOS PEQUENOS NEGÓCIOS NO BRASIL ICPN Outubro de 2015 ÍNDICE DE CONFIANÇA DOS PEQUENOS NEGÓCIOS NO BRASIL ICPN Outubro de 2015 Sumário Executivo Indicadores de confiança são indicadores

Leia mais

TRIBUNAL DE CONTAS DO DISTRITO FEDERAL II RELATÓRIO ANALÍTICO

TRIBUNAL DE CONTAS DO DISTRITO FEDERAL II RELATÓRIO ANALÍTICO II RELATÓRIO ANALÍTICO 15 1 CONTEXTO ECONÔMICO A quantidade e a qualidade dos serviços públicos prestados por um governo aos seus cidadãos são fortemente influenciadas pelo contexto econômico local, mas

Leia mais

Exportação de Serviços

Exportação de Serviços Exportação de Serviços 1. Ementa O objetivo deste trabalho é dar uma maior visibilidade do setor a partir da apresentação de algumas informações sobre o comércio exterior de serviços brasileiro. 2. Introdução

Leia mais

Panorama do emprego no turismo

Panorama do emprego no turismo Panorama do emprego no turismo Por prof. Wilson Abrahão Rabahy 1 Emprego por Atividade e Região Dentre as atividades do Turismo, as que mais se destacam como geradoras de empregos são Alimentação, que

Leia mais

RETRATO DO TURISMO RURAL PELO SEBRAE NACIONAL

RETRATO DO TURISMO RURAL PELO SEBRAE NACIONAL RETRATO DO TURISMO RURAL PELO SEBRAE NACIONAL PEC Nordeste - 2015 Evelynne Tabosa dos Santos Gestora Estadual do Programa de Turismo do Ceará TURISMO NO BRASIL - HISTÓRICO Atividade presente na Constituição

Leia mais

ANEXO VII OBJETIVOS DAS POLÍTICAS MONETÁRIA, CREDITÍCIA E CAMBIAL LEI DE DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS

ANEXO VII OBJETIVOS DAS POLÍTICAS MONETÁRIA, CREDITÍCIA E CAMBIAL LEI DE DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS ANEXO VII OBJETIVOS DAS POLÍTICAS MONETÁRIA, CREDITÍCIA E CAMBIAL LEI DE DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS - 2007 (Anexo específico de que trata o art. 4º, 4º, da Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000)

Leia mais

Análise econômica e suporte para as decisões empresariais

Análise econômica e suporte para as decisões empresariais Cenário Moveleiro Análise econômica e suporte para as decisões empresariais Número 01/2008 Cenário Moveleiro Número 01/2008 1 Cenário Moveleiro Análise econômica e suporte para as decisões empresariais

Leia mais

O indicador do clima econômico piorou na América Latina e o Brasil registrou o indicador mais baixo desde janeiro de 1999

O indicador do clima econômico piorou na América Latina e o Brasil registrou o indicador mais baixo desde janeiro de 1999 14 de maio de 2014 Indicador IFO/FGV de Clima Econômico da América Latina¹ O indicador do clima econômico piorou na América Latina e o Brasil registrou o indicador mais baixo desde janeiro de 1999 O indicador

Leia mais

Produção Industrial Cearense Cresce 2,5% em Fevereiro como o 4º Melhor Desempenho do País

Produção Industrial Cearense Cresce 2,5% em Fevereiro como o 4º Melhor Desempenho do País Enfoque Econômico é uma publicação do IPECE que tem por objetivo fornecer informações de forma imediata sobre políticas econômicas, estudos e pesquisas de interesse da população cearense. Por esse instrumento

Leia mais

FINANCIAMENTO DO DESENVOLVIMENTO URBANO

FINANCIAMENTO DO DESENVOLVIMENTO URBANO FINANCIAMENTO DO DESENVOLVIMENTO URBANO As condições para o financiamento do desenvolvimento urbano estão diretamente ligadas às questões do federalismo brasileiro e ao desenvolvimento econômico. No atual

Leia mais

INOVAÇÃO E COMPETITIVIDADE DE DESTINOS TURÍSTICOS. Novembro de 2014

INOVAÇÃO E COMPETITIVIDADE DE DESTINOS TURÍSTICOS. Novembro de 2014 INOVAÇÃO E COMPETITIVIDADE DE DESTINOS TURÍSTICOS Novembro de 2014 1 Competitividade de Destinos Emergência nos estudos sobre estratégia empresarial Indústria, empresas, países, organizações Diferentes

Leia mais

Resultados da Movimentação de Viagens Organizadas na Temporada de Inverno 2014

Resultados da Movimentação de Viagens Organizadas na Temporada de Inverno 2014 Resultados da Movimentação de Viagens Organizadas na Temporada de Inverno 2014 EQUIPE TÉCNICA DO IPETURIS Coordenação: Mariana Nery Pesquisadores: César Melo Tamiris Martins Viviane Silva Suporte: Gerson

Leia mais

Importância da normalização para as Micro e Pequenas Empresas 1. Normas só são importantes para as grandes empresas...

Importância da normalização para as Micro e Pequenas Empresas 1. Normas só são importantes para as grandes empresas... APRESENTAÇÃO O incremento da competitividade é um fator decisivo para a maior inserção das Micro e Pequenas Empresas (MPE), em mercados externos cada vez mais globalizados. Internamente, as MPE estão inseridas

Leia mais

A REORIENTAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL BRASILEIRO IBGC 26/3/2015

A REORIENTAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL BRASILEIRO IBGC 26/3/2015 A REORIENTAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL BRASILEIRO IBGC 26/3/2015 1 A Situação Industrial A etapa muito negativa que a indústria brasileira está atravessando vem desde a crise mundial. A produção

Leia mais

PANORAMA DO MERCADO Asiático

PANORAMA DO MERCADO Asiático Boletim PANORAMA DO MERCADO Asiático Edição nº 1 Julho/2015 Coordenação Geral de Mercados Americanos/Asiático - CGMA Diretoria de Mercados Internacionais - DMINT Apresentação A série Boletim Panorama dos

Leia mais

10º FÓRUM DE ECONOMIA. Política Cambial, Estrutura Produtiva e Crescimento Econômico: fundamentos teóricos e evidências empíricas para o Brasil

10º FÓRUM DE ECONOMIA. Política Cambial, Estrutura Produtiva e Crescimento Econômico: fundamentos teóricos e evidências empíricas para o Brasil 10º FÓRUM DE ECONOMIA Política Cambial, Estrutura Produtiva e Crescimento Econômico: fundamentos teóricos e evidências empíricas para o Brasil Eliane Araújo São Paulo, 01 de outubro de2013 Objetivos Geral:

Leia mais

Desempenho do Comércio Exterior Paranaense Março 2013

Desempenho do Comércio Exterior Paranaense Março 2013 Desempenho do Comércio Exterior Paranaense Março 2013 As exportações em março apresentaram aumento de +27,85% em relação a fevereiro. O valor exportado superou novamente a marca de US$ 1 bilhão, atingindo

Leia mais

Estudos sobre a Taxa de Câmbio no Brasil

Estudos sobre a Taxa de Câmbio no Brasil Estudos sobre a Taxa de Câmbio no Brasil Fevereiro/2014 A taxa de câmbio é um dos principais preços relativos da economia, com influência direta no desempenho macroeconômico do país e na composição de

Leia mais

Colégio São Paulo Geografia Prof. Eder Rubens - 2013

Colégio São Paulo Geografia Prof. Eder Rubens - 2013 Colégio São Paulo Geografia Prof. Eder Rubens - 2013 CAP. 02 A Dinâmica dos espaços da Globalização. (9º ano) *Estudaremos a difusão do modo capitalista de produção, ou seja, do modo de produzir bens e

Leia mais

A ASSOCIAÇÃO DAS NAÇÕES DO SUDESTE ASIÁTICO E SEU AMBIENTE DE NEGÓCIOS

A ASSOCIAÇÃO DAS NAÇÕES DO SUDESTE ASIÁTICO E SEU AMBIENTE DE NEGÓCIOS www.observatorioasiapacifico.org A ASSOCIAÇÃO DAS NAÇÕES DO SUDESTE ASIÁTICO E SEU AMBIENTE DE NEGÓCIOS Ignacio Bartesaghi 1 O debate na América Latina costuma focar-se no sucesso ou no fracasso dos processos

Leia mais

Comentários sobre os Indicadores de Mortalidade

Comentários sobre os Indicadores de Mortalidade C.1 Taxa de mortalidade infantil O indicador estima o risco de morte dos nascidos vivos durante o seu primeiro ano de vida e consiste em relacionar o número de óbitos de menores de um ano de idade, por

Leia mais

Pequenas e Médias Empresas no Canadá. Pequenos Negócios Conceito e Principais instituições de Apoio aos Pequenos Negócios

Pequenas e Médias Empresas no Canadá. Pequenos Negócios Conceito e Principais instituições de Apoio aos Pequenos Negócios Pequenas e Médias Empresas no Canadá Pequenos Negócios Conceito e Principais instituições de Apoio aos Pequenos Negócios De acordo com a nomenclatura usada pelo Ministério da Indústria do Canadá, o porte

Leia mais

Política de Sustentabilidade das empresas Eletrobras

Política de Sustentabilidade das empresas Eletrobras Política de Sustentabilidade das empresas Eletrobras 1. DECLARAÇÃO Nós, das empresas Eletrobras, comprometemo-nos a contribuir efetivamente para o desenvolvimento sustentável, das áreas onde atuamos e

Leia mais

MOTIVAÇÕES PARA A INTERNACIONALlZAÇÃO

MOTIVAÇÕES PARA A INTERNACIONALlZAÇÃO Internacionalização de empresas brasileiras: em busca da competitividade Luis Afonso Lima Pedro Augusto Godeguez da Silva Revista Brasileira do Comércio Exterior Outubro/Dezembro 2011 MOTIVAÇÕES PARA A

Leia mais

11.1. INFORMAÇÕES GERAIS

11.1. INFORMAÇÕES GERAIS ASPECTOS 11 SOCIOECONÔMICOS 11.1. INFORMAÇÕES GERAIS O suprimento de energia elétrica tem-se tornado fator indispensável ao bem-estar social e ao crescimento econômico do Brasil. Contudo, é ainda muito

Leia mais

Milho Período: 11 a 15/05/2015

Milho Período: 11 a 15/05/2015 Milho Período: 11 a 15/05/2015 Câmbio: Média da semana: U$ 1,00 = R$ 3,0203 Nota: A paridade de exportação refere-se ao valor/sc desestivado sobre rodas, o que é abaixo do valor FOB Paranaguá. *Os preços

Leia mais

TRABALHO DE ECONOMIA:

TRABALHO DE ECONOMIA: UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MINAS GERAIS - UEMG FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE ITUIUTABA - FEIT INSTITUTO SUPERIOR DE ENSINO E PESQUISA DE ITUIUTABA - ISEPI DIVINO EURÍPEDES GUIMARÃES DE OLIVEIRA TRABALHO DE ECONOMIA:

Leia mais

número 3 maio de 2005 A Valorização do Real e as Negociações Coletivas

número 3 maio de 2005 A Valorização do Real e as Negociações Coletivas número 3 maio de 2005 A Valorização do Real e as Negociações Coletivas A valorização do real e as negociações coletivas As negociações coletivas em empresas ou setores fortemente vinculados ao mercado

Leia mais

RISCOS E OPORTUNIDADES PARA A INDÚSTRIA DE BENS DE CONSUMO. Junho de 2012

RISCOS E OPORTUNIDADES PARA A INDÚSTRIA DE BENS DE CONSUMO. Junho de 2012 RISCOS E OPORTUNIDADES PARA A INDÚSTRIA DE BENS DE CONSUMO Junho de 2012 Riscos e oportunidades para a indústria de bens de consumo A evolução dos últimos anos, do: Saldo da balança comercial da indústria

Leia mais

Evolução Recente das Principais Aplicações Financeiras

Evolução Recente das Principais Aplicações Financeiras Evolução Recente das Principais Aplicações Financeiras As principais modalidades de aplicação financeira disponíveis no mercado doméstico caderneta de poupança, fundos de investimento e depósitos a prazo

Leia mais

Número 24. Carga horária de trabalho: evolução e principais mudanças no Brasil

Número 24. Carga horária de trabalho: evolução e principais mudanças no Brasil Número 24 Carga horária de trabalho: evolução e principais mudanças no 29 de julho de 2009 COMUNICADO DA PRESIDÊNCIA Carga horária de trabalho: evolução e principais mudanças no 2 1. Apresentação Este

Leia mais

Maxi Indicadores de Desempenho da Indústria de Produtos Plásticos do Estado de Santa Catarina Relatório do 4º Trimestre 2011 Análise Conjuntural

Maxi Indicadores de Desempenho da Indústria de Produtos Plásticos do Estado de Santa Catarina Relatório do 4º Trimestre 2011 Análise Conjuntural Maxi Indicadores de Desempenho da Indústria de Produtos Plásticos do Estado de Santa Catarina Relatório do 4º Trimestre 2011 Análise Conjuntural O ano de 2011 foi marcado pela alternância entre crescimento,

Leia mais

O Mundo em 2030: Desafios para o Brasil

O Mundo em 2030: Desafios para o Brasil O Mundo em 2030: Desafios para o Brasil Davi Almeida e Rodrigo Ventura Macroplan - Prospectiva, Estratégia & Gestão Artigo Publicado em: Sidney Rezende Notícias - www.srzd.com Junho de 2007 Após duas décadas

Leia mais

* (Resumo executivo do relatório Where does it hurts? Elaborado pela ActionAid sobre o impacto da crise financeira sobre os países em

* (Resumo executivo do relatório Where does it hurts? Elaborado pela ActionAid sobre o impacto da crise financeira sobre os países em * (Resumo executivo do relatório Where does it hurts? Elaborado pela ActionAid sobre o impacto da crise financeira sobre os países em desenvolvimento) A atual crise financeira é constantemente descrita

Leia mais

Infraestrutura Turística, Megaeventos Esportivos e Promoção da Imagem do Brasil no Exterior. Ministro Augusto Nardes

Infraestrutura Turística, Megaeventos Esportivos e Promoção da Imagem do Brasil no Exterior. Ministro Augusto Nardes Infraestrutura Turística, Megaeventos Esportivos e Promoção da Imagem do Brasil no Exterior Ministro Augusto Nardes TEMA 2: Geração de emprego e renda na economia nacional 1. Frente Parlamentar e a micro

Leia mais

Estudo da Demanda Turística Internacional

Estudo da Demanda Turística Internacional Estudo da Demanda Turística Internacional Brasil 2012 Resultados do Turismo Receptivo Pontos de Coleta de Dados Locais de entrevistas - 25 Entrevistados - 31.039 15 aeroportos internacionais, que representam

Leia mais

Gestão de Pequenas e Medias Empresas

Gestão de Pequenas e Medias Empresas Gestão de Pequenas e Medias Empresas Os pequenos negócios são definidos por critérios variados ao redor do mundo. Para o Sebrae, eles podem ser divididos em quatro segmentos por faixa de faturamento, com

Leia mais

Perspectivas da Economia Brasileira

Perspectivas da Economia Brasileira Perspectivas da Economia Brasileira Márcio Holland Secretário de Política Econômica Ministério da Fazenda Caxias do Sul, RG 03 de dezembro de 2012 1 O Cenário Internacional Economias avançadas: baixo crescimento

Leia mais

BRICS e o Mundo Emergente

BRICS e o Mundo Emergente BRICS e o Mundo Emergente 1. Apresente dois argumentos favoráveis à decisão dos países integrantes da Aliança do Pacífico de formarem um bloco regional de comércio. Em seguida, justifique a situação vantajosa

Leia mais

com produtos chineses perderam mercado no exterior em 2010. China Sendo que, esse percentual é de 47% para o total das indústrias brasileiras.

com produtos chineses perderam mercado no exterior em 2010. China Sendo que, esse percentual é de 47% para o total das indústrias brasileiras. 73% das indústrias gaúchas exportadoras que concorrem com produtos chineses perderam mercado no exterior em 2010. 53% das indústrias gaúchas de grande porte importam da China Sendo que, esse percentual

Leia mais

CRESCIMENTO DO SETOR DA CONSTRUÇÃO CIVIL FAVORECE A EXPANSÃO DE POSTOS DE TRABALHO E DO RENDIMENTO

CRESCIMENTO DO SETOR DA CONSTRUÇÃO CIVIL FAVORECE A EXPANSÃO DE POSTOS DE TRABALHO E DO RENDIMENTO Nº 4 Outubro CRESCIMENTO DO SETOR DA CONSTRUÇÃO CIVIL FAVORECE A EXPANSÃO DE POSTOS DE TRABALHO E DO RENDIMENTO Em, a retomada do crescimento econômico em patamar superior ao verificado nos últimos anos

Leia mais

A competitividade é um fenômeno dinâmico. Um recurso estratégico pode ficar obsoleto com o passar do tempo

A competitividade é um fenômeno dinâmico. Um recurso estratégico pode ficar obsoleto com o passar do tempo A competitividade é um fenômeno dinâmico. Um recurso estratégico pode ficar obsoleto com o passar do tempo Acompanhar o desenvolvimento dos destinos (série histórica) Reunir informações que subsidiem o

Leia mais

INDICADORES MACROECONÔMICOS DO TURISMO, DOS PRINCIPAIS DESTINOS LITORÂNEOS DA BAHIA, NO PERÍODO DE 1998 A 2008

INDICADORES MACROECONÔMICOS DO TURISMO, DOS PRINCIPAIS DESTINOS LITORÂNEOS DA BAHIA, NO PERÍODO DE 1998 A 2008 CULTUR, ano 05 - nº 01/Especial - Jan/2011 www.uesc.br/revistas/culturaeturismo Licença Copyleft: Atribuição-Uso não Comercial-Vedada a Criação de Obras Derivadas INDICADORES MACROECONÔMICOS DO TURISMO,

Leia mais

A melancolia das commodities: o investimento empresarial na América Latina Nicolás Magud

A melancolia das commodities: o investimento empresarial na América Latina Nicolás Magud A melancolia das commodities: o investimento empresarial na América Latina Nicolás Magud May 12, 2015 O investimento privado vem desacelerando em todos os mercados emergentes desde meados de 2011, e a

Leia mais

Parte V Financiamento do Desenvolvimento

Parte V Financiamento do Desenvolvimento Parte V Financiamento do Desenvolvimento CAPÍTULO 9. O PAPEL DOS BANCOS PÚBLICOS CAPÍTULO 10. REFORMAS FINANCEIRAS PARA APOIAR O DESENVOLVIMENTO. Questão central: Quais as dificuldades do financiamento

Leia mais

Termo de Referência nº 2014.0918.00040-2. 1. Antecedentes

Termo de Referência nº 2014.0918.00040-2. 1. Antecedentes Termo de Referência nº 2014.0918.00040-2 Ref: Contratação de consultoria pessoa física para realização de um plano de sustentabilidade financeira para o Jardim Botânico do Rio de Janeiro, no âmbito da

Leia mais

Recessão e infraestrutura estagnada afetam setor da construção civil

Recessão e infraestrutura estagnada afetam setor da construção civil CONFEDERAÇÃO NACIONAL DOS TRABALHADORES NAS INDÚSTRIAS DA CONSTRUÇÃO E DO MOBILIÁRIO RECONHECIDA NOS TERMOS DA LEGISLAÇÃO VIGENTE EM 16 DE SETEMBRO DE 2010 Estudo técnico Edição nº 21 dezembro de 2014

Leia mais

Ficha de informação 1 POR QUE RAZÃO NECESSITA A UE DE UM PLANO DE INVESTIMENTO?

Ficha de informação 1 POR QUE RAZÃO NECESSITA A UE DE UM PLANO DE INVESTIMENTO? Ficha de informação 1 POR QUE RAZÃO NECESSITA A UE DE UM PLANO DE INVESTIMENTO? Desde a crise económica e financeira mundial, a UE sofre de um baixo nível de investimento. São necessários esforços coletivos

Leia mais

Desindustrialização e Produtividade na Indústria de Transformação

Desindustrialização e Produtividade na Indústria de Transformação Desindustrialização e Produtividade na Indústria de Transformação O processo de desindustrialização pelo qual passa o país deve-se a inúmeros motivos, desde os mais comentados, como a sobrevalorização

Leia mais

1 (V) 1 Usualmente assume-se que as empresas agem de forma a maximizar suas utilidades

1 (V) 1 Usualmente assume-se que as empresas agem de forma a maximizar suas utilidades CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM GESTÃO DE TURISMO DISCIPLINA: ECONOMIA DO TURISMO (ECTX2) Questões para revisão Nome completo: 1 (V) 1 Usualmente assume-se que as empresas agem de forma a maximizar suas

Leia mais

Ser grande não significa ser mais rico, e ter relevância em um dos indicadores não confere a cada país primazia em comparação a outro.

Ser grande não significa ser mais rico, e ter relevância em um dos indicadores não confere a cada país primazia em comparação a outro. ASSUNTO em pauta O BRIC em números P o r Sérgio Pio Bernardes Ser grande não significa ser mais rico, e ter relevância em um dos indicadores não confere a cada país primazia em comparação a outro. É Smuito

Leia mais

TEMA: A importância da Micro e Pequena Empresa para Goiás

TEMA: A importância da Micro e Pequena Empresa para Goiás TEMA: A importância da Micro e Pequena Empresa para Goiás O presente informe técnico tem o objetivo de mostrar a importância da micro e pequena empresa para o Estado de Goiás, em termos de geração de emprego

Leia mais

Termo de Referência nº 2014.0918.00043-7. 1. Antecedentes

Termo de Referência nº 2014.0918.00043-7. 1. Antecedentes Termo de Referência nº 2014.0918.00043-7 Ref: Contratação de consultoria pessoa física para desenvolver o Plano de Uso Público para a visitação do Jardim Botânico do Rio de Janeiro concentrando na análise

Leia mais

Os investimentos no Brasil estão perdendo valor?

Os investimentos no Brasil estão perdendo valor? 1. Introdução Os investimentos no Brasil estão perdendo valor? Simone Maciel Cuiabano 1 Ao final de janeiro, o blog Beyond Brics, ligado ao jornal Financial Times, ventilou uma notícia sobre a perda de

Leia mais

Dimensão social. Educação

Dimensão social. Educação Dimensão social Educação 218 Indicadores de desenvolvimento sustentável - Brasil 2004 36 Taxa de escolarização Representa a proporção da população infanto-juvenil que freqüenta a escola. Descrição As variáveis

Leia mais

GERAÇÃO DE EMPREGOS FORMAIS

GERAÇÃO DE EMPREGOS FORMAIS GERAÇÃO DE EMPREGOS FORMAIS no Estado do Rio de Janeiro JULHO DE 2014 BRASIL O mês de julho de 2014 fechou com um saldo líquido positivo de 11.796 novos empregos em todo país, segundo dados do Cadastro

Leia mais

NOTAS ECONÔMICAS. Regimes cambiais dos BRICs revelam diferentes graus de intervenção no câmbio

NOTAS ECONÔMICAS. Regimes cambiais dos BRICs revelam diferentes graus de intervenção no câmbio NOTAS ECONÔMICAS Informativo da Confederação Nacional da Indústria Ano 11 Número 2 12 de julho de 2010 www.cni.org.br Regimes cambiais dos BRICs revelam diferentes graus de intervenção no câmbio Brasil

Leia mais

Como a Copa do Mundo 2014 vai movimentar o Turismo Brasileiro

Como a Copa do Mundo 2014 vai movimentar o Turismo Brasileiro Como a Copa do Mundo 214 vai movimentar o Turismo Brasileiro 9 dias O estudo As empresas Principais conclusões a 9 dias da Copa 1 principais emissores 1 Desempenho das cidades-sede Chegadas internacionais

Leia mais

ELABORAÇÃO DE CENÁRIOS ECONÔMICOS E SOCIAIS. IETS Instituto de Estudos de Trabalho e Sociedade

ELABORAÇÃO DE CENÁRIOS ECONÔMICOS E SOCIAIS. IETS Instituto de Estudos de Trabalho e Sociedade ELABORAÇÃO DE CENÁRIOS ECONÔMICOS E SOCIAIS Uma proposta de trabalho para apresentação ao SESC Serviço Social do Comércio Preparada pelo IETS Instituto de Estudos de Trabalho e Sociedade Maurício Blanco

Leia mais

Sustentabilidade nas instituições financeiras Os novos horizontes da responsabilidade socioambiental

Sustentabilidade nas instituições financeiras Os novos horizontes da responsabilidade socioambiental Sustentabilidade nas instituições financeiras Os novos horizontes da responsabilidade socioambiental O momento certo para incorporar as mudanças A resolução 4.327 do Banco Central dispõe que as instituições

Leia mais

MENSAGEM DA ADMINISTRAÇÃO A QGEP Participações iniciou o ano de 2011 com uma sólida posição financeira. Concluímos com sucesso a nossa oferta pública inicial de ações em fevereiro, com uma captação líquida

Leia mais

Sumário PNAD/SIMPOC 2001 Pontos importantes

Sumário PNAD/SIMPOC 2001 Pontos importantes Sumário PNAD/SIMPOC 2001 Pontos importantes Sistema de pesquisas domiciliares existe no Brasil desde 1967, com a criação da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios PNAD; Trata-se de um sistema de pesquisas

Leia mais

Pesquisa Mensal de Emprego

Pesquisa Mensal de Emprego Pesquisa Mensal de Emprego EVOLUÇÃO DO EMPREGO COM CARTEIRA DE TRABALHO ASSINADA 2003-2012 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE 2 Pesquisa Mensal de Emprego - PME I - Introdução A Pesquisa

Leia mais

RELATÓRIO DE MISSÃO INTERNACIONAL À ALEMANHA

RELATÓRIO DE MISSÃO INTERNACIONAL À ALEMANHA RELATÓRIO DE MISSÃO INTERNACIONAL À ALEMANHA Participantes: Dr. Roberto Simões, presidente do CDN (Conselho Deliberativo Nacional) e Dr. Carlos Alberto dos Santos, Diretor Técnico do Sebrae Nacional. Objetivo:

Leia mais

Simpósio Estadual Saneamento Básico e Resíduos Sólidos: Avanços Necessários MPRS 20.08.2015

Simpósio Estadual Saneamento Básico e Resíduos Sólidos: Avanços Necessários MPRS 20.08.2015 Simpósio Estadual Saneamento Básico e Resíduos Sólidos: Avanços Necessários MPRS 20.08.2015 O saneamento básico no Brasil não condiz com o país que é a 7ª. economia do mundo da população não possui coleta

Leia mais

Fase 2 (setembro 2012) Sondagem: Expectativas Econômicas do Transportador Rodoviário - 2012

Fase 2 (setembro 2012) Sondagem: Expectativas Econômicas do Transportador Rodoviário - 2012 Sondagem: Expectativas Econômicas do Transportador Rodoviário - 2012 Apresentação A sondagem Expectativas Econômicas do Transportador Rodoviário 2012 Fase 2 apresenta a visão do empresário do transporte

Leia mais

Business Round Up BUSINESS ROUND UP

Business Round Up BUSINESS ROUND UP BUSINESS ROUND UP 1 Objetivo da Pesquisa QUAIS AS PRINCIPAIS TENDÊNCIAS E PERSPECTIVAS DOS PRINCIPAIS SETORES DA ECONOMIA DO BRASIL? Metodologia Pesquisa Quantitativa 400 entrevistas Com empresas associadas

Leia mais

1 INTRODUÇÃO. 1.1 Motivação e Justificativa

1 INTRODUÇÃO. 1.1 Motivação e Justificativa 1 INTRODUÇÃO 1.1 Motivação e Justificativa A locomoção é um dos direitos básicos do cidadão. Cabe, portanto, ao poder público normalmente uma prefeitura e/ou um estado prover transporte de qualidade para

Leia mais

EDITAL SENAI SESI DE INOVAÇÃO. Caráter inovador projeto cujo escopo ainda não possui. Complexidade das tecnologias critério de avaliação que

EDITAL SENAI SESI DE INOVAÇÃO. Caráter inovador projeto cujo escopo ainda não possui. Complexidade das tecnologias critério de avaliação que ANEXO II Caráter inovador projeto cujo escopo ainda não possui registro em base de patentes brasileira. Também serão considerados caráter inovador para este Edital os registros de patente de domínio público

Leia mais

TERMO DE REFERÊNCIA (TR) GAUD 4.6.8 01 VAGA

TERMO DE REFERÊNCIA (TR) GAUD 4.6.8 01 VAGA INSTITUTO INTERAMERICANO DE COOPERAÇÃO PARA A AGRICULTURA TERMO DE REFERÊNCIA (TR) GAUD 4.6.8 01 VAGA 1 IDENTIFICAÇÃO DA CONSULTORIA Contratação de consultoria pessoa física para serviços de preparação

Leia mais

Distribuição Geográfica dos Pontos de Coleta de Dados

Distribuição Geográfica dos Pontos de Coleta de Dados Distribuição Geográfica dos Pontos de Coleta de Dados Nº de Entrevistados da Pesquisa: 39.000 pessoas Nº de locais das entrevistas: 27 15 em aeroportos internacionais, que representam 99% do fluxo internacional

Leia mais

A importância das exportações de serviços e da internacionalização das empresas brasileiras

A importância das exportações de serviços e da internacionalização das empresas brasileiras A importância das exportações de serviços e da internacionalização das empresas brasileiras Guido Mantega Presidente - BNDES 25 o ENAEX- Novembro/2005 www.bndes.gov.br 1 Inserção do Brasil na Globalização

Leia mais

Texto para Coluna do NRE-POLI na Revista Construção e Mercado Pini Abril 2012

Texto para Coluna do NRE-POLI na Revista Construção e Mercado Pini Abril 2012 Texto para Coluna do NRE-POLI na Revista Construção e Mercado Pini Abril 2012 O RISCO DOS DISTRATOS O impacto dos distratos no atual panorama do mercado imobiliário José Eduardo Rodrigues Varandas Júnior

Leia mais

Informe 05/2011 AS RELAÇÕES COMERCIAIS BRASIL- CHINA NO SETOR DE ROCHAS ORNAMENTAIS E DE REVESTIMENTO: SITUAÇÃO ATUAL E PERSPECTIVAS DE EVOLUÇÃO

Informe 05/2011 AS RELAÇÕES COMERCIAIS BRASIL- CHINA NO SETOR DE ROCHAS ORNAMENTAIS E DE REVESTIMENTO: SITUAÇÃO ATUAL E PERSPECTIVAS DE EVOLUÇÃO Informe 05/2011 AS RELAÇÕES COMERCIAIS BRASIL- CHINA NO SETOR DE ROCHAS ORNAMENTAIS E DE REVESTIMENTO: SITUAÇÃO ATUAL E PERSPECTIVAS DE EVOLUÇÃO Associação Brasileira da Indústria de Rochas Ornamentais

Leia mais

Estudo Estratégico n o 5. Desenvolvimento socioeconômico na metrópole e no interior do Rio de Janeiro Adriana Fontes Valéria Pero Camila Ferraz

Estudo Estratégico n o 5. Desenvolvimento socioeconômico na metrópole e no interior do Rio de Janeiro Adriana Fontes Valéria Pero Camila Ferraz Estudo Estratégico n o 5 Desenvolvimento socioeconômico na metrópole e no interior do Rio de Janeiro Adriana Fontes Valéria Pero Camila Ferraz PANORAMA GERAL ERJ é o estado mais urbano e metropolitano

Leia mais

Política de Sustentabilidade das Empresas Eletrobras

Política de Sustentabilidade das Empresas Eletrobras Política de Sustentabilidade das Empresas Eletrobras Setembro de 2010 Política de Sustentabilidade das Empresas Eletrobras DECLARAÇÃO Nós, das empresas Eletrobras, comprometemo-nos a contribuir efetivamente

Leia mais

Pesquisa sobre o Perfil dos Empreendedores e das Empresas Sul Mineiras

Pesquisa sobre o Perfil dos Empreendedores e das Empresas Sul Mineiras Pesquisa sobre o Perfil dos Empreendedores e das Empresas Sul Mineiras 2012 2 Sumário Apresentação... 3 A Pesquisa Perfil dos Empreendedores Sul Mineiros Sexo. 4 Estado Civil.. 5 Faixa Etária.. 6 Perfil

Leia mais

Planejamento do CBN 2008. Política Nacional de Normalização. Processo de produção de normas. Antecedentes. Objetivo. Propor a

Planejamento do CBN 2008. Política Nacional de Normalização. Processo de produção de normas. Antecedentes. Objetivo. Propor a Objetivo Planejamento do CBN 2008 Propor a Política Nacional de Normalização. Processo de produção de normas Antecedentes Normas nacionais devem ser: necessárias e demandadas utilizadas acordadas o mais

Leia mais

A POLÍTICA DE DESENVOLVIMENTO PRODUTIVO DO GOVERNO FEDERAL E A MACROMETA DE

A POLÍTICA DE DESENVOLVIMENTO PRODUTIVO DO GOVERNO FEDERAL E A MACROMETA DE A POLÍTICA DE DESENVOLVIMENTO PRODUTIVO DO GOVERNO FEDERAL E A MACROMETA DE AUMENTAR O INVESTIMENTO PRIVADO EM P&D ------------------------------------------------------- 3 1. O QUE É A PDP? ----------------------------------------------------------------------------------------

Leia mais

3. TURISMO EM AMBIENTES AQUÁTICOS. 3.3 Mercado de turismo náutico no Brasil;

3. TURISMO EM AMBIENTES AQUÁTICOS. 3.3 Mercado de turismo náutico no Brasil; 3. TURISMO EM AMBIENTES AQUÁTICOS 3.3 Mercado de turismo náutico no Brasil; Breve panorama do mercado de turismo náutico (ou das atividades de lazer náutico?) no Brasil O mercado náutico de lazer envolve

Leia mais

Fundação de Economia e Estatística Centro de Informações Estatísticas Núcleo de Contabilidade Social

Fundação de Economia e Estatística Centro de Informações Estatísticas Núcleo de Contabilidade Social Fundação de Economia e Estatística Centro de Informações Estatísticas Núcleo de Contabilidade Social COMENTÁRIOS ACERCA DOS NÚMEROS FINAIS DO PIB DO RS E DAS DEMAIS UNIDADES DA FEDERAÇÃO EM 2010 Equipe

Leia mais

CURSO TECNOLÓGICO EM GESTÃO HOSPITALAR 2013.1

CURSO TECNOLÓGICO EM GESTÃO HOSPITALAR 2013.1 UNIVERSIDADE PAULISTA - UNIP 5. Santos: Oportunidades e Riscos do Desenvolvimento CAMPUS- SANTOS A cidade de Santos, na região metropolitana da Baixada Santista, com mais de 430 mil habitantes é na atualidade

Leia mais

Relatório produzido em conjunto por três agências das Nações Unidas

Relatório produzido em conjunto por três agências das Nações Unidas Relatório produzido em conjunto por três agências das Nações Unidas Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) Organização Internacional

Leia mais

MARKETING INTERNACIONAL

MARKETING INTERNACIONAL MARKETING INTERNACIONAL Produtos Ecologicamente Corretos Introdução: Mercado Global O Mercado Global está cada dia mais atraente ás empresas como um todo. A dinâmica do comércio e as novas práticas decorrentes

Leia mais

do estado do Rio Grande do Sul lidera o ranking estadual com 221%, seguido por Minas Gerais na vice-liderança, com 179%.

do estado do Rio Grande do Sul lidera o ranking estadual com 221%, seguido por Minas Gerais na vice-liderança, com 179%. IBEF apoia reequilíbrio das dívidas dos estados e municípios com a União Pernambuco está em situação confortável se comparado a outros estados. Confira os números O Instituto Brasileiro de Executivos de

Leia mais

Avaliação de Conhecimentos. Macroeconomia

Avaliação de Conhecimentos. Macroeconomia Workshop de Macroeconomia Avaliação de Conhecimentos Específicos sobre Macroeconomia Workshop - Macroeconomia 1. Como as oscilações na bolsa de valores impactam no mercado imobiliário? 2. OquemoveoMercadoImobiliário?

Leia mais

SECRETARIA MUNICIPAL DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO SOCIOECONÔMICO PROJETO

SECRETARIA MUNICIPAL DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO SOCIOECONÔMICO PROJETO SECRETARIA MUNICIPAL DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO SOCIOECONÔMICO PROJETO ABRIL / 2005 Apresentação SMPDSE SECRETARIA MUNICIPAL DE PLANEJAMENTO E A Secretaria Municipal de Planejamento e Desenvolvimento

Leia mais

Figura 01 - Evolução das exportações de suínos de Santa Catarina no período de 2010 a 2014 - US$ Milhões.

Figura 01 - Evolução das exportações de suínos de Santa Catarina no período de 2010 a 2014 - US$ Milhões. Crise na Ucrânia: dificuldades e potencialidades para o setor de carne suína e milho em Santa Catarina Glaucia Padrão, Dr.ª Analista de Economia, Epagri/Cepa Reney Dorow, Msc. Analista de Mercado, Epagri/Cepa

Leia mais

Ministério da Cultura Secretaria de Articulação Institucional SAI

Ministério da Cultura Secretaria de Articulação Institucional SAI Secretaria de Articulação Institucional SAI Seminário Metas do Plano e dos Sistemas Municipal, Estadual e Nacional de Cultura Vitória-ES 05/Dez/2011 Secretaria de Articulação Institucional SAI A Construção

Leia mais

Percepção de Portugal no mundo

Percepção de Portugal no mundo Percepção de Portugal no mundo Na sequência da questão levantada pelo Senhor Dr. Francisco Mantero na reunião do Grupo de Trabalho na Aicep, no passado dia 25 de Agosto, sobre a percepção da imagem de

Leia mais

Valor das marcas dos 17 clubes mais valiosos do Brasil

Valor das marcas dos 17 clubes mais valiosos do Brasil Valor das marcas dos 17 clubes mais valiosos do Brasil Edição de 2012 Valor das marcas dos 12 clubes mais valiosos do Brasil Pelo quarto ano consecutivo a BDO publica seu estudo avaliando as marcas dos

Leia mais

RELATÓRIO DA GERÊNCIA DE MONITORAMENTO PANORAMA DO COOPERATIVISMO BRASILEIRO - ANO 2011

RELATÓRIO DA GERÊNCIA DE MONITORAMENTO PANORAMA DO COOPERATIVISMO BRASILEIRO - ANO 2011 RELATÓRIO DA GERÊNCIA DE MONITORAMENTO PANORAMA DO COOPERATIVISMO BRASILEIRO - ANO 2011 Março 2012 SUMÁRIO I - EVOLUÇÃO DO NÚMERO DE COOPERATIVAS, COOPERADOS E EMPREGADOS, 3 II - ANÁLISE POR RAMO, 8 2.1

Leia mais

PRÊMIO AMBIENTAL É INCENTIVO ÀS BOAS PRÁTICAS AMBIENTAIS E AO DESENVOLVIMENTO TÉCNICO-GERENCIAL

PRÊMIO AMBIENTAL É INCENTIVO ÀS BOAS PRÁTICAS AMBIENTAIS E AO DESENVOLVIMENTO TÉCNICO-GERENCIAL PRÊMIO AMBIENTAL É INCENTIVO ÀS BOAS PRÁTICAS AMBIENTAIS E AO DESENVOLVIMENTO TÉCNICO-GERENCIAL Já estão abertas as inscrições para o 2º Benchmarking Ambiental Brasileiro no site: www.maisprojetos.com.br/bench.

Leia mais

REDUÇÃO DA TAXA DE POUPANÇA E AS EMPRESAS NÃO FINANCEIRAS: 2010-2014

REDUÇÃO DA TAXA DE POUPANÇA E AS EMPRESAS NÃO FINANCEIRAS: 2010-2014 NOTAS CEMEC 01/2015 REDUÇÃO DA TAXA DE POUPANÇA E AS EMPRESAS NÃO FINANCEIRAS: 2010-2014 Carlos A. Rocca Lauro Modesto Santos Jr. Fevereiro de 2015 1 1. Introdução No Estudo Especial CEMEC de novembro

Leia mais