FATORES BAIXISTAS. Previsão de estoques finais elevados para safra 2016/17; Perspectivas favoráveis para as safras na América do Sul;

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1 Analista de mercado Rafael Morais Cnetwork2012 Semanal de Soja 24 de fevereiro de 2017 SUMÁRIO Expectativa de aumento da área plantada com soja nos EUA pressiona soja na CBOT Inspeções de exportação ficam abaixo das estimativas Fórum Agrícola Projeções para safra 2017/18 ficam próximas do esperado pelo mercado FATORES BAIXISTAS Previsão de estoques finais elevados para safra 2016/17; Perspectivas favoráveis para as safras na América do Sul; Possibilidade de ganho de área para soja nos EUA. FATORES ALTISTAS Importações chinesa de soja alcançam seu maior patamar desde 2010 para janeiro; Esmagamento de soja norteamericana mais aquecido na safra 2016/17. Colheita de soja no Brasil em 32,08% Exportações de soja alcançam maior valor semanal desde agosto FCStone do Brasil Consultoria em Futuros e Commodities Av. José Bonifácio Coutinho Nogueira, 150. Ala Oeste Sala 203 Jd. Madalena CEP: Campinas-SP Fórum Agrícola Projeções para safra 2017/18 ficam próximas do esperado pelo mercado 1

2 A SEMANA DA SOJA NA CBOT Inspeções semanais de exportação EUA Expectativa de aumento da área plantada com soja nos EUA pressiona soja na CBOT As cotações da soja recuaram nessa semana em Chicago diante da expectativa de ganho de área plantada com a oleaginosa nos EUA para a safra 2017/18. O bom desenvolvimento da colheita no Brasil e números mais fracos de demanda nos EUA também pressionaram a soja. Contrato com encerramento em março Fonte: Reuters Após o feriado do Dia do Presidente nos EUA, as cotações da soja em Chicago iniciaram a semana em baixa. Essa movimentação se deve a expectativas de uma grande safra na América do Sul, além de dados mais fracos de demanda por soja no país norte-americano. Segundo o USDA, as inspeções de exportação dos EUA referentes a semana encerrada na quintafeira, 16 atingiu 1,076 milhão de toneladas, valor abaixo das estimativas na semana, que variavam entre 1,1 e 1,3 milhão de toneladas. Fonte: USDA Em meio ao posicionamento dos fundos antes dos dados de área plantada para os EUA, os preços da oleaginosa foram pressionados na quarta-feira. A expectativa média do mercado era que a área plantada alcançasse os 35,44 milhões de hectares, o que representaria um crescimento de quase 5% em relação ao território destinado ao grão no ciclo anterior. Espera-se que parte desta expansão ocorra em lugares em que o milho era semeado anteriormente, uma vez que os preços da oleaginosa estão mais atrativos nos últimos meses. Os contratos da soja deram continuidade ao movimento de baixa dos pregões anteriores e atingiram o menor patamar em semanas durante a sessão de quinta-feira. Além da expectativa de grande safra na América do Sul, o expectativa de ganho de área plantada com soja em detrimento de outras culturas pressionaram os preços da oleaginosa. Na última sessão da semana, as cotações da soja mostraram leve recuperação, com os investidores aproveitando os preços mais baixos para realizarem compras no mercado da oleaginosa. Pela manhã, o USDA divulgou as vendas semanais de exportação referentes a semana encerrada na última quinta-feira, 16. Com apenas 413,5 mil toneladas negociadas no período, o valor alcançado ficou abaixo das estimativas do mercado, já que essas variavam entre 550 e 850 mil toneladas. 2

3 Estimativas do Fórum Agrícola Soja EUA Fonte: USDA. Elaboração: INTL FCStone Fonte: USDA Fórum Agrícola - Projeções para safra 2017/18 ficam próximas do esperado pelo mercado As expectativas do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês) para a próxima safra norte-americana de soja não surpreenderam o mercado. Com as primeiras projeções de balanço de oferta e demanda divulgadas, constatou-se que o USDA também espera uma migração do milho para a soja nos Estados Unidos, sendo que em comparação com a semeadura da safra atual a queda na área de milho deve superar 4% enquanto que o plantio da oleaginosa pode crescer 5,5%. No caso da soja, o aumento de área não deve ampliar a oferta americana em relação à safra anterior, uma vez que a elevada produtividade verificada no último ciclo dificilmente se repetirá. Dessa forma, o órgão projeta uma produtividade média mais próxima ao histórico, ao redor de 3,2 toneladas/hectare. Na safra 2017/18, os EUA obtiveram uma produtividade recorde de 3,5 toneladas/hectare devido a fraca intensidade do fenômeno La Niña, que favorece a seca no Meio- Oeste. Com isso, o balanço divulgado para a oleaginosa indica que a queda de cerca de 7,8% na produtividade deverá mais que compensar o aumento de área, levando à uma ligeira queda de 2,9% na produção nacional. As estimativas do USDA para a demanda também indicam maior aperto para o balanço, uma vez que há previsão de um aumento de cerca de 3% nas exportações dos EUA. Grande parte deste aumento se destina à China, sendo que o mercado e o Departamento esperam que o país asiático continue expandindo as importações da oleaginosa. Nesta safra, as vendas de exportação do produto norte-americano ao mercado mundial chegaram à 50,2 milhões de toneladas, valor acima das vendas acumuladas de 47 milhões de toneladas observado até este momento na safra passada. Considerando que para a próxima safra o USDA espera exportações totais de 57,84 milhões de toneladas, neste período do ano que vem é factível esperar que as vendas acumuladas se encontrem pouco mais elevadas do que o patamar atual. Importações chinesas de soja (milhões de toneladas) Fonte: Ministério do Comércio da China Para o mercado de milho, o órgão projeta redução de área e produtividade, porém, o cenário de elevados estoques nos Estados Unidos e a tendência ainda incerta para as exportações não abrem espaço para fortalecimento dos preços. Além da migração para a soja, também há a expectativa de que os rendimentos fiquem pouco 3

4 abaixo do observado nesta safra, devendo recuar para o patamar de 10,7 toneladas/hectare, uma redução de cerca de 2%. A menor área e rendimento fizeram as projeções de produção dos Estados Unidos caírem para 357,3 milhões de toneladas dos 384,8 milhões de toneladas colhidos no fim do ano passado, o que deverá causar um impacto limitado no balanço uma vez que os estoques estão em quase 60 milhões de toneladas. Estimativas do Fórum Agrícola Milho EUA Fonte: USDA. Elaboração: INTL FCStone Nesta primeira estimativa, o USDA espera uma queda superior à 14% nas exportações de milho, sendo que o principal fator para a redução envolve a perspectiva de uma maior competitividade do produto originado em Brasil, Argentina e Ucrânia. Para a Argentina, o USDA prevê que o fim das tarifas de exportação deve seguir favorecendo a produção e comercialização, enquanto que no Brasil os bons indicativos de clima e produtividade da safrinha apontam para uma maior competitividade do produto brasileiro no mercado global. No Mar Negro, a Ucrânia continua se inserindo nos mercados asiáticos, uma grande região importadora dos grãos originados nos Estados Unidos. Mesmo com o FOB da tonelada do milho ucraniano acima do cotado na bolsa de Chicago, as vantagens com o frete marítimo conseguem garantir alguma competitividade ao país europeu. Além disso, a incerteza em relação às importações do México e a manutenção do Nafta pelo novo governo dos Estados Unidos também podem pressionar as expectativas de exportações. Na safra 2015/16 as compras do país latino representaram cerca de 27% das exportações americanas. Em resumo, o Fórum Agrícola do USDA confirmou grande parte das impressões iniciais do mercado para a próxima safra norte-americana de soja e milho. Contudo, ainda existem pontos de incertezas nos fundamentos e é possível alterações nas estimativas, principalmente porque ainda há espaço para mudanças na intenção de plantio pelos agricultores americanos. Além disso, a polêmica política externa norte-americana pode alterar a dinâmica de exportações, considerando a atual animosidade nas relações com o governo mexicano e possíveis entreveros com a China. BRASIL Colheita de soja no Brasil em 32,08% As atividades de colheita ocorrem em 6 estados que representam dois terços das lavouras brasileiras de soja. Com exceção do Mato Grosso, que apresenta antecipação em relação ao histórico, os demais estados seguem ritmos muito parecidos com os anos anteriores. As condições verificadas em campo estão em geral muito boas, indicando perspectiva de recorde de produtividade, ou valores muito próximos as máximas. Nos demais estados as lavouras se encontram entre as fases finais do florescimento e de maturação de grãos. Evolução da colheita de soja e share na área plantada por estado Fonte: INTL FCStone As chuvas têm prejudicado significativamente a colheita em diversas áreas do Centro Oeste, sobretudo no oeste do Mato Grosso. Neste estado, 4

5 a colheita está adiantada em relação a anos anteriores e se encaminha para a reta final. Entretanto, o avanço poderia ser maior se considerarmos a antecipação de 2-3 semanas no plantio e a maior participação de variedades precoces. Apesar das precipitações excessivas, a produtividade segue muito boa e há perspectivas de recorde histórico. No Paraná, a colheita está avançando rápido nas áreas Norte, Centro Ocidental e Oeste. As produtividades até o momento são muito boas na maioria das regiões, sobretudo no Oeste que representa mais de 20% das lavouras do estado. Na região noroeste há relatos de propriedades com problemas de produtividade em razão do veranico de outubro-novembro, mas a maioria das áreas apresenta bons volumes. Para os próximos dias são esperadas chuvas em praticamente todo o Brasil, contudo, não há previsão de novos períodos de invernada. Nessa semana pancadas de chuvas mais volumosas poderão ocorrer, principalmente no Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e em grande parte da região Sul. Isso é consequência do avanço de uma frente fria pelo Sul do Brasil, que irá manter um corredor de umidade sobre essas localidades. Além disso, em São Paulo, Minas Gerais e Goiás, as chuvas mais generalizadas e em bons volumes só deverão retornar no meio da semana, com previsão apenas para eventuais pancadas de chuvas bem localizadas até lá. Exportações de soja alcançam maior valor semanal desde agosto Na última segunda-feira (20), o MDIC divulgou os dados da balança comercial brasileira referentes a terceira semana de fevereiro. Neste período, as exportações de soja alcançaram 915,8 mil toneladas, maior valor semanal desde o final de agosto do ano passado. Fonte: Secex Exportações Semanais de Soja - Brasil Ao analisarmos os dados de movimentação nos portos divulgados pela AgriPort Services, que têm indicado com maior precisão o momento das exportações, percebemos que os embarques seguem ritmo ainda mais acelerado. Até a última quinta-feira (23), as exportações da oleaginosa alcançaram 5,8 milhões de toneladas neste ano, sendo 4,3 milhões apenas em fevereiro. Considerando os dados de line-up, há a expectativa de exportar mais de 2,26 milhões de toneladas até o final deste mês o que levaria os embarques acumulados nos primeiros meses de 2017 para 8,06 milhões de toneladas. 5

6 PREÇOS FÍSICOS BRASIL 6

7 INDICADORES E EVENTOS DA SEMANA (Horários de Brasília) SEMANAL DE SOJA BRASIL EUA Mercados fechados: Carnaval Mercados fechados: Carnaval h Boletim Focus semanal / Bacen 15h - Balança comercial - fev / MDIC h30 - Pedidos e entregas de bens duráveis - jan / DOC 12h - Vendas pendentes de imóveis residenciais - jan / NAR 12h30 - Pesquisa industrial do Texas - fev / Fed Inspeções de Exportações / USDA h30 - PIB (2ª estimativa) - 4º tri / DOC 10h30 - Transações correntes - jan / DOC 11h - Índice de preços de residências - dez / S&P 11h45 - Índice de atividade de Chicago - fev / ISM 12h - Confiança do consumidor - fev / C. Board 08h30 - Ata da reunião do Copom - fev / Bacen 10h - Sondagem da indústria (PMI) - fev / Markit 12h30 - Fluxo Cambial - semanal / Bacen h - Índice de Preços ao Consumidor (IPC) - fev / Fipe h30 - Receitas e despesas pessoais - jan / DOC 11h45 - Sondagem da indústria (PMI) - fev / Markit 12h - Índice de atividade industrial - fev / ISM 12h30 Relatório de O&D de Petróleo semanal / DOE 16h - Livro Bege / Fed h30 - Pedidos de auxílio desemprego - semanal / DOL 10h30 Vendas Semanais de Exportação semanal / USDA h45 - Sondagem de serviços (PMI) - fev / Markit 12h - Índice de atividade não-manufatureira - fev / ISM 7