OS DESAFIOS DA IMPLEMENTAÇÃO DE PROJETOS DE REUTILIZAÇÃO DE ÁGUAS RESIDUAIS EM PORTUGAL
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- Leonor Canto Gorjão
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1 OS DESAFIOS DA IMPLEMENTAÇÃO DE PROJETOS DE REUTILIZAÇÃO DE ÁGUAS RESIDUAIS EM PORTUGAL Painel 4 Instrumentos institucionais, legais, económicos, técnicos e sociais necessários ao desenvolvimento de projetos de reutilização Paulo Cruz Évora, 9 Out 2012
2 Aspetos Institucionais Boa articulação e mobilização das diferentes entidades (APA, ARS, DRAP, AdA...) na promoção da reutilização de águas residuais urbanas (ARU); Existência de um modelo regional desenvolvido pela AdA, assente em estudos técnicos e económicos; Recomendação IRAR nº2/2007 que enquadra a reutilização no âmbito da actividade das entidades gestoras de sistemas de saneamento de ARU; Desfavoráveis: Dificuldades de adesão ao modelo de reutilização da AdA resultantes, essencialmente, de questões financeiras, nomeadamente quanto ao custos de investimento no tratamento complementar e na adução; Adesão voluntária ao modelo, dependente da iniciativa privada, o que, existindo diversos potenciais utilizadores finais de um sistema, dificulta a otimização dos custos de investimento e a sua concretização; Apesar da recomendação IRAR nº2/2007 considerar que a reutilização de ARU deve ser entendida como uma atribuição das entidades gestoras de sistemas de saneamento, deve ser dado enquadramento a iniciativas privadas que apenas pretendam ter acesso aos efluentes aptos a serem descarregados no meio recetor e promoverem todas as ações necessárias à sua reutilização;
3 Aspetos legais e Normativos Reconhecimento da necessidade de promover a reutilização de ARU nas políticas comunitária e nacional; PNUEA e PEAASAR (Reutilização de águas residuais tratadas: valor de referência > 10%); Normas de aplicação regional (PBH (2002), PROTAL (2007) e actual PGRH) reforçam a necessidade de promover a reutilização de AR; NP 4434 (2005); Vinculação de grandes projetos à reutilização através das DIA (ex: golfes); Limitação do acesso a águas subterrâneas na zona crítica ; Desfavoráveis: Quadro legal da autorização da reutilização pouco preciso (DL 236/98 prevê a necessidade de autorização para algumas utilizações; DL 226-A/2007 é omisso quanto à necessidade de título); Normativo de qualidade (DL 236/não contempla os diferentes tipos de reutilização); Melhoria de aspetos normativos (dec reg 23/95, sinalética especificações de materiais/equipamentos); Ausência de critérios para projetos de muito pequena escala (soluções autónomas);
4 Aspetos económicos e financeiros Proteção das origens de água e dos meios recetores; Componente reutilizada não está sujeita a TRH; Desfavoráveis: Custos de primeiro investimento e exploração elevados (nomeadamente face ao custo da água subterrânea); Custos diferentes entre os diferentes sistemas e utilizadores finais (ausência de uma tarifa média ) dificultam a implementação do modelo, nomeadamente por questões de concorrência; Falta de incentivos financeiros específicos; Atual conjuntura económica dificulta a implementação de soluções que envolvam investimentos significativos;
5 Aspetos sociais Boa aceitação (mesmo reivindicação) da reutilização: QSiGA Forum Participativo (Faro, Abril 2009) PGBH - RH8 "Utilização da Água" Forum Participativo (Tavira, Junho 2011) PGBH-RH8 Pressões e Estado das Massas de Água Foram Participativo (Albufeira, Junho 2011)
6 Aspetos técnicos Existência de Estudos para a reutilização ao nível do sistema multimunicipal, com identificação de soluções técnicas e dos custos; Reduzida contaminação das águas residuais urbanas por metais pesados (reduzida componente industrial), o que reduz, essencialmente, os tratamentos complementares à redução da carga bacteriológica; Normativos de descarga das ETAR bastante exigente, por sensibilidade dos meios recetores, o que reduz o investimento em tratamento complementar; Proximidade dos locais de reutilização (usos urbanos e rega de espaços verdes) das ETAR; Variação sazonal do caudal de águas residuais urbanas produzidas coincidente com variação da necessidade de água para rega; Gestão integrada da reutilização com outras origens, em especial as águas subterrâneas; Desfavoráveis: Dimensão das parcelas agrícolas e sua distância às ETAR de maiores dimensões dificultam a reutilização de ARU na rega agrícola; Ausência de sistemas separativos de rega de espaços públicos urbanos obrigam a custos de adaptação para a reutilização de ARU que podem ser proibitivos; Existência de situações em que a procura é superior à oferta;
7 Em resumo: A concretização da reutilização é e será efetiva quando não existam origens de água disponíveis ou haja sérias limitações à sua utilização, chocando a sua promoção na ótica do uso eficiente da água / boas práticas com os inerentes custos de investimento e de exploração. Não existindo, face às incertezas associadas aos utilizadores finais e ao modelo de financiamento dos custos de investimento, um sistema de grande escala (no caso o Projeto de Reutilização da AdA), apenas avançam soluções pontuais. A clarificação do quadro legal e institucional e a disponibilização de incentivos poderão ajudar a alterar esta realidade.
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