TERCEIRA CÂMARA CÍVEL AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº / CLASSE CNJ CAPITAL

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1 AGRAVANTE:MUNICÍPIO DE CUIABÁ AGRAVADO: SAULO MAZUR Número do Protocolo: /2012 Data de Julgamento: E M E N T A AGRAVO DE INSTRUMENTO - INTERDITO PROIBITÓRIO - LIMINAR DEFERIDA SEM JUSTIFICAÇÃO PRÉVIA - ESBULHO OU TURBAÇÃO NA POSSE - AMEAÇA CONFIGURADA - PRESENÇA DOS REQUISITOS DOS ARTIGOS 927 E 932, CPC - DECISÃO MANTIDA - RECURSO IMPROVIDO. Ainda que não tenha sido realizada audiência de justificação prévia, deve ser mantida a liminar concedida em ação de interdito proibitório se o Juiz singular embasou sua decisão em prova documental que demonstra de forma satisfatória a existência dos requisitos necessários à sua concessão. Fl. 1 de 8

2 AGRAVANTE:MUNICÍPIO DE CUIABÁ AGRAVADO: SAULO MAZUR R E L A T Ó R I O EXMA. SRA. DESA. MARIA APARECIDARIBEIRO Egrégia Câmara: Trata-se de Recurso de Agravo de Instrumento, com pedido de antecipação de tutela ou efeito suspensivo, interposto pelo MUNICÍPIO DE CUIABÁ, em face da decisão proferida pelo juízo da 5ª Vara Especializada da Fazenda Pública da Comarca de Cuiabá/MT que, nos autos da Ação de Interdito Proibitório com pedido de liminar n , promovida por SAULO MAZUR, concedeu o provimento liminar para expedição do mandado proibitório, determinando ao agravante que se abstenha de praticar quaisquer atos de turbação ou esbulho no imóvel localizado à rua Jurumirim, 110, Jardim Brasil, ou rua Gonçalo Antunes de Barros, 110, bairro Três Barras em Cuiabá/MT, ate decisão final, sob pena de multa diária de R$ 1.000,00 (um mil reais). O agravante sustenta em suas razões recursais, que o agravado não possui autorização para construção no local de funcionamento e que ocupa indevidamente área de proteção permanente às margens do córrego Três Barras. Por estes motivos, alegando relevância e iminência da lesão ao interesse da sociedade e do Município de Cuiabá, postula a concessão da antecipação de tutela recursal ou do efeito suspensivo ativo ao presente recurso, determinando a suspensão da decisão proferida nos autos da ação em epígrafe pelo Juízo a quo e ordenando o processamento. Ao final, requesta seja confirmado os pedidos feitos em sede de antecipação de tutela e provimento do recurso. Instrumento em ordem. Recurso processado regularmente, sem a concessão do efeito suspensivo pleiteado (fls. 45/46 - TJ). Informações devidamente prestadas do Juízo de 1º grau (fl. 52 TJ). Fl. 2 de 8

3 combatida. 66/67). Em sua resposta (fls. 56/62), o agravado requer a manutenção da decisão A douta Procuradoria-Geral de Justiça deixou de emitir parecer. (fls. É o relatório. Fl. 3 de 8

4 V O T O EXMA. SRA. DESA. MARIA APARECIDARIBEIRO (RELATORA) Egrégia Câmara: Presentes os pressupostos de admissibilidadeextrínsecos e intrínsecos, o recurso merece conhecimento. Como dito, cuida-se de Recurso de Agravo de Instrumento, com pedido de efeito suspensivo, interposto pelo Município de Cuiabá contra a decisão interlocutória proferida pelo Juízo da 5ª Vara Especializada da Fazenda Pública da Comarca de Cuiabá que, deferiu liminar possessória nos autos da Ação de Interdito Proibitório movida em desfavor do ora agravante, a fim de obstar a prática de quaisquer atos de turbação ou esbulho do imóvel de que o agravado possui a posse, fazendo limites de terra com a ponte de ferro, onde o mesmo alega funcionar a empresa Agropires Comércio Materiais Construção e Produtos Agropecuários Ltda. O interdito proibitório consiste na proteção preventiva da posse e, conforme o estatuído no Código de Processo Civil (arts. 927 e 932), pressupõe o concurso dos seguintes requisitos: a) a posse do autor; b) a ameaça de turbação ou de esbulho por parte do réu; c) justo receio de ser efetivada a ameaça. Concorrendo esses vários requisitos, acrescenta o art. 932, do mesmo estatuto processual, pode o autor impetrar ao Juiz que o segure da turbação ou esbulho iminente, mediante mandado proibitório, com a cominação de pena pecuniária ao réu, no caso de transgressão do preceito. O decisum guerreado é do seguinte teor: Daí, à vista dos dispositivos suso ressaltados, ressai a relevância do fundamento da demanda (fumus boni iuris), porquanto, o autor carreou sobejamente ser detentor da posse quanto ao mencionado imóvel. O periculum in mora se verifica à vista da atual ameaça na demolição das benfeitorias realizadas no imóvel, onde o requerido realiza seus negócios comerciais e retira seu sustendo e de sua família. Fl. 4 de 8

5 ISTO POSTO, CONCEDO o provimento liminar para expedição do mandado proibitório (CPC, art. 933), para determinar ao requerido, de forma incontinenti, que se abstenha de praticar quaisquer atos de turbação ou esbulho no imóvel localizado à Rua Jurumirim 110, Jardim Brasil, ou, Rua Gançalo Antunes de Barros, 110, Bairro Três Barras em Cuiabá-MT, até decisão final. (fls.12) Assim, se pela análise dos documentos e argumentos apresentados pelo agravado, o magistrado verificou a presença dos requisitos autorizadores à concessão da proteção possessória, prudente mostra-se, para o efeito de juízo sumário, a manutenção da decisão recorrida. Ademais, a jurisprudência tem se firmado no sentido de que, em interdito proibitório, a liminar pautada em elementos suficientes a incutir no juiz a necessidade da medida possessória, só pode ser reformada pelo Tribunal, em caso de manifesta ilegalidade, o que não se verifica nos autos. É o que se verifica nas jurisprudênciasabaixo: AGRAVO DE INSTRUMENTO - INTERDITO PROIBITÓRIO - PRELIMINARES AINDA NÃO APRECIADAS PELO JUÍZO A QUO - IMPOSSIBILIDADE DE CONHECIMENTO, SOB PENA DE SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA - LIMINAR - CONCESSÃO - PRESENÇA DOS REQUISITOS DOS ARTIGOS 927 E 932, CPC - RECURSO IMPROVIDO - DECISÃO MANTIDA. Configura supressão de instância a análise de preliminares ainda não apreciadas pelo juízo singular. Preenchidos os requisitos necessários à concessão da liminar na ação de interdito proibitório, mantém-se a decisão respaldada em prova suficiente para convencer o magistrado. (TJ/MT - Terceira Câmara Cível - Recurso de Agravo de Instrumento: 11566/ Relator: Evandro Stábile - julgamento: 22/05/2006) AGRAVO DE INSTRUMENTO - INTERDITO PROIBITÓRIO - LIMINAR DEFERIDA SEM JUSTIFICAÇÃO PRÉVIA - ESBULHO OU Fl. 5 de 8

6 TURBAÇÃO NA POSSE - AMEAÇA CONFIGURADA - PRESENÇA DOS REQUISITOS DO ART. 932 DO CPC - RECURSO IMPROVIDO. Ainda que não tenha sido realizada audiência de justificação prévia, deve ser mantida a liminar concedida em ação de interdito proibitório se o Juiz singular embasou sua decisão em prova documental que demonstra de forma satisfatória a existência dos requisitos necessários à sua concessão. (TJ/MT - Quarta Câmara Cível - Recurso de Agravo de Instrumento 35289/ Relator: Dra. Marilsen Andrade Adário - julgamento: 20/02/2006) No mesmo sentido, anota Theotônio Negrão em seu Código de Processo Civil e Legislação Processual em Vigor, Edição 42ª, Saraiva, 2010, Nota 7 ao art. 928, p. 941: Há mais de um acórdão entendendo que a decisão que concede ou denega medida liminar em ação possessória fica ao prudente arbítrio do juiz, só podendo ser reformada pelo tribunal em caso de evidente ilegalidade (RT 572/223, JTA 91/405, 98/357, 103/383). Pelo que se extrai da leitura do instrumento, o agravado ajuizou ação de interdito proibitório com pedido de liminar,sob a alegação de que o agravante teria ameaçado de turbar ou esbulhar o imóvel objeto da ação. Diz o agravado que se vê na iminência de ter sua propriedade invadida por funcionários de uma construtora sob o comando do agravante, que já estava utilizando maquinário pesado para derrubar a construção do local, as quais ameaçavam turbar sua posse, estabelecendo no local e construindo ponte e estrada. A concessão da medida liminar em ação de interdito proibitório exigia a demonstração de que o agravado defronta com uma ameaça séria, palpável e concreta, de que pode ser esbulhado ou turbado, nos termos dos arts. 932 do Código de Processo Civil e 1210 do Código Civil. Dentro dos limites de uma cognição sumária, é de se reconhecer que, no caso dos autos, tal prova foi produzida. Com efeito, o agravado comprova que é possuidor do imóvel em litígio, bem como tocante ao justo receio de turbação. A proteção judicialda posse, não tem o pressuposto apenas o esbulho e a Fl. 6 de 8

7 turbação quando já praticados. É de toda convivência que o socorro legal também possa ser prestado ao cidadão em caráter preventivo, buscando-se impedir a consumação de atos capazes de alterar o equilíbriosocial. Constata-se, em verdade, de proteção, conforme os termos do art do Código Civil,in verbis: Art O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação, restituído no de esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado. 1o O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua própria força, contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, não podem ir além do indispensável à manutenção, ou restituição da posse. 2o Não obsta à manutenção ou reintegração na posse a alegação de propriedade, ou de outro direito sobre a coisa. Trata-se, como se vê, de decisão personalíssima,de prudente arbítrio, de tal sorte que o convencimento provisório do juiz não merece qualquer reparo, mesmo porque a prova coligida na inicial tornava aconselhável a concessão da liminar para fins estritamente possessórios, consoante pontificou o digno magistrado a quo. Assim, em uma analise perfunctória da questão posta em julgamento, entendo que, o agravado comprovou de forma satisfatória, a ameaça à posse, ônus que lhe é imposto. Como corolário, não se depreende qualquer ilegalidade patente na decisão agravada pela qual foi deferido o pedido liminar de mandado proibitório em favor do agravado, pois estavam realmente presentes os requisitos autorizadores da medida. Em face do exposto, nego provimento ao agravo de instrumento. É como voto. Fl. 7 de 8

8 A C Ó R D Ã O Vistos, relatados e discutidos os autos em epígrafe, a TERCEIRA CÂMARA CÍVEL do Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso, sob a Presidência da DESA. MARIA APARECIDARIBEIRO, por meio da Câmara Julgadora, composta pela DESA. MARIA APARECIDARIBEIRO (Relatora), DR. SEBASTIÃO BARBOSA FARIAS(1º Vogal) e DRA. VANDYMARA G. R. P. ZANOLO (2ª Vogal), proferiu a seguinte decisão: À UNANIMIDADE, DESPROVERAM O RECURSO NOS TERMOS DO VOTO DA RELATORA. Cuiabá, 12 de março de DESEMBARGADORA MARIA APARECIDA RIBEIRO - PRESIDENTE DA TERCEIRA CÂMARA CÍVEL EM SUBSTITUIÇÃO LEGAL E RELATORA Fl. 8 de 8