Superior Tribunal de Justiça

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1 EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº PB (2013/ ) RELATOR EMBARGANTE PROCURADOR EMBARGADO ADVOGADO : MINISTRO FELIX FISCHER : ESTADO DA PARAÍBA : LÚCIO LANDIM BATISTA DA COSTA E OUTRO(S) : MÁRIO FARACO SERRANO : MÁRIO FARACO SERRANO (EM CAUSA PRÓPRIA) EMENTA PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. EXPEDIENTE FORENSE. ENCERRAMENTO PREMATURO. DIES A QUO. IRRELEVÂNCIA. PRORROGAÇÃO APENAS NO CASO DO DIES AD QUEM. INTELIGÊNCIA DO ART. 184, DO CPC. RECURSO DESPROVIDO. I - O disposto no inciso II do 1º do art. 184 do CPC, que trata da possibilidade de prorrogação do prazo em caso de encerramento prematuro do expediente forense, aplica-se tão somente em relação ao dies ad quem do prazo recursal. (Precedentes). II - Além da falta de previsão legal, tal prorrogação não se aplica ao dies a quo em razão, também, da ratio da norma, que é justamente possibilitar àqueles que vierem a interpor o recurso no último dia do prazo não serem surpreendidos, indevidamente, com o encerramento prematuro do expediente forense, em obediência ao princípio da confiança, que deve proteger a atuação do jurisdicionado perante a Justiça, e assim conferir máxima eficácia à prestação jurisdicional. Recurso de embargos de divergência conhecido e desprovido. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, conhecer dos embargos de divergência e negar-lhes provimento, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Laurita Vaz, João Otávio de Noronha, Humberto Martins, Maria Thereza de Assis Moura, Herman Benjamin, Napoleão Nunes Maia Filho, Og Fernandes, Luis Felipe Salomão, Mauro Campbell Marques, Benedito Gonçalves e Raul Araújo votaram com o Sr. Ministro Relator. Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 05/03/2015 Página 1 de 10

2 Mussi. Ausentes, justificadamente, os Srs. Ministros Nancy Andrighi e Jorge Brasília (DF), 04 de fevereiro de 2015 (Data do Julgamento).. Ministro Francisco Falcão Presidente Ministro Felix Fischer Relator Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 05/03/2015 Página 2 de 10

3 EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº PB (2013/ ) RELATÓRIO O EXMO. SR. MINISTRO FELIX FISCHER: Trata-se de recurso de embargos de divergência em agravo em recurso especial interposto pelo Estado da Paraíba, em face de v. acórdão proferido pelo eminente Ministro Sérgio Kukina, às fls , que negou provimento ao agravo regimental, cuja ementa foi assim redigida: "AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL. ALTERAÇÃO DA DATA DE INÍCIO DE CONTAGEM DO PRAZO. IRRELEVÂNCIA. RECURSO ESPECIAL QUE PERMANECE INTEMPESTIVO. 1. O documento acostado aos autos pela parte agravante, tem, de fato, o condão de alterar a data de início de contagem do prazo, entretanto, o recurso especial permanece intempestivo. 2. A publicação do acórdão proferido nos embargos de declaração se realizou na data de 22/6/11 e o início do prazo recursal ocorreu em 27/6/11, em virtude de não ter havido expediente forense nos dias 23/6/11 e 24/6/ O último dia do prazo para a interposição do apelo nobre se verificou em 26/7/11, e o recurso especial somente foi apresentado na secretaria do Tribunal de origem em 27/7/ "A prorrogação do prazo recursal, em virtude do encerramento adiantado do expediente forense, só é possível se o mencionado encerramento tiver ocorrido no termo ad quem para interposição do recurso, consoante o art. 184, 1º, do CPC, e não no termo a quo, como no presente caso" (AgRg no Ag n /PE, Quinta Turma, Rel. Ministro Napoleão Nunes Maia Filho, DJe de 17/5/2010). 5. Agravo regimental a que se nega provimento" (fl. 252). Daí o presente recurso de embargos, ao qual sustenta o embargante haver divergência fático-jurídica em relação ao Recurso Especial n /PE, da relatoria do eminente Ministro Asfor Rocha, da col. Quarta Turma desta eg. Corte Superior, cuja julgamento restou assim ementado, verbis: "PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. EXAURIMENTO DA INSTÂNCIA. PRELIMINAR DE NÃO Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 05/03/2015 Página 3 de 10

4 CONHECIMENTO AFASTADA. REQUISITO SATISFEITO. PRAZO RECURSAL. TERMO INICIAL. PRIMEIRO DIA ÚTIL SUBSEQÜENTE À PUBLICAÇÃO DA SENTENÇA. EXPEDIENTE FORENSE NORMAL. PRECEDENTES DO STJ. Tem-se por exaurida a instância ordinária, quando o órgão colegiado do egrégio Tribunal a quo, em sede de embargos de declaração opostos à decisão unipessoal do relator, expressamente analisou a matéria argüida em recurso especial, sendo incabível, nessa hipótese, o agravo previsto no art. 557, 1º, do CPC. "Prazo - Início - Expediente forense encerrado prematuramente. Para efeito de início de contagem de prazos, deve ter-se como equiparado a dia não-útil aquele em que o expediente encerra-se anormalmente. Deste modo, o prazo começará a fluir do primeiro dia útil subseqüente, em que haja expediente normal" (REsp n /SP, relator o em. Ministro Eduardo Ribeiro, DJ 16/09/1991). Recurso especial conhecido e provido" (fl. 272). Sustentam, em síntese, que "a decisão ora embargada concluiu que a prorrogação do prazo recursal só se dá se o dia final do prazo tiver o encerramento menor do que normal, não se aplicando essa regra se o expediente forense for menor no dia da publicação da decisão [...] Percebe-se, então, que a decisão combatida entendeu que a publicação do acórdão do Tribunal de Justiça da Paraíba em dia que não houve expediente forense completo não prorroga essa intimação para o primeiro dia útil subsequente" (fls grifei). Requer, ao final, o provimento do recurso para prevalecer o entendimento perfilhado pela col. Quarta Turma, no sentido de se prorrogar o prazo recursal quando "não há expediente forense normal, mesmo sendo no dia da publicação da decisão" (fl. 264). É o relatório. Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 05/03/2015 Página 4 de 10

5 EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº PB (2013/ ) EMENTA PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. EXPEDIENTE FORENSE. ENCERRAMENTO PREMATURO. DIES A QUO. IRRELEVÂNCIA. PRORROGAÇÃO APENAS NO CASO DO DIES AD QUEM. INTELIGÊNCIA DO ART. 184, DO CPC. RECURSO DESPROVIDO. I - O disposto no inciso II do 1º do art. 184 do CPC, que trata da possibilidade de prorrogação do prazo em caso de encerramento prematuro do expediente forense, aplica-se tão somente em relação ao dies ad quem do prazo recursal. (Precedentes). II - Além da falta de previsão legal, tal prorrogação não se aplica ao dies a quo em razão, também, da ratio da norma, que é justamente possibilitar àqueles que vierem a interpor o recurso no último dia do prazo não serem surpreendidos, indevidamente, com o encerramento prematuro do expediente forense, em obediência ao princípio da confiança, que deve proteger a atuação do jurisdicionado perante a Justiça, e assim conferir máxima eficácia à prestação jurisdicional. Recurso de embargos de divergência conhecido e desprovido. VOTO O EXMO. SR. MINISTRO FELIX FISCHER: Presentes os pressupostos de admissibilidade do recurso, conheço dos embargos. A questão em debate no presente recurso cinge-se à correta interpretação do art. 184, do Código de Processo Civil, que trata da forma de contagem dos prazos Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 05/03/2015 Página 5 de 10

6 processuais, mais especificamente, das hipóteses que autorizam a sua prorrogação. O emimente Ministro Sérgio Kukina, ao negar provimento ao agravo regimental, votou no sentido de não admitir a prorrogação do prazo recursal quando o encerramento adiantado do expediente forense tiver ocorrido no termo a quo. Trago à colação excerto da r. decisão reprochada, verbis: "O recurso não merece provimento. Muito embora o documento acostado aos autos pela parte agravante, tenha, de fato, o condão de alterar a data de início de contagem do prazo, o recurso especial permanece intempestivo. Verifica-se da análise dos autos que a publicação do acórdão proferido nos embargos de declaração se realizou na data de 22/6/11. Isto significa que o início do prazo recursal ocorreu em 27/6/11, em virtude de não ter havido expediente forense nos dias 23/6/11 e 24/6/11. Assim, o último dia do prazo para a interposição do apelo nobre se verificou em 26/7/11, e o recurso especial somente foi apresentado na secretaria do Tribunal de origem em 27/7/11. Destaca-se, finalmente, que houve expediente forense na data de publicação do acórdão proferido em embargos de declaração, ainda que com horário reduzido, razão pela qual perfeitamente válida a intimação realizada nesta data. Com efeito, "A prorrogação do prazo recursal, em virtude do encerramento adiantado do expediente forense, só é possível se o mencionado encerramento tiver ocorrido no termo ad quem para interposição do recurso, consoante o art. 184, 1º, do CPC, e não no termo a quo, como no presente caso" (AgRg no Ag /PE, Rel. Ministro Napoleão Nunes Maia Filho, Quinta Turma, DJe 17/05/2010). Ante o exposto, nega-se provimento ao agravo regimental" (fl. 250). O exame do v. acórdão recorrido, bem como do paradigma colacionado pelo embargante, evidencia, a meu ver, que deve ser mantida a orientação do acórdão objurgado. Preceitua o art. 184 e, do Código de Processo Civil: "Art Salvo disposição em contrário, computar-se-ão os prazos, excluindo o dia do começo e incluindo o do vencimento. 1º Considera-se prorrogado o prazo até o primeiro dia útil se o vencimento cair em feriado ou em dia em que: I - for determinado o fechamento do fórum; II - o expediente forense for encerrado antes da hora normal. 2º Os prazos somente começam a correr do primeiro dia útil após a intimação (art. 240 e parágrafo único). Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 05/03/2015 Página 6 de 10

7 Pois bem. Depreende-se da leitura do caput a forma pela qual será realizada a contagem do prazo processual: exclui-se o dia do início e inclui-se o do vencimento. O parágrafo primeiro trata das hipóteses em que haverá prorrogação do prazo quando seu vencimento cair em feriado ou em dia que for determinado o fechamento do fórum ou houver o encerramento do expediente forense antes da hora normal. Não há dúvida, portanto, de que a hipótese ora regulada trata exclusivamente do dies ad quem (dia do vencimento). A conclusão acima assentada é reforçada pelo disposto no 2º do mesmo dispositivo legal. Aqui, regula-se, por outro lado, a única possibilidade em que haverá a prorrogação do dies a quo ("os prazos somente começam a correr do primeiro dia útil após a intimação" ). Verifica-se, desse modo, que o legislador tratou de forma distinta as hipóteses de prorrogação do prazo referente ao dies a quo e ao dies ad quem nos parágrafos do art. 184, do CPC. Dessarte, é possível inferir que a mens legis foi no sentido de permitir a prorrogação do prazo quando houver anormalidade do expediente forense somente no caso de tal situação extraordinária ocorrer no termo final do prazo. Explica-se: a ratio da norma, ao que me parece, é justamente possibilitar àqueles que, ao manejar o recurso no último dia do prazo, não serem surpreendidos, indevidamente, com o encerramento prematuro do expediente forense, o que, ao final, significaria a perda do prazo, sem que tenha havido culpa da parte. Trata-se de aplicação do princípio da confiança, que deve proteger a atuação do jurisdicionado perante a Justiça, e assim conferir máxima eficácia à prestação jurisdicional. Por outro lado, não se vislumbra qualquer razão para se prorrogar o início da contagem do prazo processual em situação idêntica ocorrida no primeiro dia do prazo. É que, nesta hipótese, remanescerá para o recorrente a possibilidade de interpor o recurso nos dias subsequentes. Não há motivo lógico que justifique aplicar-se o regramento referente ao dies ad quem a esta hipótese. Neste ponto, há que se registrar, andou bem o legislador. Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 05/03/2015 Página 7 de 10

8 No caso dos autos, o embargante detinha a fluência de todo o prazo recursal para poder se valer do manejo ou não do recurso. Optou por interpor no "último dia do prazo", arcando com as consequências deste arriscado comportamento. Não há falar, portanto, em dilação do prazo. A orientação firmada no v. acórdão recorrido encontra ressonância em precedentes desta eg. Corte. Nesse sentido: "PROCESSO CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. ARTS. 40, III, 183, 1o. E 2o. E 535, I E II DO CPC. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. INCIDÊNCIA DAS SÚMULAS 282 E 356 DO STF. ENCERRAMENTO DO EXPEDIENTE FORENSE ANTES DO HORÁRIO NORMAL. TERMO A QUO PARA CONTAGEM DO PRAZO RECURSAL. DESINFLUÊNCIA. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO. [...] 2. A prorrogação do prazo recursal, em virtude do encerramento adiantado do expediente forense, só é possível se o mencionado encerramento tiver ocorrido no termo ad quem para interposição do recurso, consoante o art. 184, 1º, do CPC, e não no termo a quo, como no presente caso. Precedentes. 3. Agravo Regimental desprovido" (AgRg no Ag n /PE, Quinta Turma, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, DJe de 17/5/ grifei). "PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. INTEMPESTIVIDADE. QUARTA-FEIRA DE CINZAS. DIA ÚTIL, ATÉ PROVA EM CONTRÁRIO (ARTS. 184, 2º, 188 E 240 DO CPC). [...] 3. O fato de ter havido expediente somente no período vespertino, na quarta-feira de cinzas, não conduz à prorrogação do termo inicial para a contagem do prazo recursal, pois trata-se de dia útil. 4. Agravo regimental a que se nega provimento" (AgRg no REsp n / RJ, Primeira Turma, Rel. Ministra Denise Arruda, DJ de 1º/2/2006). Ainda na linha dos precedentes acima transcritos: "só se prorroga o prazo recursal com fundamento no art. 184, 1º, II do CPC quando o expediente Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 05/03/2015 Página 8 de 10

9 forense se encerrar antes do horário no dia do vencimento e não no início de sua contagem ou no meio de sua fluência" (STJ-RT 664/178). No mesmo sentido: RSTJ 145/290, RT 711/166. Ante o exposto, nego provimento aos embargos de divergência. É o voto. Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 05/03/2015 Página 9 de 10

10 CERTIDÃO DE JULGAMENTO CORTE ESPECIAL Número Registro: 2013/ PROCESSO ELETRÔNICO EAREsp / PB Números Origem: PAUTA: 04/02/2015 JULGADO: 04/02/2015 Relator Exmo. Sr. Ministro FELIX FISCHER Presidente da Sessão Exmo. Sr. Ministro FRANCISCO FALCÃO Subprocurador-Geral da República Exmo. Sr. Dr. WAGNER NATAL BATISTA Secretário Bel. FRANCO DEYBSON SORIANO DE ARAÚJO EMBARGANTE PROCURADOR EMBARGADO ADVOGADO AUTUAÇÃO : ESTADO DA PARAÍBA : LÚCIO LANDIM BATISTA DA COSTA E OUTRO(S) : MÁRIO FARACO SERRANO : MÁRIO FARACO SERRANO (EM CAUSA PRÓPRIA) ASSUNTO: DIREITO TRIBUTÁRIO - Impostos - ICMS / Imposto sobre Circulação de Mercadorias CERTIDÃO Certifico que a egrégia CORTE ESPECIAL, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão: A Corte Especial, por unanimidade, conheceu dos embargos de divergência e negou-lhes provimento, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Laurita Vaz, João Otávio de Noronha, Humberto Martins, Maria Thereza de Assis Moura, Herman Benjamin, Napoleão Nunes Maia Filho, Og Fernandes, Luis Felipe Salomão, Mauro Campbell Marques, Benedito Gonçalves e Raul Araújo votaram com o Sr. Ministro Relator. Ausentes, justificadamente, os Srs. Ministros Nancy Andrighi e Jorge Mussi. Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 05/03/2015 Página 10 de 10