Seguros & legislação ambiental

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1 Seguros & legislação ambiental Práticas Ambiental e de Seguros, Resseguros e Previdência 18/08/2017

2 Legislação sobre Responsabilidade Ambiental Tríplice Esfera de Responsabilidade Marco constitucional Art. 225/CF, 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados. ADMINISTRATIVA Atualmente as autuações ambientais são tipicamente lavradas em nome da pessoa jurídica ou da pessoa física diretamente envolvida no fato. - Lei.º 9.605/1998 e Decreto n.º 6.514/2008. CIVIL Responsabilidade solidária (poluidor direto e indireto) e objetiva comumente aplicada. Sócios normalmente inseridos no polo passivo. - Lei n.º 6.938/1981, Código Civil e Lei das S.As. PENAL Responsabilização conjunta: pessoa jurídica e pessoa física conjuntamente investigadas (em fase de inquérito policial) e denunciadas. Sócio, administrador e outros entes mencionados no artigo 2º, caput da Lei 9.605/ Lei n.º 9.605/

3 Conceito de Poluidor: precedente do Superior Tribunal de Justiça conceito de poluidor, no Direito Ambiental brasileiro, é amplíssimo, confundindo-se, por expressa disposição legal, com o de degradador da qualidade ambiental, isto é, toda e qualquer pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental. Por outro lado, para o fim de apuração do nexo de causalidade no dano urbanístico-ambiental e de eventual solidariedade passiva, equiparam-se quem faz, quem não faz quando deveria fazer, quem não se importa que façam, quem cala quando lhe cabe denunciar, quem financia para que façam e quem se beneficia quando outros fazem (cf. REsp /SC). Cuida-se, ninguém disputa, de responsabilidade civil objetiva, nos termos do art. 14, 1º, da Lei 6.938/81. São inúmeros e unânimes, nesse sentido, os precedentes do Superior Tribunal de Justiça. (STJ, Herman Benjamin, REsp n /SP, j ). 3

4 Especificidades da Responsabilidade Ambiental Dever Jurídico de responder por atos que impliquem dano a terceiro ou violação de norma jurídica. (Maria Helena Diniz) As três esferas de responsabilidade ambiental são distintas e independentes: CIVIL: Patrimonial Reparação de danos. É objetiva: Independe da verificação de culpa, sendo que o nexo de causalidade entre a conduta e o dano é suficiente; É solidária: pode-se escolher um dentre todos os agentes que causaram dano para figurar como réu na ação; Desconsideração de personalidade jurídica: sempre que sua personalidade for obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados à qualidade do meio ambiente. ADMINISTRATIVA: Sanção Instrumento de comando e controle Multa. Atribuição dos órgãos ambientais em âmbito federal, estadual e municipal; É subjetiva e depende da verificação de culpa. Há corrente doutrinária que defende ser objetiva. CRIMINAL: Sanção Bens jurídicos tutelados pelo Direito Penal Penas restritivas de liberdade Processo penal; Disciplinada pela Lei de Crimes Ambientais; É subjetiva: É necessária a comprovação de dolo (intenção) ou culpa (negligência, imprudência ou imperícia); Aplica-se tanto para pessoas físicas quanto jurídicas. Uma única ação pode gerar responsabilidade ambiental nos três níveis. A ausência de responsabilidade em uma de tais esferas não isenta, necessariamente, o agente da responsabilidade nas demais. Sócios, diretores e administradores, a depender do caso, podem ser responsabilizados por danos ambientais, especialmente na esfera cível. A legislação também possibilita a responsabilização criminal se houver dolo ou culpa no exercício do cargo de direção que tenha ensejado crime ambiental. 4

5 Gerenciamento de risco e atividades que causem impacto Legislação ambiental considera o risco ambiental das atividades econômicas e cria mecanismos para reduzir o impacto causado; Atividades causadoras ou potencialmente causadoras de danos incorporam os riscos ao meio ambiente no custo do negócio; Exemplos de exigências legais para atividades que tem potencial de causar significativo impacto: Elaboração de Estudo de Impacto Ambiental; Licenças ambientais (prévia, de instalação, de operação) que contém condicionantes específicas a serem cumpridas, e visam mitigar o dano ambiental; e Pagamento de compensação ambiental pelos danos não mitigáveis. 5

6 Valoração e avaliação do dano ambiental Para identificação do risco/impacto que ensejará novos custos, é necessário desenvolver mecanismos de valoração ambiental do dano causado: Gerações futuras devem ser consideradas; Observação dos princípios da razoabilidade, proporcionalidade e equivalência entre o que se perde com a degradação do meio ambiente e o que se obtém a título de reposição da qualidade ambiental; O valor obtido deve ser destinado ao local afetado pelo dano ambiental. Jurisprudência: há descompasso nas decisões judiciais em relação à avaliação do dano ambiental, pois a cada caso há um critério distinto, mas costumam ser milionárias. Seguro ambiental, seguro garantia e outros instrumentos financeiros alternativas: Para dar segurança jurídica em caso de sinistro (avaliação independente de exposição/dano); Para garantia de execução de atividades diversas para recuperação da qualidade ambiental: Ex.: Plano de Intervenção de Áreas Contaminadas ou Plano de Restauração Florestal (longo prazo). Diferentes indústrias: Mineração, Óleo e Gás e Energia Elétrica. 6

7 Seguro de Responsabilidade Civil Geral OBJETO: garantir o ressarcimento do segurado por prejuízos causados a terceiros. SEGURADO: em regra, é a pessoa jurídica que possui o interesse segurável e contrata o seguro. PRINCIPAIS COBERTURAS: Custos de defesa do segurado em processos judiciais/arbitrais/administrativos; Perdas financeiras e/ou prejuízos (inclusive lucros cessantes) de terceiros; Despesas de salvamento e contenção de sinistros; e Poderá ser contratada cobertura para poluição súbita e/ou acidental. PRINCIPAIS EXCLUDENTES: Multas e penalidades (expectativa de mudança); Danos decorrentes do descumprimento intencional da legislação e/ou regulamentação em vigor (atos dolosos); e Danos decorrentes da poluição ambiental ou da ação paulatina ou gradual de temperatura, umidade, infiltração, vibração, contaminação e vazamento. 7

8 Seguro Ambiental HISTÓRICO: 1ª geração: Seguro de Responsabilidade Civil Geral cobertura normalmente limitada a poluição súbita, acidental e imprevista. 2ª geração: Cobertura adicional em Seguro D&O cobertura por responsabilidade ambiental. 3ª geração: Seguro Ambiental cobertura principal é responsabilidade por danos ambientais. OBJETO: garantir o ressarcimento por prejuízos causados a terceiros resultantes de danos ambientais. SEGURADO: em regra, é a jurídica que possui o interesse segurável e contrata o seguro. Normalmente o seguro é contratado por construtoras/empreiteiras, incorporadoras ou consultorias contratadas para remediação de áreas contaminadas. PRINCIPAIS COBERTURAS: Custos e despesas de limpeza (clean up costs) on e off site; Custos de defesa, monitoramento e investigação do segurado em processos judiciais/arbitrais/administrativos; Danos pessoais e materiais; e Despesas de salvamento e contenção de sinistros. PRINCIPAIS EXCLUDENTES: Multas e penalidades (expectativa de mudança); Danos decorrentes do descumprimento intencional da legislação e/ou regulamentação em vigor (atos dolosos); e Danos anteriores à contratação de cobertura de conhecimento do segurado (contratar retroatividade). PRODUTOS DISPONÍVEIS NO BRASIL: Atualmente, há 8 seguradoras (2 tipos de produtos: instalações e transporte). TIMING PARA CONTRATAÇÃO: antes da ocorrência do dano ambiental. Em regra, há cobertura apenas para os danos: (i) ocorridos durante a vigência (e/ou no período de retroatividade, caso aplicável); E (ii) reclamados durante a vigência ou período complementar/suplementar, conforme o caso. 8

9 Seguro Garantia Performance Bond OBJETO: garantir o fiel cumprimento de obrigações contratuais assumidas pelo tomador perante o segurado, mediante a prestação de uma contragarantia pelo tomador à seguradora (quando se tratar de planos de remediação, a empresa construtora é tomadora e o beneficiário é o dono do terreno/área contaminada). TOMADOR: aquele que solicita a emissão da apólice e é, em geral, o devedor do contrato principal. SEGURADO: beneficiário do seguro e credor da obrigação firmada pelo tomador. PRINCIPAIS COBERTURAS: Indenização por prejuízos causados pelo inadimplemento das obrigações assumidas pelo tomador (ou conclusão do Plano de Intervenção/Remediação). PRINCIPAIS EXCLUDENTES: Responsabilidade civil seguro próprio; Lucros cessantes em regra está coberto pelo seguro de Responsabilidade Civil Geral; e Riscos trabalhistas e previdenciários. PRODUTOS DISPONÍVEIS NO BRASIL Atualmente, aproximadamente 25 seguradoras oferecem seguro garantia no Brasil (nenhum produto modelado para Planos de Intervenção/Remediação de áreas contaminadas). TIMING PARA CONTRATAÇÃO: após a ocorrência do dano ambiental, na fase de implementação dos Planos de Intervenção/Remediação, conforme o caso. PLANOS DE INTERVENÇÃO/REMEDIAÇÃO DE ÁREAS CONTAMINADAS Garantia para o cumprimento do Plano de Intervenção/Remediação de áreas contaminadas, na hipótese de descumprimento do cronograma estabelecido para a implementação do respectivo plano. 9

10 Seguro e legislação de Áreas Contaminadas Estado de São Paulo LEI ESTADUAL Nº /2009: O responsável legal pela área contaminada precisa apresentar garantia bancária ou seguro ambiental a fim de assegurar que o Plano de Remediação aprovado seja implantado em sua totalidade e nos prazos estabelecidos, no valor mínimo de 125% (cento e vinte e cinco por cento) do custo estimado do Plano de Remediação. DECRETO ESTADUAL Nº /2013: Artigo 3º define o seguro ambiental como contrato de seguro que contenha cobertura para assegurar a execução de Plano de Intervenção aprovado em sua totalidade e nos prazos estabelecidos, no valor mínimo de 125% (cento e vinte e cinco por cento) do custo estimado. Artigo 45: (i) determina que a contratação do seguro ambiental nos moldes da Lei nº /2009 só é necessária quando tal cobertura efetivamente existir no mercado local; e (ii) possibilita a contratação de seguro garantia. Obs.: seguro ambiental pode ser contratado para cobrir danos adicionais após medidas de contenção terem sido tomadas/implementadas. DECISÃO DE DIRETORIA CETESB Nº 38/ DEFINIÇÃO DAS MEDIDAS DE INTERVENÇÃO: leva em consideração a contratação de seguro ambiental ou seguro garantia em substituição às garantias bancárias e seguro ambiental, conforme o caso. FIANÇA BANCÁRIA VS SEGURO GARANTIA 10

11 Desafios do Seguro Garantia em Áreas Contaminadas Arranjos possíveis Quem seriam o tomador e o segurado? Tipos de Cobertura ou Limite de Indenização Custo total da remediação ou parte do Plano de Intervenção? Quando apresentar? Se o Plano de Intervenção já tiver sido apresentado ou não? De quem é a responsabilidade pelo pagamento do prêmio? Seguro ambiental ou seguro garantia? Se houver necessidade de complementação do Plano de Intervenção? Horizonte de tempo para finalização da remediação? 11

12 Reflexos e oportunidades para os setores envolvidos Negociação no preço Consultorias técnicas Produtos melhor adaptados a cada indústria Seguradoras Aquisição de imóveis contaminados Beneficiário do seguro ambiental Desenvolvimento de mercado Redução de exposição de segurados/ beneficiários Desenvolvimento de projetos de remediação Tomador do seguro ambiental Desenvolvimento de mercado Novos Players Incorporadoras Responsabilidade técnica, o que repercute no preço Corretoras de Seguro Novos produtos 12

13 Projetos de Lei Seguro e meio ambiente PROJETOS DE LEI E FUTURO: Projeto Objeto Tramitação Projeto de Lei nº 937/2003 Projeto de Lei nº 2.313/2003 Projeto de Lei nº 3.729/2004 Altera a PNMA, prevendo o seguro de responsabilidade civil por dano ambiental. (Autoria: Dep. Deley) Altera dispositivo do Decreto-Lei 73/1966 (Sistema Nacional de Seguros Privados). (Autoria: Ação Total dos Indivíduos da Terra Unidos em Defesa da Ecologia Comissão de Legislação Participativa Dispõe sobre licenciamento, com previsão de exigência pelo licenciador de seguro de responsabilidade civil por dano ambiental. (Autoria: Dep. Luciano Zica, Walter Pinheiro, Zezéu Ribeiro e outros). Comissão de Defesa do Consumidor (CDC) Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJC) Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (CMADS) Comissão de Finanças e Tributação (CFT) Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (CMADS) Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural (CAPADR) Comissão de Finanças e Tributação (CFT) Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) Projeto de Lei nº 3.563/2015 Torna obrigatória o pagamento de indenizações e contratação de seguro no caso de rompimento de barragens. (Autoria: Dep. Elcione Barbalho) Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (CMADS) Comissão de Minas e Energia (CME) Comissão de Finanças e Tributação (CFT) Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) Projeto de Lei do Senado nº 767/2015 Projeto de Lei do Senado nº 355/2016 Altera o art. 10 da PNMA e o Decreto-Lei nº 73/1966, para instituir o seguro mínimo obrigatório ambiental. (Autoria: Sen. Valdir Raupp) Altera o art. 10 da PNMA, para dispor sobre a contratação de seguro ambiental para o funcionamento de estabelecimentos e atividades de extração e tratamento de minerais sujeitos a licenciamento ambiental. (Autoria: Sen. Aécio Neves) Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) Comissão de Meio Ambiente (CMA) Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) Comissão de Meio Ambiente (CMA) 13

14 Lina Pimentel Garcia Thomaz Del Castillo Barroso Kastrup

15 SÃO PAULO PAULISTA Al. Joaquim Eugênio de Lima São Paulo SP Brasil T SÃO PAULO FARIA LIMA Rua Campo Verde 61 3º andar São Paulo SP Brasil T BRASÍLIA SHS Q6 Bloco C Cj. A sala Brasília DF Brasil T RIO DE JANEIRO Praia do Flamengo º andar Rio de Janeiro RJ Brasil T NEW YORK 712 Fifth Avenue 26 th floor New York NY USA T LONDON 5 th floor, 32 Cornhill London UK EC3V 3SG T 44 (0)