Congressos de Gestão em Saúde

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1 Publicação da Federação dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo maio/junho de 2013 nº2 Congressos de Gestão em Saúde Eventos organizados pelo IEPAS discutiram os principais temas do setor págs. 4 e 5 FEHOESP empossa nova diretoria e Yussif Ali Mere Junior é o novo presidente. pág. 3 Gestão de pessoas é fundamental, afirma em entrevista a coach Márcia Fonseca. pág. 6 ANS prorroga mais uma vez a IN 49 e lança guia para contratualização. pág. 7

2 Diretoria Presidente: Yussif Ali Mere Junior 1º vice-presidente: Marcelo Soares de Camargo 2º vice-presidente: Roberto Muranaga 3º vice-presidente: Flávio Isaias Rodrigues 1º diretor secretário: Paulo Fernando de Moraes Nicolau 2º diretor secretário: George Schahin 1º diretor tesoureiro: Luiz Fernando Ferrari Neto 2º diretor tesoureiro: José Carlos Barbério Diretor suplente: André Junqueira Santos Pessoa Diretor suplente: Hugo Alexandre Zanchetta Buani Diretor suplente: Danilo Ther Vieira das Neves Diretor suplente: Armando De Domenico Junior Diretora suplente: Luiza Watanabe Dal Ben Diretor suplente: Jorge Eid Filho Diretor suplente: Michel Toufik Awad Conselheiro fiscal efetivo: Antonio Carlos de Carvalho Conselheiro fiscal efetivo: Ricardo Nascimento Teixeira Mendes Conselheiro fiscal efetivo: João Paulo Bampa da Silveira Conselheira fiscal suplente: Maria Helena Cerávolo Lemos Conselheiro fiscal suplente: Fernando Henriques Pinto Junior Conselheiro fiscal suplente: Marcelo Luis Gratão Delegado junto à CNS efetivo: Yussif Ali Mere Junior Delegado junto à CNS suplente: Marcelo Soares de Camargo Edição e reportagem: Ricardo Balego Mtb SP Projeto e produção gráfica: Danilo Minorello contato@danilominorello.com Capa: Ricardo Balego e Neuza Nakahara Periodicidade: bimestral Tiragem: exemplares Impressão: Pigma Redação: Rua 24 de maio, º andar São Paulo SP Tel: (11) comunicacao@fehoesp.org.br Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião do jornal. Este jornal é impresso em papel reciclado e oriundo de fontes controladas e responsáveis, de acordo com o selo FSC. Se o recebeu via correio, a embalagem plástica que o acondiciona é feita em material oxibiodegradável. Sindicatos filiados: Editorial Por um setor mais coeso e qualificado Quando foi criado o Instituto de Ensino e Pesquisa na Área da Saúde IEPAS, tínhamos como meta clara suprir uma grande deficiência de nosso setor, a falta de colaboradores capacitados. Pensando nessa carência, FEHOESP e SINDHOSP se uniram, sob a tutela do nosso saudoso Dr. Dante Montagnana, para fomentar o desenvolvimento que o setor privado de saúde tanto necessita, por meio da capacitação profissional e produção de conhecimento. O primeiro grande teste para o IEPAS aconteceu neste final de maio, com a realização dos Congressos Brasileiros de Gestão em Saúde, meta que cumprimos com louvor. Os quatro congressos que compõem nossos eventos trouxeram a bagagem e tradição das edições passadas, agora sob a tutela exclusiva do Instituto. O resultado você pode conferir em nossas páginas centrais. Também destacamos, nesta edição, a posse de nossa nova diretoria para os próximos cinco anos à frente da FEHOESP. Como presidente eleito, posição que muito me honra, tenho a certeza de que os nossos esforços e postura firme em prol da categoria trarão resultados positivos. Vamos elevar a Federação ao patamar que ela merece, fortalecendo, desta forma, todos aqueles que representamos. Só assim poderemos enfrentar os muitos desafios que o cenário atual da saúde brasileira nos impõe. Questões cruciais como a contratualização entre prestadores e operadoras, regulação do setor, desoneração fiscal, políticas governamentais e parcerias entre os setores público e privado são somente alguns exemplos das urgências com as quais convivemos. Tudo isso com a colaboração dos nossos Sindicatos Filiados, cujo apoio continuará irrestrito por parte da Federação. No campo representativo nacional, estaremos cada vez mais juntos à Confederação Nacional de Saúde CNS, elevando nossas demandas e lutas para a esfera federal. Reafirmamos este espaço como um canal aberto para a discussão de ideias, e que isto possa agregar na atuação de cada prestador de serviços, reforçando nosso papel como legítimo representante do setor em nível estadual. Tenha uma boa leitura! Yussif Ali Mere Junior Presidente da FEHOESP LOGO FSC 2

3 Posse FEHOESP empossa sua nova diretoria A Federação dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo FEHOESP conta, desde o último dia 13 de maio, com sua nova diretoria para o período de 2013 a Foi empossado como presidente da entidade o médico nefrologista Yussif Ali Mere Junior, que é o atual presidente do SINDHOSP e Fotos: Ricardo Balego SINDHORP. Mestre em Clínica Médica pela Faculdade de Medicina da USP em Ribeirão Preto, Yussif possui MBA em Economia e Gestão em Saúde pelo Centro Paulista de Economia da Saúde (Cepes), da Unifesp. Também dirige o Grupo Lund de Nefrologia e é vice-presidente da Confederação Nacional de Saúde (CNS). Entre as ações propostas para a FEHOESP, o novo presidente destaca a modernização de sua estrutura e o foco na atuação política. Vamos elevar a entidade ao real status de Federação que ela merece, como legítima representante do setor no Estado mais rico e importante do país, afirmou. Compõem a diretoria executiva da Federação, ainda, Marcelo Soares de Camargo (1º vice-presidente); Roberto Muranaga (2º vice-presidente); Flávio Isaias Rodrigues (3º vice-presidente); Rodrigo de Freitas Nóbrega (1º diretor secretário); Paulo Fernando de Moraes Nicolau (2º diretor secretário); Luiz Fernando Ferrari Neto (1º diretor tesoureiro); e José Carlos Barbério (2º diretor tesoureiro). Confira, no site da FEHOESP ( a composição completa da nova diretoria. Hospitalar Presidente da FEHOESP participa de eventos na Hospitalar A FEHOESP, por meio de seu presidente, Yussif Ali Mere Junior, marcou presença em eventos realizados durante a Hospitalar Feira + Fórum, que aconteceu entre os dias 21 e 24 de maio, na capital paulista. O dirigente compôs a mesa de abertura da feira, juntamente com o presidente da Confederação Nacional de Saúde (CNS), José Carlos Abrahão, que destacou a importância do setor para o país. Os números expressivos fazem do nosso segmento um importante braço da economia brasileira, disse. Participaram, ainda, representantes da ANS, FENAESS, FIESP, Anahp, Câmara dos Deputados, SES-SP, SBPC/ML e ABIMO, entre outros. Congressos No dia 21 de maio, o presidente da Federação também constituiu a mesa de abertura do seminário Envelhecimento Populacional e as Repercussões na Atividade Hospitalar e na Gestão da Assistência, promovido pela Associação Nacional de Hospitais Privados Anahp. Já no dia 22, Yussif participou da abertura do Congresso Internacional de Serviços de Saúde CISS, evento internacional da Feira Hospitalar. Na ocasião, o dirigente da FEHOESP discursou sobre a situação do sistema de saúde brasileiro. Não adianta nos orgulharmos do SUS se ele não atende a população como deveria. Temos que discutir o que pode ser feito, alertou, em referência à falta de financiamento na saúde pública. Para alcançarmos o equilíbrio, o ideal é a sustentabilidade dos dois sistemas, público e privado, para assim entregarmos à população um serviço de excelência e qualidade, completou. Homenagem: o vice-presidente da FEHOESP, Marcelo Soares de Camargo, foi eleito pela revista Healthcare Management e o Grupo Mídia como uma das 100 pessoas mais influentes da saúde brasileira. Durante a Feira Hospitalar, o dirigente recebeu uma placa de homenagem e concedeu entrevista ao site Saúde Online. 3

4 Foto: Ricardo Balego Capa Participantes do Congresso de Clínicas Investindo na qualificação do setor Contribuir para a atualização profissional do setor prestador de serviços em saúde, nos seus variados segmentos. Essa foi a proposta dos Congressos Brasileiros de Gestão em Saúde, realizados entre os dias 22 e 24 de maio, durante a Feira Hospitalar, na capital paulista. Os congressos, que até 2012 faziam parte do ClasSaúde, passaram a ser organizados neste ano pelo Instituto de Ensino e Pesquisa na Área da Saúde IEPAS, entidade mantida pela FEHOESP. O formato contou com quatro congressos temáticos, abrangendo as áreas de tecnologia em saúde, aspectos legais, gestão de laboratórios e de clínicas. Trazendo toda a bagagem das edições anteriores, o primeiro grande evento a cargo do Instituto obteve o êxito esperado. Para o presidente do IEPAS, José Carlos Barbério, isso se comprovou na grande participação e interesse dos congressistas e na atuação dos coordenadores das sessões e palestrantes. Tal sucesso se deu pela infraestrutura de pessoas que, desde 2012, vinha se ocupando da organização dos congressos, o que culminou por fazer a diferença, completou. Foram cerca de 600 participantes nos quatro eventos, interesse que denuncia uma carência do segmento, a falta de qualificação dos seus colaboradores. Em um momento em que nosso setor tanto carece de conhecimento e mão de obra qualificada, conseguimos oferecer em nossos congressos visões multidisciplinares, discutindo novas ferramentas de gestão e tantos outros temas de importância em nossa atuação diária, destacou o presidente da FEHOESP, Yussif Ali Mere Junior. Tecnologia em saúde Realizado no dia 22 de maio, o 6º Congresso Brasileiro de Gestão em Tecnologias da Informação e Comunicação em Saúde - TICs (ehealth) trouxe a visão da gestão a partir do uso de ferramentas de tecnologia. O coordenador médico do Hospital Adventista de Belém (PA), Marcello Niek Machado Leal, destacou as vantagens do uso do prontuário eletrônico, como a flexibilidade de layouts, o acesso remoto e simultâneo e a validação de dados. E o mais importante é que podemos transformar essas informações em dados de gestão à vista, relatórios, gráficos etc., afirmou. Sobre Business Process Management (BPM), cuja abordagem visa a melhoria dos processos e resultados estratégicos nas organizações, falou Jaime Nogueira da Gama, do Hospital São Rafael (BA). É preciso gerar valor de uma forma criativa e inovadora, e essa transformação também deve trazer resultados, ressaltou. Palestrante no evento de TICs 4

5 Durante a programação, foram abordados outros temas como estratégias de competitividade e sustentabilidade, terceirização de serviços, soluções em nuvem, transparência e produtividade na comunicação organizacional, mobilidade e conectividade, uso de indicadores, integração por meio de documentos digitais e conciliação eletrônica de contas médicas. Angélica Carlini no Congresso de Laboratórios Relacionamento e consumo O Congresso Brasileiro de Gestão em Laboratórios Clínicos realizou sua sétima edição no dia 23 de maio, tratando das novas formas de relacionamento e o consumidor atual. A advogada Angélica Carlini, especialista em direito do seguro e relações de consumo, abordou o assunto afirmando que nós todos somos os novos consumidores, porque vivemos em uma sociedade hipercomplexa. Fazendo um panorama da contribuição jurídica para a área laboratorial nos últimos anos, a assessora jurídica da FEHOESP, Eriete Teixeira, destacou medidas positivas para o setor, como súmulas e outras ações. Falou também dos conflitos entre os prestadores e operadoras de planos. Nós precisamos de regras claras sobre glosas, pois elas têm um impacto tributário muito grande no setor e em toda a sociedade, alertou. Um painel sobre qualidade trouxe o gerente de Relações com Prestadores de Serviços da Agência Nacional de Saúde Suplementar ANS, Carlos Figueiredo, que apresentou o programa de qualificação de prestadores da agência, denominado QUALISS. Relacionamento por meio das redes sociais foi o tema apresentado pelo designer de fluxo de conversação Luiz Algarra, que destacou os desafios no relacionamento com os públicos interno e externo das empresas. Embora afirme que não existe uma fórmula pronta, para ele é preciso dar voz para as pessoas dentro da empresa, experimentar, colocar a mão na massa e fazer as pessoas colocarem também. Encerrou o evento o presidente do Conselho dos Ex-Presidentes da SBPC/ML CONEX, Carlos Alberto Franco Ballarati, que apresentou as novas perspectivas para o mercado laboratorial. Modernização e responsabilidade civil No dia 24 de maio, o 4º Congresso Brasileiro de Aspectos Legais para Gestores e Advogados da Saúde discutiu as propostas de modernização da legislação trabalhista. O vice-presidente da Confederação Nacional da Indústria - CNI, Alexandre Furlan, apresentou um trabalho no qual sua entidade propõe 101 medidas que podem auxiliar neste processo. Na mesma linha, o consultor em Relações do Trabalho da CNI, professor José Pastore, afirmou que na área da saúde há alguns problemas mais críticos, como a redução da jornada de trabalho dos enfermeiros. Todo o setor da saúde será afetado por uma ação desse tipo, é um problema grave. Pastore lembrou ainda de outros importantes temas, como as cotas para portadores de deficiências e projetos que tratam da terceirização de serviços. Participou também do evento o ministro do Superior Tribunal de Justiça, Ricardo Villas Bôas Cueva, que apresentou uma série de jurisprudências em casos que resultaram em danos a pacientes, tanto por parte de profissionais médicos como de serviços de saúde. O STJ tem sido objetivo quando se trata do dano entendido como defeito na prestação de serviços, afirmou, em relação à responsabilidade dos estabelecimentos. O professor José Pastore palestrou em Aspectos Legais Encerrando as apresentações, falou sobre terceirização de serviços o professor da Faculdade de Direito da USP, Estêvão Mallet, que apresentou casos do meio jurídico e tratou da confusão que se faz entre direitos individuais e os tratados de forma coletiva. A Justiça não se confunde com uma operação aritmética, afirmou, em referência a interpretações errôneas de causas coletivas cujas situações individuais são heterogêneas umas das outras. Foto: Ricardo Balego Auditório lotado no evento de Clínicas Qualidade é prioridade Na programação do 8º Congresso Brasileiro de Gestão em Clínicas de Serviços de Saúde, também realizado em 24 de maio, teve destaque a gestão de processos de qualidade. A ideia é explorar valor, pois temos problemas similares, diferentes são as soluções, afirmou a diretora da empresa You Care, Daniela Camarinha. Também foram proferidas palestras sobre qualidade e acreditação, alianças estratégicas e gestão de riscos corporativos. No último painel do congresso, os palestrantes trataram da interação entre colaboradores de diferentes gerações, a fim de se gerar bons resultados. Sidnei Oliveira, da Kantu Educação Executiva, demonstrou que a chamada geração Y ainda precisa adquirir maturidade profissional. São jovens habilidosos, mas frágeis. Hoje temos uma geração extremamente imatura, afirmou. Compartilhou do pensamento Antônio Zuvela, da DN Consult, para quem o segredo está em como se comporta a geração X mais velha. A partir dela é que podemos abrir as portas para uma nova percepção e ação. Apontou, ainda, que é dever desta geração saber lidar com as outras, equacionando o ambiente de trabalho das organizações. 5

6 Entrevista As pessoas formam o coração da empresa Investir no capital humano é essencial para o sucesso das organizações, e isso serve para empresas de todos os portes. Mas para a coach Márcia Fonseca Vieira, esta ainda é uma carência dentro das gestões. Atuando há 20 anos na área de gestão de pessoas muitos deles em serviços de saúde, Márcia é psicóloga, pós-graduada em Recursos Humanos, Administração Hoteleira e Docência. Criou a para Evoluir, empresa que atua com desenvolvimento por meio de coaching corporativo, pessoal e de carreira, cursos e consultoria em gestão. Confira, nesta entrevista ao Jornal da FEHOESP, a especialista falando sobre gestão de pessoas, importância do planejamento estratégico e sua atuação no segmento de clínicas. Jornal da FEHOESP Qual a importância da boa gestão de pessoas dentro de uma organização? Márcia Fonseca A gestão de pessoas é fundamental, considerando-se que são as pessoas que fazem a organização. As empresas que ainda consideram isso um investimento secundário ou um custo desnecessário, provavelmente não colocaram na ponta do lápis as perdas que se somam a cada dia, como tempo gasto na administração de conflitos, menor produtividade em razão do comprometimento mediano com resultados ou falta de treinamento, custos com demissões e posteriores admissões, apenas para citar alguns aspectos. Falando em particular da prestação de serviços, as pessoas formam o coração da empresa e descuidar dele não é uma estratégia muito inteligente. JF Até que ponto investir nas pessoas e cuidar do capital humano pode fazer as empresas crescerem? MF Exemplos no mercado de empresas que investem em seu capital humano e com isso ampliam seus resultados não faltam. Mas seríamos ingênuos em acreditar que este investimento é feito sem a contrapartida do aumento de performance. Precisamos entender que as pessoas só geram resultados excepcionais quando efetivamente encontram motivos para se comprometerem com a organização. E para que isto aconteça, o relacionamento entre as partes deve ser cuidado com todo carinho. Quem trabalha apenas para garantir seu salário no final do mês, só entrega resultados medianos, e uma empresa com profissionais medianos será naturalmente medíocre. É matemático, não existe mágica. JF Neste contexto, o que é e como um planejamento estratégico pode contribuir para as organizações? MF O planejamento estratégico é uma ferramenta para definir os passos da organização visando atingir um objetivo futuro. Por ser estratégico, ele pressupõe que sejam definidas algumas estratégias-chave para se alcançar o resultado previsto e, a partir destas, um plano de ação que estabeleça os passos a serem dados. Isto é fundamental para o crescimento organizado da empresa e para que ela se destaque no mercado, pois norteia não só as ações dos sócios como da liderança e da equipe. Por si só, não é garantia de sucesso para a organização, mas certamente é parte fundamental deste. Cada organização pode e deve fazer seu planejamento estratégico conforme sua realidade. Empresas maiores requerem métodos mais complexos, já empresas menores podem trabalhar com ferramentas mais simples. JF Você tem grande experiência como gestora na área de clínicas. Quais são as peculiaridades deste segmento? MF Muitas clínicas ainda possuem uma gestão não profissionalizada, muito mais focada nas competências técnicas dos profissionais do que nas competências gerenciais e humanas. Por lidar com saúde, há uma dificuldade de alguns atores envolvidos, médicos, colaboradores de apoio, pacientes e até sócios, em entender que uma clínica é um negócio como qualquer outro, que precisa ser administrado para prestar serviços de qualidade e gerar lucro. Por serem empresas de pequeno e médio porte, muitas clínicas consideram pessoas essencialmente como custo. Não se dão conta do dinheiro que perdem e deixam de ganhar com a falta de um processo organizado de seleção, integração, treinamento e desenvolvimento, e com a ausência de um planejamento estratégico norteando suas práticas. *Confira a entrevista completa no site da FEHOESP ( 6

7 Política e Saúde Prorrogada mais uma vez a IN 49 A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) finalizou, em 12 de maio, o prazo para a adequação dos contratos entre operadoras e profissionais de saúde que atuam em consultório, conforme determinado na Instrução Normativa nº42, publicada pela agência. Com isso, os critérios de reajuste do pagamento das operadoras para médicos precisam estar em contrato e devem ser respeitados. Já para os contratos firmados entre operadoras e hospitais, clínicas e laboratórios (SADT), o prazo foi prorrogado por mais 90 dias, contados a partir de 12/05/2013. Para estes, foi formado um Grupo de Trabalho que terá 60 dias para estabelecer os parâmetros que serão utilizados para a adequação. Segundo a ANS, a operadora que não fizer a adequação dos contratos estará sujeita a multa de R$ ,00 por contrato. O texto da IN 49 prevê que todos os contratos entre operadoras de planos e profissionais de saúde que atuam em consultórios ou prestadores de serviços em saúde precisam ter, obrigatoriamente, os critérios de forma e periodicidade de reajuste pela prestação de serviços expressos de forma clara. Guia para contratualização A ANS lançou o Guia Prático da Contratualização, voltado para prestadores de serviços em saúde (médicos, dentistas, fisioterapeutas, clínicas, hospitais etc.) e operadoras. Nele estão reunidas as informações sobre normas que regem esta relação, como as cláusulas que são obrigatórias nos contratos: reajuste, definição de valores dos serviços contratados, rotinas de auditoria e prazos de faturamento e pagamento, entre outros. Além de deixar claras as obrigações das operadoras de planos de saúde no seu relacionamento com a rede prestadora de serviços, os contratantes passam a ter maior conhecimento das suas obrigações, direitos e deveres afirmou Bruno Sobral, diretor de Desenvolvimento Setorial da ANS. O guia pode ser consultado no site da ANS ( Novo rol de procedimentos O rol de procedimentos obrigatórios ofertados pelos planos de saúde será ampliado pela ANS a partir de janeiro de O anúncio, feito em 28 de maio, também destaca a inclusão de medicamentos para tratamento de câncer. Farão parte do rol 80 novos procedimentos médicos e odontológicos, entre medicamentos, exames, cirurgias e terapias, além de aumentar as indicações de outros 30 já oferecidos. O número de consultas com nutricionistas, psicólogos e fisioterapeutas também foi ampliado, assim como as indicações de uso do PET Scan (exame de imagem que auxilia no diagnóstico e tratamento de câncer), passando de três para oito. Serão incluídas, ainda, 54 indicações de medicamentos orais para tratamento domiciliar de vários tipos de câncer como próstata, mama, colorretal, leucemia, linfoma, pulmão, rim, estômago e pele. O Rol de Procedimentos e Eventos de Saúde, que é atualizado a cada dois anos, está disponível para consulta pública no site da agência ( e recebe contribuições até o dia 7 de julho. Após aprovadas, as novas incorporações deverão ser comunicadas aos beneficiários pelos próprios planos de saúde. Governo veta projeto de 30 horas para fonoaudiólogos A presidenta da República Dilma Rousseff vetou, em caráter integral, o Projeto de Lei nº 119/2010, que fixava em 30 horas a jornada de trabalho semanal dos fonoaudiólogos. A decisão foi publicada no Diário Oficial da União do dia 25 de abril. Segundo o governo, para tomar a decisão foram ouvidos os Ministérios da Fazenda, Trabalho e Emprego e Saúde. Como justificativa, a Presidência afirmou que a redução da jornada semanal proposta impacta o orçamento dos entes públicos, notadamente municipais, com possível prejuízo à política de atendimento do SUS. Além disso, eleva o custo para o setor privado de saúde, que poderá ser repassado ao usuário. Por fim, a negociação coletiva permite a harmonização dos interesses dos gestores da saúde e representantes da categoria profissional. 7

8 Artigo Panorama tributário atual para a área da saúde Dentre as várias questões que cercam a administração de pessoas jurídicas atuantes na área da saúde, o componente carga tributária é considerado um dos elementos cruciais na tomada de decisões para a manutenção do negócio ou a realização de novos investimentos. Nos últimos anos, várias foram as discussões relacionadas a tributos que impactaram os players da área da saúde, podendo-se citar como exemplos: enquadramento das atividades realizadas como serviços hospitalares para fins de redução do IRPJ/CSLL no lucro presumido; ISS (recolhimento fixo) e a isenção da COFINS para as sociedades uniprofissionais; exigência da contribuição previdenciária de 15% sobre o valor das notas emitidas por cooperativas de trabalho; retenções de ISS exigidas por determinadas municipalidades distintas da sede do prestador; dedução de medicamentos utilizados como insumo das bases de cálculo do PIS/COFINS; exclusão do ISS da base de cálculo do PIS/COFINS; tributação indevida das glosas médicas na base de cálculo do ISS; definição do momento do fato gerador e dos destinatários de notas fiscais emitidas por serviços prestados a usuários de planos de saúde; questão do ato cooperativo para as cooperativas médicas; incidência do ICMS na importação de máquinas e equipamentos; e não incidência das contribuições previdenciárias sobre verbas de caráter indenizatório (afastamento de 15 dias, 1/3 férias, salário maternidade, férias, aviso prévio, entre outras). Alguns dos temas acima já tiveram desfecho favorável ao setor como o direito a caracterização de serviços hospitalares para clínicas estruturadas e laboratórios e a discussão relativa a verbas indenizatórias. No entanto, a grande maioria das contendas não tem logrado êxito ou continuam em discussão nos tribunais administrativos e judiciais, e até mesmo em casas legislativas, por meio de projetos de lei engedrados por entidades de classe. Saliente-se que, para alguns desses assuntos, já há a possiblidade de materialização imediata de créditos, sem a necessidade de demandar o Poder Judiciário. Todavia, este encurtamento de vias depende de uma correta orientação, com o fito de evitar dissabores futuros em procedimentos fiscalizatórios. Não bastassem as mazelas decorrentes dos litígios em curso, há de se considerar como outro grande entrave no dia a dia de clínicas, laboratórios, hospitais e congêneres, o cipoal de obrigações acessórias (DIRF, DIPJ, DACON, GFIP, Dmed etc.), que a qualquer descuido ou desídia no preenchimento pode causar transtornos junto às autoridades fiscais, que vão desde o impedimento a emissão de certidões negativas até a propositura de execuções fiscais com penhora ou até leilão de bens. Se faz premente aos contribuintes, por meio de seus prepostos e administradores, manterem-se atentos a alterações legislativas e tendências jurisprudenciais no tocante a matéria tributária, sob risco de perda da competitividade. A recomendação ao empresário da área da saúde é ter a certeza de que se encontra minimamente assessorado para enfrentar não só as obrigações principais e acessórias impostas pelos sócios ocultos, que são os fiscos, mas também para reagir a tais imposições quando for o caso, ou contorná-las por meio de arquétipos legais (planejamentos) devidamente amparados pela legislação. Alessandro Barretos Borges Advogado responsável pelo Consultivo Tributário do escritório Benício Advogados Associados 8