QUALIDADE DE MUDAS DE QUIABO PRODUZIDO COM FERTILIZANTE DE LIBERAÇÃO LENTA
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- Maria Antonieta Coelho da Silva
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1 QUALIDADE DE MUDAS DE QUIABO PRODUZIDO COM FERTILIZANTE DE LIBERAÇÃO LENTA Rossa, Überson Boaretto 1 ; Westphalen, Danielle Janaina 1 ; Gomes, Erik Nunes 1 1 Instituto Federal Catarinense, Araquari/SC INTRODUÇÃO O quiabeiro (Abelmoschus esculentus (L.) Moench) é uma hortaliça da família das Malváceas originária da África, tendo sido introduzida no Brasil pelos escravos (FILGUEIRA, 2008). Devido ao seu alto valor nutritivo, propriedades medicinais associadas a ações emolientes e laxativas (GONSALVES, 2001), cultivo relativamente simples e alta rentabilidade, a cultura vem apresentando crescimento no consumo (MODOLO e TESSARIOLI NETO,1999). Tais características colocam a cultura como alternativa de renda para a agricultura familiar, consistindo em opção viável se manejada adequadamente e de modo sustentável. Comumente o cultivo do Quiabo é realizado em plantio direto, utilizando de 4 a 8 sementes por cova (MINAMI et al., 1997; JORGE et al., 1990), esse alto gasto de material propagativo faz-se necessário devido à especificidades morfológicas do tegumento da semente, que culmina em uma germinação lenta e desuniforme (MINAMI et al., 1997), sendo o problema acentuado em condições de baixa umidade relativa e em faixas de temperatura diferentes da ótima para a germinação do quiabeiro que fica em torno de 21 a 35 ºC (MODOLO et al., 2001). Esta condição acaba por restringir a época de plantio em determinadas regiões, podendo a produção de mudas tornar-se uma opção viável nesse sentido (MINAMI, 1995). Um dos aspectos de maior importância na produção de mudas é a nutrição das plantas, que deve ser realizada de modo a disponibilizar todos os nutrientes necessários à planta nesta fase do ciclo de cultivo. Conforme o trabalho de Costa et al. (1972) a cultura do quiabeiro tem por característica a extração lenta de nutrientes até os 20 dias, apresentando aumento a parir 1 Professor de Engenharia Agrícola, IFC 2 Professora de Olericultura, IFC 3 Curso de Licenciatura em Ciências Agrícolas
2 desta fase. Dessa forma há a necessidade de fornecer as doses balanceadas de nutrientes no período de mudas, reduzindo perdas por lixiviação e estimulando o crescimento adequado (BERNARDI et al., 2008), considerando os aspectos ambientais, produtivos e econômicos, fundamentais na viabilidade da agricultura familiar. Nesse sentido, uma das opções de que pode lançar mão o produtor, é a utilização de fertilizantes de liberação lenta (FLL). Esses fertilizantes contêm minerais solúveis envoltos por uma membrana semipermeável que se dilata e contrai por efeito da temperatura, promovendo uma liberação gradual de nutrientes para o substrato (BENNETT, 1996). A vantagem de utilização de FLL em detrimento dos adubos convencionais é a diminuição da lixiviação (HOLCOMB, 1979 apud ROSSA et al. 2013). Devido à necessidade de introdução de tecnologias para a garantia da produtividade sustentável na agricultura familiar, o presente trabalho buscou avaliar a produtividade, através da biomassa produzida pelas de mudas de quiabo com FLL em ambiente de estufa. MATERIAL E MÉTODOS O presente trabalho foi desenvolvido durante o período de março a abril de 2014, na Unidade de Ensino e Aprendizagem Viveiro de Mudas do Instituto Federal Catarinense Campus Araquari, localizado sob as coordenadas 26º23 37,52 S e 48º44 14,78 W em altitude aproximada de 11 m. s.n.m. As sementes de quiabo utilizadas foram da empresa Sakata, cultivar Colhe Bem, com pureza física de 99,9% e poder germinativo de 75 %, tratadas com 0,2 % de Thiran. O processo de semeadura foi realizado em tubetes de 53 cm³, utilizando como substrato base uma mistura do substrato orgânico à base de bagaço de uva S-10 da Marca Beifort (60 %) com Vermiculita de granulometria média (40 %). Utilizaram-se 2 sementes por tubete, com profundidade de plantio de 3 cm. A umidade do substrato foi mantida por sistema de irrigação por micro aspersão. Para os tratamentos utilizou-se fertilizante de liberação lenta de marca comercial Basacote 9M com formulação (N-P 2 O 5 -K 2 O). O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado com 6 tratamentos em 3 repetições, tendo 12 plantas como unidade experimental. Os tratamentos foram: T1 0 kg (testemunha); T2 2 kg; T3 4 kg; T4 6 kg; T5 8 kg e T6 10 kg de FLL por m³ de substrato base. Aos 27 dias após a semeadura analisaram-se a Biomassa Fresca da parte aérea (BFPA), Biomassa Seca da Parte Aérea (BSPA), Biomassa Seca da Raiz (BSR) e Biomassa Seca Total 2
3 (BST), como indicadores de qualidade de mudas, em função da dose de FLL aplicada. Os dados foram submetidos a Análise de Variância (ANOVA) e as médias comparadas pelo teste de Tukey a nível de 5 % de probabilidade. RESULTADOS E DISCUSSÃO Para as variáveis Biomassa Seca de Parte Aérea (BSPA), Biomassa Seca da Raiz (BSR) e Biomassa Seca Total (BST) T1 (testemunha) apresentou-se como pior resultado e T4 (6 kg de FLL por m³) mostrou-se o mais vantajoso tecnicamente. Para Biomassa Fresca da Parte aérea (BFPA) T1 também demonstrou as menores respostas, todavia não houve diferença estatística entre T4 e T6 como mais vantajosas para esta variável. As médias obtidas para os diferentes tratamentos, bem como coeficientes de variância encontram-se apresentadas na tabela 1. Tabela 1. Médias das variáveis biomassa seca da parte aérea (BSPA), Biomassa seca da raiz (BSR) e Biomassa seca total (BST) das mudas Quiabeiro. Parâmetros biométricos Índices de qualidade Dose (kg.m -3 ) H DC N Folhas BFPA BSPA BSR BST Tratamento H/DC IQD --- cm mm g Abelmoschus esculentus (L.) Moench. (QUIABO) 0 (T1) 11,26 b 2,36 a 2,59 ab 0,306 b 0,118 b 0,499 b 0,618 b 4,77 b 0,11 a 2 (T2) 15,99 a 2,79 a 2,43 b 0,458 ab 0,162 ab 0,769 ab 0,932 ab 5,72 ab 0,14 a 4 (T3) 15,07 a 2,48 a 3,05 a 0,389 ab 0,189 ab 0,752 ab 0,941 ab 6,22 ab 0,14 a 6 (T4) 16,95 a 2,44 a 2,62 ab 0,561 a 0,219 a 0,972 a 1,192 a 6,98 a 0,16 a 8 (T5) 15,70 a 2,65 a 2,53 b 0,509 ab 0,193 ab 0,602 ab 0,795 ab 5,95 ab 0,11 a 10 (T6) 15,49 a 2,76 a 2,81 ab 0,520 a 0,192 ab 0,625 ab 0,818 ab 5,63 ab 0,12 a CV (%) 7,82 11,05 6,20 16,41 16,63 23,13 20,24 11,5 25,26 # Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade Para a variável BSPA o melhor aproveitamento se deu com a aplicação de 6 kg de FLL por m³, apresentando o rendimento de 0,219 g, enquanto que o tratamento T1, com o pior desempenho para esta variável, obteve uma média de 0,118 g. Para BSR, T4 também se demonstrou a melhor conversão em peso com média de 0,972 g por planta. Da mesma forma para BST, obtiveram-se as maiores médias com 6 kg de FLL por m³ e as menores sem aplicação de FLL (T1) alcançando 1,192 e 0,618 g por planta respectivamente. T1 mostrou-se igualmente menos eficiente para BFPA. Marana et al. (2008) também encontraram menores valores de matéria seca total no tratamento testemunha ao testarem o efeito do fertilizante de liberação lenta na produção de mudas de cafeeiro (Coffea arabica). 3
4 Constata-se diferença, entretanto, em relação ao trabalho de Benício et al. (2011), que ao analisarem diferentes concentrações de biofertilizante na produção de mudas de quiabo não encontraram diferença estatística para BFPA, BST e BSR. Os resultados para BSPA e BSR também diferiram dos publicados por Rossa et al. (2013) ao analisarem as mesmas doses de FLL do presente trabalho para produção de mudas de Aroeira Vermelha (Schinus terebinthifolius), onde a dose de maior eficiência técnica foi superior a máxima testada. No mesmo trabalho, no entanto, os autores ainda avaliaram diferentes doses de FLL para outra espécie florestal, o branquilho (Sebastiania commersoniana), e encontraram resultados semelhantes ao presente trabalho para BSPA, BSR e BST, com melhores resultados sob doses de 6 kg/m³ de substrato (ROSSA et al., 2013). Também Kainuma et al. (2001), ao analisarem diferentes dosagens de FLL na produção de mudas de café (Coffea arabica) constataram que doses de 5 kg/m³ de substrato tiveram a mesma resposta que doses superiores para os parâmetros de Biomassa seca da raiz e biomassa seca total, destacando que aplicações acima de 10 kg/m³ são prejudiciais àquela cultura por causar um aumento desproporcional da parte aérea em relação ao sistema radicular. CONCLUSÕES Considerando maiores produções de biomassa, observados nas doses com 6 kg de FLL por m³ de substrato, podemos inferir que a utilização de FLL pode ser vetor de maior produtividade da cultura do quiabo. REFERÊNCIAS BENÍCIO, L. P. F. et al.. Diferentes Concentrações De Biofertilizante Foliar Na Formação De Mudas De Quiabeiro. Revista Verde., Mossoró v.6, n.5, p dez BENNETT, E. Slow-release fertilizers. Virginia Gardener Newsletter, Blacksburg, v. 11, n. 4., Disponível em: < ml>. Acesso em: 27/04/2009. BERNARDI, A. C. C. et al.. Crescimento e nutrição mineral do porta-enxerto limoeiro 'Cravo' cultivado em substrato com zeólita enriquecida com NPK. Rev. Bras. Frutic., Jaboticabal, v. 30, n. 3, set Disponível em < acessos em 07 ago
5 COSTA, M. C. B.; HAAG, H.P.; SARRUGE, J.R. Nutrição mineral de hortaliças. XIX. Absorção de macro e micronutrientes pela cultura do quiabeiro (Hibiscus esculentum L.). In: REUNIÃO DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE HORTICULTURA, 29., 1972, Piracicaba. Anais. Piracicaba: ESALQ, p FILGUEIRA, F. Novo manual de olericultura: agrotecnologia moderna na produção e comercialização de hortaliças. 3. ed. Viçosa: UFV, p. GONSALVES P. E. Livro dos alimentos. São Paulo: MG Editores, p. KAINUMA, R. H.; MIGLIORANZA, E.; FONSECA, E. P.; FRANCO, E. Qualidade de mudas de Coffea arabica L. desenvolvidas em diferentes substratos e doses de adubo de liberação lenta. In II Simpósio de Pesquisa dos Cafés do Brasil, SPCB Resumos Expandidos, Vitória-ES. Disponível em < Acesso em 20 Ago MARANA, J. P.; MIGLIORANZA, E.; FONSECA, E. P.; KAINUMA, R. H.. Índices de qualidade e crescimento de mudas de café produzidas em tubetes. Ciência Rural, Santa Maria, v.38, n.1, p.39-45, jan-fev, MINAMI, K. Produção de mudas de alta qualidade. São Paulo: T. A. Queiroz, p. MINAMI, K.; MODOLO, V. A.; ZANIN, A. C. W.; TESSARIOLI NETO, J. Cultura do quiabeiro: técnicas simples para hortaliça resistente ao calor. Piracicaba: ESALQ/DIB, p. (Séria Produtor Rural, 3). MODOLO, V. A.; TESSARIOLI NETO, J.. DESENVOLVIMENTO DE MUDAS DE QUIABEIRO [Abelmoschus esculentus (L.) Moench] EM DIFERENTES TIPOS DE BANDEJA E SUBSTRATO. Sci. agric., Piracicaba, v. 56, n. 2, Disponível em < Acesso em 31 jul MODOLO, V. A.; TESSARIOLI NETO, J.; ORTIGOZZA, L. E. R. Produção de frutos de quiabeiro a partir de mudas produzidas em diferentes tipos de bandejas e substratos. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 19, n. 1, p , março ROSSA, Ü. B.; ANGELO, A. C.; NOGUEIRA, A. C.; WESTPHALEN, D. J.; BASSACO, M. V. M.; MILANI, J. E. de F. BIANCHIN, J. E. FERTILIZANTE DE LIBERAÇÃO LENTA NO DESENVOLVIMENTO DE MUDAS DE Schinus terebinthifolius e Sebastiania commersoniana. FLORESTA, Curitiba, PR, v. 43, n. 1, p ,
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