Maria Auxiliadora Máximo 1, 3 ; Antônio Carlos Maciel 2. Rondônia-UNIR. Orientador da pesquisa. Colaboradora do PIBIC/CNPq.

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1 AS CONTRIBUIÇÕES METODOLÓGICAS DA CONCEPÇÃO HISTÓRICO-CULTURAL À LUZ DA PEDAGOGIA HISTÓRICO- CRÍTICA ENFATIZANDO OS MÉTODOS DE ENSINO NA ALFABETIZAÇÃO INFANTIL NA VILA PRINCESA Maria Auxiliadora Máximo 1, 3 ; Antônio Carlos Maciel 2 1 Graduanda em Pedagogia pela Universidade Federal de Rondônia-UNIR. 2 Orientador da pesquisa. 3 Colaboradora do PIBIC/CNPq. RESUMO: O objetivo deste resumo é apresentar os resultados de uma pesquisa que sob a égide da pesquisa-ação propôs demonstrar as contribuições metodológicas da concepção histórico-cultural da aprendizagem à pedagogia histórico-crítica, a partir de uma experiência no campo da alfabetização com crianças de cinco e seis anos. O local escolhido foi a Comunidade da Vila Princesa que se localiza a 1 Km do aterro sanitário da cidade de Porto Velho RO, esta comunidade sobrevive da coleta e da venda de materiais recicláveis. Utilizando-se da pesquisa bibliográfica através da busca de fontes, fichamento conceitual e da leitura analítica, buscou-se desenvolver a práxis pedagógica dentro dessa perspectiva, visto que o tipo populacional dava suporte para a sua realização. As conclusões preliminares apresentam avanços significativos nos resultados. Palavras-chave: concepção histórico-cultural; pedagogia histórico-crítica; Vila Princesa; metodologia.

2 INTRODUÇÃO O referencial teórico estudado para a realização desta pesquisa tem como base a Concepção Histórico Cultural dentro da psicologia educacional de Vygotsky, que considera a criança como o princípio para a educação do ser social, dotada de todas as capacidades intelectuais e de realização dos seus objetivos, e, da visão crítica da educação nas perspectivas da Pedagogia Históricocrítica, que preconiza a emancipação da classe trabalhadora a partir de uma educação de qualidade voltada para os seus reais interesses. Esses pressupostos apontam para uma educação instrumentalizadora, que tem a alfabetização como origem do sucesso dentro da escola e fora dela num plano político/educativo de desenvolvimento individual e coletivo. Na medida em que o fundamento marxista unifica essas duas teorias, a concepção histórico-cultural vem trazer o fundamento psicológico de que necessita a pedagogia históricocrítica, pois a mesma está embasada nas ciências sociais, particularmente em Sociologia, Economia e Antropologia. Os objetivos desta pesquisa foram: identificar e caracterizar as contribuições metodológicas de Vygotsky à pedagogia histórico-crítica na alfabetização da educação infantil. Dentro desse enfoque realizou-se uma pesquisa bibliográfica tendo como norte a especificidade dos objetivos citados acima. Para buscar os entendimentos propostos, partiuse da busca de fontes à leitura analítica e fichamento conceitual que embasaram os resultados ora apresentados. Neste sentido, pretendeu ressaltar os pontos positivos, na inter-relação qualitativa das teorias estudadas frente à prática pedagógica que teve como campo a Comunidade da Vila Princesa, com o desenvolvimento do processo de alfabetização com

3 crianças de cinco e seis anos através do projeto Alfabetização pré-escolar: uma proposta históricocultural sob a ótica da Pedagogia histórico-crítica na Amazônia, que foi elaborado para a realização da pesquisa prática dentro desta perspectiva. Para este fim, coletaram-se dados em uma sala de alfabetização montada especialmente para a realização da pesquisa, na escola da comunidade. Os dados foram obtidos através da ação de alfabetizar a partir de sessões de observações ativas e participativas, que permitiram o planejamento e a execução de todas as ações realizadas dentro e fora da sala de aula, priorizando atividades educativas que provocassem questionamentos e buscas de respostas pelas crianças, valorizando o seu dia-a-dia e incentivando a sua participação em sala de aula. A análise dos dados possibilitou uma reflexão sobre os métodos de ensino, as atribuições do professor alfabetizador, a mediação como principal instrumento profissional neste processo, da criança agindo ativamente em sua aprendizagem e das atividades contextualizadas como alicerce para o sucesso na alfabetização, cujos procedimentos possibilitam a compreensão das lutas e incoerências nas relações sociais, com a pretensão de torná-la capaz de apreender criticamente a realidade, vendo-se como agente da mudança individual e coletiva, possibilitando formas para que reveja seus conceitos e questione a sua prática social, assim contribuindo para a mudança na comunidade e na sociedade como um todo. MATERIAL E MÉTODOS O trabalho foi desenvolvido numa Comunidade denominada Vila Princesa que está localizada no Km 11, BR 364, sentido Rio Branco/AC, próximo a

4 Universidade Federal de Rondônia-UNIR, a fonte de renda de 90% dos moradores vem da coleta de materiais recicláveis. A Escola tem boa estrutura, foi construída com recursos advindos de doações e participações ativas de empresas, entidades filantrópicas, e particulares. A maioria das crianças pesquisadas reside no local e sobrevivem do trabalho dos pais ou responsáveis que são catadores, outros transitam entre a Vila Princesa e a cidade de Porto Velho, algumas moram nos sítios e fazendas da redondeza. Os métodos de ensino utilizados na alfabetização partiram dos estudos da Concepção Histórico-cultural e da pedagogia Histórico-critica, que no desenvolvimento dos trabalhos foram basilares para as ações que envolveram além do sujeito pesquisador, os sujeitos pesquisados com atitudes e tomadas de decisões de acordo com a necessidade observada no decorrer das aulas e com os recursos disponíveis, adquiridos ou reciclados. Os ensaios realizados seguiram os cinco passos do método histórico-crítico: 1 prática social inicial, 2 problematização, 3 instrumentalização, 4 catarse e 5 prática social final, o trabalho se desenvolveu no campo prático da alfabetização, com uma visão psicológica da situação pautada na concepção histórico-cultural. Ensaios preliminares definiram como melhor abordagem, a conquista das crianças através de conversas, ouvindo-as para se fazer ouvir, nessa hora, surgem os assuntos que lhes são relevantes, os conceitos espontâneos aparecem e são questionados levando-as a problematização. A busca de solução para os problemas levantados requer instrumentos que os solucione, pelo menos em parte. Neste momento, além dos recursos práticos utilizados, apresentam-se as conquistas humanas no campo do conhecimento, através de vários tipos de escritos (jornais, revistas, receitas, letras de músicas, versos,

5 entre outros), também se faz uso da mídia televisiva para significar e resignificar temas abordados. Após esse momento, avalia-se como se deu àquela aprendizagem, se a criança internalizou os conceitos debatidos, através da produção escrita e oral. O primeiro ensaio buscou envolver as crianças nos passos histórico-crítico, onde a partir de um círculo formado no centro da sala de aula, conversou-se sobre um determinado assunto que foi previamente escolhido para ser conversado nesse dia. As crianças demonstraram o seu entendimento no assunto apresentando os conceitos espontâneos. Contaram estórias que evidenciaram as suas crenças e a sua cultura. Nesse momento, as palavras comuns foram destacadas e a partir delas desenvolveu-se o planejamento das aulas. A valorização da cultura local seguiu paralela à cultura sistematizada historicamente com o propósito de alfabetizar com consciência de mundo. Utilizando materiais didáticos confeccionados tais como: fichas com palavras, cartazes, literatura infantil, letras de músicas, jornais e revistas, o estudo partiu de palavras inteiras e apresentação das letras em separado, seu som e sua grafia. Na avaliação do desempenho observou-se que grande parte das crianças não se concentrava no que estavam fazendo, conversando sobre outros assuntos ou correndo pela sala, dificultando a sua aprendizagem e dos demais colegas, ou seja, a metodologia utilizada não despertou o menor interesse por parte da grande maioria das crianças no trato com as letras. O segundo ensaio foi conduzido utilizando o método histórico-crítico nos moldes do primeiro ensaio, a inovação veio na forma de agir com as crianças no trato

6 com as letras, desta vez usou-se da separação da palavra em sílabas de forma aleatória, não seguindo a seqüência do alfabeto, de acordo com as iniciais da palavra escolhida para o trabalho do dia, por exemplo: Vi-la = va ve vi vo vu e la le li lo lu, as crianças participaram sugerindo outras palavras que começavam com as sílabas apresentadas e o trabalho então envolveu diversas palavras ao mesmo tempo, depois da explicação no quadro ou no cartaz, partiu-se para o registro no caderno das atividades do dia. Na avaliação desse novo ensaio percebeu-se um maior interesse por parte das crianças que participaram ativamente da aula do início ao fim das atividades. RESULTADOS E CONCLUSÕES PRELIMINARES Os resultados experimentais dos ensaios apresentaram um tópico interessante e necessário de ser analisado dentro do contexto em que se encontram os sujeitos envolvidos. A primeira tentativa trouxe uma forma de trabalhar com a leitura e a escrita nos moldes sócioconstrutivistas de pesquisa e descobertas, esse tipo de trabalho mostrou-se lento demais e pouco interessante para o grupo pesquisado. Quando se passou para o segundo ensaio, as diferenças de recepção do trabalho com as letras foi imediata, isso fortalece os conceitos da pedagogia histórico-critica, que visa uma educação contextualizada com os interesses da classe trabalhadora no enfoque da emancipação através da educação, Saviani (2000a). Considerando-se que o tempo médio para a obtenção desses resultados foi de cinco meses e como a pesquisa continuará por mais um ano, outros ensaios poderão ser analisados e novos resultados

7 encontrados, a base do método continuará sendo o histórico-crítico e a concepção histórico-cultural. REFERÊNCIAS ANTUNES, Celso. Vygotsky, quem diria?! Em minha sala de aula: fascículo 12. Petrópolis, RJ: Vozes, BAQUERO, Ricardo. Vygotsky e aprendizagem escolar. Tradução: Ernani F. da Fonseca Rosa. Porto Alegre: Arte Médicas, CURY, Carlos Roberto Jamil. Educação e contradição; elementos metodológicos para uma teoria crítica do fenômeno educativo. 4ª. ed., São Paulo: Cortez, l989. DUARTE, Newton. Vigotski e o aprender a aprender : críticas às apropriações neoliberais e pós-modernas da teoria vigotskiana. 2ª ed. Campinas, SP: Autores Associados, FARIA, Ana Lúcia Goulart de; DEMARTINI, Zeila de Brito Fabri e PRADO, Patrícia Dias (orgs.). Por uma cultura da infância: metodologias de pesquisa com crianças. Campinas, SP: Autores Associados, GARCIA, Regina Leite. (org.) Revisitando a préescola. 5ª ed. São Paulo: Cortez, GASPARIN, João Luiz. Uma didática para a pedagogia histórico-crítica. Campinas, SP: Autores Associados, LUDKE, Menga & ANDRÉ, Marli. Pesquisa em educação; abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, MARX, K. & ENGELS, F. Textos sobre educação e ensino. São Paulo: Moraes,1983.

8 MOLL, Luis C. Vygotsky e a educação: implicações pedagógicas da psicologia sócio-histórica. Trad. Fani A Tesseler. Porto Alegre: Artes Médicas, OLIVEIRA, Marta Kohl de. Vygotsky: aprendizado e desenvolvimento um processo sócio-histórico. São Paulo: Scipione, OLIVEIRA, Marta Kohl de. Vygotsky. In: Piaget, Vygotsky, Wallon: Teorias psicogenéticas em discussão. São Paulo: Summus, REGO, Teresa Cristina. Vygotsky: uma perspectiva histórico-cultural da educação. 14 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, SAVIANI, Dermeval. Escola e democracia. 34 ed. Campinas, SP: Autores Associados, 2000a. SAVIANI, Dermeval. Pedagogia histórico-crítica: primeiras aproximações.7ª ed. Campinas, SP: Autores Associados, 2000b. SCALCON, Suze. Á procura da unidade psicopedagógica: articulando a psicologia históricocultural com a pedagogia histórico-crítica. Campinas, SP: Autores Associados, SNYDERS, Georges. Escola, classe e luta de classes. 2ª ed., Lisboa: Moraes Editores, THIOLLENT, Michael. Notas para o debate sobre pesquisa-ação. In: Brandão Carlos R. (org.). Repensando a pesquisa participante. 2ª ed., São Paulo: Brasiliense, THIOLLENT, Michael. Metodologia da pesquisaação. 2ª ed., São Paulo: Cortez, VYGOTSKY, Lev Semenovich. A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. Organizadores: Michael Cole (et al); tradução: José Cipolla Neto, Luís Silveira Menna Barreto, Solange Castro Afeche. 6º ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998.

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