ERNÂNI LOPES FORWARDING DALLAS ILHAS VANUATU E A TV NÃO VOLTOU A SER A MESMA. a revista da caixa. A NOSSA CORTIÇA CHEGOU AO MoMA!

Transcrição

1 a revista da caixa C A I X A G E R A L D E D E P Ó S I T O S N. º 0 2 O u t u b r o D e z e m b r o d e ERNÂNI LOPES EM ENTREVISTA EXCLUSIVA FORWARDING DALLAS ARQUITECTURA PORTUGUESA NUMA CIDADE AMERICANA ILHAS VANUATU JÁ OUVIU FALAR DA MELANÉSIA? ANDY WARHOL E A TV NÃO VOLTOU A SER A MESMA A NOSSA CORTIÇA CHEGOU AO MoMA! 1,50 CONTINENTE E ILHAS PERIODICIDADE TRIMESTRAL

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3 Atenção ao design editorial e Foto de capa: Michael Childers a revista da caixa Director Suzana Ferreira Arte e projecto Rui Garcia e Rui Guerra Colaboradores Ana Rita Lúcio, Catarina Vilar, João Paulo Batalha, Luís Inácio, Marco C. Pereira; Maria João Alexandre, Maria João Fernandes e Pedro Guilherme Lopes (texto); Estúdio João Cupertino, Miguel Manso, Nuno Botelho e Sara Wong com agências Corbis, Getty Images, istockphoto e Reuters (fotos); Dulce Paiva (revisão) Secretariado Teresa Pinto Gestor de Produto Luís Miguel Correia Produtor Gráfico João Paulo Font REDACÇÃO TELEFONE: FAX: R. Calvet de Magalhães, Paço de Arcos PUBLICIDADE TELEFONE: FAX: Impresa Publishing R. Calvet de Magalhães, Paço de Arcos Director Comercial Maria João Peixe Dias (mjdias@impresa.pt) Director Coordenador Luísa Diniz (ldiniz@impresa.pt) Coordenador Maria João Jorge (mjjorge@impresa.pt) Contacto Ana Dória (adoria@impresa.pt) Eduarda Casa Nova (enova@impresa.pt) Assistente Florbela Figueiras (ffigueiras@impresa.pt) Coordenador de Materiais José António Lopes (jalopes@impresa.pt) Editora Medipress - Sociedade Jornalística e Editorial, Lda. NPC Capital Social: ,90; CRC Lisboa Composição do capital da entidade proprietária Impresa Publishing, S. A % Rua Calvet de Magalhães, Paço de Arcos Tel.: Fax: Impressão Lisgráfica - Impressão e Artes Gráficas, S. A. Propriedade Caixa Geral de Depósitos Av. João XXI, 63, Lisboa Periodicidade Trimestral (Edição n.º 2, Outubro/Dezembro 2010) Depósito Legal /10 Registo ERC Tiragem exemplares Correio do leitor cx@cgd.pt A é uma publicação da Divisão Customer Publishing da Impresa Publishing, sob licença da Caixa Geral de Depósitos NESTA EDIÇÃO, queremos, sobretudo, destacar a importância de poupar na vida de todos os portugueses e no próprio futuro da economia portuguesa. Para isso, a Caixa tem procurado desempenhar um papel fundamental relativamente à poupança, à revitalização económica do País e à literacia financeira dos portugueses, criando vários instrumentos com esse objectivo, desde produtos adequados às necessidades dos nossos Clientes a ferramentas de ajuda que induzam às boas práticas financeiras, como é o caso do site Saldo Positivo. Mas como a intervenção da Caixa na sociedade ultrapassa a actividade financeira, damos-lhe a conhecer a intervenção na área do Design. Nesta edição, além da divulgação da terceira edição do Concurso de Design de Equipamento Urbano com Materiais Reciclados e/ou Recicláveis, destacamos, na História de Capa, a figura de Andy Warhol um nome incontornável da pop art. Ao assumir-se como Banco do Design, a CGD pretende criar nos futuros designers o acto de Pensar a Cidade, assimilar e transmitir a interacção entre o Espaço e o Homem, a escala e a funcionalidade da Urbe. E é, precisamente, a pensar em mudar as cidades de forma sustentável que a Caixa Geral de Depósitos lançou um novo projecto, expresso através do seu site institucional e de um blogue, que, renovando regularmente o tema em destaque, apela à reflexão e ao debate sobre o direito à cidade sustentável. Aliamos estas premissas ao desenvolvimento de novas práticas e condutas socialmente responsáveis, incutindo uma atitude ambientalmente correcta e consciente no uso de recursos naturais. Vamos, ainda, conhecer os arquitectos e designers portugueses responsáveis pelo projecto Forwarding Dallas, que promete tornar esta cidade americana numa urbe muito mais verde. Numa grande entrevista, Ernâni Lopes dá-nos a sua visão única sobre o potencial de desenvolvimento económico de Portugal, traçando algumas linhas de orientação acerca das vertentes que considera geradoras de maior valor para a transformação da nossa economia as cidades sustentáveis e o mar, áreas onde a Caixa está também fortemente empenhada e para um futuro melhor para Portugal. Destacamos, ainda, Sandra Correia, uma empresária inovadora que levou a sua Pelcor ao MoMA, e Gabriel Abrantes, que, vindo do outro lado do Atlântico, conquistou o Leopardo de Ouro no Festival de Cinema de Locarno, em Itália. Descubra, também, como correu o primeiro ano do Mude Museu da Moda e do Design, embarque numa grande viagem ao selvagem arquipélago de Vanuatu e conheça, por fim, um hotel encantado chamado Areias do Seixo, entre muitas outras surpresas que lhe reservámos nas próximas páginas. Bem-vindo a esta segunda edição da sua. SUZANA FERREIRA O U T U B R O D E Z E M B R O

4 i 4 interior 06 Pormenor Notícias e novidades PESSOAS 10 Talento O sucesso da cortiça nacional pela mão de Sandra Correia e o multifacetado Gabriel Abrantes ESTILO 14 Design e Arquitectura O Banco que incentiva à criatividade e a equipa portuguesa que está a mudar a face de Dallas 20 Automóveis Coupé com garras 21 Gourmet Restaurante escreve-se com H 22 Culto Peças que marcam 24 HISTÓRIA DE CAPA 30 Observatório Warhol por Henrique Cayatte DESTINOS 38 Fugas O charme do Areias do Seixo 42 Roteiro 24 horas em Coimbra VIVER 44 Saúde Escola e alimentação 45 Educação Escolher a carreira certa 46 Finanças Investir na poupança 48 Sustentabilidade A nova iluminação e reabilitação urbana em debate 54 ENTREVISTA CULTURA 60 Agenda O que passa na Fundação CGD Culturgest e a nossa escolha de livros e discos 66 Vintage Olhar sobre a História O U T U B R O D E Z E M B R O DESTAQUES 24 História de capa Sintonizamos a televisão em Andy Warhol. Duas décadas depois da sua morte, a obra do artista ícone da arte pop continua viva e a inspirar o meio artístico 32 Grande viagem Vanuatu em estado puro. Praias de areia branca a perder de vista e águas turquesa-esmeralda num paraíso natural que não tem nada a ver com o cliché das ilhas do Pacífico. 48 Sustentabilidade A União Europeia decidiu adoptar soluções de iluminação eficiente até Uma nova forma de iluminar, numa medida que tem implicações no consumo de energia e de emissões de carbono, combatendo, assim, as alterações climáticas. 54 Entrevista As cidades, o mar e o estado da Nação numa conversa com o professor Êrnani Lopes. 62 Cultura O Mude inaugurou há um ano e Lisboa nunca mais foi a mesma. O figurino da Baixa Lisboeta reflecte, agora, o que de melhor se faz na moda e no design. Nascido das cinzas do antigo museu do CCB, afirma-se como um work in progress, que já recebeu 260 mil visitantes. Foto: David Lefranc/Kipa

5 Nós partilhamos tudo. Agora partilhamos também uma aparência mais jovem. NOVO LIFT A gama anti-envelhecimento Serum 7 está agora mais completa e adaptada às diferentes necessidades da pele. O novo Serum 7 Lift é o ÚNiCO produto anti-envelhecimento com eficácia comprovada num estudo clínico independente de 12 meses*. recupera a firmeza da pele e reduz visivelmente até 50% as rugas mais profundas do rosto. Descubra toda a gama Serum 7 e Serum 7 Lift na sua farmácia. * referente ao Serum 7 Lift Serum reparador de rugas Profundas, conhecido no ru como Protect & Perfect intense. estudo anti-envelhecimento de 12 meses publicado na conceituada publicação médica British Journal of Dermatology em Serum 7, Serum 7 Lift e Boots Laboratories são marcas registadas da the Boots Company PLC

6 p pormenor DOCE ALENTEJO Chama-se Sugar Bloom e promete deixar os portugueses (e não só) de água na boca com os rebuçados confeccionados artesanalmente pela empresa familiar de João Dias, situada na aldeia de Nossa Senhora das Neves, a 4 km de Beja. Para já, as guloseimas estão disponíveis em três linhas de sabores: Spice Bloom, rebuçados de especiarias, sendo o primeiro com sabor a canela; Flower Bloom, rebuçados com aroma de flores, e Montado Bloom, uma colecção que aposta nos produtos típicos do Alentejo e que arranca com o sabor a alecrim, desta vez não «aos molhos», mas capaz de fazer chorar... por mais um rebuçado. 6 UMA MARCA MUITO BEM REPUTADA A Caixa Geral de Depósitos foi reconhecida como um Banco com «forte» reputação junto da opinião pública. A conclusão provém do Pulse 2010, um estudo internacional conduzido pelo Reputation Institute, uma das entidades mundiais mais importantes no domínio da reputação. O estudo incidiu sobre 72 instituições financeiras, conferindo à Caixa o melhor resultado nacional no sector financeiro e como marca portuguesa. A avaliação recebida pela Caixa Geral de Depósitos, de 72,09 pontos, coloca-a ao nível dos melhores resultados internacionais, significando, de acordo com o estudo, «um elevado nível de confiança, respeito e de boa percepção que os consumidores têm para com a empresa, colocando a sua reputação no patamar Forte/Robusto». Este resultado torna-se ainda mais significativo quando se constata que o sector financeiro atingiu uma média de 61,07 pontos, a nível internacional, sendo a avaliação mais elevada de 76,10. O estudo do Reputation Institute incide sobre sete dimensões: Produtos e Serviços, Inovação, Ambiente de Trabalho, Governo de Sociedade, Responsabilidade Social, Liderança e Performance Financeira. OUTUBRO DEZEMBRO 2010 MERCURY Expresso do Ambiente Verde é a cor do luxo que viaja através das linhas futuristas do comboio de alta velocidade desenhado pela Priestmangoode TODOS DESEJAMOS ter um carro e sonhamos andar de avião. E, no entanto, o comboio move-se. Consciente de que os caminhos- -de-ferro estavam a perder a corrida para a estrada e para o ar, Paul Priestman, do atelier britânico Priestmangoode, quis recuperar a magia das velhas carruagens oitocentistas Trazendo-as para o século XXI à velocidade de ponta! Ainda em fase de projecto, o comboio Mercury transporta a vontade do seu criador em cada pormenor dos seus 400 metros de pura aerodinâmica. Com o seu proeminente nariz, um dos mais afilados de todo o mundo, o Mercury promete disparar a uns alucinantes 362 km/hora, deixando para trás o gaulês TGV, que, em operação normal com passageiros, se fica pelos 320 km/hora. Ajudar a colocar o Reino Unido na frente é a principal força motriz do comboio. Seguindo no encalço dos míticos aviões Concorde e Spitfire, dos exclusivos carros Rolls Royce e dos emblemáticos autocarros vermelhos Routemaster, o Mercury quer acordar a autoridade adormecida da nação, que já foi líder mundial em design e engenharia. Mas chegar em primeiro não basta. A Priestmangoode quer chegar mais rápido, mais longe e mais verde. As baixas emissões de carbono são a bandeira ecológica do comboio, que pretende proteger o ambiente, mas sem sacrificar o estilo. Os espaços fluidos convidam à interacção, mas sem comprometer a tranquilidade e a privacidade dos passageiros. A luxuosa primeira classe, onde podem coexistir festas privadas ou reuniões de negócios, é a prova de que não foi sacrificado qualquer detalhe para tornar o moderníssimo Mercury em mais do que um meio de transporte, um objecto de culto.

7 Fotos: D.R. AUDIOGUIA Pare, olhe, escute VIANA DO CASTELO foi a cidade escolhida para ser a primeira a experimentar um novo audioguia turístico. Escutar Portugal, assim se chama, é uma caixa de madeira, idêntica às que alojam o Vinho do Porto, e que inclui um micro SDcard, compatível com telemóveis, navegadores de GPS, PDA, Smart Phones e leitores de MP3 e MP4. A caixa custa 49,90 euros e inclui um roteiro cultural com pontos de interesse religiosos e/ou de arquitectura civil, gastronómicos da cidade ou região, um livro trilingue (português, castelhano e inglês) com textos alusivos ao roteiro cultural, um mapa do percurso georreferenciado, vouchers diversos, um micro SDcard (com adaptador), postais digitais e vídeos multimédia. A curto prazo, estão previstos os lançamentos de outros guias, como poderá confirmar em A VER ESTRELAS O ASTRÓNOMO Nuno Cardoso Santos, investigador do Centro de Astrofísica da Universidade do Porto (CAUP), foi distinguido com o prémio internacional Viktor Ambartsumian, galardão considerado o mais importante na astrofísica a seguir ao Prémio Nobel. Nuno Santos, bem como os seus colegas Michel Mayor (Universidade de Genebra) e Garik Israelian (Instituto de Astrofísica das Canárias), foi distinguido pelo estudo das estrelas que têm planetas em órbita e que ajudam a perceber os processos de formação planetária. CASA É COM A CAIXA A CAIXA IMOBILIÁRIO ( é a nova estrutura do Grupo Caixa dedicada à promoção e comercialização dos imóveis do Grupo. O compromisso desta estrutura é dar-lhe a conhecer, a todo o momento, a oferta de imóveis ao seu dispor. A equipa da Caixa Imobiliário está sempre disponível para apoiá-lo na pesquisa da sua casa ou do espaço para o seu negócio. É, também, em que poderá ter acesso a toda a informação sobre os leilões imobiliários que o Grupo Caixa Geral de Depósitos levou a cabo no âmbito do Salão Imobiliário de Portugal (SIL), que decorreu de 21 a 24 de Outubro, na FIL Expo, em Lisboa. Em licitação estiveram cerca de 200 imóveis, entre fracções habitacionais, moradias, lotes de terreno e lojas, nas áreas geográficas da Grande Lisboa, Região Centro e Sul. Os leilões tiveram lugar nos dias 22, 23 e 24 de Outubro, tendo ficado a cargo das leiloeiras Euro Estates, nos dois primeiros dias, e Luso Roux, no dia 24. Design em debate A INOVAÇÃO, TECNOLOGIA E DESIGN estiveram em debate em Milão. Personalidades como o designer Santiago Miranda, do atelier King & Miranda, ou Michele Capuani, do IED Group, discutiram diversos temas, tendo centrado o debate nas novas tendências do design e da decoração. O fórum integrou a apresentação da Sport Series da Silestone, apadrinhada pelo piloto Fernando Alonso. A Silestone é líder na produção de bancadas de quartzo e o único fabricante que utiliza a propriedade antibacteriana. A ARTE É UM CACO REI CROCODILO Felipe Oliveira Baptista foi o escolhido para substituir Christophe Lemaire como director criativo de uma das mais conceituadas marcas do mundo, a Lacoste, que, segundo os seus responsáveis, escolheu o português por acreditar que o seu estilo moderno é o ideal para reinterpretar os valores da marca. Aos 35 anos, o estilista, que deixou Portugal aos 18 para estudar Design de Moda na Kingston University, em Londres, atinge o ponto mais alto da sua carreira, estando já a trabalhar na colecção Primavera/Verão PEDRO CAMPOS COSTA, o arquitecto que tem em mãos a expansão do Oceanário de Lisboa, apresentou a nova marca criada no seu atelier. A Caco, assim se chama, é composta por peças amigas do ambiente, que podem ser personalizadas ou feitas à medida, mediante orçamento. Os materiais eleitos foram a cortiça e o cartão (com as duas primeiras letras de cada uma a darem o nome à marca), seguindo o lema «reduza, recicle, reutilize», e, para já, as peças estão à venda no bar Low, do Bairro Alto, em Lisboa, aguardando-se, para breve, a sua comercialização em lojas de design e em OUTUBRO DEZEMBRO

8 p pormenor 1 OCEANÁRIO. Se já existiam mil motivos para visitar o Oceanário, acrescente-lhe mais um: área totalmente dedicada aos anfíbios, onde habitam 20 espécies diferentes de água doce, com cores e formas surpreendentes. 2 FLUVIÁRIO DE MORA. Recebeu, recentemente, uma Menção Honrosa do Prémio Ideias Verdes 2010, promovido pelo semanário Expresso e pela Fundação Luso. E, acredite, motivos não faltam para visitá-lo. 3 SEA LIFE. Também no Porto pode matar saudades do mar, mergulhando com cerca de 5800 criaturas de mais de 100 espécies. E para os adeptos dos oceanos, existe um bilhete anual com entradas ilimitadas. 8 D E S I G N Até faz faísca! Um estudante português redesenhou um Chevrolet Spark e trouxe para casa um prémio europeu de artes visuais JOSÉ ROCHA, estudante do Instituto Politécnico de Viana do Castelo, foi o grande vencedor do Prémio Europeu de Artes Visuais do concurso Young?Creative? Chevrolet! (YCC) de Os 13 trabalhos finalistas na categoria de Artes Visuais foram apreciados na pista de Zolder, Bélgica, por um júri composto por Wolfgang Buchwieser, director de Marketing da RIDE Snowboards Europe, Marcello Lotti, director-geral do WTCC, e pelo piloto da Chevrolet, Alain Menu. No final, os jurados consideraram que o desenho de José Rocha, intitulado Let the Sparks come out, foi o que melhor respondeu ao desafio de redesenhar o exterior do Chevrolet Spark, rotulando o projecto do português de ousado, agressivo e magnético. LA PIVELLINA CHEGOU ÀS SALAS PORTUGUESAS O FILME VENCEDOR do Prémio de Distribuição CGD do IndieLisboa 10 estreou a 30 de Setembro de Realizado por Tizza Covi e Rainer Frimmel, conta a história de Asia, uma menina de dois anos abandonada pela mãe e acolhida por um casal que trabalha no circo. La Pivellina conquistou, entre outras distinções, o prémio de Melhor Filme nos Festivais Internacionais de Cinema de Gijón, Leeds e Áustria. Em exibição até 30 de Novembro. O U T U B R O D E Z E M B R O AREIAS BRANCAS A Caixa deixou as praias de Peniche mais limpas no passado dia 2 de Outubro. A iniciativa teve lugar de manhã, reunindo 150 colaboradores da zona Oeste e Área Metropolitana de Lisboa, numa jornada em defesa do ambiente. Os trabalhos garantiram a recolha de mais de 230 quilos de resíduos, assegurando a limpeza de várias zonas de praia e não- -balneares, numa faixa entre Supertubos e a praia da Consolação. Cada voluntário recebeu um kit composto por uma t-shirt, uma tenaz, luvas e um boné. Tudo isto para fazer desta acção um exemplo de consciencialização ambiental. A acção contou com o apoio da HPP Saúde, da Fidelidade Mundial e da Império Bonança, bem como de vários parceiros locais. COMER O MUNDO UMA JORNALISTA, a Maria, e um cozinheiro, o Kiko, partilhando o gosto pelas viagens e pela descoberta de gastronomias diferentes, criaram o Eat e World, projecto cujo objectivo passa por dar a volta ao mundo ao longo de um ano, pondo à prova os costumes culinários dos mais variados países. O arranque deu-se em Fevereiro, em Moçambique, e todos os passos podem ser acompanhados em um site que inclui, ainda, relatos, fotografias e até receitas surpreendentes para quem, sem sair de casa, também quiser experimentar comer o mundo.

9 Fotos: D.R. MURAKAMI REVOLUCIONA VERSALHES TAKASHI MURAKAMI é o japonês que assina algumas das mais emblemáticas peças da actual arte pop. O choque entre as suas peças coloridas e o classicismo do Palácio de Versalhes tem dado que falar, e não faltou mesmo uma manifestação no dia da inauguração, com alguns «puristas» a considerarem que esta exposição é uma profanação. Polémicas à parte, a verdade é que, até 12 de Dezembro, há mais um motivo para visitar Paris. CAIXA WOMAN EM CONFERÊNCIA «Optimizar a gestão do tempo: o que posso fazer em cada momento para sentir bem-estar com a gestão da minha vida?» é o tema da conferência agendada para o dia 13 de Novembro, na Culturgest, que pretende mobilizar um grupo de 150 mulheres a pensarem a sua relação com o bem precioso que é o tempo e a gestão do seu dia-a-dia e a fazê-lo de uma forma mais positiva. A dirigir a conferência estará Helena Águeda Marujo, doutorada em Psicologia, psicóloga, psicoterapeuta, escritora, mãe e professora universitária. EM TODO O MUNDO morre uma mulher por minuto devido a complicações durante a gravidez ou o parto. É com base nesses números que surge a campanha Nenhuma Mulher Deve Morrer por Dar Vida, uma iniciativa conjunta do Governo Português, com o apoio do Fundo das Nações Unidas para a População (UNFPA), em parceria com a Associação para o Planeamento da Família, a Campanha do Milénio, a RTP e a Caixa Geral de Depósitos. O apoio da Caixa resultou na criação de C I D A D A N I A Dar vida um site alusivo à Campanha ( e na divulgação da iniciativa, procurando, desta forma, contribuir para a sensibilização dos portugueses em relação à problemática identificada no objectivo 5 dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio: Melhorar a Saúde Materna. Trata- -se de um compromisso para com a cidadania e igualdade, que visa suscitar uma mudança real no paradigma do desenvolvimento, da discriminação e da pobreza no mundo. Sabe onde pode tirar um curso de cozinha? ACADEMIA DOS SABORES em Lisboa (Largo Monterroio Mascarenhas, 1) ou no Porto (Dolce Vita do Porto, loja 208-A). Sabores da Índia, Solteiros na Cozinha ou Receitas para Impressionar são apenas algumas das propostas, com a assinatura da Vaqueiro, que prometem inspirá-lo. REFÚGIO DA VILA Largo Dr. Miguel Bombarda, 8, Portel. Sob a direcção do chef Miguel Amaral, responsável pelo restaurante do hotel, aprenda a preparar deliciosos e suculentos pratos mediterrânicos, tendo por base as antiquíssimas e ricas receitas da região. PRATOS COM TINTA Praça Santiago, 29, Guimarães. Cursos de culinária ou um workshop de fondues, entre muitas outras propostas. CLUBE GOURMET El Corte Inglés, Lisboa. Aulas dadas pelo chef Augusto Gemelli. M AR DE AR AQUEDUTO Rua Cândido dos Reis, 72, Évora. No ambiente real da cozinha, e sob a orientação do próprio chef António Nobre, irá aprender a confeccionar algumas jóias gastronómicas. QB ESSENCE Rua Dr. José da Cunha, 24-A, Forum Oeiras. Cursos todos os meses, sempre com diferentes temas, desde o vegetariano ao típico português, passando pela arte do chocolate e da doçaria. SEGREDOS DA AVÓ Espaço Comercial Aviadores, Rua Marquês Sá da Bandeira, 323, loja 72, Vila Nova de Gaia. Uma escola de gastronomia com curso para todos os gostos e sabores. CASA DA AMÉRICA LATINA Cantina Lx, Rua Rodrigues Faria, 103, Lisboa. As próximas oficinas de cozinha dão a conhercer os sabores do Brasil, de Cuba e do Chile. Campanha de Natal Investimento social não é caridade e cada um de nós pode fazer a diferença. Por isso, acompanhe a Caixa na sua Campanha de Natal e invista nos projectos Rir É o Melhor Remédio, da Operação Nariz Vermelho, ou Crescer dos 8 aos 80, da Associação Jerónimo Usera, da Bolsa de Valores Sociais. Por cada dois euros, leve um livro Outras Histórias, com contos escritos por figuras públicas, de reconhecido mérito em diversas áreas Catarina Furtado, André Sardet, Simone de Oliveira, Fernanda Freitas, o encenador Jorge Silva Melo, os designers Henrique Cayatte e Guta Moura Guedes, o chef José Avillez, a presidente do Banco Alimentar, Isabel Jonet e a voluntária da CGD, Carla Pinto. As ilustrações ficam a cargo do artista plástico Roberto Chichorro. Com esta acção, estamos a contribuir para um Natal diferente das nossas crianças e para a felicidade de muitas outras das instituições dos projectos apoiados. Saiba mais em TURISMO EQUESTRE Ainda dá os primeiros passos, mas promete vir a dar que falar. O projecto Equustur ( destina-se aos amantes do turismo equestre e a prova piloto em território português teve lugar em Alter do Chão. O U T U B R O D E Z E M B R O

10 t talento S A N D R A C O R R E I A À flor da Pel[e] A única empresa, em todo o mundo, a criar artigos em pele de cortiça é portuguesa e já chegou ao Museu de Arte Moderna, em Nova Iorque Por Maria João Fernandes Fotografia João Cupertino NASCEU E CRESCEU NO MUNDO DA CORTIÇA. O avô era corticeiro; o pai é proprietário de uma unidade fabril onde, durante a infância, Sandra Correia correu e brincou por entre montes de cortiça. Oferecer um presente à cantora pop Madonna, de quem é admiradora, foi um desejo que já realizou. Agora, de São Brás de Alportel, no Algarve, Sandra sonha com uma loja na Quinta Avenida, em Nova Iorque. Em Lisboa, Sandra Correia estudou Comunicação Empresarial, no Instituto Superior de Comunicação Empresarial. O objectivo foi, sempre, aprender e voltar ao Algarve para dar o seu contributo ao negócio da família. «Há 15 anos, não imaginava que poderia desenvolver um projecto como a Pelcor», confessa a empresária, que, depois de Lisboa, prosseguiu os estudos em Huelva. O mestrado, em Ciências Económicas e Empresariais, muniu-a de novas competências e conhecimentos para enfrentar o mundo dos negócios, sempre com uma palavra em mente: inovar. Daí, nasceu a vontade de criar um projecto que mostrasse ao mundo que a cortiça é um material que pode, e deve, ter várias utilizações e aplicações. Não tardou a lançar a Pelcor, a única empresa, em todo o globo, a criar pele de cortiça, que pode ser utilizada nos mais variados artigos. Carteiras, malas de senhora e de viagem, chapéus, calçado, artesanato, porta-chaves, vestuário, artigos decorativos, tudo é possível desde que imaginado e devidamente planeado, num catálogo exclusivo da Pelcor, com conceitos e ideias trabalhados pelo designer de moda António José. É em São Brás de Alportel, na fábrica da família, que os pedaços de casca de sobreiro (a cortiça trabalhada é toda proveniente da zona do Alentejo e Algarve) são tratados e transformados em palmilhas de cortiça, depois de um longo e demorado processo. «As palmilhas são coladas até formarem um cubo com cerca de um metro e quarenta centímetros de largura», explica Sandra. De seguida, o cubo é laminado em finas tiras de cortiça, que podem ser aplicadas em qualquer tipo de tecido, como algodão ou poliéster. Para finalizar, a cortiça recebe um tratamento de impermeabilização, passando a pele de cortiça e garantindo resistência e comodidade. Internacionalização A internacionalização da Pelcor começou logo depois do lançamento da marca. A aposta na mostra de produtos em feiras internacionais de artesanato e de moda foi preponderante para conseguir novos contactos e, assim, levar a cortiça além- -fronteiras, tendo Itália e França sido os primeiros países a conhecer os invulgares artigos em pele de cortiça. Hoje, a Pelcor está presente em quase todos os países da Europa, alguns Estados da América do Norte e nos Emirados Árabes Unidos. Em 2005, a Pelcor recebeu um convite para estar presente na Expo Aichi, no Japão, e, no ano passado, Sandra Correia teve «uma grande surpresa». A propósito da exposição Destination Portugal, uma comitiva do MoMA, Museu de Arte Moderna, veio de Nova Iorque com o intuito de escolher marcas e artistas portugueses para estarem na exposição. «A comitiva ficou muito surpreendida com o nosso trabalho. Nunca tinham visto nada parecido», conta Sandra. A exposição esteve no museu entre Maio e Julho de 2010 e três das peças da Pelcor, Print DO ALGARVE COM AMOR Um copo de shot em cortiça para chegar a um público mais jovem e promover a região. A convite de Maya, relações públicas do espaço Manta Beach, e do Gupo Fieis, a Pelcor desenvolveu um copo de shot em cortiça. O desafio foi aceite e, através da parceria entre a Pelcor e o Grupo Amorim, o copo foi criado. «Encaramos este desafio como uma forma de chegar a um público mais jovem e a festa de apresentação da criação foi um sucesso», recorda Sandra. O evento Cork Your Style foi uma das festas mais badaladas do Verão e, «além de ter sido uma forma de divulgar a Pelcor, foi, também, importante para a dinamização do Algarve, região muitas vezes esquecida pelas entidades locais. Desenvolver e promover a minha região é também um desafio», afirma Sandra. um guarda-chuva e dois modelos de mala, foram escolhidas para fazer parte do próximo catálogo MoMA. Este e outros grandes negócios são feitos a partir da loja de Lisboa, onde, «além do cliente português e do turista curioso que passa e acaba por entrar, vêm muitos clientes estrangeiros, que querem levar a Pelcor para os seus países de origem», diz Sandra, apontando este espaço na capital como uma espécie de trampolim para o exterior. E, depois da presença no MoMA, Sandra não hesita quando lhe perguntam qual o salto que lhe falta realizar: «Uma loja na Quinta Avenida, em Nova Iorque. Pode demorar algum tempo, mas é algo que pretendo concretizar.» 10 O U T U B R O D E Z E M B R O

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12 t talento G A B R I E L A B R A N T E S A marca do leopardo Primeiro a pintura, depois as instalações, agora o cinema. Em todas as áreas, o mesmo aplauso da crítica. E a mesma sensação de que nada será como dantes Por Pedro Guilherme Lopes Fotografia Nuno Botelho ARTE INTERDISCIPLINAR. É este o mundo em que se move Gabriel Abrantes, 25 anos, nascido na Carolina do Norte, Estados Unidos, onde o pai fazia um doutoramento em Medicina. E era ao lado do pai que, com 5 anos, Gabriel se sentava a pintar, gosto que foi desenvolvendo ao ponto de, aos 13, idade em que pintava a pastel, ter escrito uma carta a Paula Rego onde pedia permissão para visitá-la no seu atelier, em Londres. A artista acedeu, não podendo sequer imaginar que, uma dúzia de anos volvidos, esse rapaz a quem, vezes sem conta, chamou Daniel em vez de Gabriel viria a estar nas bocas do mundo por ter vencido o Leopardo de Ouro para Curtas-Metragens, no Festival de Locarno (ver caixa). Claro que há muito para contar até chegarmos aos dias de hoje, num percurso onde é incontornável falarmos da passagem pela universidade para fazer o curso de Fine Arts and Cinema, na Cooper Union for the Advancement of Science and Art, de Nova Iorque, onde Gabriel teve oportunidade de trabalhar nos mais variados suportes para lá da pintura, como a escultura, a fotografia, o vídeo ou o cinema. Não admira que, hoje, Gabriel mostre a mesma facilidade de trabalhar independentemente do suporte que escolha. «A ideia é passar a mensagem de que não é o suporte que define o artista, antes pelo contrário», diz. As galerias nova- -iorquinas Houghton, Gudelsky e Fusebox acolheram os seus trabalhos antes da terra dos sonhos o ver partir rumo a Paris, com o objectivo de fazer um mestrado em Arte Contemporânea e Cinema no Le Fresnoy, Studio National des Arts Contemporains. Internacionalização Este experimentar de diferentes culturas acaba por ficar bem expresso nas suas curtas, onde existe como que uma confusão linguística. «Tenho, por exemplo, um filme, Escadas para a Discoteca, que foca a Inquisição e onde os mouros são representados por emigrantes brasileiros. Aliás, a fragmentação da identidade nacional por causa da globalização é um dos pontos mais fortes do meu trabalho», afirma, não hesitando em apontar o gosto pelo amadorismo como outro dos traços do seu trabalho. «Gosto da ideia do amadorismo, de não saber fazer e investir bastante nisso. Mesmo na pintura, que já faço há imenso tempo, tento aproximar-me de uma forma um tanto ou quanto amadora. No cinema, não sei escrever um guião clássico, enquadrar de forma clássica, nem tenho formação de actor. No fundo, acredito que «NÃO É O SUPORTE QUE DEFINE O ARTISTA, ANTES PELO CONTRÁRIO» uma pessoa pode fazer qualquer coisa desde que tenha uma ideia e a trabalhe.» E trabalhar, trabalhar muito, é algo que Gabriel tem feito, parecendo absorver tudo o que o rodeia, e, dessa forma, aumentando de forma impressionante a sua bagagem cultural, o que lhe permite citar Fassbinder, Mike Kelly, Monet, Fernando Pessoa ou Marinetti com a maior simplicidade. E se este último, com o seu manifesto futurista, inaugurava uma nova linha estética no Print A CONQUISTA QUE TUDO MUDA O Leopardo de Ouro, em Locarno, representa o atingir de um novo patamar. Este é um ano inesquecível para Gabriel Abrantes. Primeiro foi Visionary Iraq a triunfar no Festival Indie Lisboa. Depois, a instalação que integrava Too Many Daddies, Mommies and Babies conquistou o Prémio EDP Jovens Artistas Agora, Gabriel regressa do Festival de Cinema de Locarno com o Leopardo de Ouro para Curtas-Metragens, com A History of Mutual Respect. «É sentir que sou aceite como cineasta e não apenas como artista que está a fazer cinema. Um cinema narrativo, que conta uma história do princípio ao fim», diz. seio das artes, Gabriel também tem essa capacidade de fazer-se notar pela diferença e pelo cunho pessoal daquilo que faz com a curiosidade de, no caso do cinema, preferir ter os seus filmes co-assinados. «Acredito em mais do que uma visão das coisas. Andy Warhol chamava ao seu atelier a fábrica e eu gosto desse conceito de o artista estar no atelier a trabalhar em várias plataformas e com várias pessoas, em vez de encerrado sobre si mesmo e unicamente sob a sua visão», explica. E, a propósito de visão, o Centro Cultural Vila Flor, em Guimarães, acolhe actualmente uma exposição, Histories of Mutual Respect, que faz um balanço dos últimos cinco anos do trajecto profissional deste cidadão do mundo de quem muitos dizem ter um dom. «Um dom? Claro que é necessário ter jeito para fazer algo, mas eu acho que primeiro vem o trabalho, depois a sorte e só depois o talento.» 12 O U T U B R O D E Z E M B R O

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14 d design CGD B A N C O D O D E S I G N Desenhar a vida O design faz hoje parte do nosso quotidiano. Das mais simples peças às mais surpreendentes inovações, o toque do talento traz qualidade à nossa vida e é capaz, até, de reinventar materiais que, noutras circunstâncias, não passariam de lixo Por João Paulo Batalha IMAGINE UMA PEÇA que é, ao mesmo tempo, um banco (ou dois!), uma mesa e um contentor para guardar jornais ou revistas. E é toda feita em material reciclado, a fazer lembrar os favos das abelhas. Funcional, bonito, inovador e ecologicamente sustentável, o Ecofavo assim se chama esta original peça foi uma das novidades que surgiram da criatividade de jovens designers portugueses nos últimos anos. A sua criadora, Soraia Abreu, era ainda estudante quando recebeu por esta criação o primeiro prémio no Concurso de Design de Mobiliário com Materiais Reciclados, em A distinção foi o primeiro passo na digressão que o Ecofavo tem feito, desde então, por diversas feiras de mobiliário e design um pouco por todo o mundo, integrado no circuito de exposições do Remade in Portugal, um projecto de promoção de produtos que privilegiem a reciclagem ou reutilização de materiais. O Concurso de Design de Mobiliário com Materiais Reciclados, promovido pela CGD, é uma história de sucesso. Dirigido especialmente a estudantes de Design, o concurso, que vai este ano na terceira edição, estabeleceu um desafio a novos criadores portugueses: o de utilizarem (ou reutilizarem) materiais reciclados e/ou recicláveis nos seus projectos. A iniciativa dá este ano um passo mais ambicioso, restringindo as criações a concurso ao HISTÓRIA DE SUCESSO Em 2010, a terceira edição do Concurso de Design incidirá sobre a temática do Equipamento Urbano com Materiais Reciclados e/ou Recicláveis mobiliário urbano. O objectivo é mostrar como, também no espaço público, as nossas cidades podem ser mais sustentáveis e amigas do ambiente sem ficarem a perder em funcionalidade, beleza ou conforto (saiba mais em Sustentabilidade/Cidades-Desenvolvimento/ Caixa-Banco-Design/Projectos/Concurso- Design-2010/Pages/Concurso-Design- Mobiliario-Materiais-Reciclados-2010.aspx). Juntar a ecologia ao design, de resto, faz cada vez mais sentido. Com as dificuldades e os custos ambientais e económicos do tratamento de resíduos, o princípio do poluidor-pagador é, cada vez mais, a norma, o que faz da redução dos nossos impactos ecológicos um desígnio fundamental, não apenas para a nossa qualidade de vida, mas para o próprio dinamismo económico. Nasce, assim, o conceito de ecodesign, que, em Portugal, tem a expressão máxima no concurso dinamizado pela Caixa Geral de Depósitos. Todos os anos, as peças premiadas por um júri constituído por pessoas de reconhecido mérito e prestígio nas áreas do ambiente, arquitectura e design são postas a circular pelo mundo, onde representam a criatividade e capacidade de inovação do País nomeadamente em eventos como a Expo Saragoça, em 2008, e a Expo Shangai, este ano. Criar qualidade Não se trata apenas de criar peças bonitas. É descobrir e explorar novas funcionalidades, novas formas de usar materiais novas Foto: Estúdio João Cupertino 14 O U T U B R O D E Z E M B R O

15 formas de actuar perante o quotidiano, mesmo. E, em tempo de crise, cada vez mais as empresas procuram essa diferença que lhes permita desenvolver marcas próprias, inovadoras e arrojadas, capazes de conquistar novos clientes e novos mercados. Trata-se de criar qualidade de vida. E é, precisamente, para promover esse valor acrescentado que o design começa a ser cada vez mais acarinhado em Portugal. Além de promover o concurso de mobiliário, a Caixa Geral de Depósitos assumiu-se como o Banco do Design, criando um conjunto de parcerias e iniciativas que visam dar mais visibilidade ao trabalho dos designers nacionais. Para isso, a CGD associou-se ao Centro Português de Design, uma organização que, há mais de 20 anos, se dedica à promoção do design no nosso País. É uma parceria que, além de dar mais visibilidade ao trabalho do Centro, permite a organização de eventos como os Prémios Nacionais de Design que, de dois em dois anos, distinguem as principais criações portuguesas e são o principal galardão nesta área. A criação de um Observatório do Design, o financiamento de uma bolsa de estudo para designers portugueses em Londres e até o lançamento de um cartão bancário, especialmente criado para os profissionais do sector, são outros resultados do envolvimento da Caixa Geral de Depósitos como Banco do Design. A Caixa tem, ainda, uma parceria com a Remade in Portugal, a que se somam outros projectos que começam a dar frutos. No ano passado, o Banco associou-se à Experimenta Design, apoiando a mais importante bienal desta disciplina realizada no nosso País. A associação permitiu, agora, alargar a presença da Experimenta para além da bienal. DESIGN É DESCOBRIR NOVAS FORMAS DE ACTUAR PERANTE O QUOTIDIANO Promover o design é promover a inovação. Deixar entrar os criadores no nosso quotidiano e dar-lhes licença para nos surpreenderem, nos seduzirem. Nos últimos anos, têm sido cada vez mais os designers a ganhar distinções nacionais e internacionais por um trabalho que, felizmente, é cada vez mais reconhecido também dentro de portas. Decididamente, o design contribui para um Portugal melhor! Print DO EDIFÍCIO-SEDE PARA O MUNDO Vencedor da segunda edição do concurso da CGD esteve na Mostra Portugal Tecnológico A maior mostra nacional de tecnologia e inovação, realizou-se em Setembro, na FIL, em Lisboa. Na edição de 2010, sob o tema A liderar o futuro, estiveram em destaque os projectos que contribuem para o sucesso do País e das Regiões, para o bem- -estar das populações e para o aumento da capacidade exportadora da economia portuguesa. Foi neste âmbito que o Ministério do Ambiente e do Ordenamento do Território convidou o Remade in Portugal a expor os trabalhos de criadores portugueses da exposição A Um Passo do Sonho, que sublinha a importância que pequenos gestos do nosso quotidiano podem ter na construção de um futuro melhor. Nesta exposição, participaram, ainda, jovens criadores seleccionados através do concurso realizado pelo Remade in Portugal em parceria com o Centro Português de Design, em 2009, e também os trabalhos finalistas das duas edições do Concurso de Design de Mobiliário com Materiais Reciclados, promovido pela Caixa. OUTUBRO DEZEMBRO

16 d design e arquitectura F O R W A R D I N G D A L L A S Em nome da Mãe Com a bandeira ecológica numa mão e a vontade de agitar consciências na outra, foram até aos EUA fazer do declive uma rota de sustentabilidade. Querem mudar o ambiente urbano inspirados na Mãe Natureza Por Ana Rita Lúcio ACCUMEM 16 O U T U B R O D E Z E M B R O

17 Na Natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma. Provavelmente, nem as teorias revolucionárias de Lavoisier poderiam prever que, passados mais de dois séculos, a célebre Lei da Conservação da Matéria viesse a assentar que nem uma luva a um protótipo delineado de Lisboa para Dallas e de Dallas para o Planeta. Da química para a arquitectura, da arquitetura para o quotidiano, o princípio que põe à margem o desperdício e sublinha a necessidade de reinvenção dos elementos exibe a marca de água do projecto Forwarding Dallas. A confirmar a máxima de que nada se cria, este conceito não nasceu de geração espontânea. Na sua origem, um concurso que quis colocar a segunda maior cidade texana no centro do mundo. Organizada pela instituição sem fins lucrativos Urban Re:Vision e a sociedade em prol do desenvolvimento local Central Dallas Community Development Corporation, a competição internacional de design Re:Vision Dallas convocou concorrentes de todos os cantos do globo. O desafio: planear o primeiro quarteirão sustentável norte-americano, que se tornasse um exemplo a replicar dentro e fora de portas. Ingressar numa missão de verdadeira alquimia urbanística e ambiental, fazendo nascer das cinzas de um lote vazio, nas traseiras da sede do município, uma comunidade carbono zero prometia não ser tarefa fácil. Porém, das centenas de ateliers de arquitectura oriundos de 14 países a competir, dois tinham o destino traçado. Para fazer de um abandonado quarteirão texano um modelo global de construção amiga do ambiente, dois ateliers portugueses juntaram maquetas e estiradores. As empresas lisboetas Data e MOOV propuseram-se redesenhar a vivência cosmopolita. Com esse desígnio na mente e no papel, conquistaram o primeiro prémio da sexta edição do concurso, em Da autoria de António Louro (MOOV), Filipe Vogt e Marta Frazão (Atelier Data) e com a colaboração de José Niza, João Calhau (MOOV), André Almeida, Carolina Pombo e Inês Vicente (Atelier Data), o projecto com sotaque luso arrebatou o júri, composto por líderes de comunidades locais e peritos internacionais em arquitectura e urbanismo, que não esconderam o entusiasmo e a expectativa de que a proposta venha a revitalizar e a impulsionar a Baixa do município norte-americano. Os elementos de ambos os espaços deixam entrever isso mesmo, confirmando que «este projeto tenciona modernizar Dallas, promovê-la como o paradigma de uma solução para outras cidades que enfrentam os mesmos problemas». O grande salto em frente O movimento é, aliás, a peça-chave para compreender as linhas com que se esboça este plano traçado pela parceria Atelier Data+MOOV. Forwarding Dallas representa, por isso, o desejo de levar aquele que é o centro da mais populosa região metropolitana do Texas a avançar mais rápido, mais longe, mais forte e mais verde. «Todos os O U T U B R O D E Z E M B R O

18 d design e arquitectura 18 projectos sustentáveis devem ser um compromisso entre o que recebemos e o que entregamos aos outros, portanto, em diversos sentidos estamos a fazer avançar Dallas (Forwarding Dallas)», explicam os autores da moção vencedora, que se prevê que comece a ser implementada no terreno no começo de E como nada se perde, este leque de arquitectos do lado de cá do Atlântico arriscou ganhar, conjugando esforços em torno de um objectivo comum. Com a sustentabilidade energética e ambiental no horizonte, apostaram na eficiência dos recursos de trabalho. Os ateliers Data e MOOV resolveram gerar sinergias para multiplicar o talento e a capacidade de execução. Marta Frazão, Filipe Vogt e Inês Vicente afirmam que «as parcerias são um modelo interessante de trabalho, porque, para além de serem processos altamente participados e críticos, permitem desdobrar a capacidade de pensar e desenvolver um maior número de projectos». Essa lucidez compartida tornou possível transformar um antigo parque de estacionamento num motor de desenvolvimento que gera economia, rentabiliza os O U T U B R O D E Z E M B R O recursos, revoluciona os modos de vida e as relações comunitárias. Consegui-lo numa região em que as preocupações ecológicas ainda estão pouco enraizadas poderia parecer uma miragem a despontar no deserto texano. Mas os ateliers nacionais estavam decididos a não colocar fronteiras ao seu projecto. «O modelo, que resulta da combinação de vários princípios, é suficientemente aberto e disponível para absorver as condicionantes físicas, urbanas e sociais de qualquer cidade», garantem. Sustentáveis por natureza Mais do que construir estruturas físicas respeitadoras do ambiente, o que esteve em causa no desafio Re:Vision Dallas foi edificar pontes entre as soluções arquitectónicas e o quotidiano das pessoas que as habitam. Como não poderia deixar de ser, na avaliação das propostas foram equacionadas, para além do investimento e tempo de construção associados e dos critérios arquitectónicos e de engenharia, metas de sustentabilidade e exequibilidade. Já a ousadia de inovar e ser irreverente na inclusão de materiais e práticas sustentáveis foi determinante para levar o alfacinha Forwarding Dallas a alcançar o topo do pódio, com os segundo e terceiro lugares a serem atribuídos, respectivamente, a projectos originários dos EUA: Grennways Xero, de São Francisco, e Entangled Bank, da Carolina do Norte. Num plano que se queria colorido com um ecológico tom DATA+MOOV O esforço conjunto dos ateliers lisboetas, materializado em Forwarding Dallas, mostrou ser uma parceria que deu frutos verdejante, foi a Natureza a dar o mote. «Tomámos como grande referência a Mãe Natureza, que tem funcionado desde sempre. Os seus sistemas hábeis de regeneração e adaptação em Print NA INTERSECÇÃO DOS CAMINHOS Com um espaço e ambições comuns, os ateliers Data+MOOV cruzam, agora, histórias recheadas de êxito. Eis alguns dos apontamentos que mereceram maior destaque, nacional e internacionalmente. ATELIER DATA 1.º Prémio no concurso 3000 Viviendas, em Vallecas, Madrid, Espanha, em º Prémio no concurso VECTOR E - Iniciativa, do Centro de Estudos em Inovação, Tecnologia e Políticas de Desenvolvimento IN+ (Universidade Técnica de Lisboa), em º Prémio no concurso International Lisbon Ideas Challenge em 2006, com o projecto Power Fold. MOOV 1.º Prémio no concurso Galápagos Latitude 0, XV Bienal de Arquitectura de Quito, Equador, com o projecto Habitats Abiertos. Top 10 de ateliers de jovens arquitectos portugueses, promovido pelo New Italian Blood, em Foto: Rui Marto/Estúdio João Cupertino

19 benefício do equilíbrio deram-nos as pistas para o desenvolvimento da proposta», revelam. Seguir a pegada natural no complexo de 40 mil metros quadrados de habitação, escritórios e comércio, que acolhe 854 habitantes, significou eleger o declive como paradigma de organização espacial. Ter em linha de conta aquele que é um dos sistemas naturais mais versáteis, replicando vales, cumes, encostas e superfícies inclinadas, permitiu, segundo os autores, «maximizar os ganhos solares, promover vistas, garantir ventilações e multiplicar superfícies produtivas». Ao passar uma borracha sobre os tradicionais arranha-céus, substituindo-os por edifícios que emulam a forma de montanhas, as estratégias de design incluíram espaços verdes no interior do quarteirão e coberturas verdes para produção agrícola, sistemas de estufas nos andares superiores, construções pré-fabricadas provenientes de materiais locais, zonas permeáveis para prevenção de cheias e acessibilidade total para pessoas com mobilidade condicionada. A eficiência energética também marcou lugar no projecto, alcançada através da combinação de fontes solar e eólicas. A sudoeste, as fachadas erguem-se numa inusitada persiana fotovoltaica que se ajusta de acordo com as estações do ano para maximizar o aproveitamento da exposição solar. Paredes de palha com grande inércia térmica oferecem um isolamento extra nas fachadas a nordeste. Os elementos de cada atelier sublinham que «o projecto desafiou a criação de condições para promover, do ponto de vista social e humano, outra perspectiva, mais sustentável». Aqui, a sustentabilidade, a espreitar a cada canto desta nova Dallas, não se faz só de ambiente e bem-estar, antes assenta em «soluções ecuménicas» e decisões do ponto de vista social, económico e cultural, que encontram em Forwarding Dallas um denominador comum. «Há, ainda, um longo caminho a percorrer até à conclusão do projecto, mas a sua execução vai representar um compromisso real com uma perspectiva mais consciente dos ciclos naturais e da preservação dos recursos e mais exigente a nível cívico.» Eles acreditam que estes compromissos irão definir as guias da produção arquitectónica futura. Porque, finalmente, tudo se transforma. O DECLIVE foi eleito o paradigma a seguir na organização espacial do projecto, que foi colher aos ciclos naturais a sua principal inspiração AQUI, A SUSTENTABILIDADE ASSENTA EM «SOLUÇÕES ECUMÉNICAS» O U T U B R O D E Z E M B R O

20 a automóveis RCZ Razão e emoção Estética surpreendente num inovador coupé com a marca Peugeot ANTES DE MAIS, O ESTILO. Não há grandes dúvidas de que estamos na presença de um dos automóveis mais bonitos do momento. Fiel ao protótipo apresentado com grande estrondo no Salão Automóvel de Frankfurt, em Setembro de 2007, o RCZ marca uma nova etapa da Peugeot. O completamente inovador conceito de «bolha dupla» é o principal destaque num conjunto estético onde os arcos em alumínio também merecem referência, reforçando o estilo. E se a vista da traseira é claramente a nossa favorita, é no seu todo que este coupé desportivo marca pontos, elevando a imagem da marca francesa para outro planeta. Num habitáculo moderno, bem construído e com materiais de toque agradável, encontramos quatro lugares, mas, enquanto os da frente proporcionam bom Por Luís Inácio apoio e capacidade de transportar adultos com estatura acima da média, os dois bancos traseiros não permitem sentar adultos de forma cómoda, deixando esse espaço mais reservado para crianças. Ao volante, as vias largas e a altura ao solo contribuem para uma superior experiência de condução, assinalando-se na gama a proposta a gasolina com 200 cv (1.6 THP) como aquela que apresenta o temperamento mais desportivo. Numa altura em que está prometida uma versão híbrida para 2011, o 2.0 HDi de 163 cv (versão que conduzimos) revela-se o mais amigo do ambiente, apresentando um valor de emissões CO 2 na ordem dos 139 g/km. Mas a marca tem como objectivo lançar uma versão com emissões inferiores a 99 g/km ainda este ano, o que não deixa de ser uma excelente notícia. O RCZ AO QUADRADO Duas inovações no mundo Peugeot. Agora sem números. 1. Trata-se do primeiro automóvel de passageiros da marca francesa a prescindir da tradicional identificação numérica com um ou dois zeros. Novo logótipo. Este 2. coupé estreia o logótipo redesenhado do leão, que homenageia a região de Montbeliard, onde o construtor foi fundado. Com o lançamento do RCZ, o símbolo ficou mais simples, ganhou três dimensões e um novo dinamismo, para além de apresentar um jogo entre o mate e o brilhante. Foto: Nico 20 OUTUBRO DEZEMBRO 2010