Clamor do momento: Passar de uma Pastoral Bíblica para uma Animação Bíblica da Pastoral (DAp 248).

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Vítor Bento Schmidt
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3 Clamor do momento: Passar de uma Pastoral Bíblica para uma Animação Bíblica da Pastoral (DAp 248). Na América Latina, a caminhada bíblica pode ser caracterizada em três etapas: quatro décadas de semeadura; quatro séculos de hibernação e quatro décadas de brotação. (Gabriel Naranjo Salazar).

4 Semeadura: O primeiro bispo do México, Juan de Zumárraga, chegou em 1528 com a Bíblia nas mãos, com o explícito propósito de fazer chegar a Palavra de Deus a todos os fiéis.

5 Os missionários franciscanos se propuseram colegiadamente em 1524, no México...: Não pregaremos senão o conteúdo desse livro e não acrescentaremos coisa alguma de nossa cabeça, e tende isso como muito certo e averiguado. Traduções para línguas indígenas.

6 Ibernação: Quatro fatores influíram nessa mudança de rumo: A Reforma Protestante (1520); O Concílio de Trento ( ); A dificuldade de se conseguirem traduções adequadas do texto; A desconfiança na capacidade intelectual dos indígenas e dos negros.

7 Consequências: Substituição do texto bíblico pelo catecismo e a doutrina; Pregação essencialista da fé, racionalização filosófica da mensagem evangélica; Substituição dos processos de conversão pessoal e comunitária pela memorização de conteúdos, levando muitos católicos à falta de coerência entre a fé e a vida. Uma experiência religiosa devocional: santos, peregrinações, com maior interesse nos sacramentos do que na evangelização.

8 Brotação: Movimento Bíblico Católico: Final do séc. XIX e primeira metade do XX. A principal finalidade do Movimento Bíblico era distribuir e tornar conhecida a Bíblia entre os católicos. Era comum se ouvir dizer que a celebração dos sacramentos, especialmente a Eucaristia, identificava a Igreja Católica, ao passo que a leitura e interpretação da Bíblia identificava o mundo evangélico.

9 Séc. XIX: leitura e exegese bíblica passam a utilizar novos instrumentos para conhecer e aprofundar os textos da Sagrada Escritura (SE). 1900: Primeiro Congresso Bíblico Católico Brasileiro Decisão de promover uma nova versão da Bíblia para difundir entre os fiéis. Em 1902 foi publicado o Santo Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus, traduzido em português da Vulgata.

10 1902: o papa Leão XIII criou a Pontifícia Comissão Bíblica. 1909: o papa Pio X criou o Instituto Bíblico.

11 1943: o papa Pio XII publicou a encíclica Divino Affante Spiritu, encorajando e estimulando novas leituras e abordagens das Escrituras.

12 1947: oficializada, no Brasil, a fundação da Liga de Estudos Bíblicos (LEB), por iniciativa dos professores de Sagrada Escritura, dando origem a um apostolado bíblico organizado. Até o Vat. II os termos utilizados, para se referir à caminhada bíblica, eram: Movimento Bíblico e Apostolado Bíblico. A terminologia Pastoral Bíblica e Animação Bíblica da Pastoral são recentes.

13 A partir do Vat. II a Pastoral Bíblica foi entendida como aquele serviço da Igreja realizado no estilo das outras pastorais... Era uma pastoral entre muitas outras. A Pastoral Bíblica deu um passo, relação ao Movimento Bíblico: a realização de cursos, palestras, retiros, grupos e círculos bíblicos...

14 Embora sendo um passo importante, esse não era ainda o espírito da Dei Verbum, que pedia: toda a pregação da Igreja, bem como toda a religião cristã, se deve alimentar e reger pela Sagrada Escritura (DV 21).

15 A caminhada bíblica teve duas vertentes a) Erudita: representada pela Liga de Estudos Bíblico e pelo Movimento Bíblico, com inspiração europeia (técnica, histórico-crítica, científica...). Iniciativas da LEB: Traduções da Bíblia; Revista de Cultura Bíblica, publicada ultimamente pelas Edições Loyola; realização de Semanas Bíblicas Nacionais.

16 A Primeira Semana Bíblica Nacional aconteceu no Mosteiro São Bento, em SP, de 03 a 08 de fevereiro de 1947, encerrando com as seguintes resoluções: Instituição do Domingo da Bíblia; Incentivar a publicação da literatura bíblica nacional; Tradução da Bíblia para o português; Oficialização da fundação da LEB.

17 b) Popular: redescoberta da Bíblia pelo povo, leitura ligada à realidade. Originou os círculos bíblicos e a leitura popular da Bíblia. O método Ver, Julgar e Agir da Ação Católica foi um dos fatores que ajudaram.

18 A experiência das CEBs, articulando a leitura orante da Bíblia com a vida e a realidade pessoal e comunitária. Trouxe a Bíblia para o chão da vida, interpelando à conversão pessoal e a um agir transformador da realidade.

19 Vaticano II: marco fundamental para germinar uma Pastoral Bíblica e/ou Animação Bíblica da Igreja no Brasil. A Constituição Dogmática Dei Verbum vislumbrou um novo horizonte bíblico. O povo foi estimulado a adquirir e a ler a Bíblia.

20 Alguns avanços impulsionados pela Dei Verbum: a) Aceitação do método histórico-crítico e o estudo dos gêneros literários (DV 12). Ex: Gl 5,3. b) Valorização da Palavra de Deus na Celebração Eucarística (as duas mesas);

21 c) A primazia dos Livros Sagrados: A Sagrada Escritura é a alma de tudo (DV 24); d) Redescoberta da Leitura Orante (DV 25); e) Redescoberta da Sagrada Escritura pelo povo.

22 1971: Entra em vigor o Mês da Bíblia, na Arquidiocese de Belo Horizonte. A equipe definiu, assim, os objetivos do Mês da Bíblia, a saber: - Infundir no povo a convicção que a Bíblia, Palavra de Deus, é por excelência o livro que deve ser inserido na vida de cada um; - Fazer com que as famílias sintam a necessidade de ter em casa a Bíblia e transformá-la em livro de cabeceira; - Por ocasião do Mês da Bíblia constituir na Arquidiocese de Belo Horizonte um Centro Bíblico.

lançou o folheto dos círculos bíblicos: Bíblia Gente destinado a

23 Em 1975 a proposta do Mês da Bíblia se estendeu para todo o Regional Leste II e em 1976 o Centro Bíblico de Belo Horizonte lançou o folheto dos círculos bíblicos: Bíblia Gente destinado a todo o Brasil. Frei Carlos Mesters foi um dos principais colaboradores.

24 1991: a 29ª Assembleia Geral da CNBB muda a nomenclatura Dimensão Catequética para Dimensão Bíblico-Catequética. Alguns materiais produzidos pela Dimensão Bíblicocatequética: a) Coleção Verde de Estudos da CNBB:

25 b) Como nossa Igreja lê a Bíblia. Versão Popular do Documento da Pontifícia Comissão Bíblica da Santa Sé. Paulinas, 1993;

26 c) Ler a Bíblia com a Igreja. Versão Popular da Dei Verbum, Paulinas e CNBB. Algumas instituições que contribuíram na caminhada bíblica: a) CEBI: desde 1970, com ênfase na questão ecumênica, na leitura popular da Bíblia e na leitura orante da Bíblia;

27 b) Centro Bíblico Verbo: desde c) CRB: Coleção Tua Palavra é Vida.

Valorização da Leitura orante da Bíblia: A Palavra de Deus não é

28 Revistas especializadas: Estudos Bíblicos e RIBLA (Revista de Interpretação Bíblica Latino-americana. Valorização da Leitura orante da Bíblia: A Palavra de Deus não é mero material de estudo. Tanto a V Conferência como a Verbum Domini acentuam sua importância.

29 O uso da Bíblia na Catequese e na Liturgia. A Bíblia é o livro de catequese por excelência. Destaque à Bíblia no espaço celebrativo e na reflexão (formação de leitores, ministros da Palavra e catequistas, roteiros homiléticos...).

30 A Bíblia nas Conferências: a) Rio de Janeiro (1955): Bíblia na formação; b) Medellín (1968): Bíblia como força renovadora, o livro das comunidades, com enfoque na questão da libertação; c) Puebla (1979): Bíblia na ótica dos pobres; d) Santo Domingo (1992): Bíblia como sementes do Verbo espalhadas nas culturas; e) Aparecida (2007): Bíblia no processo formativo do discípulo missionário.

31 Na Conferência de Aparecida, a Pastoral Bíblica passou a ser entendida como Animação Bíblica da Pastoral - ABP (DAp 248). A Bíblia não como uma Pastoral, mas como dimensão que sustenta as demais pastorais. Destaca também, que a Leitura Orante favorece o encontro com Jesus Cristo vivo (DAp 249).

32 Sínodo dos Bispos outubro de 2008 Tema: A Palavra de Deus na vida e na Missão da Igreja. Destacou que a Pastoral Bíblica deve ser compreendida como Animação Bíblica da Pastoral.

33 A Exortação Apostólica Pós-sinodal, VERBUM DOMINI, compreende a Animação Bíblica da Pastoral como um esforço em acentuar a Bíblia na vida e missão da Igreja (73).

(2011-2015) a Missão, Iniciação à Vida Cristã, Animação Bíblica da Pastoral,

34 As Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (DGAE), construídas na 49ª Assembleia Geral dos Bispos do Brasil (2011), assumem para o quadriênio ( ) a Missão, Iniciação à Vida Cristã, Animação Bíblica da Pastoral, Comunidade de comunidades, Igreja a serviço da vida plena para todos como prioridades - urgências (28 e 29).

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