O GRANDE RACIONALISMO: RENÉ DESCARTES ( )
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- Marcelo Álvaro Canela
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1 O GRANDE RACIONALISMO: RENÉ DESCARTES ( )
2 JUSTIFICATIVA DE DESCARTES: MEDITAÇÕES. Há já algum tempo que eu me apercebi de que, desde meus primeiros anos, recebera muitas falsas opiniões como verdadeiras, e de que aquilo que depois eu fundei em princípios tão mal assegurados não podia ser senão mui duvidoso e incerto; de modo que me era necessário tentar seriamente, uma vez em minha vida, desfazer-me de todas as opiniões a que até então dava crédito, e começar tudo novamente desde os fundamentos, se quisesse estabelecer algo de firme e de constante nas ciências (DESCARTES, Meditações, p.17).
3 A DÚVIDA CARTESIANA Dúvida: metódica e radical (hiperbólica). Objetivos da dúvida cartesiana: 1 encontrar uma verdade inabalável, comprovando assim que é possível ao homem chegar ao conhecimento verdadeiro; 2 estabelecer uma primeira verdade que sirva de alicerce para a construção de um método investigativo que evite a construção de ideias falsas.
4 OS GRAUS DA DÚVIDA A dúvida sobre as ideias que nascem dos sentidos. Experimentei algumas vezes que esses sentidos eram enganosos, e é de prudência nunca se fiar inteiramente em quem já nos enganou uma vez (DESCARTES. Meditações, p.17-18). Argumento do erro dos sentidos. Ele prefere não dar créditos para nenhum tipo de sentido, pois pode ser que venham a lhe enganar: não seria possível fundar um método científico seguro baseando-se nas percepções sensoriais.
5 O ARGUMENTO DO SONHO Não posso duvidar que esteja aqui sentado junto ao fogo, vestido com um chambre, tendo este papel entre as mãos e outras coisas desta natureza (DESCARTES. Meditações, p. 18). 2º grau da dúvida: os sonhos muitas vezes parecem ser tão reias quanto à vigília. Talvez a própria realidade seja uma ilusão, um grande sonho.. O ARGUMENTO DO DEUS ENGANADOR Ora, quem me poderá assegurar que esse Deus não tenha feito com que não haja nenhuma terra, nenhum céu, nenhum corpo extenso, nenhuma figura, nenhuma grandeza, nenhum lugar e que, não obstante, eu tenha os sentimentos de todas essas coisas [...]? [...] pode ocorrer que Deus tenha desejado que eu me engane todas as vezes que faço a adição de dois mais três [...] (DESCARTES. Meditações, p.19).
6 O ARGUMENTO DO GÊNIO MALIGNO Objeção dos teólogos: Deus é um ser perfeito e supremamente bom e lhe repugnaria enganar alguém. No entanto, quem me impede de pensar que exista um gênio maligno, astuto e enganador, que, brincando comigo, me faz considerar evidentes coisas que não o são? (DESCARTES. Meditações, p.20). A dúvida agora torna-se hiperbólica: o mundo é colocado em dúvida.
7 A VERDADE Após duvidar de tudo, Descartes se convence que há uma certeza: duvida, pensa e existe. Portanto, a primeira verdade é conquistada, a saber, que pensa e que existe. (Cógito, ergo sum). Penso, logo existo Somente depois tive de constatar que, embora eu quisesse pensar que tudo era falso, era preciso necessariamente que eu, que assim pensava, fosse alguma coisa. (DESCARTES, Meditações, p.100). Nem o gênio maligno poderia demolir essa certeza: ainda que exista um gênio maligno que me engana, eu, em todo caso, devo existir para ser enganado (DESCARTES, Meditações, p.100.
8 DUALISMO CARTESIANO No mundo há apenas duas substâncias, essencialmente distintas e separadas: A substância pensante (res cogitans). Propriedade essencial é o entendimento; correspondente à esfera do eu ou da consciência. A substância extensa (res extensa), Cuja propriedade essencial é a extensão no espaço com formas e movimento; trata-se do mundo corpóreo, material. res cogitans + res extensa = A substância infinita (res infinita), relativa a Deus, que teria criado todas as coisas.
9 MÉTODO CARTESIANO Regra da evidência - Não admitir coisa alguma como verdadeira, a não ser que sua veracidade seja comprovada pela evidência com clareza e distinção. Ideias Inatas. Regra da análise - Dividir ou decompor cada problema em quantas partes for possível, para assim melhor encontrar a solução. Regra da síntese - Reordenar os pensamentos, começando dos mais simples e fáceis de conhecer e, gradualmente, chegar aos mais complexos. Regra da enumeração - Fazer recontagens e revisões tão completas e gerais a ponto de se ficar seguro de não ter omitido nada.
10 Ao analisar o cogito ergo sum penso, logo existo, de René Descartes, conclui-se que a) o pensamento é algo mais certo que a própria matéria corporal. b) a subjetividade científica só pode ser pensada a partir da aceitação de uma relação empírica fundada em valores concretos. c) o eu cartesiano é uma ideia emblemática e representativa da ética que insurgia já no século XVI. d) Descartes consegue infirmar todos os sistemas científicos e filosóficos ao lançar a dúvida sistemáticoindutiva respaldada pelas ideias iluministas e métodos incipientes da revolução científica.
11 a) o pensamento é algo mais certo que a própria matéria corporal.
12 Considerando-se as primeiras linhas das Meditações sobre a filosofia primeira de René Descartes: Há já algum tempo dei-me conta de que, desde meus primeiros anos, recebera muitas falsas opiniões por verdadeiras e de que aquilo que depois eu fundei sobre princípios tão mal assegurados devia ser apenas muito duvidoso e incerto; de modo que era preciso tentar seriamente, uma vez em minha vida, desfazer-me de todas as opiniões que recebera até então em minha crença e começar tudo novamente desde os fundamentos, se eu quisesse estabelecer alguma coisa de firme e de constante nas ciências. (...) Agora, pois, que meu espírito está livre de todas as preocupações e que obtive um repouso seguro numa solidão tranquila, aplicar-me-ei seriamente e com liberdade a destruir em geral todas as minhas antigas opiniões. É correto afirmar sobre a teoria do conhecimento cartesiana que a) Descartes não utiliza um método ou uma estratégia para estabelecer algo de firme e certo no conhecimento, já que suas opiniões antigas eram incertas. b) Descartes considera que não é possível encontrar algo de firme e certo nas ciências, pois até então esse objetivo não foi atingido. c) Descartes, ao rejeitar o que a tradição filosófica considerou como conhecimento, busca fundamentar nos sentidos uma base segura para as ciências. d) ao investigar uma base firme e indestrutível para o conhecimento, Descartes inicia rejeitando suas antigas opiniões e utiliza o método da dúvida até encontrar algo de firme e certo. e) Descartes necessitou de solidão para investigar as suas antigas opiniões e encontrar entre elas aquela que seria o verdadeiro fundamento do conhecimento.
13 d) ao investigar uma base firme e indestrutível para o conhecimento, Descartes inicia rejeitando suas antigas opiniões e utiliza o método da dúvida até encontrar algo de firme e certo
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15 Aspectos do pensamento de Espinosa Homem Corpo Alma (Mente) O corpo sempre sofre afecções ou modificações nas misturas com outros corpos. E a mente produz ideias dessas afecções
16 Mas, é importante ressaltar que o corpo e a mente são autônomos, ou seja, não há superioridade de um com relação ao outro. Apenas há superioridade de uma mente com relação a outra mente e de um corpo com relação a outro corpo. O corpo sempre sofre afecções ou modificações nas misturas com outros corpos e a mente produz ideias dessas afecções. As partes do nosso corpo sempre têm relações de movimento alteradas nas misturas que elas estabelecem com as partes dos outros corpos. Isto quer dizer que as ideias que a nossa mente produz são sempre ideias dessas afecções do corpo, isto é, são sempre ideias inéditas e singulares, já que os encontros de corpos sempre se dão de modo singular e inédito. Como podemos constatar, um indivíduo pode ser afetado de muitas maneiras e, mesmo assim, conservar a sua forma. Portanto, o nosso corpo sofre, necessariamente, diversas modificações e a nossa mente é, simultaneamente capaz de perceber cada modificação: [ ] tudo o que acontece no corpo humano deve ser percebido pela mente (Ética, 2, Prop. 14, demons.). Quanto mais modificações um corpo sofre, mais ideias são produzidas pela mente. Nesse sentido, e somente nesse sentido, podemos dizer que a mente humana é mais perfeita do que a mente de um outro ser vivo cujo corpo é composto por um número muito menor de indivíduos, por exemplo.
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