CURSO DE DIREITO. Projeto de Extensão AJUP/UNI7. Professor João Alfredo Telles Melo

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1 CENTRO UNIVERSITÁRIO 7 DE SETEMBRO CURSO DE DIREITO Projeto de Extensão Assessoria Jurídica Universitária Popular em Direitos Humanos AJUP/UNI7 Professor João Alfredo Telles Melo 12 de dezembro de 2016

2 Artigo VII Por decreto irrevogável fica estabelecido o reinado permanente da justiça e da claridade, e a alegria será uma bandeira generosa para sempre desfraldada na alma do povo JUSTIFICATIVA A grande tragédia no que concerne aos Direitos Humanos na contemporaneidade é a contradição entre o que Boaventura de Sousa Santos designa de hegemonia dos direitos humanos como linguagem e uma realidade perturbadora, qual seja, o fato de que a grande maioria da população não é sujeito de direitos humanos. É objeto do discurso dos direitos humanos 2. No Brasil, essa contradição ainda é mais gritante. Temos uma Carta Política, alcunhada por Ulisses Guimarães de Constituição Cidadã que reconhece integralmente a vigência dos direitos humanos, seja em seus aspectos individuais, sociais e difusos, sejam estes geracionais, econômicos e culturais. Do ponto de vista do Direito Internacional dos Direitos Humanos, nosso país ratificou a maioria dos principais instrumentos globais e regionais de proteção dos direitos humanos, conforme constata a publicação do Centro de Estatística Religiosa e Investigações Sociais 3. No entanto, somos um dos países mais desiguais do mundo e as violações de direitos humanos já fazem parte do cotidiano de nossa população, em especial, dos mais pobres. Observe-se o caso de nossa cidade. Ostentamos o triste campeonato de mortes de jovens e adolescentes no Brasil 4 e o sexto maior déficit habitacional do país 5. Trata-se, portanto, de fazer valer os direitos humanos, de tornar efetivos os ditames constitucionais, de garantir que não sejam apenas um pedaço de papel, mas, realidade na vida de nosso povo. Nesse sentido, a assessoria jurídica universitária popular em direitos humanos cumpre um papel fundamental, uma vez que se trata de uma prática jurídica, que envolve advogados, advogadas, estudantes e militantes de direitos humanos voltada para a realização de ações para o acesso à justiça, num trabalho que mescla assistência 1 Os Estatutos do Homem. Thiago de Mello. 2 Se Deus fosse ativista dos direitos humanos / Boaventura de Sousa Santos. São Paulo: Cortez. P Direitos Humanos no Brasil: Diagnóstico e Perspectivas: olhar dos parceiros de Mizzeeor. 4 Cf. 5 Cf.

3 jurídica e atividades de educação popular em direitos humanos, organização comunitária e participação popular, com grupos e movimentos populares 6. Essa dupla instrução que tem dois aspectos: tanto na formação dos alunos como do público alvo do projeto (cidadãos, cidadãs, comunidades atendidas), tanto no aspecto teórico como prático pode vir a ser viabilizada a partir do próximo ano com o funcionamento do Escritório de Direitos Humanos e Assessoria Jurídica Popular Dom Aloisio Lorscheider (EDHAL), da Câmara Municipal de Fortaleza, por meio de convênio entre as duas instituições, a Câmara e o Centro Universitário 7 de Setembro. 1. OBJETIVOS 1.1. Objetivo Geral O Projeto de Extensão Assessoria Jurídica Universitária Popular em Direitos Humanos (AJUP/UNI7) tem como objetivo geral propiciar aos e às estudantes de Direito da Faculdade 7 de Setembro, uma formação téorico-prática em Direitos Humanos, a partir dos princípios e da metodologia da assessoria jurídica popular Objetivos específicos a) Estudar, a partir de casos concretos de violações de direitos humanos em nossa cidade o conteúdo dessas agressões a partir dos direitos fundamentais desrespeitados e os meios administrativos e processuais para as devidas responsabilizações dos violadores e reparação das vítimas; b) Atender, em parceria com o Escritório de Direitos Humanos e Assessoria Jurídica Popular Dom Aloisio Lorscheider (EDHAL) e, quando pertinente e cabível, com a Defensoria Pública do Estado, os casos de violação descritos acima; c) Realizar cursos, seminários e oficinas junto a comunidades, associações, ongs, pastorais que militam na área dos direitos humanos, em suas diversas dimensões, tanto individuais, como socioeconômicas e culturais, como geracionais e ambientais; d) Incentivar a publicação de artigos acadêmicos e militantes acerca da atuação da AJUP/UNI7 e do EDHAL na defesa dos direitos humanos; e) Realizar seminários e debates na Fa7 que possam visibilizar a atuação da AJUP/UNI7 e do EDHAL, contribuindo na formação geral dos estudantes do curso em Direitos Humanos. 6 Veja em

4 f) Ampliar, após sua consolidação entre estudantes de Direito, para outras áreas do conhecimento, como psicologia e serviço social, por exemplo, para garantir uma atuação interdisciplinar no âmbito do EDHAL. 2. METODOLOGIA 2.1. Aulas-debate, cursos, oficinas e seminários. As aulas-debate deverão, sob a orientação do professor coordenador, vão se desenrolar sempre com a dupla preocupação da abordagem teórica e prática da luta pela efetivação dos direitos humanos. Assim, além de textos para a leitura e análise coletiva, serão convidados tanto representantes de órgãos públicos que atuam nessa área, especialmente, mas não só, a Defensoria Pública, como militantes de Direitos Humanos de associações, ongs, pastorais e outros projetos afins de assessoria jurídica popular. Além das aulas-debate, cursos, oficinas e seminários serão realizados a partir da compreensão da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão Estágio no EDHAL A presença dos e das estudantes da AJUP/UNI7, como estagiários e estagiárias do EDHAL, é fundamental para o conhecimento e a prática na assessoria jurídica popular em Direitos Humanos. Assim, além da orientação do professor coordenador do projeto de extensão, a vivência junto ao advogado do escritório que funciona na Câmara permitirá vivenciar a prática da assessoria jurídica popular Pesquisa Bibliográfica Será disponibilizada aos alunos e às alunas uma bibliografia básica, composta de livros, artigos e revistas especializadas, que fundamentarão as discussões em sala de aula e a produção de textos científicos, que virão a ser adotados como meio de avaliação da turma, bem ainda como fundamentação para artigos acadêmicos e militantes Pesquisa jurisprudencial A pesquisa jurisprudencial é de grande importante, pois, permite analisar, tanto como analogia, como na aplicação nos fatos concretos, o estado em que se encontra a garantia e a efetivação (ou não) dos direitos humanos em Fortaleza.

5 3. PÚBLICO ALVO E PRÉ-REQUISITO O Público alvo da AJUP/UNI7 são os cidadãos e cidadãs, associações, comunidades, ongs que demandarem a assistência do EDHAL. O Projeto de Extensão deverá ser formado pelos alunos de graduação em Direito, exigindo-se como prérequisito ter cursado os dois primeiros semestre do curso. 4. DIA E HORÁRIO DAS AULAS-DEBATE As aulas-debate ocorrerão nos dias de segunda-feira, no horário EF, das 17 às 18h40, seguindo o mesmo calendário acadêmico do Curso de Direito da UNI7. Os horários dos alunos e alunas que estagiarão no EDHAL serão definidos entre estes, o professor coordenador do projeto de extensão e o advogado do escritório. 5. NÚMERO DE VAGAS E SELEÇÃO Serão disponibilizadas 15 (quinze) vagas por edição a cada semestre. Se houver mais concorrentes do que vagas, far-se-á seleção nos termos do edital a ser publicado. BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA 5.1. Bibliografia básica HERNKENHOFF, João Batista. Curso de Direitos Humanos. São Paulo: Editora Acadêmica, MARLMESTEIN, George. Curso de Direitos Fundamentais. São Paulo: Editora Atlas, MATIAS, João Nogueira (coord.). Neoconstitucionalismo e Direitos Fundamentais. São Paulo: Editora Atlas, Bibliografia complementar MELO, João Alfredo Telles Melo. Direito Ambiental, Luta Social e Ecossocialismo. Fortaleza: Edições Demóciro Rocha, 2010.

6 MOREIRA, Eliane Cristina Pinto. Justiça Socioambiental e Direitos Humanos: uma análise a partir dos direitos territoriais de povos e comunidades tradicionais.rio de Janeiro: Lumen Juris, MOSER, Cláudio e RECH, Daniel. Direitos Humanos no Brasil; Diagnóstico e Perspectivas: olhar dos parceiros da Misereor. Rio de Janeiro: CERIS/Mauad, ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL/Comissão Nacional dos Direitos Humanos. Direitos Humanos: conquistas e desafios. Brasília: OAB, Conselho Federal, PINSKI, Jaime e PINSKY, Carla Bassanezi (orgs.). História da Cidadania. 2ª. ed. São Paulo: Contexto, SANTOS, Boaventura de Sousa. Se Deus fosse um ativista dos direitos humanos. São Paulo: Cortez, 2003.