APELO DESPROVIDO. Nº COMARCA DE CACHOEIRA DO SUL ANTONIO PEIXOTO DA CRUZ BARCHET E CIA LTDA ACÓRDÃO

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1 APELAÇÃO CÍVEL. EMBARGOS À EXECUÇÃO. NOVAÇÃO. FACTORING. CONFISSÃO DE DÍVIDA. NOTAS PROMISSÓRIAS. Hipótese em que o risco assumido pela empresa de factoring, ainda que inerente aos contratos desta espécie, não englobam os defeitos existentes nos cheques que impediram fossem transacionados, não retirando da empresa de fomento mercantil o direito de rever as quantias através do ajuste de contrato de confissão de dívida e das notas promissórias, firmadas pelo devedor. Peculiaridades do caso concreto, onde muito embora o contrato de confissão de dívida tenha sido assinado por pessoa física, restou demonstrado que a relação negocial se deu entre a factoring e o estabelecimento comercial. SENTENÇA MANTIDA. APELO DESPROVIDO. APELAÇÃO CÍVEL SEXTA CÂMARA CÍVEL COMARCA DE CACHOEIRA DO SUL ANTONIO PEIXOTO DA CRUZ BARCHET E CIA LTDA APELANTE APELADO ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos. Acordam os Desembargadores integrantes da Sexta Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado, à unanimidade, em negar provimento. Custas na forma da lei. Participaram do julgamento, além do signatário, os eminentes Senhores DES. ALZIR FELIPPE SCHMITZ (PRESIDENTE E REVISOR) E DES. ANTÔNIO CORRÊA PALMEIRO DA FONTOURA. Porto Alegre, 10 de novembro de

2 DES. ARTUR ARNILDO LUDWIG, Relator. RELATÓRIO DES. ARTUR ARNILDO LUDWIG (RELATOR) ANTÔNIO PEIXOTO DA CRUZ apela, tempestivamente, da sentença que julgou improcedentes os embargos opostos à execução que lhe move BARCHET E CIA. LTDA. A sentença condenou o embargante ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios que foram fixados em 20% sobre o valor corrigido do débito (fls. 123/125). Em suas razões (fls. 127/131), alega que a exeqüente é empresa de fomento mercantil e como tal, somente pode negociar com pessoas jurídicas e sendo o embargante pessoa física, a relação está revestida de vício. Quanto à relação negocial havida com a embargada, sustenta que toda e qualquer operação deve ser representada por uma nota fiscal, as quais não existem no presente caso, por tratar-se de agiotagem. Aduz que a confissão de dívida foi realizada com base em títulos imprestáveis e dessa forma, reconhecidos pela apelada, de modo que sendo estes nulos, não geram qualquer efeito. Busca o afastamento da novação requerida pela apelada. Discorrendo sobre as operações realizadas pela recorrida, requer a caracterização do cerceamento de defesa, vez que há requerimento expresso para que sejam juntadas a documentação contábil e declarações de imposto de renda da exeqüente. Postula o provimento do apelo para que seja extinta a execução. Contra-razões às fls. 135/141. Subiram os autos a esta Superior Instância. 2

3 Vieram-me conclusos. É o relatório. VOTOS DES. ARTUR ARNILDO LUDWIG (RELATOR) Eminentes Colegas. Objetiva a presente demanda, a execução de notas promissórias representativas do contrato de confissão de dívida que teve origem em operação de fomento mercantil firmado entre as partes. Opostos embargos à referida ação executiva, foram julgados improcedentes. Recorre o executado a este Tribunal pleiteando a reforma do decisum, para que sejam acolhidos os embargos, extinguindo-se a ação principal. Depreende-se facilmente dos autos que o embargante contratou os serviços da embargada com o intuito de receber o crédito oriundo dos títulos que a ela repassou, através de operação de fomento mercantil. Ocorre que os cheques não puderam ser transacionados pela recorrida, de modo que as partes firmaram o contrato de confissão de dívida de fl. 17 dos autos da execução, comprometendo-se o apelante pelo adimplemento dos valores que, frise-se, não foram recebidos pela exeqüente. Presente o direito da embargada de rever a quantia recebida pelo recorrente. A questão foi bem apreciada na sentença pela magistrada singular que referiu: (...) o embargante é comerciante e o instrumento particular de confissão de dívida da fl. 17 do feito executivo foi proveniente da devolução de títulos transacionados pelo credor em virtude de defeitos apresentados pelos mesmos, que se tornaram imprestáveis para operações de fomento comercial. Ora, diante de tais peculiaridades, mesmo que o devedor, como pessoa física, tenha assinado os documentos em execução, é evidente que estamos diante de uma operação de 3

4 factoring, visando ao fomento comercial da atividade exercida pelo embargante que é comerciante. Embora seja uma das características da faturização o risco relativo ao recebimento ou não da quantia cedida, tal não abrange a hipótese em que o crédito cedido esteja eivado de algum vício que o invalide. Conforme se extrai do contrato de fl. 17, o embargante responsabilizou-se pelo pagamento dos títulos viciados que foram entregues a apelada. Não pode agora querer esquivar-se do pagamento sob o argumento de que não houve novação da dívida ou que se trata de prática de agiotagem. A ação é executiva e como tal, cabia ao embargante constituir prova no sentido de que a exeqüente praticou qualquer ato fora da legalidade quando estabeleceu os termos da confissão de dívida com a qual concordou o apelante. Note-se que o apelante é acostumado a realizar operações desta natureza, de modo que resta claro que a sua insurgência se deu apenas quando não mais pode pagar por aquilo que contratou. A novação houve, porquanto ao recorrente foram devolvidos os cheques e este se comprometeu a pagar a quantia representada pelos títulos, conforme demonstra o documento de fl. 17 do processo executivo. Assim, não há como acolher o apelo interposto. Pelo exposto, nego provimento ao apelo. É o voto. DES. ALZIR FELIPPE SCHMITZ (PRESIDENTE E REVISOR) - De acordo. DES. ANTÔNIO CORRÊA PALMEIRO DA FONTOURA - De acordo. 4

5 DES. ALZIR FELIPPE SCHMITZ - Presidente - Apelação Cível nº , Comarca de Cachoeira do Sul: "NEGARAM PROVIMENTO. UNÂNIME." Julgador(a) de 1º Grau: LILIAN ASTRID RITTER JMS 5