PRODUÇÃO, CONSUMO E ALTERNATIVAS ÀS SUBSTÂNCIAS DESTRUIDORAS DA CAMADA DE OZÔNIO - SDO
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- Carlos Marroquim Antas
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1 PRODUÇÃO, CONSUMO E ALTERNATIVAS ÀS SUBSTÂNCIAS DESTRUIDORAS DA CAMADA DE OZÔNIO - SDO ARMANDO HIROHUMI TANIMOTO Engenheiro Químico, Especialista em Engenharia de Segurança do Trabalho e em Gerenciamento e Tecnologias Ambientais na Indústria; Professor do Depto. de Administração e Tecnologia de Processos Industriais e Químicos do Centro Federal de Educação Tecnológica da Bahia - CEFET/BA. Rua Emídio dos Santos s/n - Barbalho Salvador - BA Telefax: (71) armando@cefetba.br PAULO SOUZA SOARES Engenheiro Químico, Especialista em Engenharia Química e em Gerenciamento e Tecnologias Ambientais na Indústria; Professor do Depto. de Administração e Tecnologia de Processos Industriais e Químicos do Centro Federal de Educação Tecnológica da Bahia - CEFET/BA. depart5@cefetba.br ASHER KIPERSTOK PhD em Tecnologias Ambientais pela UMIST - Instituto de Ciências e Tecnologias da Universidade de Manchester, RU. Programa de Tecnologias Limpas - TECLIM/Depto. de Hidráulica e Saneamento da Escola Politécnica da Universidade Federal da Bahia. asher@ufba.br 1
2 RESUMO O controle das SDO tem sido alvo crescente de governos e entidades ambientalistas no intuito de levar aos diversos segmentos consumidores a preocupação com a preservação da camada de ozônio, que tem sido ao longo dos últimos 20 anos destruída pela ação principalmente dos clorofluorcarbonos (ADRIANE A. 1999). A maneira mais efetiva que tem sido usado pelos países desenvolvidos é eliminar sua produção, restringindo a oferta ao mercado consumidor, incentivando o desenvolvimento e a substituição por produtos com menor potencial de destruição da camada de ozônio. O Brasil segue essa linha e incentivado por projetos financiados por instituições internacionais (Banco Mundial, UNIDO, Governo Canadense) tem promovido a gradativa mudança nas linhas de produção, principalmente na chamada linha branca (refrigeradores domésticos, ar condicionados de pequeno porte). Este trabalho comenta a produção e consumo das SDO no Brasil, separando-os por segmentos consumidores, assim como as alternativas disponíveis no mercado local. PALAVRAS CHAVES Ozônio; Clorofluorcarbono; CFC; SDO; Protocolo de Montreal 1 INTRODUÇÃO Em 1985 alguns países adotaram a Convenção de Viena para a Proteção da Camada de Ozônio. Dois anos depois com a assinatura do Protocolo de Montreal, uma série de medidas restritivas de consumo e produção começaram a ser adotadas, com prazos diferentes para países desenvolvidos e em desenvolvimento. Este documento 2 oficializou o esforço dos signatários no sentido de eliminar a produção e o consumo dos clorofluorcarbonos CFC, reconhecidamente as principais substâncias destruidoras (MOLINA, 1974 e BAIRD C.,1997) da tênue camada de ozônio que protege o globo terrestre filtrando as radiações Ultra-Violetas tipo A e B (KIRCHHOFF V.,1995). O Brasil tornou-se signatário do Protocolo de Montreal através do Decreto No , promulgado em 07/06/90, e instituiu o Programa Brasileiro de Eliminação da Produção e do Consumo das Substâncias que Destroem a Camada de Ozônio PBCO (BRASIL, 1999), estabelecendo a eliminação gradativa do uso destas substâncias no país. O prazo máximo de produção e consumo de algumas delas, as mais nocivas, encerrarse-á em (TANIMOTO, A. H., et al., 1999). Levantamentos sistemáticos dos segmentos consumidores das SDO vem sendo realizados no Brasil (BRASIL, 1999), para que a gradativa eliminação seja feita de forma a não prejudicar as indústrias e usuários de equipamentos que trabalhem com essas substâncias. Já estão proibidas o uso das SDO constantes dos Anexos A e B do Protocolo de Montreal em novas instalações em ar-condicionado central, instalações de combate a incêndio e como propelentes em aerossóis (1995), aparelhos de ar-condiconado automotivos lançados a partir de 1997, e em uso como solventes (1999). E a partir de , em ar condicionado automotivos em todos os modelos, refrigeradores e congeladores domésticos, todos os demais sistemas de refrigeração, na fabricação de espumas rígidas e semirígidas e como esterilizantes.
3 Apesar do Brasil ter assinado protocolo na íntegra, o inciso 2 o, do artigo 4 o, da Resolução CONAMA No 13/95, excluem as substâncias dos Anexos C e E, ou seja, os hidroclorofluorcarbonos HCFC e o Brometo de Metila. Tais substâncias tendem a ser legisladas após estudos de viabilidade técnico / econômica para sua substituição. 2. A Produção no Brasil O Brasil produz atualmente as seguintes Substâncias Destruidoras da Camada de Ozônio (BRASIL, 1999) : Anexo A Grupo I: CFC-11, CFC-12 Anexo B Grupo II: Tetracloreto de Carbono (TCC) Anexo C Grupo I: HCFC-22. Até o início da década de 90, as Empresas Hoechst e Du Pont produziam as substâncias controladas dos Anexos A e C listadas acima, enquanto a Dow Química e a Carbocloro eram as responsáveis pela produção do TCC. Em 1994, a Hoechst encerrou suas atividades nesse setor no País mantendo-se a Du Pont como única produtora no mercado com capacidade para produzir toneladas / ano de CFC-11, CFC-12 e HCFC-22. No entanto, através de acerto com o Governo, a Du Pont pretende cessar a sua produção de SDO no Brasil ainda neste ano (BRASIL, 1999). Com relação ao tetracloreto de carbono, a Dow Química é hoje a única produtora nacional. Apesar da previsão de uma redução na demanda por este produto no Brasil de cerca de 93%, (desde o início de 1999 está proibido o seu uso como solvente e não mais será consumido como matéria prima na produção de CFC-11 e CFC-12 a partir de 2001), a Dow Química continuará produzindo o TCC pois a demanda para exportação continuará existindo (QUÍMICA E DERIVADOS, 1999). A produção de cada SDO no Brasil no período de 1993 a 1996 em toneladas de PDO (toneladas x potencial de destruição do ozônio) está mostrada na tabela 1 : Tabela 1 Produção de SDO no Brasil (em ton de PDO) no período : ANO SUBSTÂNCIA CFC-11 / CFC TCC HCFC TOTAL Fonte: SARMA M., O Consumo no Brasil Atualmente, as seguintes SDO são consumidas no Brasil (BRASIL, 1999): Anexo A Grupo I: CFC-11, CFC-12, CFC-113, CFC-114 e CFC-115; Anexo A Grupo II: Halon-1211 e Halon-1301; Anexo B grupo II: Tetracloreto de Carbono (TCC); 3 Anexo B Grupo III: 1,1,1 Tricloroetano ou Metil Clorofórmio (MCF); Anexo C grupo I: HCFC-22; Anexo E grupo I: Brometo de Metila (BrMe). Com exceção do CFC-11, CFC-12, HCFC-22 e TCC, as demais SDO são importadas. No ano de 1997 notou-se um decréscimo de 10% no consumo total principais SDO em relação ao ano
4 anterior. A redução será mais significativas quando os dados referentes a proibição do uso dos CFC-12 nos aparelhos de ar-condicionado automotivos lançados a partir de 1998 forem computados. Pode ser observado também que o consumo de CFC-11 e HCFC-22 duplicou no período considerado, acompanhando o crescimento da produção de refrigeradores domésticos, o que não ocorreu com o CFC-12, indicando que parte dos consumidores nas aplicações comerciais vem substituindo o CFC-12 pelo HCFC-22 e por outros refrigerantes alternativos. A evolução do consumo de SDO no Brasil, em toneladas de PDO, no período de 1990 a 1997 está mostrada na Tabela 2 Tabela 3.1 Consumo de SDO no Brasil (em ton de PDO) no período : SUBSTÂNCIA CFC CFC CFC CFC CFC ZERO H ZERO ZERO 2 ZERO H TCC MCF TOTAL (Anexos A e B) HCFC BrMe Fonte: BRASIL, 1999 Os principais segmentos consumidores em 1997 continuavam sendo os setores de Serviço (39%) cujo controle torna-se inexeqüível devido ao grande número de pequenas oficinas de reparos, principalmente de geladeiras, ar condicionado de parede e de carros anteriores a 1996; Refrigeração Doméstica (25%) e o de Espumas (22%). A tabela 3 apresenta o consumo de SDO dos Anexos A e B do Protocolo de Montreal por segmento consumidor. Tabela 3.2 Consumo de SDO dos Anexos A e B no Brasil por segmento consumidor (em ton de PDO) no período : ANO REFRI GERA. REFRI. IND. / A / C REPO- ESPUMA EXTINT. INCÊN- SOLV. / ESTERI AEROS TOTAL DOMÉS TICA COM. AUTOM. SIÇÃO DIO LIZA ÇÃO. SOL
5 ZERO Fonte: BRASIL, ZERO Considerando que a produção de CFC-11, CFC-12 e HCFC-22 pela Du Pont cessará ainda neste ano, o Brasil entrará no ano 2001 produzindo somente Tetracloreto de Carbono como substância controlada, para atender, basicamente, à demanda de exportação para a América Latina e Ásia onde seu emprego como solvente ainda encontra-se liberado. Consequentemente, as únicas alternativas de suprimento no Brasil para as substâncias controladas serão: Estoque, por algum tempo, no próprio produtor; Reciclagem; Importação; Os países desenvolvidos mantêm suas produções em níveis bastantes reduzidos para atender às necessidades dos países do Artigo 5 do Protocolo, ou aos casos excepcionais. 5 Considerando que no Brasil ainda não existe reciclagem de CFC, a importação será, a curto prazo, a única fonte de suprimento desses compostos. Para os agentes extintores Halons, entrou em operação no estado de São Paulo em 1999, uma unidade de reciclagem, criando assim um banco de agentes extintores reciclados, será portanto permitido sua comercialização pelo IBAMA. Contudo, os países desenvolvidos vêm reduzindo drasticamente a produção objetivando, inclusive, atender o que determina o Protocolo de Montreal. No período de 1993 a 1996, a produção de CFCs do anexo A Grupo I do Protocolo na Europa e Estados Unidos está mostrada na Tabela 4. Tabela 3.3 Produção de CFC do Anexo A Grupo I (em ton de PDO) na Europa e Estados Unidos de 1993 a 1996: ANO PAÍS ALEMANHA ZERO ZERO ESPANHA ESTADOS UNIDOS FEDERAÇÃO RUSSA FRANÇA GRÉCIA HOLANDA ITÁLIA REINO UNIDO TOTAL Fonte: SARMA, M.,1998 Países como a França e a Alemanha que no início dos anos 90 chegaram a produzir, juntos, mais de toneladas / ano de CFC do Anexo A
6 Grupo I, em 1996 já haviam zerado suas produções. Portanto, a redução da disponibilidade no mercado internacional poderá levar a uma escassez crescente desses produtos no mercado brasileiro forçando os consumidores a uma conversão mais rápida para tecnologias livres dessas substâncias. Portanto, as alternativas às SDO que vêm sendo utilizadas no Brasil são importantes para que não haja abalos em determinados ramos da indústria nacional. 4. Alternativas às SDO Uma análise por setor, indica o seguinte estágio de eliminação de SDO no Brasil: 4.1 Setor de Refrigeração Doméstica Abrange a produção de geladeiras e "freezers" que consomem CFC-12 como fluido refrigerante, além da produção de espumas de poliuretano utilizadas como isolante térmico e consumindo CFC-11. A Resolução CONAMA 13 / 95 proíbe a produção de geladeiras e "freezers" domésticos utilizando CFC a partir de e o Protocolo de Montreal define um cronograma de redução e eliminação do consumo até Já existem alternativas tecnológicas para a substituição das SDO no Setor. Para o CFC-12, o substituto mais provável é o HFC-134a, embora o cenário não esteja bem definido pois a utilização desta substância vem sendo atacada por Organizações Não Governamentais - ONG's da área ambiental alegando que trata-se de uma substância com um potencial elevado para provocar o efeito estufa. Para o CFC-11, está disponível a tecnologia que emprega o HCFC-141b e o HCFC-123 como substitutos. Na verdade, trata-se de uma solução a curto e médio prazos pois, de acordo com o Protocolo de Montreal, o consumo de HCFC estará proibido a partir de nos Países desenvolvidos e a partir de 2040 nos Países do Artigo 5, incluindo o Brasil. 4.2 Setor de Refrigeração Comercial, Industrial e Ar Condicionado Central A refrigeração industrial é constituída basicamente por sistemas de geração de água gelada para refrigeração de fluidos de processo. A maioria desses sistemas utilizam amônia como fluido refrigerante (não é uma SDO). O HCFC-22 também é utilizado em menor freqüência. Alguns sistemas especiais utilizam outros refrigerantes incluindo o CFC-12. Como exemplo podemos citar a utilização de hidrocarbonetos (propano, butano) como fluidos refrigerantes na indústria de petróleo. No entanto, a amônia é considerado o refrigerante para o setor, inclusive, a maior parte dos sistemas construídos atualmente estão projetados para operar com amônia. Nos poucos casos em que se utiliza o CFC-12, a alternativa seria o HCFC-22. A refrigeração comercial abrange câmaras frigoríficas, balcões de frios, bebedouros, máquinas para refrigerantes, etc. Esses sistemas utilizam normalmente CFC-12, HCFC-22 ou R-502 (uma mistura de CFC-115 e HCFC-22). A previsão é que o HCFC-22 torne-se o refrigerante utilizado pelo setor como fluido de transição devido ao prazo de eliminação mais prolongado e ao excelente desempenho termodinâmico. Hoje já é o refrigerante mais utilizado pelos supermercados nos seus balcões de frios. Os substitutos de longo prazo dependem da faixa de temperatura de evaporação. Para aplicações de média e alta temperaturas, o HFC-134a constitui-se numa das melhores alternativas. Para aplicações em baixas temperaturas, a substituição do R-502 tem encontrado algumas dificuldades em termos
7 econômicos. Neste caso, têm sido consideradas misturas binárias e ternárias de HFC disponíveis hoje como alternativas de substituição. No entanto, este setor pode apresentar problemas no processo de eliminação das SDO devido aos milhares de pequenos e médios consumidores espalhados por todo o Brasil com dificuldade de acesso a informações sobre, principalmente, os avanços tecnológicos. Já o setor de Ar Condicionado Central utiliza largamente o HCFC-22 como fluido refrigerante, como alternativo aos CFC-11 e 12 proibido pela Resolução CONAMA 13 / 95 em sistemas novos nacionais ou importados. Somente 28% da capacidade instalada utiliza atualmente CFC-11 ou CFC-12 (PBCO, 1999). Unidades centrífugas que antes operavam com CFC-11 hoje são fabricadas para o uso de HCFC-123. Para as unidades que operavam com CFC-12, o fluido alternativo usado nas novas unidades tem sido o HFC-134a. No caso das unidades existentes em operação com CFC-11 e CFC-12, a conversão não tem se mostrado viável economicamente sendo que a solução para estes casos é a adoção de práticas de recolhimento e reciclagem do refrigerante até que a vida média do equipamento se esgote. 4.3 Setor de Ar Condicionado Automotivo De acordo com a Resolução CONAMA 13 / 95, desde está proibido o uso de CFC em ar condicionado de modelos novos de automóveis. A partir de a proibição estende-se a todos os modelos de automóveis. Na prática, o que se observa é que todos os modelos contendo ar condicionado que saem das montadoras utilizam o HFC-134a pois o único fabricante nacional de compressores para esta aplicação só 7 produz modelo projetado para operação com esse refrigerante. O problema será a substituição lenta dos que estão em uso em carros antigos. Com relação a ar condicionado doméstico, todos os fabricantes nacionais utilizam HCFC-22 para carregar as unidades vendidas. 4.4 Setor de Serviços É o maior consumidor de SDO no País. Compreende todas as reposições durante os serviços de manutenção em sistemas de refrigeração e ar condicionado industrial, comercial ou doméstico. De acordo com a Tabela 3, este setor foi responsável por 39% do consumo total de SDO dos Anexos A e B no Brasil em Contribuem para este valor elevado, as emissões por vazamentos devido a instalações precárias, manutenção de baixa qualidade em virtude da falta de mão-de-obra qualificada, inexistência de dispositivos para recolhimento e recuperação do refrigerante e a ausência de conscientização sobre os problemas ambientais. Na medida em que os equipamentos saiam das fábricas com os refrigerantes alternativos, as emissões de SDO do setor de serviço serão reduzidas. Isto não impede que providências sejam tomadas de imediato como uma legislação mais rigorosa exigindo o treinamento e certificação de mecânicos de refrigeração, proibição de emissões voluntárias para a atmosfera e estímulos às práticas de recolhimento e reciclagem nos trabalhos de manutenção. 4.5 Setor de Espumas É o maior consumidor de CFC-11 do País. Compreende a produção de espumas rígidas, flexíveis, moldadas e poliestireno para isolamento térmico, setor moveleiro, indústria automobilística, construção
8 civil, etc. O HCFC-141b é o composto que se apresenta como substituto mais aceitável neste setor devido ao seu ponto de ebulição próximo ao do CFC-11, o que permite seu fácil manuseio, transporte e armazenagem. A longo prazo espera-se o desenvolvimento de tecnologias à base de HFC para o mercado de espumas rígidas. No caso de espumas moldadas, as tecnologias baseadas em água já foram desenvolvidas não estando, ainda, disponíveis técnica e comercialmente no Brasil. As tecnologias baseadas no pentano já estão disponíveis porém, devido a ser um produto altamente inflamável, os investimentos em equipamentos de segurança, ventilação e exaustão inviabilizam, muitas vezes, o projeto de substituição (MMA, 1999). 4.6 Setor de Combate a Incêndios O seu uso é projetado em caso de incêndio em ambientes onde não haja condição de evasão imediata dos seus ocupantes (aviões, navios, submarinos e em alas específicas de hospitais) ou em centros de processamentos de dados, bancos, cujas perdas materiais são irremediáveis. A indústria fabricante de equipamentos não produz extintores carregados com halons desde 1992, sendo que a produção atual usa água, CO 2, espuma ou pó químico como alternativos. Estima-se que existam no Brasil, atualmente, extintores portáteis contendo Halon 1211 além de 300 a 500 sistemas fixos carregados com Halon 1301 (BRASIL, 1999). Encontra-se em operação em São Paulo um banco de reciclagem de Halons visando atender os segmentos usuários em aplicações essenciais. Com relação às alternativas tecnológicas, existem vários agentes extintores alternativos listados no Anexo III com informações atualizadas sobre utilização (MMA, 1999) Setor de Solventes: Corresponde às aplicações das SDO como solventes destinados à limpeza eletrônica, de metais e às formulações, como agentes de processos e estabilizantes. As SDO consumidas nestas aplicações são o CFC-11, CFC-12, CFC- 113, MCF e TCC. Não deve haver problemas na substituição desses compostos devido à diversidade de compostos alternativos dentre os quais citamos: Solventes clorados que não atacam a camada de ozônio como o percloroetileno e o tricloroetileno; Soluções aquosas (utilizam água como solvente primário). Estas soluções são compostas basicamente de três componentes: os agentes construtores (estabilizadores); os aditivos orgânicos e inorgânicos; e os surfactantes e agentes que promovem humectação que são os constituintes chave porque removem ou desmancham a sujeira da superfície e iniciam o processo de emulsão; Soluções semi-aquosas; Solventes orgânicos como cetonas, álcoois, éteres e ésteres; Derivados de petróleo alifáticos e aromáticos como querosene, aguarrás mineral (mistura de hidrocarbonetos constituídos principalmente de 9 a 13 átomos de carbono), gasolina, xilenos e tolueno; Hidroclorofluorcarbonos: usuários de CFC-113 e 1,1,1 tricloroetano passaram a direcionar-se para os HCFC-225ca, HCFC-225cb, HCFC- 141b e HCFC-123 como possíveis substitutos devido à similaridade no método de aplicação em relação ao CFC-113 e ao MCF; 4.8 Setor de Aerossóis:
9 Foi o primeiro setor a receber restrições à utilização de SDO. Atualmente esses compostos só são usados no segmento de medicamentos pois os outros usos estão proibidos desde A seguir, teceremos breves comentários sobre a Legislação e o consumo de SDO no Estado da Bahia, considerando levantamento efetuado nas Empresas do Pólo Petroquímico de Camaçari. 5 CONCLUSÃO Assim como nos países desenvolvidos, onde o Protocolo de Montreal proíbe a produção para consumo interno, o Brasil terá a partir de 2001 restrições semelhantes não pelo cronograma deste Protocolo, mas por iniciativa de antecipação desta data. No entanto, poderá seguir sua produção desde que seja para atender aos países signatários deste acordo até o ano 2010 ou que seja para exceções de usos especiais. No caso do setor de refrigeração doméstica, os modelos top de linha dos principais fabricantes já estão usando o HFC-134 a, a sua utilização nos modelos mais simples é questão de tempo. Já existe inclusive o modelo rural onde o refrigerante usado é a amônia. Não se cogita usar hidrocarbonetos devido à sua característica de inflamabilidade, o que traria sérios riscos aos usuários em caso de vazamentos. Na refrigeração comercial, industrial e ar-condicionados centrais já há tecnologias e equipamentos disponíveis a custos-benefícios compatíveis. O que se espera é que durante a substituição do sistema o inventário seja adequadamente manuseado, uma vez que há o total desconhecimento dos efeitos danoso ao meio ambiente por parte de quem executa a manutenção. Para o setor de serviços, incluindo o de ar condicionado 9 automotivos, urge a necessidade de criar uma conscientização dos usuários e mecânicos quanto aos procedimentos de manutenção e principalmente criar uma estrutura de coleta e reciclagem desses refrigerantes que precisem ser trocados e minimizados seus vazamentos através de juntas, conexões, válvulas etc. O setor de espumas é o que mais carece de desenvolvimento de tecnologias a base de HFC, apesar de que já se encontra no mercado externo tecnologias a base de água, porém ainda não disponível técnica e comercialmente no Brasil. O setor de combate a incêndio possui uma característica própria pois não é de consumo intensivo. No entanto devido a sua importância nos sistemas de segurança em aeronaves, submarinos, hospitais foi o primeiro a ter um projeto de unidade centralizada de reciclagem operado no Brasil, custeado pelo governo canadense e coordenado pela Cetesb. As empresas que desejam reciclar seu inventário ou dar destino ambientalmente correto já podem contar com esse tipo de serviço. Os setores de aerossóis e solventes já estão devidamente legislados e possuem a uma gama de substitutos viáveis técnica e comercialmente. O mais importante é que a legislação seja efetivamente cumprida de forma a eliminar sua produção, reduzir o seu uso ou aumentar o ciclo de vida das SDO que já estão no mercado. 6 RECOMENDAÇÕES Envolvimento das Organizações Estaduais de meio Ambiente no monitoramento do uso da SDO em seus estados, podendo utilizar para isso o cadastro do IBAMA, conforme portaria No 29/95. Otimizaçào na fiscalização, controle do uso e
10 cumprimento do prazo final de utilização das SDO poderiam ser feitos através das licenças de operação das empresas consumidoras. Inclusão, nos cursos pertinentes, de informações relacionadas ao Protocolo de Montreal e impacto ao meio ambiente com o intuito de criar uma conscientização ambiental, além de boas práticas operacionais e de manutenção. Participação das Secretarias Estaduais e Federação das Indústrias e Comércio na divulgação da legislação brasileira referente ao assunto, junto às empresas consumidoras de SDO. Divulgação das linhas de financiamento disponíveis e promoção da implantação de projetos de conversão dos equipamentos que usam as SDO, de forma que possam operar com seus substitutos. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ADRIANE A., et al., Report of the Scientific, Environmental Effects and Technology and Economic Assessment Panels of the Montreal Protocol, United Nations Environment Programme - Ozone Secretariat, Nairobi, 1999 BAIRD, C., The role of Chemicals in Ozone Destruction, Environmental Chemistry, W. H. Freeman and Company, N. Y., 1997 BRASIL, Ministério do Meio Ambiente - MMA, Programa Brasileiro de Eliminação da Produção e do Consumo das Substâncias que Destroem a Camada de Ozônio - PBCO, Revisão Geral, Brasília, KIRCHHOFF, V. W. J. H., Ozônio e Radiação UV-B, Transtec Editorial, São Paulo, 1995 MOLINA, M. J., ROWLAND, F. S., Stratospheric Sink for Chlorofluormethanes: Chlorine Atom-Catalysed Destruction of Ozone, Nature, 249, 810, 1974 QUÍMICA E DERIVADOS, CONAMA Antecipa veto a uso do CTC, p. 42, abril, São Paulo, 1999 SARMA, M., UNEP, Production and Consumption of Ozone Depleting Substances: , Ozone Secretariat, Nairobi, 1998 TANIMOTO, A.H., SOARES, P.S. Substâncias Destruidoras da Camada de Ozônio e sua Legislação. Monografia do Curso de Especializaçãp em Gerenciamento e Tecnologias Ambientais na Indústria, UFBA, Salvador, Bahia, 1999 PRODUCTION, CONSUME AND ALTERNATIVES TO OZONE DEPLETING SUBSTÂNCIES - ODS ABSTRACT ODS control has been the goal of government and environmental institutions, in taking to the consumers the concept of ozone layer preservation, that in last 20 years has been depleting by chlorofluorcarbons. The main way that developed countries has been working is phasing out their production, restricting the marketing, increasing the P&D and substituting them by less harmful products. Brazil has received support by international institutions (World Bank, UNIDO, Canadian Government) and has made necessaries changes in refrigerators and small arcondictioning industries. This paper coment the production and
11 consume of ODS in Brazil, by activities and their disposable alternatives in local market. Ozone; Chlorofluorcarbon; CFC; ODS; Montreal Protocol KEY WORDS 11
12 Setor de Aplicação Substância Utilizada ANEXO I CFC E SEUS SUBSTITUTOS Nome comercial substância Alternativas Nome comercial da alternativa Refrigeração CFC-11 R11 HFC-134a a / HCFC123 R134a / R123 CFC-12 R12 HFCs Hidrocarbonetos HCFC-22 HFCs Hidrocarbonetos CFC-113 CFC-114, HCFC-141b Mistura de HCFCs; HCFC-123; HCFC-152a / Hidrocarbonetos HFCs CFC-115 R502 Mistura de HCFCs; HCFC-123; HCFC-152a Hidrocarbonetos R134a (a) R600a (a) R22 (b) R134a;Misturas (b) R600a (b) / R290 (b) R401a, R401b, R409 R 123 R290 (b) R404a (b) R402a, R402b, R404a (b) R408a (não isturado) HCFC-22 R22 HFCsHidrocarbonetos R407C; R507 (b) R 290 (b) Ag. Expansor CFC-11 HCFC-141b CFC-12 HCFC-22 CFC-113 Cloreto de Metileno CFC-114, CFC-115 CO 2, Hidrocarbonetos Extinção de Incêndios Halons Pós secos / CO 2 Cloreto de Metileno Hidrocarbonetos Solventes CFC-12 Meios Aquosos CFC-113 Meios Semi-Aquosos Tetracloreto de Solventes Clorados Carbono 1,1,1- tricloroetano Metil Clorofórmio Solventes orgânicos ou nenhuma limpeza Esterilização Brometo de Óxido de Etileno + CO 2 Metila Aerossóis CFC-11 HCFC-134a CFC-12 Hidrocarbanetos / CO 2 Segundo o tipo e porte do usuário, tem-se: (a) para unidades domésticas de pequeno porte (b) para unidades comerciais de maior porte 12
13 ANEXO II AGENTES EXTINTORES ALTERNATIVOS FC, HFC, HCFC, Blends DESIGNAÇÃO FÓRMULA QUÍMICA APLICAÇÃO FC C 4 F 10 Sistema (1) HFC-227ea C 3 F 7 H Sistema (2) HCFC Blend B CE2ClBr Portáteis (3) HFC-23 CHF 3 Sistema (4) HFC-236fa CF 2 CH 2 CF 3 Portáteis (4) HCFC-124 CF 3 CHClF Portáteis (1) HFC-125 CF 3 CHF 2 Sistema (1) HCFC-124 CF 3 CHClF Sistema (1) HCFC Blend A HCFC-22 82% HCFC-123 4,75% HCFC-124 9,5% Sistema (3) Orgânicos 3,75% HCFC Blend E HCFC % Portáteis (3) HFC-125 8% Metilciclohexano 2% DESIGNAÇÃO GASES INERTES APLICAÇÃO FÓRMULA QUÍMICA IG-541 N 2 52%, A 40% e CO 2 8% Sistema (5) IG-55 N 2 50% e A 50% Sistema (1) FIC-1311 CF 3 I Portáteis (3) Fonte: PBCO - Revisão Geral 1999 com as seguintes notas: (1) Não foi identificada atividade pronunciada de desenvolvimento do produto no mercado na ocasião da pesquisa. (2) Já existem pelo menos três empresas do ramo de engenharia de incêndio comercializando o produto que é importado. (3) Foi identificada atividade de desenvolvimento do produto, incluindo representante nomeado pelo fabricante no país, mas sem notícias de vendas até o presente relatório. (4) Já foi identificada clara atividade de desenvolvimento desses produtos no país, com perspectivas de vendas efetivas auxiliando assim, ainda mais, o processo de desativação de extintores portáteis e sistemas. (5) Existe uma empresa de engenharia de incêndio fabricando e comercializando (produto nacional). 13
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