EVOLUÇÃO DA BALANÇA DE PAGAMENTOS NOS SECTORES DA CARNE DE AVES E OVOS

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1 EVOLUÇÃO DA BALANÇA DE PAGAMENTOS NOS SECTORES DA CARNE DE AVES E OVOS A produção de aves de capoeira tem registado, ao longo dos anos, um crescimento sustentado, quer em volume, quer em valor. Apenas é de registar uma quebra significativa no ano de 23, devida a um Verão muito quente e também à denominada crise dos nitrofuranos, que originou uma retracção do consumo e consequente redução do efectivo em produção. A produção veio a recuperar muito rapidamente em 24, com um crescimento superior a 8%, vindo a verificar-se um abrandamento desse crescimento em 25, devido aos receios do consumidor relativamente aos focos de gripe aviária. Por precaução, o sector adoptou medidas com vista à redução temporária da oferta, aconselhadas e apoiadas pela Comissão europeia. No seio deste sector, a carne de frango é o principal segmento de actividade, representando cerca de 8% do seu valor económico. O sector da avicultura caracteriza-se por ser um dos poucos com um grau de auto-aprovisionamento ao nível da auto-suficiência, com um valor de 95%. O saldo da Balança Comercial apresenta valores negativos, com um défice médio de 29 milhões de euros, que teve um acréscimo de 13 % desde o ano de 2 até 27, registando-se um aumento das importações, em volume, de cerca de 94 %, devido essencialmente ao subsector da carne de peru. O valor do défice no ano de 27 (46,4 milhões de euros) representa o valor mais elevado dos últimos oito anos. A Espanha é o nosso principal cliente e fornecedor, representando cerca de 5% do volume de carne de aves total que entra no nosso país. A Itália e a França são também destinos externos importantes. Nos gráficos seguintes, apresentamos a evolução da balança de pagamentos deste sector, nos anos de 2 a 27, em volume e em valor. Estes dados incluem as entradas e saídas de carne e miudezas de galinha, frango, peru, pato, ganso e pintada fresca ou refrigerada e congelada. 1

2 CARNE DE AVES (Volume) Ton 1. Importações , ,6 13.3, , , , , ,4 Exportações 1.755,1 1.79,4 2.77,9 3.34, ,9 3.33,1 5.36, , Gráfico 1 Evolução da Balança de Pagamentos no Sector da Carne de Aves, em Volume 2

3 CARNE DE AVES (Valor) 6 5 Milhões de euros Importações 22,2 28, 19,9 27,3 33,7 38,8 41,8 57,4 Exportações 2,1 2,3 3,5 3,3 4,1 5,1 3,9 11, Gráfico 2 Evolução da Balança de Pagamentos no Sector da Carne de Aves, em valor 3

4 O sector dos ovos, em Portugal, possui um valor económico médio de cerca de 1 milhões de euros. Em termos de indústria, existe apenas uma unidade de transformação que recebe matéria-prima proveniente da maioria das unidades produtivas. Esta unidade industrial, para além de produzir ovo pasteurizado destinado ao mercado nacional e internacional, exerce ainda uma função de regulação do mercado interno, uma vez que recebe os ovos quando existem excedentes para os ir transformando à medida das necessidades. Não existindo um mecanismo regulador do mercado dos ovos, esta é uma função de extrema importância. O saldo da Balança Comercial portuguesa de ovos tem sido negativo desde 2. O forte decréscimo do défice em 23, relativamente a 22, deveu-se, essencialmente, ao grande crescimento das saídas de ovos para consumo e ao fortíssimo incremento das saídas de ovos para incubação, devido à crise dos nitrofuranos. Em 24, o sector atravessou uma crise de mercado muito forte o que levou a uma diminuindo a produção e do valor das saídas. O défice atingiu um valor baixo (3 mil de euros), que se acentuou gravemente em 25, aumentando dez vezes, para 3 milhões de euros. De 26 para 27, enquanto que as exportações, em valor, se mantêm estáveis, as importações apresentam um acréscimo de 65 %. Uma explicação possível tem a ver com algumas estratégias comerciais implantadas no nosso país, que implicam uma diminuição da produção nacional e aquisição dos ovos à nossa vizinha Espanha. Em termos de evolução desde 2 a 27, o défice aumentou para o dobro, registando uma média de 3 milhões de euros, ao longo destes anos. A capacidade de alojamento de ovos em Portugal tem vindo a diminuir, devido aos imperativos das regras da Comissão Europeia, segundo as quais os avicultores são legalmente obrigados a cumprir as deliberações tomadas no sentido da defesa do bem estar animal, da saúde pública e do ambiente, pois, devido à grave crise de mercado registada até 25, os produtores ficaram descapitalizados, não tendo capacidade para reestruturar as explorações. Isto origina uma diminuição da produção e, consecutivamente, das exportações. Deste modo, para manter os níveis de consumo, as importações crescem. 4

5 Tal como a União Europeia, Portugal é excedentário em ovos, sendo o grau de autoaprovisionamento de cerca de 11%. A Espanha é o nosso principal cliente e, ao mesmo tempo, o principal fornecedor de ovos, representando cerca de 5% das compras e também das vendas. No que diz respeito às saídas, em segundo lugar encontra-se a França, seguida do Reino Unido, da Guiné-Bissau e da Alemanha. Nos gráficos 3 e 4 apresentamos a evolução da Balança de Pagamentos deste sector, nos anos de 2 a 27, em volume e em valor. Estes dados incluem as entradas e saídas de ovos para consumo e para incubação de aves domésticas e de outras aves.. OVOS (Volume) 2 Milhões de unidades Importações 12,2 12,7 89,3 91,1 97,6 99,5 12,9 165,1 Exportações 53,9 44,7 52,9 14,4 13,5 88,4 96,6 84,8 Gráfico 3 Evolução da Balança de Pagamentos no Sector dos Ovos, em Volume 5

6 OVOS (Valor) 15 Milhões de euros 1 5 Importações 6,7 9, 7,8 8,5 7,1 9,2 8,5 14,1 Exportações 3,6 3, 3,8 8,1 6,8 6,2 7,3 7,3 Gráfico 4 Evolução da Balança de Pagamentos no Sector dos Ovos, em Valor O Observatório agradece a disponibilidade e o excelente contributo, pela sua análise deste estudo, ao Dr. Manuel Lima, da FEPASA. 6