DESPACHO DO SR. PRESIDENTE DA MESA DA ASSEMBLEIA GERAL RELATIVO A PROPOSTA APRESENTADA PELA CAIXA GERAL DE DEPÓSITOS, S.A.
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1 DESPACHO DO SR. PRESIDENTE DA MESA DA ASSEMBLEIA GERAL RELATIVO A PROPOSTA APRESENTADA PELA CAIXA GERAL DE DEPÓSITOS, S.A. ASSEMBLEIA GERAL DE 29 DE ABRIL DE 2010 CIMPOR CIMENTOS DE PORTUGAL, SGPS, S.A. Sociedade Aberta Sede: Rua Alexandre Herculano, LISBOA Capital Social: Euros Número Único de Pessoa Colectiva e Conservatória do Registo Comercial de Lisboa:
2 DECISÃO do Presidente da Mesa da Assembleia Geral da CIMPOR Cimentos de Portugal, SGPS, S.A. relativa à proposta apresentada pela accionista Caixa Geral de Depósitos e destinada a ser votada, no âmbito do Ponto 11 da Ordem de Trabalhos da Assembleia Geral convocada para o dia 29 de Abril de 2010, cumulativamente com declaração relativa à política de remunerações dos membros dos órgãos sociais apresentada pela Comissão de Accionistas eleita nos termos do disposto no artigo 16º, número 2 dos Estatutos da Sociedade. 1. Por carta datada de 20 de Abril de 2010, recebida na sede social no dia 21 imediato, a accionista Caixa Geral de Depósitos dirigiu ao Presidente da Mesa da Assembleia Geral da CIMPOR Cimentos de Portugal, SGPS, S.A. uma proposta destinada a ser discutida e votada no âmbito do Ponto 11 da Ordem de Trabalhos da Assembleia Geral da sociedade convocada para o próximo dia 29 de Abril de 2010 ou seja, desta Assembleia Geral que a aqui e agora todos constituímos. Intitulada Proposta sobre a política de remunerações dos membros dos órgãos de administração e de fiscalização da CIMPOR, SGPS, S.A., pretende com ela a accionista Caixa Geral de Depósitos fazer discutir e votar, cumulativamente com a declaração apresentada pela Comissão de Accionistas eleita nos termos do disposto no artigo 16º do Contrato de Sociedade, mas prevalecendo sobre esta em tudo em que sejam incompatíveis, em síntese, o seguinte: a) redução das remunerações fixas para o exercício de 2010 em 5%; b) proibição de a componente variável da remuneração ultrapassar o equivalente a seis meses de remuneração fixa, sendo o pagamento de 50% dessa componente da remuneração efectuado após a aprovação das contas do exercício a que respeita e os 50% remanescentes diferidos para o final do ano
3 subsequente ao termo formal do mandato; c) não atribuição nos anos de 2010 e 2011 de qualquer componente variável da remuneração. Esta proposta foi apresentada tempestivamente e por quem é accionista. Há, pois, que conhecer da sua admissibilidade. 2. O artigo 16º, número 2 dos Estatutos da sociedade dispõe que os montantes das remunerações e as modalidades e prestações para o esquema complementar de reforma ou de invalidez dos administradores serão fixados pela Assembleia Geral ou por uma comissão de accionistas por aquela nomeada por períodos de quatro anos. A Comissão de Accionistas a que se refere esta disposição estatutária foi eleita, para o mandato em curso, na Assembleia Geral Anual da sociedade realizada a 13 de Maio de 2009, encontrando-se, por isso, no pleno desempenho das suas funções estatutárias. No exercício das competências que lhe cabem e no cumprimento, aliás, do disposto no número 1 do artigo 2º da Lei 28/2009, de 19 de Junho, expressamente invocado na declaração submetida à apreciação desta Assembleia, aquela Comissão submeteu à aprovação da Assembleia Geral de hoje uma declaração relativa à política de remunerações dos membros dos órgãos sociais da Sociedade declaração essa que vem estando, esteve até agora e está ainda publicamente disponível para consulta pelos accionistas. Foi precisamente esta iniciativa da Comissão de Accionistas que deu origem ao (renumerado) Ponto 11 da Ordem de Trabalhos desta Assembleia Geral, o qual tem, cumpre recordar, a seguinte redacção: Deliberar sobre a declaração relativa à política de remunerações dos membros dos órgãos sociais da Sociedade.
4 O objecto do Ponto 11 da Ordem de Trabalhos consiste, concretamente, em deliberar sobre a declaração relativa à política de remunerações dos membros dos órgãos sociais da sociedade apresentada pela Comissão de Accionistas. Contemplando isto, não contempla ele, portanto, a possibilidade de apresentação de quaisquer propostas dos accionistas destinadas, em matéria de remuneração dos órgãos de administração e fiscalização da sociedade, a fazer votar orientações diversas daquelas que constam da declaração apresentada pela Comissão de Accionistas. É fácil dizer porquê. Ao cometerem no contrato de sociedade a uma Comissão a fixação dos montantes das remunerações e as modalidades e prestações para o esquema complementar de reforma ou de invalidez, os accionistas quiseram claramente que a competência desta Comissão, uma vez eleita, se substituísse à competência congénita da própria assembleia entendimento que se surpreende na ratio do artigo 16º dos Estatutos da Sociedade e que dele decorre literalmente ao definir, em via alternativa, a competência para o efeito: ou a competência é da assembleia porque dela se não demite, ou é da comissão se a assembleia a criar. Temos assim que a apreciação da Declaração da Comissão de Accionistas sobre a politica de remuneração corresponde à prática de um acto vinculado por parte desta Assembleia e que, justamente por o ser, esgota o objecto do ponto da ordem de trabalhos em que se insere sem possibilidade de sujeição a propostas alternativas e, sobretudo, prevalecentes sobre as soluções recomendadas pela Comissão. Este entendimento não é afastado e é, até, confirmado pelo disposto na Lei 28/2009, de 19 de Junho posto que o que esta lei exige é, como refere no seu artigo 2º, número 1, que o órgão de administração ou a comissão de
5 remunerações, caso exista, submetam anualmente a aprovação da assembleia geral uma declaração sobre política de remuneração dos membros dos respectivos órgãos de administração e de fiscalização 3. Existindo Comissão de Accionistas, agora Comissão de Fixação de Remunerações, eleita nos termos do disposto no artigo 16º dos Estatutos, não há senão que concluir que a proposta apresentada pela accionista Caixa Geral de Depósitos não pode ser admitida à discussão e à votação do Plenário, sem prejuízo, claro está, da liberdade que cabe aos Accionistas de, nesta Assembleia, votarem a declaração relativa à política de remunerações apresentada pela Comissão como melhor entendam, inclusive rejeitando-a. Uma palavra final a respeito dos Despachos invocados pela proponente na sua proposta (o Despacho 11420/2009, do Secretário de Estado do Tesouro e Finanças, publicado no Diário da República, 2ª Série, de 11 de Maio de 2009 e o Despacho 5696-A/2010, do Ministro de Estado e das Finanças, publicado no Diário da República, 2ª Série, de 29 de Março de 2010): limitando-se ambos a conformar a actuação do Estado enquanto accionista, deles não decorre, nem podia decorrer, o direito a fazer votar, em assembleia geral de accionistas, propostas, mesmo que alternativas, que os Estatutos da Sociedade rejeitam e não consentem. 4. Pelas razões expostas, decido não admitir a proposta apresentada pela accionista Caixa Geral de Depósitos, S.A., acima melhor identificada. Lisboa, vinte e nove de Abril de dois mil e dez. O Presidente da Mesa da Assembleia Geral (Luís Manuel de Faria Neiva dos Santos)
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