TÍTULO: LITERATURAS DE LÍNGUA PORTUGUESA NA ESCOLA: CONSTRUINDO DIÁLOGOS
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- Baltazar Azeredo Alcaide
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1 TÍTULO: LITERATURAS DE LÍNGUA PORTUGUESA NA ESCOLA: CONSTRUINDO DIÁLOGOS CATEGORIA: CONCLUÍDO ÁREA: CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS SUBÁREA: LETRAS INSTITUIÇÃO: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO AUTOR(ES): DAYSE OLIVEIRA BARBOSA ORIENTADOR(ES): ROSÂNGELA SARTESCHI
2 RESUMO: Tendo em perspectiva a Lei Federal /2008, esta pesquisa visa à elaboração, no âmbito da disciplina de Língua Portuguesa, de sequências didáticas bimestrais que contemplam o estudo comparativo de poemas e narrativas curtas da literatura brasileira em diálogo com as literaturas africanas de língua portuguesa, em especial, as literaturas angolana, moçambicana e cabo-verdiana. Essas sequências didáticas são direcionadas ao primeiro ano do ensino médio da rede estadual de São Paulo. PALAVRAS-CHAVE: Lei Federal /2008, sequências didáticas, estudos comparados de literaturas de língua portuguesa, ensino médio. INTRODUÇÃO: A Lei Federal /2008, que modifica a Lei /03, determina a obrigatoriedade do ensino de Historia e Culturas africanas, afro-brasileiras e dos povos indígenas no âmbito do ensino básico brasileiro. De modo a contribuir para a efetivação das mudanças pressupostas no texto legal, esta pesquisa visa à elaboração, no âmbito do componente curricular de Língua Portuguesa, de sequências didáticas bimestrais que contemplam o estudo comparativo de poemas e narrativas curtas provenientes da literatura brasileira, em especial em sua dicção afro-brasileira, e literaturas africanas de língua portuguesa, a fim de propiciar aos estudantes do primeiro ano da rede estadual de São Paulo a oportunidade de lerem e interpretarem textos de diferentes estilos literários e contextos sócio-históricos, sendo capazes de refletir criticamente sobre as relações dialógicas existentes entre literatura e sociedade. OBJETIVOS: Objetivo geral: Elaborar sequências didáticas bimestrais, direcionadas ao primeiro ano do ensino médio da rede estadual de São Paulo, que trabalhem leitura e interpretação de poemas e narrativas curtas no âmbito da literatura brasileira em comparação com as literaturas angolana, moçambicana e cabo-verdiana.
3 Objetivos específicos: - Possibilitar aos estudantes o contato com textos literários de países africanos de língua oficial portuguesa e textos da literatura afro-brasileira; - Evidenciar as relações intertextuais existentes entre a literatura brasileira e as literaturas angolana, moçambicana e cabo-verdiana; - Refletir sobre as relações étnico-raciais da sociedade brasileira no âmbito da escola. METODOLOGIA: Os primeiros meses da pesquisa científica foram dedicados à leitura de textos teóricos que fundamentaram a seleção e a análise dos textos literários utilizados na composição das sequências didáticas. Para adequar-se ao currículo escolar empregado na rede pública do estado de São Paulo, optou-se pelo estudo comparativo de poemas nos dois primeiros bimestres, o estudo comparativo de contos no terceiro bimestre e o estudo comparativo entre uma crônica e um conto no último bimestre do ano letivo. Os textos selecionados para esses estudos foram os seguintes: Primeiro bimestre: Criar, de Agostinho Neto (angolano) e Vento-forte poesia, de Lepê Correia (brasileiro). Segundo bimestre: Flagelados do vento leste, de Ovídio Martins (caboverdiano) e Morte e vida severina O retirante explica quem é e a que vai, de João Cabral de Melo Neto (brasileiro). Terceiro bimestre: Carreto, de Cuti (brasileiro) e Frio, de João Antônio (brasileiro). Quarto bimestre: Natal, crônica de Dina Salústio (cabo-verdiana) e Natal, conto de José Craveirinha (moçambicano). Posteriormente à análise dos textos literários, foi redigido um texto estéticocomparativo de cada par de textos literários selecionados e, em seguida, procedeuse à elaboração das sequências didáticas bimestrais. Cada sequência didática conta com, no mínimo, dez aulas. Considerando que a carga horária semanal de Língua Portuguesa no ensino médio da rede pública estadual paulista são quatro aulas no período noturno e cinco aulas no período diurno, as atividades propostas nas sequências didáticas elaboradas nesta pesquisa
4 ocupam entre duas e duas semanas e meia de aulas a cada bimestre, tempo considerado satisfatório para a concretização dos objetivos propostos. Por último, foi redigido, a partir das leituras teóricas realizadas no decorrer desta pesquisa, um texto teórico-reflexivo acerca do ensino de literaturas de língua portuguesa e literatura afro-brasileira na educação básica brasileira. DESENVOLVIMENTO: Essa pesquisa concentrou-se na elaboração de quatro sequências didáticas, uma para cada bimestre letivo. As sequências didáticas foram estruturadas procurando-se inserir diferentes metodologias de trabalho pedagógico possíveis de serem aplicadas em sala de aula. Cada sequência didática é composta de: - Objetivo geral, em que se define um objetivo genérico para o desenvolvimento daquela sequência didática. - Objetivo específico, em que se define três ou quatro objetivos mais pormenorizados para realização daquela sequência didática. - Conteúdos, local em que são explicitados os textos literários que serão abordados na sequência didática. - Sequência didática, o desenvolvimento da sequência didática propriamente dito. Todas as sequências didáticas são estruturadas passo-a-passo, com explicação detalhada de todas as atividades a serem realizadas, para alcançar com êxito a finalidade desejada. - Habilidades do Currículo trabalhadas nessa sequência. O Currículo do estado de São Paulo apresenta em todos os bimestres, uma série de habilidades que devem ser desenvolvidas por meio das atividades didáticas. Assim, o item Habilidades do Currículo trabalhadas nessa sequência especifica quais habilidades da matriz curricular estão sendo desenvolvidas por meio daquela sequência didática. - Recursos, são os recursos didáticos (livros didáticos, filmes, sala com acesso à internet, por exemplo) necessários ao desenvolvimento da sequência de atividades. - Avaliação, são especificados os melhores instrumentos para avaliar os estudantes no final do desenvolvimento da sequência didática.
5 Por meio dessa estruturação de cada sequência didática foi possível evidenciar que a Lei /2008 é passível de ser aplicada no primeiro ano da rede pública estadual de São Paulo, atendendo aos requisitos da matriz curricular estadual e, ao mesmo tempo, permitindo aos alunos compreender as singularidades literárias de alguns países africanos de língua portuguesa em comparação com as características específicas da literatura brasileira, em especial, em sua dicção afrobrasileira, propiciando dessa maneira que os alunos formem um repertório de leituras baseado na heterogeneidade e diversidade de perspectivas. RESULTADOS: A pesquisa realizada resultou em um trabalho monográfico que está estruturado em três capítulos. O primeiro capítulo denomina-se A inserção da Lei /08 no ensino de literatura no Brasil. Neste capítulo há uma reflexão sobre os avanços realizados na educação básica brasileira, no tocante ao ensino de literaturas africanas de língua oficial portuguesa e literaturas afro-brasileiras, a partir da Lei Federal /03 e, posteriormente, a implementação da Lei Federal /08. Cabe mencionar que ambos os textos legais determinam a obrigatoriedade do ensino de Historia e Culturas Africanas e Afro-Brasileiras em todas as escolas públicas ou privadas do território brasileiro, sendo que a Lei /08 determina também a obrigatoriedade do ensino de Historia e Culturas dos Povos Indígenas que compõem o território nacional. O segundo capítulo está subdivido em duas partes. A primeira parte intitula-se A aplicabilidade da Lei /08 na matriz curricular do estado de São Paulo. Nesta parte evidencia-se que a matriz curricular do estado de São Paulo, aplicada em todas as escolas públicas da rede estadual paulista, oferece meios viáveis para a aplicabilidade da Lei /08. Logo, o professor de língua portuguesa da escola estadual paulista pode dar cumprimento à Lei /08, de acordo com as características e necessidades dos alunos, sem ferir o currículo adotado pela rede estadual em São Paulo. A segunda parte denomina-se Planos de aulas. Esta parte trata especialmente das sequências didáticas, expondo criteriosamente a estrutura dos planos de aulas elaborados para cada bimestre do ano letivo.
6 O terceiro capítulo intitula-se Estudos comparativos. Neste capítulo é apresentado uma breve análise estético-comparativa de cada par de textos literários que serviram de base para elaboração das sequências didáticas. As análises estético-comparativas realizadas nesse capítulo evidenciam que é possível traçar um estudo comparativo entre textos literários produzidos em diferentes contextos históricos, em países de língua oficial portuguesa, sem estabelecer uma relação de hierarquização desses textos literários, apenas destacando-se as aproximações e os distanciamentos estéticos presentes em cada par de textos literários analisados. Convém mencionar que todos os textos literários utilizados nesta pesquisa foram inseridos na íntegra como anexos, no final do trabalho. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Esta pesquisa procurou evidenciar como é possível atender às exigências da Lei /2008 nas aulas de Língua Portuguesa (a partir do componente curricular de estudos literários) do primeiro ano do ensino médio da rede estadual de São Paulo, sem prejuízo para os demais conteúdos que devem ser ministrados nessa série escolar. As sequências didáticas elaboradas procuram apresentar conteúdos diversificados, valorizando os recursos pedagógicos acessíveis aos professores de Língua Portuguesa da rede estadual de São Paulo e evidenciando, a partir dos textos literários selecionados, as relações intrínsecas existentes entre literatura e vida social. Dessa forma, percebe-se que é possível inserir atividades que valorizem as contribuições das culturas africanas e afro-brasileira nos planos de aula de Língua Portuguesa das escolas de ensino médio da rede estadual paulista.
7 FONTES CONSULTADAS: ABDALA JR., Benjamin. História Literária e o ensino das literaturas de língua portuguesa. In: De voos e ilhas: literatura e comunitarismos. Cotia: Ateliê Editorial, ANTÔNIO, João. Frio. In: Malagueta, perus e bacanaço. São Paulo: Cosac & Naify, BRASIL. Lei 11645/2008. Brasília: MEC, PCN Mais Ensino Médio: Orientações educacionais complementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília: MEC/SEMTEC, Orientações e ações para educação das relações étnico-raciais. Brasília: MEC/SECAD, Orientações curriculares para o ensino médio. Brasília: MEC/SEB, CÂNDIDO, Antônio. Literatura e sociedade. São Paulo: Cia Editora Nacional, Literatura e subdesenvolvimento. In: A educação pela noite e outros ensaios. São Paulo: Ática, O direito à literatura. In: Vários escritos. São Paulo: Duas Cidades, A literatura e a formação do homem In: Textos de intervenção. São Paulo: Duas Cidades/Editora 34, CORREIA, Severino Lepê. Vento forte poesia. In: BARBOSA, Márcio; CONCEIÇÃO, Sônia Fátima da & RIBEIRO, Esmeralda. Cadernos negros: os melhores poemas. São Paulo: Quilombhoje, CRAVEIRINHA, José. Natal. In: Hamina e outros contos. Lisboa: Caminho, CUTI (Luiz Silva). Carreto. In: Negros em contos. Belo horizonte: Mazza Edições, EAGLETON, Terry. O que é literatura?. In: Teoria da literatura uma introdução. São Paulo: Martins Fontes, FANON, Frantz. Os condenados da terra. Juiz de Fora: UFJF, FELISBERTO, Fernanda. A África na sala de aula: recuperando a identidade afrobrasileira na História e na Literatura. In: GOMES, Nilma Lino (org.). Tempos de lutas: as ações afirmativas no contexto brasileiro. Brasília: Ministério da Educação, FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
8 . A importância do ato de ler. São Paulo: Cortez, GOMES, Nilma Lino. Educação e diversidade étnico-cultural. In: RAMOS, Marise Nogueira, ADÃO, Jorge Manuel & BARROS, Graciete Maria Nascimento (org.). Diversidade na educação: reflexões e experiências. Brasília: SEMTEC, Educação anti-racista: caminhos abertos pela Lei Federal no /03. Brasília: MEC/SECAD, Diversidade cultural, currículo e questão racial. In: ABRAMOWICZ, Anete, BARBOSA, Lúcia Maria de Assunção & SILVÉRIO, Valter Roberto (org.). Educação como prática da diferença. Campinas: Editora autores associados, LARANJEIRA, Pires. Literaturas africanas de expressão portuguesa. Lisboa: Universidade Aberta, MARTINS, Ovídio. Flagelados do Vento-Leste. In: APA, Lívia; BARBEITOS, Arlindo & DÁSKALOS, Maria Alexandre (org.). Poesia africana de Língua Portuguesa (antologia). Rio de Janeiro: Lacerda Editores, MELO NETO, João Cabral de. Morte e vida severina. Rio de Janeiro: Objetiva, NETO, António Agostinho. Criar. In: APA, Lívia; BARBEITOS, Arlindo & DÁSKALOS, Maria Alexandre (org.). Poesia africana de Língua Portuguesa (antologia). Rio de Janeiro: Lacerda Editores, PETIT, Michele. Os jovens e a leitura. São Paulo: Editora 34, SALÚSTIO, Dina. Natal. In: Mornas eram as noites. Lisboa: Camões, SÃO PAULO. Currículo do Estado de São Paulo: Linguagens, códigos e suas tecnologias. São Paulo: SEE, VERSIANI, Daniela B.; YUNES, Eliana; CARVALHO, Gilda. Manual de reflexões sobre boas práticas de leitura. São Paulo: EDUNESP, 2012.
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