A AVALIAÇÃO COMO PROCESSO DE CONTRIBUIÇÃO E AUTO-REFLEXÃO SOBRE A PRÁTICA PEDAGÓGICA EM TURMAS DE EJA
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- Pedro Raul Vidal Casqueira
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1 A AVALIAÇÃO COMO PROCESSO DE CONTRIBUIÇÃO E AUTO-REFLEXÃO SOBRE A PRÁTICA PEDAGÓGICA EM TURMAS DE EJA Catarina Edimar Sellares de Candia (PIBIC/CNPQ/UEPG), Rita de Cássia da Silva Oliveira (Orientadora), soliveira13@uol.com.br. Universidade Estadual de Ponta Grossa/Departamento de Educação Sub- Área Palavras-chave: EJA, Avaliação, Avaliação formativa. Resumo: O presente trabalho tem como objetivo compreender de que forma a avaliação contribui no processo ensino-aprendizagem, verificando a importância desta e como o docente está entendendo esse processo avaliativo, identificando quais são os principais métodos de avaliação. E, sobretudo, possibilitar aos professores de turmas da EJA uma ação reflexiva sobre a avaliação, pretendendo uma ação educativa sobre a necessidade da renovação na prática pedagógica. Para tanto foi realizada uma pesquisa bibliográfica, com revisões acerca do tema e pesquisa de campo (tanto de modo qualitativo, quanto quantitativo). A pesquisa de campo utilizou como instrumento de coleta de dados um questionário que foi aplicado para 7 (sete) professores da EJA do município de Ponta Grossa. A partir dos questionários pode-se observar que ainda são necessários avanços acerca do que é avaliação por parte dos professores e os ranços do ensino tradicional ainda permanecem. Pode-se observar que dentre os professores mais jovens o conceito de avaliação já está afinado com as novas pesquisas e tendências. Introdução A educação é alvo de muitos estudos, em suas várias áreas e perspectivas vem se desenvolvendo pesquisas, teorias e concepções educacionais. Uma dessas áreas tem sido à avaliação escolar, a qual é de suma importância para a efetivação do processo ensino-aprendizagem. Sendo a avaliação escolar um campo já consolidado e relevante para os estudos acerca da educação, se faz preciso analisar quais perspectivas os professores vem desenvolvendo acerca dessa, sobretudo os professores da Modalidade de Ensino de Jovens e Adultos (EJA), pois esta tem características quase que únicas, comparado as outras modalidades de ensino. A EJA no Brasil começa com a vinda dos portugueses com a participação dos jesuítas que chegaram ao Brasil para catequizar e alfabetizar os índios. Anos mais tarde, com a vinda da Família Real portuguesa no país em 1808, ganha-se outro olhar para a escolarização de jovens e adultos, claro que esse processo nunca é neutro, com os jesuítas se tinha um objetivo político e com a vinda da Família Real não poderia ser diferente, o intuito era que os povos que aqui estavam servissem a corte, para isso teriam que ter o mínimo de escolarização. Como afirmam Friedrich et a (2010, p. 394)l: Com a vinda da família real para o Brasil, surgiu a necessidade da formação de trabalhadores para atender a aristocracia portuguesa e, com isso, implantou-se
2 o processo de escolarização de adultos com o objetivo de servirem como serviçais da corte e para cumprir as tarefas exigidas pelo Estado. Assim, tendo em vista a EJA e compreendendo que a avaliação é um processo de contribuição e auto-reflexão podemos dizer que esse é um tema que estará sempre presente em todas as escolas e nas diferentes modalidades. Levando em consideração que se trata de um assunto complexo, pois nem sempre a metodologia aplicada vem ao encontro do aprendizado obtido pelo discente; uma vez que se têm dois pontos de vista dentro de uma mesma sala de aula, a do docente e do discente. Observamos que nem sempre existe a garantia de que o conteúdo aplicado tenha sido aproveitado pelo aluno. Existem dois pontos essenciais para que ocorra o aprendizado: o primeiro é a coerência do assunto que se ensina com o que é avaliado. Para existir coerência é preciso que ocorra uma abordagem semelhante nos dois momentos. O segundo ponto essencial é perceber a avaliação como um processo de aprendizagem e não de coerção. O momento da avaliação é vital para o docente perceber qual o nível de aprendizagem alcançado pelo discente, sendo em alguns casos necessários criar situações para que o conteúdo seja efetivamente assimilado pelo aluno. Assim, o docente pode observar como o aluno evoluiu ao longo do tempo e se há ou não a necessidade de aplicar outra avaliação, para um melhor rendimento do aluno. Segundo Luckesi (2002), a avaliação, diferentemente da verificação, envolve um ato que ultrapassa a obtenção da configuração do objeto, exigindo decisão do que fazer com ele. A verificação é uma ação que congela o objeto; a avaliação, por sua vez, direciona o objeto numa trilha dinâmica. Assim para realizar essa pesquisa utilizamos como metodologia a pesquisa bibliográfica: realizamos leituras de livros, artigos científicos que tinham como objeto de pesquisa o presente tema. Essa pesquisa possibilitou uma melhor compreensão dos dados da pesquisa de campo e de referencial teórico, para embasar a pesquisa. Foi realizada também a pesquisa de campo, tanto de modo qualitativo, quanto quantitativo. A pesquisa de campo concentrou-se na aplicação de questionários, o qual possuía três perguntas, sendo que todas eram descritivo-dissertativas; foram aplicados para 7 (sete) professores da EJA do município de Ponta Grossa. O objetivo da presente pesquisa foi compreender de que forma a avaliação contribui no processo ensino-aprendizagem, verificando a importância da avaliação e como o docente está entendendo esse processo avaliativo, verificando quais são os principais métodos de avaliação. E, sobretudo, possibilitar aos professores de turmas da EJA uma ação reflexiva sobre a avaliação, pretendendo uma ação educativa sobre a necessidade da renovação na prática pedagógica. Materiais e métodos Para a realização da presente pesquisa utilizamos o método de pesquisa: bibliográfico, pois segundo Gil: A pesquisa bibliográfica possibilita um amplo alcance de informações, além de permitir a utilização de dados dispersos em inúmeras publicações, auxiliando também na construção, ou na melhor definição do quadro conceitual que envolve o objeto de estudo proposto (GIL apud Lima; Mioto, 1994). Foi realizada também a pesquisa de campo, tanto de modo qualitativo, quanto quantitativo. A pesquisa de campo concentrou-se na aplicação de questionários, o qual
3 possuía três perguntas, sendo que todas eram descritivo-dissertativas; estes foram aplicados para 7 (sete) professores da EJA do município de Ponta Grossa. Dos sujeitos envolvidos na pesquisa, seis (6) foram do gênero feminino com as seguintes idades: 1 (uma) com 35 (trinta e cinco) anos, 1(uma) com 47 (quarenta e sete) anos, 1 (uma) com 55 (cinquenta e cinco) anos, 2 (duas) com 56 (cinquenta e seis) anos e 1(uma) com 59 (cinquenta e nove) anos; do gênero masculino participou 1(um) docente de 36 (trinta e seis) anos. Professores que participaram da pesquisa Professores envolvidos Quantidade Idade média na pesquisa Mulheres 6 51,33 Homens 1 36 Fonte: Elaborado pelo autor Em relação à formação dos profissionais três (3) são graduados em licenciatura em pedagogia (mulheres), três (3) em licenciatura em geografia sendo que (2) deles também são graduados em História (mulheres), um (1) com licenciatura em matemática (homem) e todos possuem pós-graduação em diversas áreas. Resultados e Discussão Na pesquisa de campo, que se concentrou na aplicação de questionários, encontramos que ainda há compreensões equivocadas do que é avaliação. Quanto mais anos de carreira tem o professor mais suas concepções estão defasadas frente o que se tem estudado na área de avaliação.observamos isso na resposta da primeira pergunta do questionário: O que você entendo por avaliação? ; entre as repostas encontramos: Avaliação é o processo pelo qual o aluno passa para ser aprovado ou reprovado, a partir de notas atribuídas nas atividades e provas realizadas ao longo do ano letivo (Professora, 56 anos). Já em outra resposta encontramos: Avaliação é a atribuição de nota ao aluno, aquele que se dedica e se esforça sempre será bem avaliado, agora o que não se dedica dificilmente é bem avaliado (professora, 55 anos). Ainda nessa mesma pergunta obtivemos como resposta: um processo amplo que envolve professor e aluno como um todo. A avaliação implica, antes de tudo, avaliar o processo pedagógico que eu, enquanto professor, estou oferecendo ao aluno e por último o próprio aluno, considerando todo um contexto, o da escola, o da classe, e o do aluno, observando nesse último os seus avanços e dificuldades (professora 35 anos). Dos sete questionários aplicados com os professores 42,85% (3 professores), aproximadamente, entendem que o processo avaliativo deve ser amplo, que não se deve apenas considerar questões quantitativas, mas, sobretudo, qualitativas do aluno, que o aluno está inserido em um contexto social e que possui demandas específicas, por estar inserido na Modalidade de Ensino EJA. Na segunda pergunta do questionário: Que critérios você utiliza para avaliar seus alunos na EJA?. Encontramos respostas como: O desempenho, o esforço e a dedicação (professora, 55 anos). Em outra resposta encontramos: observo o esforço do aluno e seu desempenho (professora, 59 anos). Ainda nessa questão obtivemos como resposta: Tento observar o contexto do aluno, da classe e se minha prática está ajudando no processo ensino-aprendizagem (professor, 36 anos).
4 Na terceira e última questão, nos atentamos a entender quais eram os métodos avaliativos mais usados entre os professores, assim, perguntamos: Que métodos avaliativos você utiliza na EJA?. Todos os professores responderam que o método mais utilizado é a prova, geralmente dissertativa e com poucas questões objetivas. Dentre as respostas da terceira pergunta encontramos: Provas e pesquisas ; Provas, apresentações em grupo, trabalhos, atividades para casa, exercícios, procurando a melhor forma possível, que seja significativo para o aluno ; desde provas, trabalhos, a tarefas de casa. Podemos observar que quanto mais o professor está prestes a se aposentar, mais ele se encontra desmotivado a modificar seus métodos avaliativos e práticas pedagógicas, uma tarefa difícil, pois este já se considera experiente. O grande prejudicado é o aluno, que muitas vezes fica a mercê desse sistema excludente. Conclusões Podemos concluir que ainda são necessários avanços acerca do que é avaliação por parte dos professores, os ranços do ensino tradicional ainda permanecem. Podemos observar que dentre os professores mais jovens o conceito de avaliação já está afinado com as novas pesquisas e tendências. Assim, concluímos que há que se desenvolver programas de formação continuada mais eficientes, trabalhos de conscientização, tanto para com o professor, quanto para o pedagogo que vai orientar o trabalho pedagógico deste, frente essas questões da avaliação. Mas foi possível observar que os docentes da EJA no município de Ponta Grossa, preocupam-se, de modo geral, em desenvolver atividades avaliativas que vão ao encontro do aprendizado dos discentes, levando em conta as especificidades de cada aluno, além de se comprometerem a reavaliarem com suas práticas pedagógicas, aceitando textos e autores sugeridos por nós para refletirem sobre tais práticas. Referências BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 5 de outubro de ª ed. São Paulo: Saraiva, BRASIL. Documento básico MOBRAL. Rio de Janeiro: MEC/MOBRAL, BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Legislação. Brasília: Casa Civil da Presidência da República, 1996 a. UNESCO. Declaração de Hamburgo: V Conferência Internacional sobre a Educação de Jovens e Adultos. Brasília: SESI/UNESCO, BARCELOS, V. Educação e Jovens e Adultos: Currículo e Práticas Pedagógicas. 2º ed. Petrópolis: Vozes, PAIVA, V. P. Educação Popular e Educação de Adultos. 2. ed. São Paulo: Loyola, LIMA, Telma Cristiane Sasso de; MIOTO, Regina Célia Tamaso. Procedimentos metodológicos na construção do conhecimento científico: a pesquisa bibliográfica. Revista Katálysis, Florianópolis, v. 10, n. esp., p , 2007.
5 LUCKESI, Cipriano C. Avaliação da aprendizagem escolar. 13 Ed. São Paulo: Cortez, LIBÂNEO, José Carlos. Didática. 2. Ed. São Paulo: Cortez, FRIEDRICH, M; at al. Trajetória da escolarização de jovens e adultos no Brasil: de plataformas de governo a propostas pedagógicas esvaziadas. Ensaio: avaliação, políticas públicas em Educação, Rio de Janeiro, v. 18, n. 67, p , abr./jun
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