COMERCIALIZAÇÃO DE TANGERINAS NA CEAGESP
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- Marco de Mendonça Castel-Branco
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1 COMERCIALIZAÇÃO DE TANGERINAS NA CEAGESP Gabriel Vicente Bitencourt de Almeida 1 Fabiane Mendes da Camara 2 1) Principais variedades presentes na comercialização da CEAGESP As tangerinas constituem um grupo de citros bastante amplo englobando diversas espécies. O que define um citros como tangerina é um curto período de maturação dos frutos, facilidade ou relativa facilidade de descascar e separar os gomos com as mãos e a susceptibilidade na pós-colheita, ou seja, são frutos muito mais macios que as laranjas, limões e limas. Na prática é visualmente muito fácil constatar que um fruto cítrico é uma tangerina. No Brasil, principalmente em São Paulo, não obstante a alta diversidade do grupo, a maioria dos pomares é constituído de pouquíssimas espécies, duas delas representam mais de 80% do total, a tangerina Ponkan (Citrus reticulata) e o tangor (híbrido de tangerina e laranja) Murcott (Citrus sinensis x Citrus reticulata). A Ponkan é originária da Ásia e é a tangerina mais popular no mercado in natura, por causa do excelente sabor para o paladar brasileiro, bom tamanho e facilidade de descasque, além de ser, pelo menos no auge da safra, uma fruta de preço bastante acessível. Por outro lado, é frágil na pós-colheita por ser muito macia. O tangor Murcott ocupa o segundo lugar na comercialização do mercado in natura. Seu nome vem é uma homenagem para Charles Murcott, responsável por sua propagação nos Estudos Unidos da América, onde o híbrido foi obtido, a partir da década de A Murcott, por ser geneticamente metade genética, laranja não apresenta a mesma facilidade de descascar e o fruto é muito mais firme. Tem um bom mercado, como veremos adiante, por não concorrer diretamente com a Ponkan, sua safra é mais tardia e por ter ótimo sabor, aparência e um suco de sabor muito agradável e coloração muito bonita. Outras duas tangerinas de relativa importância são as mexericas (Citrus deliciosa) e a Cravo (Citrus reticulata). As mexericas se originaram na Itália no século XIX provavelmente a partir de plantas chinesas, são frutas pequenas, doces, levemente ácidas e que exalam um intenso aroma característico enquanto são descascadas. Os gaúchos chamam as mexericas de bergamotas e estas são o grupo cítrico mais importante do estado da Região Sul. As duas principais variantes de mexericas são a Rio que é denominada de Caí pelos gaúchos e a Montenegrina, provável híbrido de Caí ou Rio com Murcott que se diferencia pela primeira por ser de dois a três meses mais tardia e possuir casca mais resistente. A tangerina Cravo é uma fruta, na média, menor que a Ponkan, mais precoce e que apresenta grande número de sementes e que ano a ano vem perdendo participação no mercado. Ultimamente vem ganhando grande destaque, mas comercializada por uma única empresa, o tangor Afourer ou W Murcott, fruta que surgiu no Marrocos de uma possível hibridação entre a Murcott e uma Clementina, é uma fruta de ótima 1 Engenheiro agrônomo M.Sc. do Centro de Qualidade em Horticultura (SECQH) da Companhia e Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (CEAGESP) e doutorando em Horticultura na UNESP de Botucatu (SP); gabriel.bitencourt@gmail.com. 2 Engenheiro de alimentos M.Sc. do Centro de Qualidade em Horticultura (SECQH) da Companhia e Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (CEAGESP) e doutorando em Ciências dos Alimentos da ESALQ/USP de Piracicaba (SP); fabianecamera@gmail.com. 1
2 sabor, sem sementes quando cultivada isolada e de ótimas características de pós-colheita. Outro tangor que aos poucos tem a comercialização aumentada é o Dekopon, fruta originária do Japão e cultivado preponderantemente por descendentes de japoneses do Sudoeste Paulista (Pilar do Sul e São Miguel Arcanjo) e do Sul de Minas Gerais (Turvolândia), é um fruto de casca bastante enrugada, grande e com a base do pedúnculo muito proeminente, ainda desconhecido do grande público e ainda mais consumido por orientais e descendentes. 2) As tangerinas segundo o IBGE e a comercialização na CEAGESP O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) não segrega as variedades de tangerina em seus levantamentos e estatísticas, sendo assim segundo o IBGE o Rio Grande do Sul possui a maior área cultivada e São Paulo com o segundo lugar, já na produção as posições se invertem e São Paulo ainda é o maior produtor. E neste quesito o Rio Grande Sul cai para a quarta colocação (Tabelas 1 e 2). A explicação é que o Rio Grande baseia sua produção em mexericas, de produtividade muito menor que a Ponkan e a Murcott, principais variedades produzidas em São Paulo, Paraná e Minas Gerais. A produção no Estado de São Paulo, conforme notamos na Tabela 3 e na Figura 1 está distribuída em diversas regiões com grande predomínio de áreas do lado da margem direita do Rio Tietê. Embora tenha havido nos últimos anos um grande crescimento, como ocorre com a toda a citricultura, para o sentido da região Sudoeste do Estado de São Paulo. O Entreposto Terminal de São Paulo (ETSP) da Companhia de Entrepostos de Armazéns Gerais de São Paulo (CEAGESP), por muitos ainda conhecido como CEASA de São Paulo, concentra grande parte da comercialização brasileira e paulista de tangerinas. Pela central de abastecimento passam, anualmente, por volta de 12 a 13% da produção brasileira de tangerinas e por volta de 30% de toda a produção paulista. Esta alta representatividade torna a CEAGESP um excelente local para o estudo da dinâmica e das tendências de mercado. De toda remessa de produto que chega ao ETSP da CEAGESP é recolhida pelo serviço de portaria uma via da respectiva nota fiscal, ou no caso de nota fiscal eletrônica uma cópia do documento auxiliar de nota fiscal eletrônica (DANFE). Estes documentos são encaminhados para a Seção de Economia e Desenvolvimento (SEDES) onde as seguintes informações são codificadas e armazenadas em um banco de dados eletrônico: produto, variedade, município de origem e respectiva unidade da federação, país de origem no caso de produto importado e o atacadista destinatário da mercadoria. O nome desta base de dados é Sistema de Informação e Estatística de Mercado, conhecido pela sigla SIEM CEAGESP. A partir de dados obtidos via SIEM CEAGESP pode-se chegar a interessantes estatísticas e análises. As Tabelas 4 e 5 mostram as principais origens das tangerinas, nestas tabelas pode-se deduzir que origem da Murcott está fortemente concentrada em dois municípios, Limeira e Porto Feliz e que Pariquera Açú, no Vale do Ribeira, é a grande fornecedora de mexericas. A produção de Ponkan é muito mais distribuída pelo estado. As Tabelas de 6 a 10 mostram a variação sazonal do volume comercializado na CEAGESP. O cálculo é feito da seguinte forma: Volume Mensal Médio (VTM) = Volume Total Anual (t) 12 Volume Mensal (t) Índice Mensal IM = ( 100) 100 VTM 2
3 De todo que se a produção do mês for exatamente a média o valor do IM será 0, se não houve entrada do produto o IM = -100 e índices acima de 0 apontam o quanto percentualmente no determinado mês foi comercializado acima da média anual. Por exemplo, em junho de 2012 (Tabela 6) o volume transacionado de Ponkan foi 136% acima da média do ano, por outro lado, o IM de dezembro foi -97, mostrando que o entrada chegou muito próxima de 0. Os gráficos das figuras exibem o comportamento médio de oferta e preços na CEAGESP para as principais variedades. E os gráficos das figuras 6, 7 e 8 mostram a evolução do preço médio ponderado anual para as mesmas variedades. O Preço Médio Anual Ponderado é calculado da seguinte forma: Montante Apurado Mensal (MAM) = Volume Mensal (t) 1000 Preço Médio Mensal fator correção IGP M Preço Médio Anual Ponderado = MAN dos 12 meses (R$) MAM (t) 1000 Tabela 1. Área cultivada com tangerineiras no Brasil (em hectares). Unidade da Federação/Ano Participação em 2012 (%) Rio Grande do Sul ,16 São Paulo ,73 Paraná ,39 Minas Gerais ,57 Rio de Janeiro ,64 Paraíba ,32 Goiás ,07 Espírito Santo ,02 Santa Catarina ,62 Bahia ,43 Sergipe ,84 Outros ,22 Total ,00 Fonte: IBGE 3
4 Tabela 2. Produção de tangerinas no Brasil e comparação com o volume comercializado na CEAGESP (em toneladas). Unidade da Federação/Ano Participação 2012 (%) P. Acumulada 2012 São Paulo ,82 37,82 Paraná ,92 55,74 Minas Gerais ,28 71,03 Rio Grande do Sul ,07 86,09 Rio de Janeiro ,27 90,37 Espírito Santo ,27 92,63 Goiás ,77 94,40 Bahia ,47 95,87 Santa Catarina ,06 96,93 Paraíba ,76 97,70 Outros ,30 100,00 Total ,00 - Total da CEAGESP (t) ,14 - Participação da CEAGESP (%) 11,92 11,45 12,34 13, Fonte: IBGE e CEAGESP Tabela 3. Produção de tangerinas no Estado de São Paulo e comparação com o volume comercializado na CEAGESP (em toneladas). Mesorregião/Ano Participação 2012 (%) P. Acumulada 2012 Piracicaba ,45 17,45 Macro Metropolitana Paulista ,80 31,25 São José do Rio Preto ,73 43,98 Ribeirão Preto ,04 56,02 Campinas ,55 67,56 Bauru ,09 77,65 Litoral Sul Paulista ,42 83,07 Itapetininga ,03 88,10 Marília ,14 91,25 Metropolitana de São Paulo ,12 94,36 Assis ,18 96,54 Araraquara ,96 98,50 Presidente Prudente ,83 99,33 Araçatuba ,54 99,87 Vale do Paraíba Paulista ,13 100,00 Total ,00 - Tangerinas Paulistas na CEAGESP (t) ,27 - Participação da CEAGESP (%) 27,78 25,04 29, Fonte: IBGE e CEAGESP 4
5 Figura 1. Principais mesorregiões produtores de tangerina no Estado de São Paulo. Tabela 4. Principais unidades da federação fornecedoras de tangerinas para a CEAGESP (em toneladas). Unidade da Federação/Ano Participação em 2012 (%) São Paulo ,83 Minas Gerais ,02 Rio Grande do Sul ,95 Outros ,20 Total ,00 Tabela 5. Principais municípios fornecedores de tangerina para a CEAGESP em 2012 (em toneladas). Município UF/Variedade Cravo Dekopon Mexerica Murcott Ponkan Total Limeira UF Porto Feliz SP Pariquera Açú SP Pirangi SP Conchal SP Vista Alegre do Alto SP Campanha MG Marapoama SP Aguaí SP Monte Alto SP Taquaritinga SP São Miguel Arcanjo SP Tanabi SP Itatiba SP Pilar do Sul SP
6 Tabela 5. Participação das variedades na comercialização de tangerinas na CEAGESP. Variedade/Ano Participação em 2012 (%) Ponkan ,70 Murcott ,00 Mexerica ,81 Cravo ,61 Dekopon ,31 Total ,00 Tabela 6. Variação sazonal do volume de Ponkan comercializada na CEAGESP de 2008 a 2012 (variação porcentual em relação à média mensal do ano; média = 0) Média Tabela 7. Variação sazonal do volume de Murcott comercializada na CEAGESP de 2008 a 2012 (variação porcentual em relação à média mensal do ano; média = 0) Média Tabela 8. Variação sazonal do volume de Mexerica comercializada na CEAGESP de 2008 a 2012 (variação porcentual em relação à média mensal do ano; média = 0) Média
7 Tabela 9. Variação sazonal do volume de Cravo comercializada na CEAGESP de 2008 a 2012 (variação porcentual em relação à média mensal do ano; média = 0) Média Tabela 10. Preços médios (R$/kg) de venda no atacado, de 2008 a 2012, da Ponkan na CEAGESP (valores corrigidos pelo IGP-M para setembro de 2013) ,51 2,40 1,76 1,05 0,71 0,71 0,83 1,06 1,66 2,52 2,24 1, ,37 1,73 0,93 0,78 0,78 0,79 1,76 1,94 2,54 2,54 2,54 1, ,78 1,48 1,02 0,83 0,92 1,24 1,84 2,44 3,05 2,23 3,07 3, ,82 1,85 1,24 1,01 0,86 0,92 1,59 2,27 3,79 3,79 3,79 2, ,78 2,78 1,76 1,67 1,22 1,21 1,45 1,92 3,25 3,97 4,29 4,29 Média Ponderada 3,97 2,83 1,78 1,37 1,16 1,25 1,93 2,35 3,47 3,77 3,87 3,19 Tabela 11. Preços médios (R$/kg) de venda no atacado, de 2008 a 2012, da Murcott na CEAGESP (valores corrigidos pelo IGP-M para setembro de 2013) ,26 1,23 1,25 0,86 0,70 0,65 0,68 0,81 0,78 0,82 0,72 0, ,00 1,14 1,38 1,24 0,86 0,84 0,72 0,89 0,96 1,07 1,15 1, ,23 1,38 1,29 1,29 0,62 0,93 1,17 1,14 1,34 1,42 1,35 1, ,43 2,72 2,24 1,83 0,94 1,07 0,98 1,17 1,25 1,32 1,52 1, ,41 1,65 1,88 1,85 1,82 1,03 1,07 1,05 1,23 1,33 1,54 1,68 Média Ponderada 1,73 1,90 2,09 1,93 1,38 1,17 1,21 1,30 1,41 1,50 1,56 1,60 Tabela 12. Preços médios (R$/kg) de venda no atacado, de 2008 a 2012, da Murcott na CEAGESP (valores corrigidos pelo IGP-M para setembro de 2013) ,79 1,34 1,44 1,25 0,95 0,91 0,88 1,32 1,21 1,23 1,68 1, ,21 2,21 1,53 1,36 1,14 1,36 1,38 1,96 2,35 2,38 2,36 2, ,36 2,29 2,29 2,18 1,48 1,39 1,71 2,09 2,17 3,22 3,27 4, ,20 4,07 3,38 2,45 2,13 2,04 1,46 3,12 3,33 3,41 3,41 3, ,80 2,80 2,66 2,74 2,42 2,25 2,30 2,86 3,17 4,35 6,02 6,31 Média Ponderada 4,23 3,75 2,80 2,70 2,10 2,06 2,03 2,90 2,99 3,36 4,13 4,90 7
8 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez 4,50 4,00 3,50 3,00 2,50 2,00 1,50 1,00 Índice Mensal Preço Médio Ponderado (R$/kg)* Figura 2. Sazonalidade versus preços da Ponkan na CEAGESP (média de 2008 a 2012). 150,00 2,50 100,00 2,00 50,00 1,50 0,00-50,00 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez 1,00 0,50-100,00 - Índice Mensal Preço Médio Ponderado (R$/kg)* Figura 3. Sazonalidade versus preços da Ponkan na CEAGESP (média de 2008 a 2012) 8
9 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez 5,50 5,00 4,50 4,00 3,50 3,00 2,50 2,00 Índice Mensal Preço Médio Ponderado (R$/kg)* Figura 4. Sazonalidade versus preços da Mexerica na CEAGESP (média de 2008 a 2012) R$ 2,00 R$ 1,90 R$ 1,80 R$ 1,70 R$ 1,60 R$ 1,50 R$ 1, Figura 5. Evolução do preço médio de atacado ponderado anual da Ponkan (R$/kg) na CEAGESP (corrigido pelo IGP-M para valores de setembro de 2013) 9
10 R$ 1,80 R$ 1,70 R$ 1,60 R$ 1,50 R$ 1,40 R$ 1,30 R$ 1, Figura 7. Evolução do preço médio de atacado ponderado anual da Murcott (R$/kg) na CEAGESP (corrigido pelo IGP-M para valores de setembro de 2013) R$ 3,50 R$ 3,30 R$ 3,10 R$ 2,90 R$ 2,70 R$ 2,50 R$ 2,30 R$ 2,10 R$ 1,90 R$ 1,70 R$ 1, Figura 8. Evolução do preço médio de atacado ponderado anual da Mexerica (R$/kg) na CEAGESP (corrigido pelo IGP- M para valores de setembro de 2013) 10
11 3) Fonte Consultada PIO, Rose Mary et al. Variedades copas. In: MATTOS JUNIOR, Dirceu de et al. Citros. Campinas: Centro Apta Citros "Sylvio Moreira", Cap. 3, p
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