VARIAÇÕES NA MORFOLOGIA DO CANAL DO RIO SANTO ANASTÁCIO COMO RESPOSTA A PROCESSOS MORFODINÂMICOS NA SUA BACIA DE DRENAGEM.
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- Márcia Mota Castel-Branco
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1 Tainá Medeiros Suizu Universidade Estadual Paulista. Faculdade de Ciências e Tecnologia - Campus de Presidente Prudente. taina.suizu@hotmail.com VARIAÇÕES NA MORFOLOGIA DO CANAL DO RIO SANTO ANASTÁCIO COMO RESPOSTA A PROCESSOS MORFODINÂMICOS NA SUA BACIA DE DRENAGEM. INTRODUÇÃO: Os estudos relacionados aos canais fluviais procuram discernir os tipos de arranjos espaciais que o leito apresenta ao longo do rio, sendo que estes tipos de canais apresentam mecanismos de ajustagem entre as variáveis implicadas neste sistema geomorfológico, constituindo respostas que se somam e se entrosam com as relacionadas à seção transversal e ao perfil longitudinal dos cursos d água (CHRISTOFOLETTI, 1981). A maioria dos estudos sobre sistemas fluviais aluviais emprega uma classificação baseada em quatro padrões básicos de canais, designados de retilíneo, meandrante, entrelaçado e anastomosado (RICCOMINI et al., 2008). Uma bacia hidrográfica pode apresentar diferentes padrões de canais, espacialmente setorizados ou em um mesmo setor, durante a evolução do seu sistema fluvial, quando ocorrem variações temporais dessa drenagem (CUNHA, 2000). Não se deve esquecer que todas as formas de canais expressam equilíbrio e ajustagem em função do débito, da carga detrítica, das condições locais e do desgaste de energia, sendo respostas ajustadas às influências exercidas pelos fatores, assim, deve-se levar em consideração também todos os tipos de uso e ocupação das áreas marginais, já que influem diretamente nos processos e a dinâmica observada nos diversos tipos de canais, para um diagnóstico autêntico da área. (CHRISTOFOLETTI, 1981). Alguns estudos de grande valia já foram desenvolvidos na bacia do Rio Santo Anastácio, como podem ser mencionadas as contribuições de Guedes et al. (2006) no estudo 1
2 dos perfis longitudinais da bacia do rio Santo Anastácio afim de detectar deformações neotectônicas, bem como os outros trabalhos em desenvolvimento na FCT/UNESP, como o projeto de mestrado processamento de imagens orbitais para avaliação do uso e ocupação da terra e seus reflexos nos parâmetros químicos e físicos da água na bacia hidrográfica do rio santo Anastácio, oeste paulista com financiamento da FAPESP (bolsa de mestrado) e do projeto Rios Vivos, desde 2005, com financiamento do FEHIDRO, no sentido de promover um estudo dos vários aspectos que determinam a qualidade dos mananciais e preservação destes. Englobando o estudo dos rios e das bacias hidrográficas, a geomorfologia fluvial coloca-se, na atualidade, entre os setores mais dinâmicos desse campo científico. A dinâmica e as formas topográficas resultantes da ação fluvial sempre chamaram a atenção dos pesquisadores. Desde os primórdios da história das geociências são comuns as menções sobre o trabalho dos rios (CHRISTOFOLETTI, 1981). A partir da década de 80, a Geomorfologia tem-se caracterizado por enfatizar os problemas ambientais. Sabe-se que vários componentes e fatores interagem no sentido de detonar e de dar prosseguimento à degradação ambiental. A ênfase é colocada na Geomorfologia, que possui um papel integrador para explicar os processos de degradação (CUNHA, 2000). Assim, o conhecimento das características fluviais é importante não somente no que concerne aos recursos hídricos como também do ponto de vista sedimentológico, geomorfológico e do planejamento ambiental (SUGUIO & BIGARELLA, 1990). Para um estudo detalhado, que permita analisar as variabilidades espacial e temporal das mudanças de um determinado curso de água, assim como a compreensão dos mecanismos que promovem o seu dinamismo, é preciso elaborar uma pesquisa que se baseie no diagnóstico da área a ser trabalhada. Neste contexto, propõe-se uma real análise do atual estágio evolutivo do sistema fluvial como resposta a processos geomorfológicos naturais e/ou antrópicos na bacia hidrográfica do rio Santo Anastácio. 2
3 OBJETIVOS O objetivo principal deste projeto é identificar as mudanças na morfologia e morfometria do canal do rio Santo Anastácio em uma perspectiva espacial de análise e associa-las aos compartimentos morfométricos da bacia hidrográfica e aos diferentes usos do solo. Para tanto será necessário atingir os seguintes objetos específicos: - identificação das unidades geomorfológicas previamente mapeadas na área; - levantamento de perfis topográficos na bacia hidrográfica; - avaliação das densidades de drenagem na bacia hidrográfica; - caracterização geológica e estrutural na bacia hidrográfica; - análise do perfil longitudinal do rio principal; - análise de parâmetros morfométricos do canal, como sinuosidade, inflexão meândrica e geometria hidráulica em seções transversais; - caracterização dos padrões de canal desenvolvidos ao longo do perfil longitudinal do rio; - Identificação dos principais usos do solo na área da bacia; - caracterização das mudanças na morfologia ao longo do rio; METODOLOGIA Foi feito um levantamento bibliográfico acerca de teorias e procedimentos metodológicos para a análise ambiental de bacias hidrográficas, mais especificamente, tratando de temas inerentes à geomorfologia e a sua vertente relacionada ao estudo dos ambientes fluviais, à compreensão dos processos morfogenéticos, a análise integrada de sistemas, a questão da relação da geomorfologia com o homem e o meio, entre outros temas que subsidiaram teoricamente o trabalho que está sendo executado. 3
4 Foram levantados os mapeamentos pré-existentes da geologia, neo-tectônica e estruturas geológicas e de unidades de relevo na bacia hidrográfica, ajustados à escala deste trabalho. Foram realizados dois trabalhos de campo, um no dia 24 de fevereiro de 2010 e o outro no dia 17 de abril de 2010, para tanto foram selecionados, preliminarmente, os pontos onde seriam realizadas as coletas de dados em campo, pontos estes localizados ao longo do curso principal. Durante os trabalhos de campo foi realizada uma análise empírica observacional das formas de relevo que o rio constrói, além de tentar compreender as mudanças do mesmo ao longo do tempo através de coletas de dados como fotos dos locais, batimetria nas seções de amostragem, medidas de largura, profundidade média, velocidade média de fluxo. Posteriormente, os dados coletados em campo foram tabulados em planilha eletrônica, analisados e correlacionados com o auxílio do programa Microsoft Office Excel Foram obtidos os dados de vazão do rio nas seções, índices b, f e m das relações de geometria hidráulica nas seções ao longo do curso principal. Para a aplicação das variáveis de geometria hidráulica na Bacia do Rio Santo Anastácio, foi necessária a realização de saídas de campo, sendo realizadas duas até então, para a coleta de dados da sessão transversal (largura, profundidade e velocidade). Foram selecionados nove pontos ao longo do canal do curso principal (figura 17), lembrando que esta análise não está por completa, já que o intuito do projeto é promover uma análise temporal em cada sessão, durante o período de doze meses, assim, foi realizada uma análise mais simplificada das mudanças ao longo do canal. Pra tanto, fez-se uso do programa Microsoft Office Excel para gerar os gráficos e tabela. Além disso, foram realizados estudos em gabinete. Para a realização destes estudos foram usados os dados das cartas topográficas 1: (IBGE) existentes na área, assim como do processamento digital de imagens Shuttle Radar Topography Mission (SRTM), que com auxílio do software ArcGIS 9.3, pode-se criar uma base digital, a partir da qual estão sendo obtidos dados morfométricos do relevo e da drenagem, em subsidio aos estudos das demais atividades propostas até o momento do projeto. Foi também efetuado previamente na Bacia do Rio Santo Anastácio o cálculo da densidade de drenagem. Os dados foram obtidos através da utilização das ferramentas do software ArcGIS 9.3, a partir dos dados topográficos das folhas em 4
5 escala 1: editadas pelo IBGE (folhas Pirapozinho, Presidente Prudente, Presidente Bernardes, Santo Anastácio, Marabá Paulista, Presidente Venceslau e Presidente Epitácio) e a eqüidistância entre as curvas de nível é de 20 m. Para o levantamento inicial de perfis topográficos na bacia, relativos aos compartimentos identificados, foi utilizado o sofware ArcGIS 9.3 para a confecção dos mapas de localização dos perfis, e para o levantamento dos dados de altitude e comprimento dos mesmos, extraídos de imagens Shuttler Raster Topography Mission (SRTM), os quais provém dados topográficos na superfície terrestre a cada 30X30 m, e que serviram de base para a geração de gráficos no programa Microsoft Office Exel Uma das atividades a serem realizadas na próxima etapa de execução do projeto será o correlacionamento das variáveis morfométricas com a geologia, aspectos estruturais e unidades geomorfológicas presentes nos compartimentos, assim como dos índices de dissecação do relevo e carta de declividades da área de estudo, que servirão de base para um zoneamento (regionalização), compatíveis à escala 1: Será feita a identificação dos principais usos do solo na área da bacia, a partir de interpretação de imagens do satélite CBERS (Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres), além da imagem de radar SRTM (Shuttle Radar Topography). Para a caracterização dos padrões de canal desenvolvidos ao longo do perfil longitudinal do rio será necessário definir parâmetros morfométricos do canal, como sinuosidade e grau de entrelaçamento. Será feita, ainda, a análise dos sedimentos de fundo já coletados nos dois primeiros campos e que serão coletados nos próximos. Um importante aspecto a ser analisado será a geometria hidráulica nas seções de estudo em perspectiva temporal; além disso, serão obtidos outros parâmetros de geometria hidráulica como declividade no trecho e raio hidráulico os quais oferecem dados sobre a eficiência e energia do fluxo e que serão importantes no entendimento das morfologias existentes ao longo do perfil longitudinal do rio. RESULTADOS PRELIMINARES: A Bacia do Rio Santo Anastácio tem uma geomorfologia caracterizada predominantemente por suas colinas amplas e baixas e altimetrias entre 300 a 600 m, ainda 5
6 contando com a presença das planícies fluviais do rio Paraná que se fazem características por seu relevo de planícies e terraços fluviais (figura 1) (1997). Figura 1: caracterização geomorfológica da área de estudo. Fonte: Ross e Moroz Em se tratando das densidades de drenagem aqui encontradas, estas dão um quadro de uma bacia em geral bem drenada e relativamente uniforme com relação à comparação entre os valores encontrados. É claro que em alguns pontos a densidade de drenagem se faz maior, podendo-se ter uma noção de locais de maior dissecação do relevo, já que estes contêm um maior número de afluentes, e sendo estas áreas, conseqüentemente, as que fornecem maior aporte de sedimentos para o canal principal, o Rio Santo Anastácio (figura 2 e tabela 1) 6
7 Figura 2: Compartimentos identificados para a realização do cálculo da densidade de drenagem no interior da bacia. Tabela 1: Valores de densidade de drenagem nos compartimentos identificados na figura 5. Trecho da Bacia Comprimento dos Rios Área relativa Densidade de Drenagem KM KM 2 KM/ KM 2 Área ,0 661,6 1,761 Área 1 600,1 359,6 1,668 Área 2 337,7 329,3 1,025 Área 3 440,1 391,0 1,125 Área 4 641,8 372,6 1,772 7
8 Em geral, o relevo da Bacia do Rio Santo Anastácio tem altitudes que variam entre 515 m (na cabeceira) e 250 m (na foz), apresentando um desnível de 265 m, numa extensão de, aproximadamente, 155 km. Levando em conta as considerações feitas for Guedes et al. (2006) acerca de possíveis deformações neotectônicas detectadas no curso principal, o rio Santo Anastácio tem dois trechos que podem ser destacados: o primeiro, entre as cotas m, constitui uma zona em ascenção pelos critérios aqui adotados pelo autor; o segundo, já no trecho final, próximo à desembocadura no rio Paraná, mostra-se subsidente. Mas em geral, temos um perfil razoavelmente ajustado, só havendo uma mudança brusca, já anteriormente tratada, em seu baixo curso (figura 3) Figura 3: Perfil longitudinal do rio Santo Anastácio e respectiva curva de equilíbrio. Quanto aos parâmetros morfométricos, pode-se, num primeiro momento, notar que a vazão, neste caso, é influenciada pelas três variáveis (velocidade, largura e profundidade) de maneira 8
9 bem uniforme. Tem-se ainda, que levar em conta a idéia de tendência dos rios, em que provavelmente um rio aluvial como este, tende a ter aumento da largura e profundidade, que são fatores que capacitam o mesmo. BIBLIOGRAFIA: CHISTOFOLETTI, A.- Geomorfologia Fluvial. São Paulo:Edgard Blucher, CUNHA, S. B.; GUERRA, A. J. T. Degradação Ambiental. In: GUERRA, A. J. T.; CUNHA, S. B. (Org.). Geomorfologia e Meio Ambiente. 3. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, P GUEDES, et al. Análise de perfis longitudinais de drenagens da bacia do Rio Santo Anastácio (SP) para detecção de possíveis deformações neotectônicas. Revista UnG Geociências V.5, N.1, P RICCOMINI, C; GIANNINI, P. C. F; MANCINI, F. Rios e Processos Aluviais. In: TEIXEIRA, W. et al. (Org). Decifrando a Terra. São Paulo: Companhia Editora Nacional, SUGUIO, K; BIGARELLA, J. J.- Ambientes Fluviais. 2. ed. - Florianópolis: Editora da UFSC / Editora da Universidade Federal do Paraná,
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