PARECER Nº, DE RELATOR: Senador SÉRGIO ZAMBIASI I RELATÓRIO
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1 PARECER Nº, DE 2009 Da COMISSÃO DE ASSUNTOS ECONÔMICOS, sobre o Projeto de Lei da Câmara (PLC) nº 34, de 2006 (nº 4.707, de 2004, na origem), que acrescenta inciso ao art. 10 da Lei nº , de 29 de dezembro de 2003, que trata da Cofins não cumulativa. RELATOR: Senador SÉRGIO ZAMBIASI I RELATÓRIO É submetido a esta Comissão o PLC nº 34, de 2006, de ementa em epígrafe, oriundo do Projeto de Lei nº 4.707, de 2004, de iniciativa do Deputado JÚLIO SEMEGHINI. A proposição tem como escopo excluir da modalidade de tributação não-cumulativa da Contribuição Social para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins), instituída pela Lei nº , de 29 de dezembro de 2003, as receitas decorrentes de prestação de serviços de execução de infra-estrutura, manutenção e instalação para as concessionárias operadoras de serviços públicos de telecomunicações (art. 1 ). O art. 2º estipula a vigência da lei resultante a partir da data em que for publicada. O autor informa que as receitas do setor são oriundas de mera prestação de serviços para as operadoras de telecomunicações, com grande escala de aplicação de mão-de-obra e pequena escala de agregação de matérias que possam ensejar o crédito dos materiais aplicados na execução de seus serviços. E acrescenta: na matriz de custos destas empresas, o maior peso é o do item mão-de-obra, envolvendo salários, encargos e benefícios, não dedutíveis para fins de cálculo do recolhimento da Cofins. Entre o
2 2 benefício da não cumulatividade da Cofins e o seu ônus do aumento da alíquota, estas empresas ficaram exclusivamente com a segunda parte. Finalmente, em defesa da tributação mais branda, alega que: a) a diversos setores que agregam basicamente mão-de-obra foi concedido o benefício de permanecerem na modalidade de tributação cumulativa da Cofins e do PIS/Pasep; b) os encargos sofridos não são repassados aos clientes em vista de que estão atrelados aos custos das tarifas públicas cobradas dos usuários do sistema; c) se os ônus fiscais forem repassados, as tarifas terão que sofrer reajustes, com graves conseqüências aos usuários. Não foram apresentadas emendas à proposição, que será apreciada exclusivamente por este colegiado, antes de seguir para o Plenário. II ANÁLISE Nos termos do art. 99, inciso IV, do Regimento Interno do Senado Federal, compete a esta Comissão opinar sobre proposições pertinentes a tributos. O projeto é constitucional. A iniciativa é franqueada aos deputados e senadores ex vi do art. 61 da Constituição Federal (CF). A matéria é de competência exclusiva da União, a teor dos arts. 149 e 195, I, b, da CF, cabendo ao Congresso Nacional dispor sobre a matéria, por força do art. 48, I. A pretendida exclusão da tributação não-cumulativa acarreta o retorno à tributação pela modalidade cumulativa. Haverá, pois, mudança de alíquota de 7,6% para 3%. Essa redução de alíquota não implica, entretanto, redução discriminada de tributos ou contribuições nem benefício que corresponda a tratamento diferenciado. Com efeito, a modalidade cumulativa se aplica a um contingente muito maior de contribuintes, comparativamente à forma não-cumulativa. A mudança de regime de tributação não caracteriza,
3 3 assim, concessão de benefício de natureza tributária, sujeita às condições estipuladas no art. 14 da Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000, Lei de Responsabilidade Fiscal. Dessa forma, o projeto é conforme com o ordenamento jurídico pátrio. Quanto ao mérito, não há dúvida de que os setores intensivos em mão-de-obra foram prejudicados com a adoção da sistemática da nãocumulatividade. Esse é mais um viés contrário ao emprego a contaminar o Sistema Tributário Nacional. O restabelecimento da cumulatividade teria o condão de: 1) corrigir o viés antiemprego; 2) diminuir o custo tributário do setor e, pelo menos em tese, repercutir a diminuição nos preços cobrados às prestadoras de serviços de telecomunicações, as quais, também em tese, poderiam repassar os ganhos para os preços cobrados de seus usuários. Convém recordar que muitos setores igualmente intensivos em mão-de-obra foram excluídos da tributação não-cumulativa. A própria Lei nº , de 29 de dezembro de 2003, excepcionou os seguintes: a) bancos comerciais, bancos de investimentos, bancos de desenvolvimento, caixas econômicas, sociedades de crédito, financiamento e investimento, sociedades de crédito imobiliário, sociedades corretoras, distribuidoras de títulos e valores mobiliários, empresas de arrendamento mercantil, cooperativas de crédito, empresas de seguros privados e de capitalização, agentes autônomos de seguros privados e de crédito, entidades de previdência privada abertas e fechadas, pessoas jurídicas que tenham por objeto a securitização de créditos imobiliários ou financeiros e operadoras de planos de assistência à saúde; b) empresas especializadas em prestação de serviços de vigilância e de transporte de valores; c) sociedades cooperativas, exceto as de produção agropecuária e as de consumo; d) empresas de telecomunicações; e) prestação de serviços das empresas jornalísticas e de radiodifusão sonora e de sons e imagens;
4 4 f) transporte coletivo rodoviário, metroviário, ferroviário e aquaviário de passageiros; g) hospitais, prontos-socorros e bancos de sangue; h) prestação de serviços de educação infantil, ensinos fundamental e médio e educação superior. Várias leis foram editadas para aperfeiçoar a legislação da Cofins nesse aspecto. A Lei nº , de 30 de abril de 2004, reincluiu na tributação cumulativa as receitas decorrentes de: a) venda de jornais e periódicos; b) serviços de diálise, raios X, radiodiagnóstico e radioterapia e quimioterapia; c) serviços prestados por clínica médica, odontológica, de fisioterapia e de fonoaudiologia, e laboratório de anatomia patológica, citológica ou de análises clínicas; d) vendas de mercadorias por lojas francas (free shops); e) prestação de serviço de transporte coletivo de passageiros, efetuado por empresas regulares de linhas aéreas domésticas, e de transporte de pessoas por empresas de táxi aéreo; f) edição de periódicos e de informações neles contidas, que sejam relativas aos assinantes dos serviços públicos de telefonia; g) prestação de serviços das empresas de call center, telemarketing, telecobrança e de teleatendimento em geral; h) execução por administração, empreitada ou subempreitada, de obras de construção civil, até 31 de dezembro de 2010 (redação dada pela Medida Provisória nº 451, de 2008); i) parques temáticos e de serviços de hotelaria e de organização de feiras e eventos, conforme definido em ato conjunto dos Ministérios da Fazenda e do Turismo.
5 5 A Lei nº , de 23 de julho de 2004, fez o mesmo relativamente às receitas decorrentes da prestação de serviços: a) postais e telegráficos prestados pela Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos; b) de concessionárias operadoras de rodovias; c) das agências de viagem e de viagens e turismo. A Lei nº , de 29 de dezembro de 2004, adotou idêntica providência no que respeita às receitas auferidas por empresas de serviços de informática, decorrentes das atividades de software e o seu licenciamento ou cessão de direito de uso, bem como de análise, programação, instalação, configuração, assessoria, consultoria, suporte técnico e manutenção ou atualização de software, compreendidas ainda como software as páginas eletrônicas. Finalmente, a Lei nº , de 21 de dezembro de 2005, fez retornar ao regime cumulativo as receitas relativas às atividades de revenda de imóveis, desmembramento ou loteamento de terrenos, incorporação imobiliária e construção de prédio destinado à venda, quando decorrentes de contratos de longo prazo firmados antes de 31 de outubro de Quanto ao alcance da proposição, todavia, deve-se esclarecer que a Lei nº 9.472, de 16 de julho de 1997, que rege o setor de telecomunicações, estabelece dois regimes jurídicos para a exploração desses serviços. Por força do disposto no art. 64, parágrafo único, da mesma Lei, e nos arts. 1º e 3º do Plano Geral de Outorgas, aprovado pelo Decreto nº 6.654, de 20 de novembro de 2008, o regime público é reservado ao Serviço Telefônico Fixo Comutado (STFC). A exploração de serviço nesse regime se dá por meio de concessão ou, em casos especiais, de permissão. Já o regime privado aplica-se a todos os serviços de telecomunicações, inclusive o STFC quando prestado pelas empresas que ingressaram no mercado após a privatização ocorrida na década de No regime privado, a exploração dos serviços ocorre por meio de autorização. Portanto, ao mencionar concessionárias operadoras de serviços públicos de telecomunicações, a redação original do projeto limita seu alcance às prestadoras de serviços que atendem as operadoras de STFC em regime público. Não obstante, tal redação afigura-se imprecisa e em
6 6 desacordo com a terminologia adotada na Lei nº 9.472, de Nesse sentido, seria mais adequado referir-se às prestadoras de serviços de telecomunicações explorados em regime público. No entanto, impende considerar que, de acordo com a justificação do projeto, o fundamento para a aplicação do regime da Cofins cumulativa a essas empresas reside no fato de que suas receitas decorrem, em grande parte, da prestação de serviços com grande escala de aplicação de mão-de-obra e pequena escala de agregação de matérias que possam ensejar o crédito dos materiais aplicados na execução de seus serviços. Esclarece ainda o autor que na matriz de custos dessas empresas, o maior peso é o do item mão-de-obra, envolvendo salários, encargos e benefícios não dedutíveis para fins de cálculo do recolhimento da COFINS. Tal contexto não é exclusivo das empresas que prestam serviços de execução de infra-estrutura, manutenção e instalação apenas para as concessionárias do STFC. Estruturas de custos equivalentes, por certo, também serão identificadas nas empresas que prestam os mesmos serviços para outras operadoras de serviços de telecomunicações. Dessa forma, não se mostra coerente, e menos ainda isonômico, conceder tratamento diferenciado apenas àquelas empresas que possuem, em sua carteira de clientes, concessionárias do STFC. Há que se considerar, ainda, a possibilidade de que uma mesma empresa seja prestadora de serviços tanto para concessionária do STFC como para outras operadoras que explorem serviços de telecomunicações no regime privado. Em tais casos, uma mesma empresa teria parte de suas receitas, relativas a serviços de idêntica natureza, tributadas pelo regime cumulativo (aquelas recebidas das concessionárias) e outra parte sujeita ao nãocumulativo (decorrentes da prestação de serviço a outras operadoras de telecomunicações). Por derradeiro, deve-se ainda registrar que as atuais concessionárias do STFC compõem grupos econômicos que compreendem prestadoras de serviços de telecomunicações explorados no regime privado, como o Serviço Móvel Pessoal (SMP telefonia móvel) e o Serviço de Comunicação Multimídia (SCM utilizado para acesso à Internet em banda larga). Nesse contexto, alguns segmentos de suas redes são utilizados, indistintamente, para a prestação de todos esses serviços, e não apenas para o STFC. Dessa forma, a prestação de serviço de instalação ou manutenção de
7 7 infra-estrutura em rede pertencente a concessionária do STFC não significa, necessariamente, benefício exclusivo a esse serviço. Mostra-se, portanto, de maior coerência conferir tratamento uniforme a todas as empresas prestadoras de serviços de execução de infraestrutura, manutenção e instalação em redes de telecomunicações. Por essa razão, entendemos que, ao tempo em que o projeto merece ser aprovado, fazse mister corrigir a distorção aqui apontada, pelo que apresentamos a emenda que segue ao final deste parecer. III VOTO Diante do exposto, o voto é pela aprovação do Projeto de Lei da Câmara nº 34, de 2006, com a seguinte emenda: EMENDA Nº - CAE Dê-se ao inciso XXVIII do art. 10 da Lei nº , de 29 de dezembro de 2003, nos termos do Projeto de Lei da Câmara nº 34, de 2006, a seguinte redação: Art XXVII as receitas decorrentes de prestação de serviços de execução de infra-estrutura, manutenção e instalação para prestadoras de serviços de telecomunicações....(nr) Sala da Comissão,, Presidente, Relator
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