Tema: Do julgamento do STF sobre parentalidade socioafetiva e suas consequências
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- Stéphanie Barreto Mota
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1 Curso de Férias: Direito Civil recentes transformações Tema: Do julgamento do STF sobre parentalidade socioafetiva e suas consequências Advogado em Curitiba; Mestre em Direito Civil pela UFPR; Diretor Nacional do IBDFAM; Prof. RICARDO CALDERÓN Pós-graduado em Direito Processual Civil e em Teoria Geral do Direito; Coordenador da pós-graduação em Direito das Famílias e Sucessões da Academia Brasileira de Direito Constitucional - ABDConst; Professor dos cursos de pós-graduação de diversas localidades, incluindo AASP ; Autor do livro: Princípio da Afetividade no Direito de Família. Rio de Janeiro:Renovar, 2013.
2 Parentalidade: socioafetiva, biológica, multiparentalidade Tema do momento. Noções básicas dos significantes STF colocou o tema na ordem do dia do direito de família; Novos desafios; Novas Questões a responder; 2
3 BASE LEGAL da CONSTITUIÇÃO CF Art (...) 7º Fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da paternidade responsável, o planejamento familiar é livre decisão do casal, competindo ao Estado propiciar recursos educacionais e científicos para o exercício desse direito, vedada qualquer forma coercitiva por parte de instituições oficiais ou privadas. CF Art. 227 (...) 6º Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação.
4 BASE LEGAL DO CÓDIGO CIVIL Art O parentesco é natural ou civil, conforme resulte de consangüinidade ou outra origem. Art Os filhos, havidos ou não da relação de casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação. Art Presumem-se concebidos na constância do casamento os filhos: I - nascidos cento e oitenta dias, pelo menos, depois de estabelecida a convivência conjugal; II - nascidos nos trezentos dias subsequentes à dissolução da sociedade conjugal, por morte, separação judicial, nulidade e anulação do casamento; III - havidos por fecundação artificial homóloga, mesmo que falecido o marido; IV - havidos, a qualquer tempo, quando se tratar de embriões excedentários, decorrentes de concepção artificial homóloga; V - havidos por inseminação artificial heteróloga, desde que tenha prévia autorização do marido.
5 A origem do conflito A partir da evolução do direito de família brasileiro se passou a admitir as filiações biológica, presuntiva, adotiva, registral e socioafetiva Multiplicidade de vínculos Cumulação das figuras paternas de acordo com esses critérios em uns casos concretos Debate há anos na doutrina e jurisprudência de qual seria a solução indicada Não há previsão legislativa específica Solução criada pelo STJ
6 O caso paradigma julgado pelo STF STF Rel. Min. Luiz Fux - Rext Repercussão Geral tema 622 STF Reconheceu repercussão geral em conflito sobre a prevalência da paternidade socioafetiva sobre a biológica Ibdfam Amicus Curiae Data do julgamento : 21/09/2016 Decisão paradigmática e revolucionária Duas decisões numa julga o caso, na outra fixa a tese; 6
7 DETALHES DO CASO TV justiça Série Grandes Julgamentos do STF - YOUTUBE DA TV JUSTIÇA Grandes Julgamentos do STF - Paternidade Biológica e Socioafetiva (18/10/16) PROGRAMA SOBRE O JULGAMENTO (na primeira parte expõe uma situação similar; na segunda adentra no julgamento e si) Link: 1ª parte: início até o minuto 4. 2ª parte: 10:30 min. até o min. 14:16
8 O JULGAMENTO DO TEMA NO STF Duas partes 1ª PARTE Julgou o caso concreto (Rext de SC); NEGOU PROVIMENTO AO REXT (mantendo a decisão de Santa Catarina, mas com orientação para a dupla-paternidade (por maioria, vencidos os Min. Edson Fachin e Min. Teori Zavaski) 2ª PARTE Fixou a tese na RG 622 (por maioria, vencidos os Mins. Dias Toffoli e Marco Aurélio) Tese divulgada
9 1ª parte - DECISÃO DO CASO CONCRETO Ementa do Voto do Min. Luiz Fux EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃOGERAL RECONHECIDA. DIREITO CIVIL ECONSTITUCIONAL. CONFLITO ENTRE PATERNIDADESSOCIOAFETIVA E BIOLÓGICA. PARADIGMA DO CASAMENTO. SUPERAÇÃO PELA CONSTITUIÇÃO DE EIXO CENTRAL DO DIREITO DE FAMÍLIA: DESLOCAMENT OPARA O PLANO CONSTITUCIONAL. SOBREPRINCÍPIO DA DIGNIDADE HUMANA (ART. 1º, III, DA CRFB). SUPERAÇÃO DE ÓBICES LEGAIS AO PLENO DESENVOLVIMENTO DAS FAMÍLIAS. DIREITO À BUSCA DA FELICIDADE. PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL IMPLÍCITO. INDIVÍDUO COMO CENTRO DO ORDENAMENTO JURÍDICO-POLÍTICO. IMPOSSIBILIDADE DE REDUÇÃO DAS REALIDADES FAMILIARES A MODELOS PRÉ-CONCEBIDOS. ATIPICIDADE CONSTITUCIONAL DO CONCEITO DE ENTIDADES FAMILIARES. UNIÃO ESTÁVEL (ART. 226, 3º, CRFB) E FAMÍLIA MONOPARENTAL (ART. 226, 4º, CRFB).VEDAÇÃO À DISCRIMINAÇÃO E HIERARQUIZAÇÃO ENTRE ESPÉCIES DE FILIAÇÃO (ART. 227, 6º, CRFB). PARENTALIDADE PRESUNTIVA, BIOLÓGICA OU AFETIVA. NECESSIDADE DE TUTELA JURÍDICA AMPLA. MULTIPLICIDADE DE VÍNCULOS PARENTAIS. RECONHECIMENTO CONCOMITANTE. POSSIBILIDADE. PLURIPARENTALIDADE. PRINCÍPIO DA PATERNIDADE RESPONSÁVEL (ART. 226, 7º, CRFB). RECURSO A QUE SE NEGA PROVIMENTO. FIXAÇÃO DE TESE PARA APLICAÇÃO A CASOS SEMELHANTES. 9
10 2ª parte : Tese aprovada pelo STF Tese aprovada pelo plenário do STF na Repercussão geral 622 A paternidade socioafetiva, declarada ou não em registro público, não impede o reconhecimento do vínculo de filiação concomitante baseado na origem biológica, com os efeitos jurídicos próprios". LINK ARTIGO RICARDO CALDERÓN NO CONJUR sobre o tema 10
11 Principais reflexos da decisão do STF: O reconhecimento jurídico da afetividade Vínculo socioafetivo e biológico em igual grau de hierarquia jurídica Possibilidade jurídica da multiparentalidade Prevaleceu a paternidade responsável do ascendente genético Evitou-se a afetividade distorcida 11
12 Possíveis Avanços Mantém o Brasil na Vanguarda mundial do direito de família; Solução a partir de uma hermenêutica civil-constitucional; Cenário melhor que o até então prevalecia no STJ neste tema; Consagra a categoria jurídica da socioafetividade e seu status; Permite mais uma opção para os complexos casos concretos de multiparentalidade; Traz novas questões, mostrando um direito de família vivo; (sucessão? Nome? Previdência? Etc.)
13 Cautelas e observações Não houve uma clara distinção entre as figuras do direito ao reconhecimento da sua ascendência genética /direito da personalidade x direito de filiação /direito de família Não houve a distinção clara das diferentes situações que envolvem: estabelecer uma paternidade a quem não tem (o que exige alguns critérios) da situação de substituir uma paternidade ou agregar mais um pai para quem já possui um (o que pode envolver outros critérios) Para alguns, vitória do DNA, com uma importância exagerada e equivocada ao biologismo; Para outros, risco de demandas meramente patrimoniais; Julgamento poderia ter ido além? Ou poderia ter ido aquém?
14 Balanço do Cenário atual Decisão possível para o momento Parece que há mais aspectos positivos que negativos Havia o risco de uma decisão da prevalência do biológico sobre o afetivo, sem sequer aventar da multiparentalidade Dúvidas e novas questões são características do próprio direito, ainda mais em um cenário líquido como o atual; Exemplos e interpretações radicais e absurdas não devem prevalecer
15 Leituras pela doutrina Flavio Tartuce (blog dele no site Jus Brasil); Rodrigo da Cunha Pereira (site Ibdfam); Paulo Lobo (entrevista site Ibdfam); Rodrigo Toscano (artigo em Jornal da Paraíba); Anderson Schreiber (artigo no O globo ; Jose Fernando Simão (dois artigos na Carta Maior) Rolf Madaleno (manifestação da revista específica do IBDFAM sobre o tema) Gisele Groeninga (coluna sobre direito de família no Migalhas sobre o tema) 15
16 Contato & POEMA Prof. RICARDO CALDERON (Curitiba) Sejamos como a primavera que renasce cada dia mais bela... Exatamente porque nunca são as mesmas flores. Clarice Lispector
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